- É melhor nós irmos no carro com ela e vocês vão no outro. - Kaden diz.
No caso vocês seriam eu, Alice, Fox e sua namorada. Eadlyn ainda está desacordada. Nós não deviamos ter apostado, mas eu nunca esperaria que alguém que cavalga tão bem como ela iria acabar caindo.
- De jeito nenhum que vou sair do lado dela. - Falo para Kaden.
Eu vejo como todos me olham, principalmente Erik. Mas no momento eu não estou nem aí para o que vão pensar, e não estou nem aí para manter nossa farsa de fingir indiferença, ela está desmaiada e eu vou ficar ao lado dela.
- Kile... - Josie diz.
- Nem tente! - Disparo. - Eu vou.
Abro a porta do carro e sem esperar a autorização de ninguém entro. Acabamos indo Erik, Kaden e eu. Erik está segurando a mão de Eadlyn e acariciando seu rosto, era algo que eu queria e deveria estar fazendo, mas eu correria o risco de prejudicá-la e ela querer me matar quando acordar.
O motorista dirige muito rápido, outro carro com guardas está indo a frente mais rapido ainda, provavelmente para chegar e alertar para se prepararem para recebê-la e a atenderem logo. Penso nos pais dela, America vai ficar nervosa, algo que não deveria acontecer devido aos seus problemas de coração.
- Kaden, tente manter sua mãe calma quando chegarmos. - Digo.
- Vai ser meio dificil, mas pode deixar. - Ele responde.
Erik está checando o pulso dela e Kaden e eu olhamos para ele em expectativa.
- Fraco. - Ele fala olhando para Kaden.
Tenho a impressão de que ele está tentando me ignorar e que está com raiva de mim, talvez me culpando pelo que houve. A questão é: não ligo para o que ele está pensando sobre mim. Temos algo mais importante para nos preocupar no momento.
Assim que o carro para desço e um dos seguranças é rapido em pegar Eadlyn e levá-la para dentro. Nós os seguimos. Fox educadamente diz que espera que eu dê noticias e que acha melhor não ficar nesse momento. Alice também diz que vai. Quando me despeço dos dois corro para dentro.
- O que houve? - É minha mãe quem agarra meu braço no caminho.
- Ela caiu do cavalo. - Digo tentando manter a calma.
Sei como minha mãe é desesperada, se ela achar que estou desesperado vai achar que é grave e então isso vai ser de controle.
- Como ela fez isso? Eadlyn é uma...
- Diga a sua mãe.
Erik a corta. Ok, eu estou cansado. É mais importante descontar a raiva dele em mim do que o estado da Eadlyn?
- Qual o seu problema? - Pergunto. - A primeira vez que resolve ter alguma atitude é para ficar irritado comigo e não para mover céus e terra para assegurar que sua esposa, a rainha de Illéa vai receber o melhor atendimento e ficar boa logo?
- Kile! - Minha mãe me repreende.
- Se não entrar naquele quarto agora eu vou fazer isso, não importa se parecer errado, eu apenas vou entrar e ficar lá. - Ameaço. - Você escolhe. O que vai ser?
Ele me encara, mas entra no quarto. Minha mãe olha para mim em um misto de confusão e de repreendimento. Ela respira fundo.
- Eu vou ignorar o que acabou de fazer e focar na Eadlyn, eu vou ter que procurar por America e garantir que ela fique calma, mas antes me diga o que Erik queria que me dissesse. - Ela pede.
Pelo menos ela não está histérica e já que ela vai saber de qualquer forma mesmo...
- Eadlyn e eu estávamos apostando corrida. - Conto. - Sabe aquela famosa corrida em volta da pista de hipismo para medir quem cavalga melhor. Não faço ideia de como ela caiu.
Só me dou conta do tapa da minha mãe quando meu braço arde. Ai! Ela não me dava esses tapas ardidos dela há anos.
- Vocês perceberam que já são adultos, certo? - Ela pergunta. - Tem que parar de serem irresponsáveis, ela é a rainha, não a garota birrenta que gostava de te encher quando iam cavalgar.
- Ah ela ainda é! - Exclamo. - Foi ideia daquela mente louca dela fazermos isso, eu só aceitei.
- Deveria ter recusado. - Rebate, mas ela me dá uma olhada. - O que estou dizendo, já faz algum tempo que você não sabe mais dizer não a Eadlyn e a qualquer coisa que ela te peça. E eu gostaria de poder afirmar que esse amor é sua benção, mas as vezes acho que vai ser sua ruína.
