-Irmão? –Erskine perguntou confuso.
-O que está acontecendo aqui? –Caia estava perdida.
-O que você está fazendo aqui Steve? –Kathy não dava nenhuma atenção aos seus superiores.
-Não vou discutir isso com você também. –ele disse sério.
-Não podemos fazer isso. –ela se virou para Caia.
-Explique. –Caia levantou uma sobrancelha.
-Eu... Ele... –ela não sabia por onde começar.
-Você não pode tomar essa decisão por mim. –Rogers pegou uma caneta e assinou os papéis que estavam nas mãos de Erskine.
Kathy tentou impedi-lo, mas era tarde de mais.
-Katherine. –Caia disse calma. –Confie em nós.
Kathy olhou para o irmão e para Erskine e concordou em silêncio.
No dia seguinte eles foram para o campo de treinamento em Nova Jersey, onde os novatos seriam preparados para o exército, inclusive Steve. Kathy, para tentar ficar mais perto do irmão, se voluntariou para ajudar na enfermaria do pelotão de Coronel Philips.
Uma semana de treinos pesados se passou. Caia estava ficando cada vez mais próxima de Steve. Ele se demonstrou ser um ótimo amigo a ela, que começou a confiar nele com apenas alguns dias de convivência. E após um ato extremo de coragem de Steve, Erskine não teve duvidas de era ele quem deveria receber o soro.
...
Finalmente o dia do procedimento chegou. Todos foram para o laboratório que Stark havia construído no Brooklyn. Em uma pequena sala com uma grande janela estava, além de alguns membros do governo, Coronel Philips, Agente Carter e senador Brandt, que tinha forte influência no governo e sobre o Coronel Philips.
Caia estava ajudando Stark com os equipamentos eletrônicos, enquanto Erskine e Kathy preparavam Steve. Quando a aplicação do soro começou Caia foi para perto de Erskine.
-Será que ele aguenta? –ela perguntou preocupada.
-Já está pegando afinidade com ele? –Erskine sorriu, ela revirou os olhos. –Ele é forte, vai conseguir.
-Está tudo bem Steve? –Kathy chegou perto da capsula.
-Será que ainda dá tempo de ir ao banheiro? –ele perguntou a fazendo rir. Ela olhou para Erskine que autorizou a continuação do procedimento.
Stark começou saturação de raios vita sobre Steve para estimular o crescimento. Tudo estava indo como planejado, até a máquina atingir 70% de força, que foi quando Steve começou a gritar. Todos ficaram preocupados com ele, Erskine tentou parar, mas Steve não deixou que o fizesse, aguentaria até o final. Minutos depois, com os raios em 100%, a energia caiu e todas as máquinas desligaram. Caia correu até a cápsula e tentou a abrir, mas energia logo voltou e isso não foi necessário. As portas se abriram revelando lá dentro um Steve totalmente diferente e estável aos efeitos do soro. Uma multidão se formou em volta dele comemorando o sucesso do projeto. Erskine notou uma movimentação estranha perto de onde havia ficado o último frasco do soro, um dos convidados do senador Brandt estava o roubando. Quando Erskine foi alertar aos outros sobre o que estava acontecendo o homem começou a atirar, acertando duas balas nele.
-Não se mexa Abraham. –Caia, desesperada, se ajoelhou ao lado do homem e colocou as mãos sobre as feridas.
-Não faça isso Caia. –ele sussurrou.
-Não vou deixar você morrer. –ela lutava para que as lágrimas não saíssem.
–Me prometa uma coisa. –ele disse segurando uma de suas mãos.
-Tudo o que quiser. –lágrimas involuntárias começaram a cair.
-Faça com que sua vinda a terra seja muito mais do que só ajudar um velho cientista. –sua voz começou a falar. – Cuide do Steven. E não de a ninguém a formula do soro, eles não saberão a usar.
-Eu vou proteger ele. -ela disse passando a mão no rosto dele.
-Viva Caia, seja feliz. -ele sorriu.
-Por favor, Abraham deixe-me te ajudar. –ela implorava.
-Você já fez isso. –foram suas últimas palavras.
...
