Wild Hearts (Part I)

By landgraciele

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Criada de acordo a visão conservadora de seus pais, Clarke sempre seguiu pelo caminho mais cômodo. Aceitando... More

Las Vegas
Stanford
Confrontation
Revival
The Truth
Certain Death
Little Bird
After Match
Anger and Guilt
Comprehension
Humanise
Answers
Roadtrip
Only for you
Bônus: breaking the rules
Whenever, Wherever
Señor Frog's
Angels and Potatos
Los Hermanos
Bônus: first kiss
Don't let me go
Hope
Bônus: something really stupid
Bônus: I love you
Reckoning
Diving and Balance
I told you so
San Francisco
Bônus: grounded
Criminal
Finnick Collins
Bônus: my little girl
Not a joke
Bônus: don't let the past dictate
Broken Hearts
Bounderies
Oblivion
Farewell

Pier 39

864 74 29
By landgraciele

Day 210-212

Kane foi o primeiro a se levantar, afirmando que havia negócios para lidar em seu escritório. Octavia usou essa deixa para se retirar também, convidando o restante – como se a casa fosse sua – para nadarem um pouco ou a apenas tomar um pouco de sol na beira da piscina. Seu convite logo foi aceito por todos, exceto por Abby. A mulher continuava encarando a visão da sala a sua frente quando chamou por Clarke.

– Encontro vocês lá fora. – A loira avisou os amigos com um sorriso forçado e foi deixada para trás.

Ficaram em silêncio por longos minutos. Clarke continuava em pé, alternando o peso do corpo entre uma perna e outra. Não conversava com Abby desde Cancún. A mais velha, por sua vez, não sabia exatamente por onde começar. Suspirou, levantando-se e encarando a filha nos olhos pela primeira vez desde que ela chegou.

– Não tinha intenção de magoar você, Clarke. – Começou com a voz firme, porém não o bastante para mascarar o quanto realmente sentia por isso. – Se você tinha algo contra os planos que fizemos juntas, devia ter dito antes. Deixar que as pessoas acreditem que você quer algo para, no fim, mudar de ideia não é algo maduro.

– Como se eu tivesse qualquer participação na elaboração dos planos. – Clarke cuspiu as palavras, sem acreditar que estava ouvindo a mesma história outra vez. – Isso não é sobre você, Abigail. Sou eu quem nunca teve a chance de fazer as próprias escolhas, porque você estava sempre me sufocando. Desde o acidente, você me colocou nessa bolha invisível e eu deixei porque sentia que quem deveria ter morrido, era eu.

Clarke parou, percebendo que não estava respirando. Um suspiro profundo escapou de seus lábios enquanto seus olhos marejados deixavam escapar lágrimas. Ela sentia raiva, muita raiva. Aquele não era o futuro que ela havia escolhido. Pois, se pudesse escolher, ela teria ido junto com o pai há oito anos atrás. Se fosse escolha dela, ela não teria namorado com Finn por quase três anos. Entretanto, sua mãe parecia não entender que ela não aguentava mais viver pelo desejo de outra pessoa que não fosse ela.

– Clarke, não diga isso... – Abby começou, tentando se aproximar da filha, mas Clarke ergueu uma das mãos, pedindo-a para que continuasse onde estava.

– Vou dizer o que eu quiser, Abby. Vou fazer as escolhas que eu tiver que fazer. – Disse pausadamente, sua voz estava quase sumindo em meio aos soluços. – E você vai ter que engolir o seu orgulho e, se não puder aceitar, ao menos vai guardar suas palavras para você. Você é minha mãe e eu amo você, mas não é minha obrigação fazer o que você quer apenas para que você tenha algo passível de controle.

Suas palavras ainda ecoavam nos ouvidos de Abby quando saiu da sala de jantar, com passos firmes e soluços fortes. Pela primeira vez em seus dezoito anos de vida, Clarke havia desafiado a mãe abertamente. Nem mesmo a ligação em Cancún havia sido tão libertadora. A loira subiu para o quarto em passos largos e entrou em seu quarto sorrindo em meio as lágrimas. Ela estava machucada, com raiva e triste pela situação. Mas reconhecia a necessidade daquilo. Reconhecia que não era culpa dela e, por isso, sentia-se mais livre do que nunca.

[...]

