Capítulo 16 - Tormenta do passado

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Fazia pouco tempo desde que amanheceu, alguns tripulantes acordaram para caçar comida. As sereias ainda dormiam, uma ao lado de Zara, enquanto a outra amarrada ao tronco da árvore, cada dia mais fraca. Mal se sustentava em pé e seus olhos já não conseguia ficar abertos por muito tempo.Ela estava em seu limite, e não demoraria muito para seu corpo entrar em defunção. Ninguém se aproximava da criatura. Diante das ordens da capitã, e não seriam eles os loucos a ousar a desafiá-la. 

Quando Kane voltou da caçada, se aproximou de um grupo que cortavam algumas frutas que apanharam nas redondezas, pegou algumas delas e se aproximou da sereia debilitada. A mesma fez um chiado fraco, mostrando seus dentes afiados para a capitã em sinal de estresse. 

— Mesmo fraca, continua sendo brava. — Soltou um riso nasal. — Coma. — Pediu para a sereia que a olhou confusa. — Isso não vai lhe matar. — Levou uma das frutas a boca e provou ela mesma, ainda recebendo olhares da sereia. — Viu só, sua vez. — Estendeu novamente a fruta para a sereia, que desta vez cheirou por alguns segundos antes de devorar o alimento de sua mão. Estava faminta. Kane também lhe ofereceu um pouco de água e a mesma tomou em goles largos sem nenhum cuidado. 

Se aproximou devagar da sereia e sorriu de seu rosto todo sujo da fruta que acabara de comer. Pegou seu lenço do bolso de trás, e molhou com a água de sua garrafa presa em seu cinto. Apertou o lenço umedecido para retirar o excesso e limpou seu rosto. 

— Eu sei que pode me entender, gostaria de saber seu nome. — Ela disse baixo para que apenas a sereia pudesse ouvir. 

A mesma a encarava mas não fazia menção alguma em demonstrar algo. Por fim, com um suspiro profundo, deixou a sereia sozinha novamente e se aproximou de seu povo para fazer sua refeição. Serena se juntou a eles, mas não demorou muito por ali. Com um sinal positivo de Kane, ela se aproximou da sereia com uma grande refeição consigo. Depositou os alimentos sobre o pano no chão e desamarrou a criatura. Ela olhava assustada para todos os lugares, procurando uma maneira de fugir dali, olhou diversas vezes para Kane que pouco se importou com o fato dela estar liberta. 

— Vem. — Serena pediu sentando próximo ao pano. A sereia mesmo estranhando tal contato consigo, seguiu em passos curtos até o outro lado de Serena. 

Ficando de frente para a outra, comeu um pedaço da carne que a outra havia levado para si. Os pedaços de carne eram como festa no estomago da Sereia que ate então não havia comido direito. A fome era tanta que mal respirava para comer. Serena continuava encarando a outra criatura a sua frente, dando leves mordidas em sua comida, ela prestava atenção em cada detalhe da outra, não pareciam iguais, talvez por ela estar tão debilitada, não parecia a mesma. Então resolveu esperar algum tempo para tirar suar próprias conclusões.

Serena agora conseguia ter seus pensamentos mais abertos, a lua cheia havia chegado ao seu fim, e não se teve mais sinais de algo a dominando. Mas ela não voltara ao normal, ela sabia disso. Nunca mais voltara, aquilo de certa forma, fez com que a sereia pudesse pensar por conta própria e distinguir o que era certo ou errado de acordo com suas experiências. 

Poucos metros dali, no lugar onde se juntaram para fazer a refeição, Dill estava inquieto.

— Poderia poupá-lo. — tomou um gole de água. — Ele era inexperiente, poderia pressioná-lo e ainda sim conseguiria pegar Serena. — Seus olhos era direcionados para Kane que estava sentada a sua frente.

— Para de ser tolo Dill. Até parece que você se importa, tu é como eu, fazemos o necessário. — Falou de boca cheia, ainda mastigando a comida. Não acreditava que Dill traria essa conversa a tona, logo quando estavam todos comendo.

SERENA - O segredo das águas [HIATUS]Onde as histórias ganham vida. Descobre agora