Espero que ela esteja errada, embora no fundo eu as vezes tenha essa mesma sensação. Mas ela e meu pai são a prova viva de que mesmo quando o amor te arruina de alguma forma, duas pessoas podem construir algo ainda mais forte.
- Onde ela está?! - Maxon está vindo correndo pelo corredor. - Kile o que aconteceu?
- Ela caiu, eu não sei se ela bateu a cabeça, estava perto, mas não consegui ver. - Admito para ele. - Só saltei do cavalo e fui até ela, estava consciente, achei que não era grave, mas então ela desmaiou e não acordou até agora. Alguns medicos entraram, Erik também.
- Tudo bem, vou até lá.
Posso ver aquele olhar nele outra vez, de quem vai perder o chão se acontecer algo a outra pessoa que ama de novo. Ele entra correndo na sala da enfermaria.
É até pouco chamar de enfermaria, está mais para um hospital dentro do palácio. Com medicos e equipamentos suficientes para tratar qualquer um sem precisar se deslocar para fora, mesmo se cirurgia for necessário.
- Vamos Kile. - Minha mãe chama.
- Sair daqui? Não, eu vou esperar. - Digo.
- Pode demorar horas para ter uma noticia. - Ela diz.
- Então vou esperar por horas.
Acho que ela sabe que não vai ganhar essa guerra, porque simplesmente beija meu rosto e diz que volta logo, provavelmente com America.
Sento-me no chão do corredor, em frente a porta da enfermaria. Alguns guardas e empregados passam por mim, mas não dizem nada. Minutos depois America está vindo notavelmente nervosa com Kaden ao seu lado e minha mãe logo atrás.
- O que está fazendo ai Kile? - Ela pergunta.
Levanto-me.
- Esperando por notícias. - digo. - Eu achei melhor não entrar, mas estou ficando agoniada. E sinto muito pelo que houve, acho que minha mãe deve te contado, eu deveria...
- Ter dito não a Eadlyn? - America esboça um sorriso. - Ela é a Eadlyn, não iria aceitar um não.
Ela se aproxima de mim e toca meu braço.
- Vou pedir para te darem noticias assim que souber algo. - Diz. - Mas posso te pedir algo? Não fique aqui, isso vai gerar comentários também, que nós devemos evitar por agora.
- Tudo bem. E obrigado.
Subo para o meu quarto e fico lá pela proxima hora, sem noticias, e depois mais uma, e quando me dou conta já se passaram três horas de agonia. Chega de esperar. Desço novamente para a enfermaria. E como em uma combinação estranha Erik e os outro saem da enfermaria no momento em que chego.
- Como ela está? - Pergunto.
Eu realmente não estava preparado para ter meu olho atingido pelo punho de Erik. Que merda! Eu o empurro. Ele não fala nada, mas está transparecendo odio contra mim. Sei que já estava irritado antes, mas agora está pior.
- Erik! - Maxon e America gritam juntos.
- Que droga foi essa?! - Grito. Mas depois penso se tem a ver com o estado de Eadlyn. - O que aconteceu com ela?
- Eu não acredito que ela deixou você arruinar a vida dela assim! - Erik grita.
- O que está falando?!
Erik olha para America e Maxon e ela lhe dá um olhar que não consigo interpretar, mas ele expira forte uma vez e aumenta a distância entre nós dois.
- Droga de dia que eu entrei nisso. - Ele diz.
- Não poderia concordar mais. - Rebato. - Maxon o que houve?
Maxon, Kaden e America não estão me olhando normal também, America está parecendo preocupada, Kaden e Maxon irritados.
- Foi um traumatismo leve, vão tratar com alguns injeções anti coagulantes e remedios anti inflamatórios, mas até amanhã preferem deixá-la em coma induzido. - É America quem explica.
- Então ela vai ficar bem. - Constato.
- Sim.
- Então por que todos estão como se algo horrível tivesse acontecido?
A situação toda me deixa confuso. Eu só quero ver a Eady, mas também quero saber o que pode ser tão ruim para Erik ter descontado em mim e todos os outros parecerem que perderam o chão.
- Entre para vê-la. - America diz.
- America... - Maxon interfere.
Erik também parecia prestes a contesta-la, mas ela ergue as mãos sinalizando para pararem.
- Acho que agora todos sabemos que é isso que ela gostaria. - Fala. - Entre.
- Não vai me dizer o que houve? - Insisto.
- Não até que ela acorde.
Assinto. Posso lidar com essa espera. Peço licença e empurro a porta da enfermaria.