Bellamy estava deitado na beira da piscina, onde havia uma sombra, enquanto Lexa estava sentada do seu lado, com os pés balançando dentro da água gelada. Raven e Octavia riam enquanto apostavam quem chegaria primeiro do outro lado na piscina dando apenas cambalhotas. Lexa estava preocupada com Clarke e Bellamy percebeu isso através dos mil suspiros pesados e dos três mil olhares para a saída da casa.

– Ei, está tudo bem. – Bellamy assegurou, ainda que não tivesse certeza disso.

– Será que a mãe dela percebeu? – Perguntou, referindo-se a relação entre Clarke e ela. Bellamy riu.

– Não, sem chances. Isso nem passa pela cabeça de Abby, pode acreditar nisso. – O moreno respondeu com um sorriso no rosto, mas Lexa continuava preocupada. – Olha, Abby nunca foi uma mãe fácil de lidar e Clarke contrariou os planos que ela tinha. Provavelmente estão discutindo sobre isso e, antes que você perceba, ela estará aqui rindo conosco.

– Talvez você tenha razão. – Lexa sorriu encarando a saída da casa para a área da piscina. Clarke vinha na direção deles com um meio sorriso.

– Sempre tenho. – Se gabou, levantando-se do chão e pulando na água.

Clarke sentou ao lado de Lexa, também deixando que seus pés mergulhassem na água. Sua mão tocou a da morena, apertando-a gentilmente enquanto se encaravam com sorrisos calmos. Lexa fitou suas mãos entrelaçadas com um olhar doce. Aquele pequeno toque significava tanto para ela. Sorriu novamente e voltou seu olhar para o par de olhos azuis mais lindo que já havia visto. Seus dedos faziam desenhos invisíveis na palma da outra.

– Está tudo bem? – Lexa perguntou com suavidade, não queria se intrometer.

– Abby tentou se desculpar e, apesar de ter sido mais uma briga do que uma reconciliação, isso já é algo. – Respondeu com uma pequena curva nos lábios que logo se tornou um sorriso ao ver que a morena ainda tinha o cenho franzido. – Está tudo bem, sério.

Elas se encararam por um tempo, segurando o impulso de se tocar mais profundamente. Clarke queria se aproximar mais da morena e teria feito isso, se não fosse pelo inesperado banho. Octavia, sem qualquer pudor, jogava água nas duas enquanto ria feito uma criança. Bellamy e Raven logo vieram para dar reforços. Clarke grunhiu e Lexa estava levemente vermelha. Com faces de indignação, as duas pularam na piscina em busca de vingança.

Passaram um bom tempo na piscina e depois apenas estendidos enquanto o sol do fim da tarde queimava seus corpos com o mínimo de gentileza. Octavia, estranhamente, foi quem chamou os outros para irem embora ao ver que o sol já estava se pondo. Bellamy não entendeu a súbita vontade de estar em casa que magicamente havia tomado conta da irmã. Ele a conhecia bem demais para saber que a morena estava aprontando algo. Raven e Clarke também repararam nisso, mas sabiam que Octavia, bem no fundo, não era completamente irresponsável e imprudente.

– Por favor, vão para um quarto antes que Abby repare que vocês estão se comendo com os olhos. – Octavia pediu sarcasticamente, com um grande e assustador sorriso malicioso, antes de entrar no carro e gritar para Bellamy dar logo a partida.

[...]

Octavia e Bellamy entraram em casa e a morena logo saiu correndo para o quarto. Bellamy, cansado de apenas ponderar o que ela estava fazendo, seguiu a irmã com passos rápidos. Bateu na porta e ouviu um xingamento sair da boca da outra. Octavia abriu apenas uma pequena fresta da porta, encarando o irmão com uma face apressada.

– Diga, Bells, antes que eu feche essa porta no seu nariz grande e intrometido. – Ironizou com um sorriso que mostrava os dentes de uma forma nada amigável.

– O que você está aprontando, O.? – O irmão perguntou, sem delongas.

– Uma garota pode querer momentos de privacidade, certo? – Mais ironia. – Sério, Bell. Não vou matar ninguém. Ou me matar. – Bellamy ergueu uma das sobrancelhas, tentando ver algo dentro do quarto. – Só quero ficar sozinha no meu quarto, Okay? – Rebateu e fechou a porta rapidamente, quase prendendo o nariz do irmão.

