Através do Seu Olhar ( Degust...

By chayanebentes

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ROMANCE CRISTÃ Nesse momento passa um filme em minha mente, quando esse homem bom, me achou chorando em meio... More

Saudações
Capítulo 01
Capítulo 02
Capítulo 03
Capítulo 04
Capítulo 05
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Prólogo

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By chayanebentes

Dois anos atrás

O suor escorre pelo meu rosto, mas continuo esmurrando o saco de pancada. Um, dois, três... Vinte... Sessenta... Cem. Eu poderia ficar fazendo isso por horas até não aguentar mais. Amanhã é o grande dia, já lutei em vários campeonatos e nenhum é igual ao outro. Levo o que faço muito a sério, e a luta de amanhã não seria diferente.

— Vim resgatá-lo — paro de socar e viro para Sara. Estava tão concentrado que nem percebi sua chegada.

Ela sorri para mim, caminho em sua direção ainda ofegante. Assim que chego perto dela, passo meus braços ao redor do seu corpo. Ela fica de ponta de pé, conforme aperto seu corpo contra o meu.

— Você está todo suado — resmunga tentando se desvencilhar de mim. Eu sei que ela não liga para isso, então ignoro suas reclamações -- estou sentindo-me sufocada Lucas.

Diminuo meu aperto, e lhe dou um beijo antes de soltá-la.

— Exagerei não é? — Pergunto me referido ao longo tempo que passei nessa academia treinando. Ela apenas revira seus olhos azuis.

— Sua mãe pediu para vim buscá-lo.

— Eu não preciso de babá — solto a procura de minha bolsa. ­

Minha mãe sempre costuma se meter onde não é chamada.

— Eu não sou sua babá, sou sua namorada! — observo quando ela caminha para fora da academia furiosa. Suspiro forte, ao invés de segui-la para pedir desculpas, carrego minha bolsa e vou para o banheiro.

Dez minutos depois, tranco a academia e caminho para o estacionamento. Sara está sentada no capô do seu carro, com o fone de ouvido e os olhos fechados. Ela se balança conforme o ritmo da música. Paro para olhá-la, minha namorada é linda e sinceramente não sei o que faria sem ela. Seu cabelo ruivo encaracolado está amarrado em um rabo-de-cavalo. E as sardas do seu rosto são maravilhosas. Amo suas sardas, apesar dela odiá-las. Tiro seu fone de ouvido, ela abre seus olhos imediatamente.

— Me desculpe — sussurro — às vezes eu sou um verdadeiro babaca.

— Me diga uma coisa que eu não sei — fala tornando a colocar seu fone de ouvido. Nem sempre é fácil fazer as pazes com ela. Sara sempre me faz correr atrás. Preciso ter apenas paciência e esperar que esteja de bom humor.

Retiro novamente seu fone de ouvido.

— Eu te amo amor, me desculpe — digo com toda sinceridade. Ela sempre se derrete quando digo que a amo. Observo suspirar forte, me encarando.

— Tudo bem, vamos esquecer isso, mas não me chame de amor — reclama. Fazendo uma cara como se quisesse vomitar. Segundo Sara, todos os casais chamam um ao outro de amor, e outros apelidos carinhosos. Sara odeia apelidos carinhosos. O máximo que ela aceita é quando lhe chamo de querida.

Beijo sua bochecha achando graça. Ajudo-lhe a descer do capô do carro. Abro a porta do motorista para ela, já que ainda não tenho idade suficiente para dirigir. Assim que sento no meu banco, pego o meu maço de cigarros.

— Você prometeu que iria parar — diz pegando da minha mão. Bufo, mas não digo nada. Ela liga o carro.

— Vai jantar na minha casa hoje? — Essa é a minha maneira de reclamar que estamos muito ocupados sem tempo para nós. Passo muito tempo na academia e na escola, enquanto Sara trabalha como garçonete e estuda.

Ela balança a cabeça confirmando.

— Amanha será o grande dia — diz empolgada. Mas sei que estará uma pilha de nervos na hora da luta. Eu nunca perdi uma luta desde quando comecei a praticar MMA, sei que sempre tem uma primeira vez. Apenas quero fazer o meu melhor.

