Capítulo 05 - Cemitério de Orz

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Dill acordou em meio a tempestade, o navio estava virando mais que o normal. Olhou para a janela e a visão que teve não era nada boa. A tripulação estava exasperada, corriam de um lado para o outro feito loucos, ele corre, veste sua camisa e sai em direção ao Timão.

- O que aconteceu Zara? - Pergunta.

- Não sei o que aconteceu, o navio estava no percurso certo e em poucos segundos foi arrastado até essa tempestade. - Ela para. Parece pensar um pouco antes e prosseguir. -Temos que mudar a rota.

- Ficou louca? Temos que chegar em terra firme o mais rápido possível ou senão iremos perder o tesouro para os piratas.

- Eu sei mas caso não faça isto. Iremos achar o cemitério de Orz.

Gargalhou de sua tamanha imaginação.

- Zara, não estou acreditando que tu ouve as lendas populistas.

- Tu que é um homem de má fé. Não acreditas em nada. Já viste uma sereia, e porque não acredita neste?

- Já viste? - Ele ironiza.

Ela nega com a cabeça.

- Então não é real. Tu sabes mulher, só acreditarei quando puser meus olhos nele. - Ele diz saindo do deck para o lado de dentro da navegação, passando pelo corredor e ali, ele sente o estrondo.

Os quadros caem ao chão, os deixando em pedaços. Logo um dos tripulantes corre pedido-lhe atenção:

- Senhor, a Zara te chama na cabine.

- Diga a ela que estou a caminho, antes, eu vou ao quarto de Jeff. Preciso falar com ele sobre assuntos pendentes.

- Mas senhor, a Zara disse é urgente. - O homem insiste.

- Já disse que eu vou, chego lá em dois minutos.

- DILL! - Zara grita.

Dill corre em direção a sua voz, chegando lá, ele se depara com a mesma tentando virar o barco.

- O que faz? - Pergunta.

- Tentando mudar a rota.

- Eu te avisei que assim custaremos a chegar.

- Prefiro demorar do que morrer em Orz. - Fala.

- Ainda com isso? - Ele parece não acreditar.

- Não acredita? Venha ver então. - A mulher fala apontando para frente.

Ele chega próximo a ela e ver o que pensava ser só uma lenda. Lá estava, o cemitério de Orz, uma espécie de buraco negro do oceano. Nele, tudo podia ser engolido e ser levado para onde quer que fosse.

- Zara, vire o barco. - Ordena.

- Estou tentando mas é muito forte.

Junto com a Zara ele vira o barco para o lado. O Jeff  aparece na mesma hora e corre para socorre-los. Logo os três, tentando fazer o máximo para que não parassem no fundo do mar.

- Estamos quase próximo a Orz, vamos, mais força.

Assim, o barco foi virando aos poucos até mudar de rumo completamente.

- Acreditas agora Dill? - Zara pergunta com um ar debochado.

- Não seja tonta, é claro que acredito. Vi com meus proprios olhos.

Dill ainda queria saber por onde a sereia andava, porque não deixou ajuda-la? Essa era a pergunta que ele fazia por dois longos dias, desde que ela foi embora.

》》》

Dias antes..

Ela acreditara que ele era um anjo que caiu em terra para lhe ajudar a proteger das bruxas do mar, mas estava totalmente enganada. Jeff era nada mais nada menos que um demônio, que fez a cabeça da jovem criatura e a deixou em pedaços.

Seu corpo afundava cada vez mais nas profundeza do mar.

Tudo ficando escuro,

Mudo,

Calmo,

Intenso demais.

Assim era o fundo do oceano. As águas de Blad era as mais profundas e também as mais perigosas, não se sabia qual das criaturas encontraria por lá.

Seu corpo descia numa velocidade sem fim. Fraca, era presa fácil para tubarões que habitavam as profundezas. Ficou presa em uma rocha e ali soou o seu último suspiro e salvação.

Aquela seria sua única chance.

Chamou pelo seu pai, que ouviu seu chamado e ofereceu sua ajuda. Deu a ela seu feitiço de reissureição, dado apenas as sereias reais, que pode ofecer apenas uma vez.

E essa foi a sua vez.

Logo um barulho ecoou das profundezas, a puxando até o fundo do oceano. Ela tentou subir mas não conseguiu.

Lá estava Serena sendo sugada pela correnteza. Não sabia ela como conseguia respirar, pois sua calda não estava ali, mas sim as pernas.

Pensou muitas vezes porque não morreu logo, porque não pouparam sua vida. Porque seu pai quer ajudá-la sem nem mesmo ela, tinha forças para isto.

A correnteza parou assim que ela tocou o chão. Não via absolutamente nada, era só escuridão, ouvia barulhos, chamava por algo, mas nada.

Era ali que seu pai resolveu que ela morresse? Ali era o seu último adeus? Ela fechou os olhos. Pensou nos últimos momentos que passou na terra, com todas aquelas pessoas.

Lembrou-se de Dill, o homem com quem a ajudou das garras das bruxas do mar. Lembrou-se de Zara, uma mulher muito determinada no qual decidiu navegar com uma tripulação só de homens. E lembrou-se de Jeff, o homem que acabou com sua vida. E ela jurou, que de algum jeito, faria ele pagar por tudo que fez.

Ao seu redor, um redemoinho se formava. Ali seria seu fim. Ou melhor, ali seria sua volta a vida.

Aquele era o cemitério de Orz. Que não era a morte das sereias, mas sim, suas reencarnações.

SERENA - O segredo das águas [HIATUS]Onde as histórias ganham vida. Descobre agora