[...]

Clarke havia puxado Lexa pela mão até seu quarto. Ligou a televisão em um canal qualquer, apenas para ter algum som além dos gemidos que ela com certeza iria arrancar dos lábios de Lexa. E vice versa. Entraram rindo no quarto e, antes mesmo que a porta estivesse trancada, seus lábios se chocaram. Elas riam em meio ao beijo quase desesperado. Lexa sugou o lábio inferior de Clarke e depositou uma mordida no processo, arrancando o primeiro gemido da loira.

Clarke se afastou com uma face séria, fazendo a outra franzir o cenho em confusão, apenas para puxá-la novamente até a cama. A loira sorriu maliciosamente para a outra, enquanto as pontas de seus dedos passeavam pelas laterais de seu corpo, pela barrada de seu biquíni, ao redor de seu umbigo, entre os seios firmes. Lexa tentou colar seus lábios no dela novamente, agora realmente desesperada enquanto um buraco negro se formava em seu baixo ventre. Sugando toda sua força e deixando apenas o desejo de ter mais de Clarke.

– Não me torture, Clarke. – Pediu com sua voz trêmula e a loira riu, jogando a cabeça para trás enquanto seu quadril se encaixava perigosamente ao dela.

Lexa então inverteu as posições, segurando os braços de Clarke contra o colchão. A loira sorriu como se se rendesse e então mostrou a língua para Lexa. A morena acenou, colando seus lábios ao dela e sugando sua língua com força enquanto voltava a encaixar seus quadris. Seus corpos se movimentavam em conjuntos, numa sincronia perfeita, quando o toque do celular de Clarke as despertou.

– Ignora. – Clarke pediu, colando ainda mais seu corpo ao da morena.

Lexa desfez os nós do biquíni de Clarke, dando-lhe a visão completa de sua nudez. Sorriu e mordicou o mamilo da outra, que suspirou com um gemido baixo. As mãos de Clarke agarraram as nádegas da outra, intensificando os movimentos. Clarke a beijou novamente, abafando os sons que saiam de ambos os lábios. Seu corpo todo estava vibrando, preparando-se para o orgasmo, quando o seu celular e o de Lexa começaram a tocar.

– Porra. – Lexa xingou ao desfazer o contato entre ambas, deixando uma Clarke suada, frustrada e vermelha na cama. Jogou o celular para a loira e pegou o seu.

– É bom alguém estar morrendo. – Clarke respondeu com a voz rouca e irritada.

– Um minuto, Clarke. Rav, coloca a Lexa aqui. – Bellamy pediu.

– Isso é muito estranho, o que há com vocês? – Lexa disse com o cenho franzido enquanto olhava para Clarke.

– Octavia está aprontando algo. – Raven afirmou como se fosse a declaração da terceira guerra mundial.

– Alguém vai morrer com isso? – Clarke perguntou, no ápice da ironia. Ainda queria o seu bendito orgasmo.

– Se tratando de Octavia, espero de tudo. – Bellamy respondeu no mesmo tom.

– Gente, de onde vocês tiraram isso? – Lexa perguntou, tentando colocar um foco na conversa.

– Ela está estranha desde que voltamos das férias de primavera. – Raven apontou.

– E agora está trancada no quarto, sozinha, ouvindo músicas românticas na maior altura. – Bellamy acrescentou e Lexa riu. – Qual a graça?

– Não vejo nada demais nisso, gente. – Respondeu e depois ficou séria, sem acreditar que haviam interrompido seu momento com Clarke por causa de algo sem pé nem cabeça.

– Concordo. – Clarke falou, dessa vez com um sorriso malicioso para a morena. – Aposto que ela está lá se dando o orgasmo que vocês me impediram de ter. Então, se me dão licença...

– Ew. – Foi a última coisa que Lexa e ela ouviram antes de encerrar a ligação e colar seus corpos nus. Claramente determinadas a terminar o que haviam começado.

[...]

A noite chegou rapidamente. Kane se despediu das meninas e de Abby com sorriso animado. Eles estava indo para mais uma viagem de negócios. Clarke aproveitou a oportunidade para avisar que não jantariam em casa. Abby apenas sorriu tristemente, avisou que sairiam no dia seguindo ás seis da manhã e se despediu delas com um aceno.