No decorrer do trajeto até minha casa, ela me conta de como foi seu dia. Eu gosto quando compartilha essas coisas simples da vida. Sara me faz sentir um garoto normal. Não um garoto que já foi quatro vezes para reabilitação por causa de problemas com drogas. Fico constantemente perguntando como ainda não desistiu de mim.

Ela estaciona o carro na frente de casa, e juntos caminhamos para dentro. Mamãe está no sofá assistindo televisão. Vira-se para nós. Imediatamente vejo seus olhos vermelhos. Meus olhos caem para o que está segurando na mão. Droga! Esqueci a maconha no bolso da minha calça.

— Eu já disse para não mexer nas minhas coisas! — Nervoso, chego perto dela e tiro a maconha de sua mão.

— Você me prometeu — as lágrimas caiam em seu rosto. Olhei para Sara que me encarava decepcionada.

— Eu odeio Você — gritei para minha mãe. Será que ela não sabe que não sou forte o suficiente? -- Você pode me internar quantas vezes forem, mas sempre volto.

— Você é meu filho, jamais vou desistir de você! Eu te amo.

É demais ouvir essas palavras dela. Não mereço ouvir isso. Saio da sala e vou para o meu quarto. Bato a porta com força. Grito alto. E jogo as malditas drogas contra a parede. Quebro minha guitarra, espalho meus livros por todos os cantos. E continuo a gritar. Sento-me no chão, apoiando à costa na cama. As lagrimas saem, lagrimas de derrota. Posso até lutar e vencer meus adversários, mas e eu? Será que consigo me vencer?

Sinto uma mão massagear meus cabelos. Ergo meu olhar e encontro Sara. Ela também está chorando. Diversas vezes já lhe pedir para ir embora, mas todas as vezes que isso acontece ela continua aqui. Sara senta ao meu lado, passando seus braços ao redor do meu pescoço.

— Eu te amo tanto — sussurra nos meus ouvidos. Ela não sabe como me maltrata falando essas coisas. Não a mereço e não sei se um dia serei homem suficiente para merecê-la.

Deito-me colocando a cabeça nas suas pernas. Enquanto passa seus dedos no meu cabelo, fecho os olhos querendo que toda essa dor desapareça de dentro de mim.

*****

Acordo na minha cama. Não lembro como vim parar aqui. Viro-me e Sara está ao meu lado. Ela quase não dorme comigo, as raras vezes sempre são noites como a de ontem. Dou-lhe um beijo na sua bochecha e sigo para o banheiro me desequilibrando entre a bagunça que causei. Tomo um banho e quando volto Sara ainda está dormindo. Visto minha roupa e pego a minha bolsa de treino. Saio silenciosamente para não acorda-la.

Vou caminhando até academia que treino. Sempre sou o último a sair e o primeiro a chegar. A luta está marcada para hoje à noite e depois disso tem uma festa em comemoração. Isso deve ser bastante o suficiente para manter minha cabeça ocupada. No decorrer do dia não treino muito, fico apenas matando o tempo ajudando os alunos, e conversando com os outros lutadores.

Finalmente as pessoas começam a chegar para a luta, meu treinador o Senhor Jackson vem em minha direção.

— Tudo certo garoto? — ele é como um pai para mim, já que o meu sempre vive viajando. E não importam quantas pessoas eu derrote com minha luta, sempre serei um garoto para ele, apesar de ter apenas dezesseis anos.

— tudo certo — digo.

— Mande ver daqui a pouco — diz passando por mim indo para seu escritório.

As lutas nem sempre acontecem na academia, elas sempre variam conforme as academias de lutas que disputam. Hoje será aqui.

— Garoto sua vez — diz o treinador abrindo a porta. Respiro fundo e saio em direção à arena. As pessoas gritam meu nome quando passo por elas, já me acostumei, sou bem conhecido. Assim que entro na arena olho para o a primeira fila de bancos. Sorrio ao ver Sara sentada, ela grita meu nome torcendo por mim.

