{Capítulo 14}

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Pela expressão no rosto de Christopher, Dulce percebeu que ele ainda não havia compreendido. Então, tentou de novo:

- Precisamos nos resfriar, e não nos aquecer.

- Ainda está com problemas com relação as prioridades...

- Prioridades como sobreviver, por exemplo?

- Agora você está sendo dramática!

Christopher agia como se fosse o único ser desapontado naquele salão. Dulce também queria fazer amor com ele, precisava saber como era seu toque, senti-lo dentro de si. Mas alguém precisava raciocinar, e naquele momento, Dulce percebia o quanto havia perdido o controle. Fazer sexo com Christopher seria um grande e imperdoável erro, o final de uma carreira e ainda ía ficar sem seu trabalho, seria como perder a identidade.

Havia passado uma boa parte de sua vida focada, até encontrar um trabalho que proporcionasse a liberdade que precisava. Liberdade para uma infância tolhida, para as regras de uma pequena cidade em Utah, onde ninguém questionava o direito dos pais de enclausurar os filhos na igreja por horas a fio, todos os dias.

Não, ela não podia permitir isso. Estar com Christopher podia ser uma forma diferente de ser livre, mas também algo que colocaria um ponto final a todo o resto. O conflito de interesses não podia ser ignorado.

E também havia o problema da temperatura corpórea, que estava alta demais.

- Que tal tirarmos a roupa e continuarmos de onde paramos?

- Sua perseverança é impressionante!

- Uma de minhas muitas qualidades.

- Aposto que sim...

Dulce deu mais um passo para trás, deixando Christopher sozinho no círculo de velas, sem camisa, com a calça aberta e a cueca branca á mostra...

Como Christopher era sexy...

- Deixe-me mostrar uma ou duas qualidades impressionantes a você. - ele sugeriu.

- Christopher, você não está me ouvindo.

- Estou tentando não ouvir. Olhe, sou um homem saudável. - Christopher afirmou, deslizando uma das mãos pelo próprio corpo.

Como se Dulce precisasse de uma prova de sua forma física!

- Vamos parar por aqui.

- Eu estou bem!

Dulce cruzou os braços.

- Tire a calça.

O sorriso tentador reapareceu nos lábios de Christopher.

- É você quem está mandando...

- Vai entrar na piscina.

Tão rápido como apareceu, o sorriso desapareceu.

- Como é que é?

- O corpo todo. - Dulce olhou sobre os ombros. - Uma dessas piscinas é funda, não é?

- Eu me recuso a responder... - Christopher avisou, com uma careta.

Mesmo desapontado e mal-humorado, Christopher ainda estava quente.

- Christopher, você vai e pronto. A agua está fria, mas não gelada, exatamente o que você precisa.

- Falou a senhorita que fazia questão de sentar no chão seco!

Dulce ignorou a carranca e a manha.

- Precisamos baixar a temperatura do seu corpo.

- Então não devia ter me deixado vê-la nua.

Dulce enrubesceu.

- Não tive escolha...

- Podia não ter invadido o spa, e nada disso teria acontecido.

- E deixar de conhece-lo? De vê-lo jogando charme? Nada disso!

A ideia revirou seu estômago. Não conhecer Christopher, de alguma forma, teria sido uma grande perda. Dulce não sabia o porquê disso, apenas sabia que era verdade. Conhecia muitos homema de negócios em seu trabalho, dedicados e inteligentes, mas Christopher tinha algo mais: talento, beleza, charme. Era o pacote completo.

- Eu entro, mas com uma condição. - Christopher avisou.

- Com ou sem condição, você vai entrar e pronto. Não quero lidar com um homem morto o resto da noite. Ande logo!

Christopher cruzou os braços.

- Precisamos negociar.

- Você precisa é de um antibiótico! - Dulce corrigiu, imitando o modo de Christopher falar.

- Negociar!

- Um médico!

- Negociar!

- Talvez uma lobotomia!

Christopher arqueou a sobrancelha.

- Pronta para ouvir minha proposta?

- Não quero uma aposta...

- Estamos em uma negociação, e não em um jogo.

As palavras saíram tão naturalmente, como se Christopher as usasse todos os dias. Em seu trabalho, entre reclamações e lamentos, provavelmente usava mesmo...

- Você fala como um daqueles advogados que diz odiar.

- É o que se aprende no curso de direito.

Que tristeza, o gerente tinha mais formação acadêmica do que ela!

- Achei que tivesse cursado administração.

- Administração e Direito. Mas como sabe sobre a minha formação?

Opa... Mais um deslize. Dulce sabia que provocar Christopher poderia trazer problemas, mas só levou em consideração um deles, o que a nudez agravava.

- Não sei, apenas imaginei, já que dirige este lugar e não me parece muito velho.

Christopher fez uma expressão de dúvida. Bastante sútil, mas perceptível.

- Para mim, isso é mentira. Você me parece muito bem informada.

- Sou uma mulher inteligente, lembra-se?

Christopher hesitou por alguns segundos e cedeu, para alívio de Dulce.

- Tudo bem. Está pronta?

- Não concordei com nada ainda.

- Você entra também. - Christopher propôs, enquanto terminava de abrir o zíper.

- Deve ter pensado nisso por causa da febre.

- Nós dois tiramos a roupa e nos refrescamos.

Foi a vez de Dulce se sentir quente.

- Para mim, parece uma solução tipicamente interesseira.

- Pode ser divertido, além de bom para a saúde.

A posposta com certeza era provocante.

- Não! Não é o meu cérebro que está sendo devorado pela febre.

Dulce não podia se dar o luxo nem de pensar a respeito. Entrar na piscina, onde Christopher poderia ver todas as suas sobras de gordura? Jamais!

- Obrigada pela imagem... - Christopher se aproximou dela, até os braços se tocarem. - Você entra, eu entro.

- Ah, o lado interesseiro do cérebro em ação...

- A febre ainda não o atingiu.

- Isso é meio imaturo, não acha?

- Se não for assim, não entro na água. E você parece tão determinada a me salvar...

- Talvez nem tanto. - Dulce tirou o braço de perto de Christopher. - O que há de errado com você?

Encontro Às Escuras (VONDY ADAPTADA)Where stories live. Discover now