– Pronta? – Clarke perguntou com um sorriso animado, seus olhos azuis vibravam ao encarar Lexa.

– Certeza que quer sair hoje? Amanhã você precisa estar de pé cedo e... – Lexa começou a falar, preocupada, mas foi interrompida pelos lábios de Clarke nos seus.

– Não se preocupe, tenho tudo sobre controle. – Sorriu ainda mais ao se afastar e depositou um beijo na ponta do nariz da morena, arrastando-a para a garagem.

– Então, para onde? – Lexa perguntou depois que se acomodaram no carro.

– Pier 39. – Clarke respondeu e Lexa franziu o cenho, iria precisar do GPS. – Aliás, pula para cá e me deixa dirigir.

– Você não vai nos matar no meio do caminho não, não é? – A morena checou, zombeteira, fazendo Clarke bufar.

– Só porque reprovei no teste três vezes, não significa que eu seja barbeira. – Frisou, agitando as mãos no ar e fazendo Lexa rir.

Seguiram conversando sobre coisas aleatória até que Clarke estacionou próximo ao píer. O local era iluminado à noite e, de lá, podiam ver as luzes da imensa ponte Golden Gate. Havia um carrossel iluminado perto do Sea Lion, o famoso aquário de São Francisco. A noite, o píer continuava movimentado, pois haviam diversos restaurantes e a beleza do local se renovava a noite. O que mais encantou Lexa, entretanto, era a visão das águas da baía.

– Esse lugar é maravilhoso. – Lexa admitiu enquanto olhava mais uma vez ao redor, fazendo Clarke sorrir ainda mais.

– É um dos meus lugares preferidos aqui. Imaginei que fosse gostar da baía. – Disse com uma leve hesitação, ainda se sentia estranha por sentir a necessidade de compartilhar da sua vida com outra pessoa daquela forma.

Clarke tomou a mão de Lexa na sua e caminharam até um pequeno restaurante no fim do porto. A iluminação do local era baixa, conferindo um ambiente calmo, aconchegante e íntimo. Apesar de seu tamanho, as mesas eram espaçadas e os atendentes eram extremamente agradáveis. Clarke lembrava-se que seus pais costumavam jantar ali com frequência, era um dos locais preferidos de Jake e, no aniversário de sete anos de Clarke, ela havia pedido que a levasse ali e, até a morte dele, aquilo era uma tradição de pai e filha. Sorriu ao lembrar dessa memória enquanto se sentavam.

– Uma moeda pelo seus pensamentos. – Lexa sorriu, curiosa.

– Meu pai adorava esse lugar, a última vez que vim aqui eu tinha dez anos. – Seu olhar se perdeu em saudade e a morena apertou sua mão gentilmente.

– Tem certeza que quer jantar aqui? – Perguntou com delicadeza.

– Sim, eles servem as melhores massas da cidade. – Clarke sorriu, lembrando-se o porquê de ter escolhido aquele lugar.

Lexa devolveu seu sorriso e continuaram conversando tranquilamente. Jantaram ao som da música baixa que tocava o tempo todo. A morena confirmou que, sim, eles realmente serviam as melhores massas que ela já havia provado até então. Conversaram sobre coisas aleatórias, como o porquê dos leões marinhos serem chamados de leões e riram das teorias estranhas que surgiram. Clarke contou algumas das memórias que tinha daquele lugar e Lexa contou algumas histórias sobre suas constantes viagens na infância.

Compartilharam as expectativas para o início dos estágios e Clarke tentou tranquilizar a morena, que estava preocupada com cada possível detalhe. Até mesmo Octavia surgiu na conversa, enquanto especulavam o que ela estaria aprontando e como os amigos eram capazes de interromper um momento como aquele. Riram e se divertiram, mas Lexa percebeu que Clarke estava inquieta quando pediram a conta.

– Está tudo bem? – Perguntou, encarando-a fixamente.

– Com você me encarando assim, é capaz de causar uma crise existencial momentânea. – Clarke brincou, mas a morena reparou que ela mexia nos próprios dedos em sinal de ansiedade.

– Então podemos ir para casa? – A morena perguntou enquanto voltavam para o lado de fora do píer.

– O encontro foi tão ruim assim? – A loira dramatizou, fingindo chorar, e Lexa riu.