Os dias após a morte de Erskine foram lentos. O governo e o exército começaram a pressionar Caia para que falasse a fórmula do soro, mas ela dizia que não sabia. A única alternativa deles foi coletar sangue de Steve para tentar reproduzir o soro, mas Caia, para cumprir sua promessa a Erskine, sabotou o sangue para que eles não conseguissem descobrir a fórmula. Kathy se recusava a sair de perto do irmão, mas tinha que obedecer a Philips, que era seu superior e, contra sua vontade, teve que viajar com ele e Carter.
Coronel Philips não aceitou que Steve participasse de seu pelotão, então senador Brandt lhe ofereceu uma oferta, que no começo parecia muito promissora, mas que depois se mostrou apenas um esquema de marketing.
Caia, assim como fazia com Erskine, não saia de perto de Steve nem por um segundo. A amizade deles crescia a cada dia. Ficaram tão próximos que pareciam até irmãos. Um dia Caia acabou criando coragem para contar a Steve sua história. Assim como Carter, ele teve um pouco de dificuldade em acreditar no que ela falava, mas acabou aceitando.
As viagens deles começaram a ficar cada vez mais constantes, devido a toda fama que Steve estava conquistando. Em uma dessas viagens eles foram para a Itália. Steve teria uma apresentação, coincidentemente, na base que tinha como comandante o Coronel Philips. Todo o pelotão estava reunido para assistir o show de Steve. Kathy, após receber o irmão, pediu para que Caia a ajudasse na enfermaria, a linha de frente do pelotão havia acabado e chegar com muitos feridos e ela não estavam dando conta. Mesmo sem poder usar seus poderes de cura, Caia foi ajudar.
Quando as estrelas já iluminavam o céu as duas saíram da tenda da enfermaria e foram procurar por Steve. Caia ficou curiosa quando viu Stark saindo da tenda do Coronel Philips.
-O que está fazendo aqui Howard? –ela perguntou sorrindo.
-Acho que você vai me matar. –ele disse fazendo uma careta.
-Por quê? –ela sorriu.
-Levamos Steve até a base da Hidra. –ele se encolheu.
-O QUE? –Kathy quase pulou no pescoço dele, mas Caia a segurou.
-A agente Carter me pediu um favor. –ele se afastou um pouco delas.
-Eu vou matar ela. –Kathy tentou se soltar.
-Katherine. –Caia disse séria. –Eu vou cuidar disso.
-Ele é meu irmão. –ela disse alto.
-E eu não quero briga. –ela a soltou. –Vá para a sua tenda.
-Não! Eu vou com você. –Kathy cruzou os braços.
-Agora Katherine. –Caia apontou para as tendas.
-Tudo bem. –Kathy bufou e saiu batendo os pés.
-Você parece mãe deles. –Stark riu.
-Saia da minha frente Howard. –Caia disse séria, ele a olhou assustado e saiu dali.
-Já sei o que vai dizer Caia. –Carter disse assim que a viu.
-Porque fez isso Peggy? –ela disse preocupada.
-Ele é mais do que o senador Brandt e o Coronel Philips acham, e você sabe disso. –Carter disse calma.
-Eu vou atrás dele. –Caia disse indo na direção da saída.
-Caia! –Carter a segurou. –O deixe fazer isso sozinho.
-Não posso protegê-lo daqui. –ela suspirou.
-Ele sabe se cuidar. –Carter a olhou nos olhos.
-Ele tem dois dias. –Caia saiu.
Exatamente, dois dias se passaram. Carter tentava fazer de tudo para que Caia não fosse atrás de Steve, ela sabia que ele iria conseguir. Elas estavam conversando com Philips, que assinava uma carta de pêsames com o nome de Steve para dar a Kathy, quando uma aglomeração estranha começou a se formar do lado de fora da tenda onde estavam. Caia pensou em sair enquanto Carter não estava perto, mas sua curiosidade falou mais alto. Teve que empurrar muitos soldados para conseguir chegar onde estava toda a atenção. Quando conseguiu, viu Carter falando com Steve e Kathy com um homem que lhe parecia familiar. Steve se encolheu um pouco quando a viu.
-Oi Caia. –ele disse quando ela chegou mais perto.
-Oi? Oi Steve? Você some por dois dias e quando volta só diz oi? –ela batia no peito dele. -Você tem ideia de pelo o que eu passei? Achei que você estava morto. –ela o abraçou.
-Desculpe. –ele a apertou.
-Nunca mais faça isso. –ela o soltou. –Seu idiota! Eu quase fui atrás de você.