Meu adversário entra na arena. Seu nome é Matt, também é um ótimo lutador. Essa luta vai ser interessante, mas preciso ganhar porque minha namorada está no primeiro banco gritando meu nome. Isso é tudo que importa.

*******

Entro na festa de comemoração de mãos dadas com Sara. Estamos em um bar no centro de juiz de Fora. Eu não deveria nem pôr os pés aqui, mas uma identidade falsa sempre ajuda. Sara veio o trajeto todo falando de como fui maravilhoso na arena.

Assim que passamos pela porta, ela me leva diretamente para a pista de dança. A multidão na pista faz com que fique quente e abafado. Dançamos até ela não aguentar mais. Saímos da pista e ela vai até o bar pegar nossas bebidas, enquanto encontro uma mesa disponível.

— ótima luta cara — fala Diego se aproximando de mim. Desvio o olhar para Sara que ainda está esperando nossas bebidas. Ela não gosta do Diego, sabe muito bem que é ele que consegue as drogas para mim.

— Obrigado — sorrio de volta para ele. Observo quando coloca as mãos no bolso. E tira um pequeno pacote colocando na mesa.

— Essa é das boas, depois acertamos nossas contas — diz deixando o pequeno pacote antes de sair. Sara vem caminhando, rapidamente coloco o pacote no bolso.

— Vodca para você e Coca-Cola para mim — ela coloca os copos na mesa. São poucas às vezes que ela bebe. Seu senso de responsabilidade é maior que sua vontade.

Tomo um gole da minha bebida, já sentido a ardência que passa queimando por minha garganta. Ela passa seus braços ao redor do meu pescoço, enquanto beija meu rosto. Essa mulher é a calmaria em minha vida, as coisas ao meu redor podem estar totalmente ao contrário do que imaginei, mas com Sara ao meu lado faz tudo um pouco melhor.

Assim que escuta sua música favorita, corre para a pista de dança. Fico no mesmo lugar, apesar de meus olhos observá-la de longe. Toco no bolso da minha calça sentindo o pequeno pacote. Uma experimentada a mais ou a menos não fará diferença. Eu já estou na lama mesmo.

Levanto-me para ir ao banheiro, entro no terceiro boxe e fecho as portas. Desembrulho o pacote, o cheiro do pó branco rapidamente impregna no meu nariz. Diego não brincou quando disse que era das boas. Cheiro tudo que posso, e saio do banheiro mais leve, as coisas em minha volta está mais feliz. Sara está mesa, há novos copos de bebidas também.

— Dança comigo? — pede assim que me aproximo. Ela sabe que odeio dançar, faço isso apenas para agradá-la. Passos meus braços ao redor de seu pequeno corpo, lhe beijando por alguns segundos. Solto-a pegando minha bebida na mesa bebendo tudo de uma só vez. Minha cabeça começa a girar, ignoro e a levo para a pista de dança. A música agitada e meu corpo agitado parecem uma combinação perfeita. Tudo a minha volta está rodando e rodando. Suor escorre pelo meu rosto. Paro de dançar e saio da pista de dança, me sentido sufocado e enjoado.

— Lucas você está bem? — Sara pergunta saindo da pista de dança.

— estou apenas enjoado, volte para a pista, não precisa se preocupar — digo sentado na cadeira.

— Você está estranho e quente — diz colocando sua mão em minha testa. Sinto ânsia de vômito, saio em dispara para fora do bar, batendo nas pessoas no meu no caminho. Vomito ali mesmo na grama, sentindo o alívio ao respirar o ar puro.

— Acho melhor irmos embora — minha namorada passa as mãos pela minha costa. Eu já deveria saber que ela me seguiria.

— Não quero ir embora — Murmuro. Tudo a minha volta roda, meu estômago se contorce, tento vomitar novamente, mas parece que não existe mais nada para botar para fora. Sinto quando ela pega minha mão, me levanto para o estacionamento, minha visão se torna embaçada.