– Nada com você poderia ser ruim, Clarke. – Rebateu enquanto a empurrava com seus ombros.

– Então me dê o prazer de uma volta no carrossel. – Perguntou solenemente, fazendo uma reverência exagerada na frente da morena, que ria.

Lexa aceitou com outra reverência, ainda rindo, e seguiram para o carrossel. Ele era enorme e completamente iluminado, parecia algo saído da Disneylândia aos olhos da morena. Clarke riu ao ouvir Lexa dizer aquilo e entregou os dois ingressos para o rapaz que cuidava do brinquedo. Além delas duas, não havia mais ninguém ali.

Sentaram lado a lado, sorrindo quando o carrossel começou a girar e seus cavalos subiam e desciam em alternância. Clarke riu e tentou beijar a morena quando seu cavalo estava mais baixo do que o dela, mas conseguiu apenas beijar sua orelha. Lexa sorriu e tentou fazer o mesmo, mas acabou beijando o queixo da loira. Elas riram juntas e tentaram mais uma vez, conseguindo selar os lábios por menos de dois segundos.

O brinquedo parou e elas saíram dos cavalos, rindo. Clarke, entretanto, entregou mais dois ingressos para o rapaz, que as olhava como se fossem dois alienígenas, puxando Lexa para a carruagem atrás dos cavalos. Sentaram e Lexa acomodou sua cabeça no ombro de Clarke, que a envolveu pela cintura, sorrindo. Ficaram assim por alguns minutos, até que Clarke se afastou, sem soltar suas mãos das de Lexa.

– Obrigada. – Disse com seus olhos azuis vibrando na direção de Lexa, que sorriu com o cenho franzido.

– Pelo quê? – Perguntou, sem entender muito bem o que Clarke queria dizer.

– Por me mostrar algo que ninguém mais foi capaz, Lexa. – Clarke encarou suas mãos unidas. – Amor, Lexa. Esse que eu sinto por você... é algo que eu nunca senti por ninguém e que não dá para ser substituído, replicado ou escondido. – Os olhos de Lexa estavam marejados e a loira beijou sua testa, para em seguida retirar a pequena caixa de veludo do bolso de seu casaco. – Sei que pode parecer cedo, apressado ou impensado. Mas não é, Lexa. Eu amo você e eu quero que todos saibam disso. Principalmente, eu quero que você tenha certeza de que o que eu sinto não é passageiro. Que eu não estou indo a lugar nenhum, não sem você. – Abriu a caixinha e a estendeu para a loira. – Você aceita, guaxinim?

– Clarke, eu... – Lexa deixou escapar uma lágrima enquanto buscava pelas palavras. – Não irei a lugar nenhum sem você, claro que aceito. – Sorriu e a loira pegou uma das alianças, colocando-a em seu anelar direito. Depois Lexa fez o mesmo e se beijaram novamente. – Eu amo você, leãozinho. Você me trouxe de volta para a vida... encheu meu ser de esperança e cada pedacinho meu vibra por cada pedacinho seu.

[...]

A segunda feira começou com uma mistura de êxtase e frenesi. Clarke e Lexa ainda estavam inebriadas pelo que sentiam e por poder falar abertamente sobre isso. Era libertador pode expressar aqueles sentimentos sempre que tivesse vontade. Entretanto, acordaram atrasadas e encontraram Abby andando de um lado para o outro na cozinha enquanto preparava o café. A mais velha deu um olhar irritado para a filha e sorriu para Lexa. Clarke apenas pegou seu café para viagem e saiu arrastada pela mãe, deixando a morena para trás.

Clarke entrou no carro apressadamente e continuou em silêncio enquanto Abby dirigia. Pegou o celular na bolsa e viu uma mensagem de Octavia, que estava impaciente na entrada do hospital esperando a Griffin mãe e a Griffin filha. Clarke riu e Abby a encarou, franziu o cenho ao reparar na aliança que a loira usava, mas não fez nenhuma pergunta. Tinha uma grande e longa cirurgia naquela manhã e não queria começar o dia com uma discussão. Chegaram no hospital e Abby sorriu ao ver a cara irritada de Octavia.

– Sério, gente, pontualidade é uma coisa legal, sabia? Estou aqui há meia hora. – A morena começou, com sua voz brava.