-Eu sinto muito. –ele a olhou envergonhado.
-Caia? –Kathy a chamou. –Você pode vir me ajudar de novo?
-Claro. –ela concordou sorrindo. –Não saia dessa base sem o meu consentimento. –ele apontou para Steve.
-Sim senhora. –ele bateu continência.
Ela se virou e seguiu Kathy.
-Com quem você estava conversando? –Caia perguntou para Kathy.
-Ele é um amigo de infância. –ela respondeu mexendo em alguns materiais. –Por quê? –ela virou para Caia com um sorriso malicioso.
-Por nada. Você tem algodão? –ela desconversou indo atender o primeiro soldado.
-Não adianta mudar de assunto Srta. Walker. –Kathy jogou um pedaço de algodão em Caia.
-Eu só queria saber por que o vi conversando com Steve no dia da feira. –ela se defendeu.
-Claro. –ela a olhou torto. –Mas nem adianta tentar nada, James Buchanan Barnes é muito mulherengo. Não saberia dar valor a você.
-Você quer parar Katherine. –Caia riu. –Eu não perguntei nada disso.
-Mas queria. Eu cresci com ele, e acho que te conheço o suficiente. –ela a analisou de cima a baixo. –É, talvez de certo. Você pode colocar algumas rédeas nele.
-Desisto. –Caia voltou a prestar atenção nas feridas do homem a sua frente.
...
Kathy e Caia estavam tão exaustas que parecia que quanto mais as horas passavam mais soldados feridos apareciam. Já estava anoitecendo quando outra enfermeira entrou na tenda em que elas estavam e disse que só restava mais um paciente.
-Você fica com esse? –Kathy pediu.
-Claro. –Caia disse calmamente.
-Eu te amo. –Kathy sorriu e lhe deu um beijo na bochecha.
-Saia daqui antes que eu mude de ideia. –Caia a empurrou.
-Doce como um limão. –Kathy riu e saiu pelo outro lado.
-Pode pedir para ele entrar. –Caia disse para a enfeira. Quando ela confirmou, Caia se virou para arrumar seus instrumentos.
-Seu irmão vai acabar se matando. –ela ouviu alguém falando e se virou, era o tal amigo. Ele parou quando a viu. –Desculpe, achei que fosse a Kathy.
-Ela acabou de sair daqui. –Caia disse se virando novamente. –Pode se sentar James.
Ele sentou e ficou observando cada movimento que ela fazia pensando em como ela sabia seu nome.
-Quando você os conheceu? –ele perguntou depois de alguns minutos em silêncio.
-Há pouco tempo. –ela disse colocando álcool em um algodão para passar no ferimento em baixo do olho dele. -Não se mexa. -ela disse segurando seu rosto.
-E é só Bucky. -ele sorriu.
Quando ela tocou no ferimento ele soltou um leve gemido, fazendo-a sorrir discretamente.
-Dor alheia lhe diverte? –ele brincou.
-Um pouco, James. –ela parou de sorrir e falou, frisando o nome dele.
Ele olhou para baixo e sorriu. Sem querer, Caia foi contagiada pelo sorriso e fez o mesmo. Ela balançou a cabeça e foi cuidar do ferimento no braço dele.
-Nossa! Você me curou. –ele falou como uma criança quando ela terminou de enfaixar seu braço. –Minha heroína.
Caia sorriu e revirou os olhos.
-Como posso lhe agradecer? –ele perguntou sorrindo.
-Me deixando ir dormir já está de bom tamanho. –ela disse se virando para a saída.
Ele segurou o braço de Caia, fazendo-a girar e chegar mais perto de si. Bucky aproximou seus rostos, fazendo Caia bambear ao sentir seu hálito batendo no rosto. Sua intensão era provocá-la, mas mudou totalmente de ideia só de senti-la em seus braços. Com um pouco de pressa, ele pressionou seus lábios contra os delas, que hesitou um pouco antes de corresponder, mas ao fazê-lo se perguntou por que tinha esperado tanto tempo. Suas bocas tinham um encaixe perfeito, suas línguas dançavam em um balé sincronizado. O ar estava começando a faltar, mas eles não tinham intensões de se separar. Até que ouviram um barulho do lado de fora e Steve entrou na tenda. Caia empurrou Bucky para longe e saiu de lá tentando fingir que nada havia acontecido.