Havia coisas piores no mundo, do que ficar presa em um recinto acompanhado de um homem maravilhoso. Pelo menos umas dez mil coisas piores. Talvez um milhão. O problema era estar presa com aquele homem. Christopher Uckermann.
O trabalho de Dulce era escrever um artigo sobre como um hotel cinco estrelas lidava com os momentos de renovação. Para isso, Christopher era o homem que jamais poderia saber sua verdadeira identidade, era o homem que precisava evitar. O que, naquele momento, parecia impossível.
Dulce já podia até ver uma coluna exclusiva sobre Christopher em seu artigo. Estilo de gerenciar: acima da média. Habilidade para lidar com estresse: excepcional. Beijos: excepcionais. Uso das mãos: digna de um mestre.
Claro que os dois últimos quesitos era suposições, mas um homem como aquele certamente sabia como beijar, usar as mãos e com certeza seu membro, para fazer uma mulher convulsionar de prazer. Nunca convulsionara de prazer na vida, queria saber como era.
— Tome.
A menos de dois metros de distância, o objeto do seu desejo estendia várias toalhas em sua direção. Qualquer uma poderia entender que a distância que Christopher mantinha era porque não queria tocá-la, mas, em se tratando de Dulce, podia-se dizer que essa não era a interpretação certa.
Algo estava fazendo com que a costumeira calma profissional se esvaísse. Talvez Christopher estivesse com medo de brincar com fogo.
— Deve estar uns cem graus aqui dentro.
— Acho que uns duzentos. — Christopher retrucou.
— Então, para que as toalhas?
— Para nos sentarmos. Já que não temos cadeiras, precisamos de algo para deixar o chão mais macio.
Christopher derrubou as toalhas sobre Dulce. A maioria caiu em seu colo e uma delas na sua cabeça. Não era a maior cortesia já vista, mas...
O charme sempre presente o havia abandonado, assim como o sorriso. Em questão de segundos, passou de amável a sério. Algo o incomodava, e Dulce não sabia o que era.
Dulce usou uma das toalhas para enxugar os cabelos e ajeitou as outras no chão, formando uma cama fofa. Em seguida, deu uma tapinha no chão, ao seu lado.
— Venha sente-se comigo.
Quem visse a expressão de Christopher poderia imaginar que Dulce pediria para que fizesse uma cirurgia cardíaca usando as próprias mãos e um clipe de papel.
— Algum problema? — Era claro que havia algum, mas Christopher só não queria admitir.
— Não.
— A expressão em seu rosto diz o contrário.
— Mais algum, além da falta de energia e o hotel no caos?
— Eu quis dizer neste salão.
— Vou fazer um acordo com você.
Christopher sentou-se no chão, bem na frente dela. Em vez de tentar dobrar um metro e setenta na mesma posição que Dulce estava, esticou as pernas á frente e esparramou-se no chão. Dulce tentava a todo custo concentrar-se na conversa e não naquele corpo sensual.
— Quer apostar quanto tempo levaremos para sair daqui? — brincou.
— Não faço apostas.
— Não?
— Nunca.
— Tem certeza de que sabe como as coisas funcionam aqui em Las Vegas?
Christopher esboçou um sorriso tímido.
— Meu trabalho é saber de tudo que acontece por aqui.
Christopher estava dizendo que sabia quem Dulce era? Sabia por que ela estava ali?
— Se importa de me impressionar com tamanho conhecimento?
— Acha que consigo?
Dulce deu de ombros.
— Como você mesmo disse, temos tempo.
— Devo admitir que a ideia de impressioná-la é... como posso dizer?... Interessante.
Christopher dobrou a perna, de modo que ficasse sobre a de Dulce.
— Vá em frente. Tem toda a minha atenção.
Christopher deu uma risada, enquanto desabotoava o blazer. Em um movimento, o blazer deslizou pelos ombros e foi parar no chão, atrás dele.
— O que está fazendo? — Dulce perguntou, como se não soubesse.
— Me pondo mais confortável. Se não tirar a roupa, vou derreter. Temos muita bebida na geladeira, mas mesmo assim podemos ficar desidratados.
— Você faz com que isso pareça tão sexy...
Christopher parou de desabotoar os punhos da camisa.
— Não foi isso que eu quis dizer... Eu... — Dulce parou de falar, porque, na verdade, foi exatamente o que ela quis dizer.
— Se preferir posso começar a falar com você de um jeito mais sexy.
Dulce sacudiu a cabeça, na tentativa de esquecer o comentário infeliz. Desejava poder engolir as palavras.
— Claro que não!
— Tem certeza?
— Claro que não. Ou melhor, tenho!
— Nesse caso, deixe-me avisá-la. Pretendo tirar a camisa, mas ficarei de calça.
Christopher voltou a desabotoar a camisa.
— Faz sentido.
Era uma tentativa de agir como um profissional duro, embora não estivesse se sentindo como um naquele momento.
— Se eu começar a passar mal, a calça será arrancada também.
Não, não, mil vezes não! A calça precisava ficar no lugar.
— Não gostaria de vê-lo passar mal.
— Tarde demais. — Christopher murmurou.
— O quê?
— Diga a verdade, alguém a mandou aqui, não foi?
Não era bem uma pergunta, era mais uma afirmação.
— Sim.
— Quem?
— Não sei.
Christopher arqueou uma sobrancelha, mas não insistiu.
— É verdade! — Dulce reafirmou.
— Você me parece uma mulher que consegue ler um nome em um cartão de visitar. — provocou Christopher, enquanto, tirava a camisa de dentro da calça.
Diante de tanta movimentação, foi impossível para Dulce não reparar no abdômen definido, bem acima da cintura. E imediatamente sua temperatura se elevou. Se continuasse assim, logo desmaiaria.
— Não perguntei o nome de propósito, para que o contratante não tivesse problemas.
— Muito inteligente.
Christopher tirou a camisa pelo ombros, e ficou expondo seus músculos e sua pele bronzeada.
- Sim, sou mesmo brilhante. — Dulce murmurou.
Pois sim! Tão brilhante que não conseguia identificar um conflito de interesses, mesmo estando bem diante de um...
Christopher se inclinou para trás, apoiado nas palmas das mãos.
— Por quê?
— Ah, provavelmente por causa da educação que meus pais me deram, e...
— Por que invadir o hotel?
Um sorriso sedutor iluminou o rosto de Christopher. O corpo dele brilhava sob a luz das velas, deixando-o com a aparência de um Deus grego.
— Achei que estava se referindo a minha inteligência.
— Isso é uma dádiva.
O cumprimento fez Dulce sorrir, mesmo sem ter um duplo sentido.
— Quer compartilhar?
— Não mude de assunto. — Christopher tentava parecer sério, mas a leveza em sua voz o traío. — Alguém invadiu meu spa, e quero saber o por quê. Pode me chamar de controlador.