– Agradeça à Clarke por isso. – Abby murmurou enquanto entravam no hospital. – Octavia, você irá ficar na pediatria hoje, com o Dr. Karev, sua obrigação é observar. – Encarou a morena. – Nem tente fazer nada, ou o Karev irá te colocar para fora do hospital e adeus estágio, certo?

– Sim, senhora. – A morena engoliu em seco e Clarke riu.

– Clarke, você está na G.O., com Dra. Robinns. – Clarke murmurou em protesto, mas a mulher continuou. – Sem possibilidade de trocas, a não ser que queira ficar na Urologia... – A loira negou e Octavia riu. – Aproveitem a semana, então, e não causem problemas. Se me dão licença, preciso chegar o pré-operatório de uma paciente e me preparar para uma cirurgia.

– Oh, Abby, podemos assistir na galeria? – Octavia perguntou animada após correr para alcançar a médica.

– Quando você for uma interna, claro. – Abby sorriu e deixou Octavia para trás com uma cara triste. Clarke riu e deu um tapinha de leve no ombro da amiga. Octavia logo sorriu e seguiram para o elevador. Clarke desceu no andar da ginecologia e obstetrícia, deixando a amiga para trás.

[...]

– Então, novatas, como foi o primeiro dia? – Bellamy perguntou entrando na pequena copa da firma.

– Bom, tirando o fato da Kim ser uma vadia sem coração e de eu ter ficado três horas ouvindo uma mulher chorar, vestindo um vestido de noiva, enquanto tentávamos convencê-la que pegar o noivo com a madrinha meia hora antes do casamento não nos dá um caso... Se você tirar isso e os trinta cafezinhos que eu tive que buscar, tudo ótimo. – Raven respondeu exasperada, fazendo Lexa e Bellamy rirem alto.

– Um almoço por minha conta cairia bem, então? – O rapaz propôs e Raven logo saiu apressada de lá.

– Ela leva tudo a sério. – Lexa apontou enquanto seguiam a morena. Bellamy riu e reparou nas mãos de Lexa quando ela abriu a porta.

– Ei, e esse anel? – Foi direto ao ponto e Lexa sorriu ao olhar para sua mão e lembrar o porquê da pergunta.

– Clarke e eu oficializamos. – Respondeu com um sorriso e acabou esbarrando nas costas de Raven.

– O que? – A morena gritou tomando a mão direita da outra. – Eu quero ser a madrinha!

– Quando teremos a despedida de solteiro? – Bellamy brincou e Lexa riu.

– Claro, claro. – Respondeu para Raven. – E a despedida pode ser na sexta. – Riu enquanto saíam do escritório.

[...]

Clarke estava sentada, na verdade estava jogada contra uma das cadeiras da sala de espera, quando Octavia apareceu com a cara irritada. Clarke franziu o cenho, mas estava cansada demais para fazer alguma pergunta. Passou o dia inteiro indo de um lado para o outro, entregando amostras e pegando resultados de exames. Além de ter lido vários prontuários para entender e agilizar os casos. Octavia grunhiu algo e ela encarou a amiga com uma sobrancelha erguida, aquela era sua pergunta.

– Você sabe quantas vezes eu tive que trocar de roupa hoje? – Perguntou e Clarke nem se deu o trabalho de chutar. – Sete vezes, Clarke. Essas crianças vomitaram em mim sete vezes, por deus. E o Karev apenas riu da minha cara e continuou me mandando de um lado para o outro. Definitivamente, cirurgia é minha praia. Cortar a galera e não ter que lidar com vômitos. Ninguém vomita sob anestesia geral e... – Octavia continuou seu monólogo enquanto Clarke apenas ria, cansada demais para responder algo. E nem precisava. – Clarke, seu celular não para de tocar, atende logo. – Bronqueou e a loira acordou para a realidade, atendendo a ligação sem ver quem era.

– Alô?

– Perdeu meu número, princesa? – Bellamy perguntou com ironia e Clarke deu de ombros. – Estamos esperando você e Octavia aqui em casa para um breve happy hour.

– Estou moída, sem happy hour. – Clarke rebateu.

– Apenas venha. – Bellamy disse e desligou, mas Clarke conseguiu ouvir Raven gritar que iriam planejar o casamento.

– O que era? – Octavia perguntou, já de pé e com uma expressão mais suave.