Acredito que Sara continua a falar comigo. Mas não consigo escutá-la. Concentro-me apenas em manter meus olhos apertos. Meu coração acelera, posso senti-lo querendo sair pela minha boca. Eu tento deixar meus olhos abertos, mas a escuridão é mais forte do que eu.

****

Abro meus olhos, tento respirar. O coração continua acelerado.

— Ele desmaiou, e está tremendo, por favor, não demore é uma emergência — Sara grita. Não consigo vê-la. Meu corpo treme, minha garganta fecha. Ar preciso de ar.

— como assim daqui a vinte minutos? Meu namorado está morrendo — Sara continua a gritar desesperada.

Ouço-a chorar, tento manter a todo custo meus olhos abertos. Mas não tenho controle sobre o meu próprio corpo. É inútil lutar. A escuridão me vence novamente.

****

Acordo sendo carregado. É como se eu não tivesse dentro de meu corpo. Apesar de sentir tudo o que acontece com ele.

— por favor, aguente firme meu filho — Essa é a voz de minha mãe. Ela está chorando. Não quero que chore. Eu não a odeio. Quero lhe dizer que não a odeio. Meu corpo é colocado no banco do carro. Viro meu rosto, e mamãe está no volante, dirigindo muito rápido. Quero lhe dizer para ir mais devagar.

Meus olhos se alternam em fechar e abrir. Às vezes escuto, Sara e mamãe falando comigo lá no fundo. Eu estou com medo, elas estão com medo. Quando tudo isso acabar, vou lhe dizer que nunca mais vou fazer isso. Não quero vê-las chorar.

— Cuidado! Pise nos freios! Pise nos freios — Alguém grita. Sinto a pancada forte. Meu corpo dói.

****

Respiro com dificuldade. Tudo está escuro. A fumaça entra no meu pulmão. Tusso, e tento sair. Minhas pernas estão presas. Algo queima. Forço-me a visualizar ao meu redor. Tudo acontece em câmera lenta, minha mãe está com a cabeça contra o vidro. Ela está sangrando. O corpo de Sara está virado contra o banco com a cabeça para o lado do corpo de minha mãe. Fecho meus olhos dizendo para mim que isso não é real.

Acordo sendo puxado para fora do carro. A Sirene indica que a emergência chegou para salvar a vida de minha mãe e minha namorada. Quero lhes dizer para não se preocupar comigo. Eles me colocam em uma maca, imobilizando minha cabeça. Há muita gente ao redor, apesar de minha cabeça latejar, e meu corpo está no limite não me sinto tão confuso assim. É como se eu voltasse novamente para o meu corpo.

— Lucas está me ouvindo? — Alguém surge no meu campo de visão.

— sim! — minha voz é tênue. Sinto a garganta seca.

— Sou eu, o Daniel, aguente firme. Você vai ficar bem cara.

Daniel era meu amigo de infância, algumas vezes ele aparece lá em casa. Mas não somos mais os mesmos. Ele seguiu seu caminho e eu também. Agora percebo onde meu caminho me levou.

— Minha mãe... Sara — Balbucio com dificuldade entre as palavras.

Seus olhos estão tristes. Ele balança a cabeça em negação. Lágrimas escorem pelo meu rosto. Estou em ruínas, eu acabei com as pessoas que mais importavam na minha vida. Por que eu não estou no lugar delas?

— você está vivo! Deus está lhe dando uma nova oportunidade. Você quer essa oportunidade? — Daniel diz. Não é a primeira vez que ele me pergunta isso. Já perdi as contas de quantas vezes insistiu. Eu o encaro, nunca precisei de uma oportunidade, mas agora não sei o que estou sentindo. Eu não tenho mais ninguém. — Se torne um homem de quem sua mãe e sara posso se orgulhar — ele continua.

Será que essa é a oportunidade de fazer tudo diferente? O que elas queriam que eu fizesse? Eu não tenho nada. Minha mente está tão despedaçada, não vou ter força para continuar.

— Tenha fé, essa é sua única esperança.

— Esperança? — pergunto fechando os olhos com força.

— Jesus Cristo cara, ele é a esperança.

Eu me agarrei à única esperança e a melhor opção que fiz.

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