– Bellamy, estão esperando a gente na sua casa para um breve happy hour. – Respondeu com preguiça, mas logo foi arrastada para fora do hospital por uma Octavia subitamente animada. A garota estava tão distraída que nem reparou na aliança que Clarke usava.

[...]

Chegaram na casa dos Blake pouco depois das oito da noite. Clarke seguiu para a sala de televisão enquanto Octavia seguiu para tomar um banho, ainda se sentindo suja pelos vômitos. Os amigos riram quando Clarke contou a história. Estavam jogados no sofá, com três baldes de pipoca e uma garrafa de tequila. Supostamente, iriam escolher um filme, mas a conversa estava mais interessante e acabaram esquecendo isso.

– Viu, Rav, podia ter sido pior do que uma noiva chorona. – Bellamy apontou enquanto ria e Raven mostrou o dedo do meio para o amigo.

– Não sei lidar com lágrimas, gente. Preferiria a sessão de vômitos. – Raven afirmou, séria.

– Exceto que você também não sabe lidar com crianças, Rav. – Octavia provocou ao entrar na sala e se jogar entre Lexa e Raven, recebendo um tapa da amiga.

– Nada é pior do que trocar fraldas de bebês chorões. – Clarke apontou.

– Ou mulheres grávidas e seus hormônios. – Lexa acrescentou, rindo.

– Vocês são umas molengas. – Bellamy disse, indignado. – Eu aguentei essas três quando eram pequenas, aguentei as lágrimas de vocês por coisas quem nem faziam sentido chorar, já levei vômito da Octavia pelo menos o triplo de vezes que ela levou hoje. Provavelmente terei que lidar com vocês grávidas, com meus futuros sobrinhos, mais lágrimas e mais vômitos. Sem contar a TPM conjunta e assim por diante. – Continuou listando com um sorriso convencido. – E alguém aqui me viu reclamando disso?

– Ele tem bons argumentos. – Lexa apoiou, virando mais um alvo das almofadas que voavam pela sala.

Continuaram conversando sobre o dia que tiveram e, como sempre, se provocando. Antes das dez, a garrafa de tequila estava vazia e metade das pipocas estavam no chão. Não viram nenhum filme, mas se despediram quando viram que logo daria meia noite. Raven foi embora sozinha, enquanto Clarke seguiu com Lexa. Chegaram em casa, que estava vazia. Abby não voltaria para casa naquele dia e Kane ainda estava viajando. Aproveitaram a privacidade e foram para o quarto de Clarke. Tomaram um banho longo juntas e, assim que seus corpos se acomodaram na cama, o cansaço tomou conta dos corpos e logo dormiram.

[...]

Acordaram na hora certa no dia seguinte e tomaram o café da manhã calmamente, num silêncio confortável. Seguiram juntas até o hospital e Octavia quase pulou dentro do carro para arrancar a loira dos braços de Lexa. A morena riu, surpresa pela amiga ainda estar entusiasmada com o estágio na pediatria mesmo depois do primeiro dia conturbado. Se despediram e passaram o dia com apenas algumas mensagens trocadas. Clarke mandou uma foto para Lexa ao lado do monitor da ultrassom, apontando para a tela com a legenda "ache o feto".

A morena, no entanto, não conseguia encontra-lo, era apenas um pequeno grãozinho e ela achou aquilo muito fofo. O dia passou rápido e logo a noite caiu. Bellamy foi para a rodoviária buscar a namorada, que veio fazer uma visita surpresa. Octavia saiu do hospital com um sorriso enorme no rosto e não voltou para casa, tinha outros planos. Clarke foi para casa com Abby e Lexa estava indo embora, mas percebeu que Raven estava encarando a rua estranhamente enquanto segurava o celular.

– Está tudo bem, Rav? – Perguntou, se aproximando da morena e tocando em seu ombro.

– Sim. – Sorriu fracamente e Lexa não acreditou em sua resposta. – Octavia está estranha e isso não devia me preocupar tanto, mas...

– Você gosta dela e está preocupada que isso afetou a amizade de vocês? – Perguntou ao completar a frase da morena, que apenas acenou. – Olha, acho que o problema não é esse. Pelo que pude reparar, não é só você que está reparando isso. Logo, o problema não é com a amizade de vocês, mas com algo externo.

– Talvez, mas é difícil não cogitar isso. – Raven acrescentou, sem saber exatamente o que pensar.

– Conversa com ela. – Indicou, mas no fundo sabia que a pequena corvo já havia tentado isso. – Só que, dessa vez, converse sobre toda a situação o mais abertamente possível.

Raven acenou, pensando que as palavras de Lexa faziam sentido. Ela sabia que precisava fazer isso, mas não tinha coragem. Não queria se abrir ainda mais, já sentia que estava com feridas demais. Cansada, se despediu de Lexa e seguiu seu caminho para casa. A outra fez o mesmo, pensando em como era complicada a situação da amiga. Chegou em casa e Abby a chamou para jantar. Já estavam sentadas na mesa. Comeram em silêncio e Lexa pôde reparar o olhar de Abby em sua mão e, depois, alternando entre Clarke e ela.

– Seu namorado é de Stanford? – Abby perguntou para Lexa enquanto lavavam a louça. Clarke quase deixou o copo que guardava cair no chão e Lexa a encarou sem saber o que dizer.

– Na verdade, é namorada, mas sim, é de Stanford. – Lexa respondeu com sua voz suave, engolindo o nervosismo. Abby a encarou com um meio sorriso e acenou, continuando a ensaboar um prato. – E você, Clarke? – Perguntou sem encarar a loira, que engoliu seco.

– O que tem eu? – Fingiu que não tinha entendido, apenas para ganhar tempo.

– Está usando aliança novamente... – Sugeriu, ainda sem encarar a filha.

– É do movimento escolhi esperar, mãe. – Respondeu com um sorriso enorme no rosto.

– Achei que você não fosse mais virgem, Clarke. – Rebateu, pegando os talheres agora. Lexa encarava a cena com o cenho franzido.

– Nunca é tarde para decidir esperar, você sabe. – A loira respondeu solenemente e Abby acenou. Terminaram de lavar e guardar a louça em silêncio e Abby foi para seu escritório estudar um caso.

Lexa saiu da cozinha em direção ao quarto de hóspedes que estava, deixando Clarke para trás. A loira percebeu que algo estava errado e a seguiu. Clarke tentou dizer qualquer coisa, mas a morena estava caminhando rápido demais. Decidiu para-la e o fez em frente a porta do quarto. Lexa a encarou com o olhar duro e Clarke suspirou. Realmente, tinha algo errado.

– O que eu fiz? – Perguntou, sem delongas.

– "Escolhi esperar"? – Lexa cuspiu as palavras, se soltou de Clarke e abriu a porta. – Sei que não era a melhor oportunidade, mas mentir não vai ajudar em nada, Clarke. – Entrou no quarto e começou a se despir para colocar o pijama.

– Você tem razão, não vai ajudar. – Rebateu, tentando acompanhar seus movimentos para olha-la nos olhos. – Mas não acho que eu deva contar a verdade com você do lado, quero fazer isso sozinha. Sem envolver você no meio do fogo cruzado, Okay? – Segurou Lexa pelos ombros.

– Como quiser, Clarke. A vida é sua e foda-se se eu já estou no meio do fogo cruzado, certo? – Respondeu com ironia e se soltou do aberto, vestindo a camisa.

– Não é assim, Lexa. Você sabe que eu me importo. – Respondeu com a voz baixa, seu coração estava apertado. Havia um bom tempo que elas não discutiam. Ou dormiam chateadas uma com a outra. – Não quero que vá dormir chateada comigo, preciso que saiba que o que aconteceu lá em baixo não é porque não quero que saibam da verdade. Estava falando sério quando disse que amo você e quero que esse amor seja vivido sem nenhuma repressão.

– Sei que estava falando sério, mas palavras não contam se contradizem com as ações. – Lexa a encarou com os olhos marejados, não queria brigar.

– Me desculpa, vou encontrar o momento e contarei a verdade. – Envolveu a morena por trás e beijou a sua clavícula. Lexa suspirou pesadamente e se virou para encará-la nos olhos.

– Boa noite, Clarke. – Respondeu com uma pequena curva nos lábios e um olhar suave. Clarke sabia que tudo iria ficar bem. Selou seus lábios nos dela e murmurou um "eu te amo" entre um beijo e outro. Se afastaram com relutância e Clarke seguiu para o próprio quarto com o coração martelando sem parar em seu peito.

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