Quinn Pov
— Mais forte... — Ouvia Kitty pedir sem parar e continuava com os movimentos dos meus dedos dentro de seu sexo. — Vai Q, mais forte.
No momento exato que ela me chamou daquela forma, eu travei. Só quem tem o direito nesse mundo todo para me chamar assim, é a Rachel.
— Nunca mais na sua vida ouse me chamar assim. — Ordenei séria e ela engoliu em seco. Retirei meus dedos de dentro dela, que soltou gemido decepcionado. — Sabe muito bem que quem me chama assim é a... — Puta que pariu. Dei um tapa em minha testa e comecei a vestir minhas roupas. — Porra!
Exclamei alto completamente irritada, Kitty me olhava sem entender enquanto eu colocava minha roupa. Porra, porra, porra. Como eu fui esquecer que prometi a ela que nós íamos ficar juntas hoje? Excelente sua grande imbecil o último dia dela aqui você a abandona e vai fazer justamente o que você prometeu a ela que não iria fazer. Merda eu prometi, eu prometi e descumpri, eu nunca fiz isso com ela. Merda, grande melhor amiga que eu sou.
— O que houve?
Ouvi aquela voz fina ressoar dentro daquele banheiro e me lembrei que não estava sozinha.
— Eu me esqueci da Rae.
Expliquei e terminei de abotoar minha calça.
— Eu não sei qual é a graça que você vê naquela coisa.
Desdenhou fazendo uma careta de nojo, meu sangue ferveu. Eu juro por Deus, eu nunca senti tanta vontade de dar na cara de alguém como eu senti naquela hora. Respirei fundo e contei até dez, assim como a Rae me ensinou a fazer para controlar a raiva em situações como essa, ela sabe o quão cabeça quente e impulsiva eu sou.
— A graça que nem você e nenhuma outra garota nesse mundo vai ter. E lave essa porra dessa sua boca imunda antes de falar da minha melhor amiga.
Olhei friamente para ela que engoliu seco outra vez. Saí dali pisando firme antes que eu perdesse a cabeça e desse na cara daquela garota. Quem ela acha que é para falar da minha Rachel assim?
Abri a porta do banheiro e saí daquele lugar. Assim que ouviram o barulho que a porta fez ao ser aberta Marley e Unique viraram de frente para mim com enormes sorrisos maliciosos em seus rostos.
— Até que enfim.
Unique falou rindo e Marley a acompanhou. Eu apenas revirei os olhos sem emoção alguma. Eu não sei como elas conseguiram não deixar que ninguém entrasse ali, mas também eu nem queria saber na verdade.
— Ninguém veio ao banheiro não?
Perguntei curiosa.
— Algumas pessoas até vieram, mas não deixamos ninguém entrar.
Unique falou e eu assenti.
— Veio também uma amiga sua, ela estava te procurando.
Marley falou como se tivesse lembrado de alguma coisa.
— Quem?
Estava rezando para todos os santos e deuses que não fosse quem eu estava pensando, mas...
— A Rachel. E eu achei que ela tinha falado com você porque saiu daqui fervendo de raiva.
Unique falou rindo fraco e Marley concordou com ela. Saí dali antes que a Kitty saísse daquele banheiro e me enchesse o saco.
Agora sim, eu literalmente estava muito fodida. Rachel vai me matar, com certeza.
Procurei pelas meninas, mas só achei Blaine e Kurt conversando.
— Hey, cadê o resto das meninas?
Perguntei assim que me aproximei deles.
— Foram embora.
Blaine respondeu.
— E a Rae? Ela já foi também? Ela nem me esperou.
Falei tentando não parecer desesperada.
— Ela foi com a Britt, pelo que eu soube ela não parecia bem não.
Ouvir aquilo foi como enfiar mil estacas no meu coração. Ver Rachel triste por causa de outra pessoa já é ruim, agora ver ela triste por minha culpa, por saber que eu fui uma babaca, é trilhões de vezes pior. Me despedi dos meninos e saí dali o mais rápido que eu pude. Cumprimentei algumas pessoas pelo caminho e depois saí de dentro daquela boate. Esperei o manobrista trazer meu carro, assim que ele trouxe eu o agradeci rapidamente e entrei dentro do meu bebê, saindo dali em disparada.
A decepção que eu estava sentindo de mim mesma enquanto dirigia em direção a casa da Rae era tanta que eu já até estava sóbria. Não parei em sinal vermelho nenhum, corri pelas ruas de Nova Iorque desesperada.
— Ela não vai me perdoar.
Eu falava para mim mesma com a voz embargada sentindo meus olhos arderem. Eu estava quase chorando só em imaginar a carinha de decepção que ela ia fazer quando me visse.
Estacionei o carro em frente ao prédio dela mesmo e corri para falar com o porteiro. Por sorte não era aquele garoto magrelo que sempre dá em cima de Rachel, subi rapidamente tentando ligar para ela a todo custo. Nada, só caia na caixa postal. Liguei para o telefone de casa, mas não estava chamando também, ela realmente não queria falar comigo.
Assim que parei no andar de seu apartamento fui andando a passos largos naqueles corredores até parar na porta do 501. Pensei e repensei se batia ou não batia na porta.
Optei por não bater, se ela não queria nem me atender no telefone, imagina se iria abrir a porta para mim. Encostei minhas costas na parede ao lado de sua porta e fui deslizando lentamente até o chão. Coloquei minhas mão no rosto sentindo uma puta vontade de me bater.
Eu sou muito idiota. É o último dia dela aqui em NY sua imbecil, tudo que ela queria era passar um tempo com você, pois vocês vão ficar dias sem se verem, mas você tinha que fazer merda e estragar tudo, não é mesmo? Meu subconsciente me repreendia, eu suspirei pesadamente.
Então eu chorei, coisa que a muito tempo eu não fazia, ali mesmo onde eu estava naquele chão eu fiquei rezando pra que quando Rachel acordasse de manhã, ela pelo menos olhasse pra mim.
Rachel Pov
Estava quase terminando de tomar café com Brittany quando seu telefone tocou. Ela saiu da mesa para atender e eu me permiti finalmente pensar sobre noite passada.
Eu não vou me deixar abater nem ficar triste por isso, e é isso que eu vou fazer. Eu vou agir com ela normalmente e fingir que ontem não me afetou. Apesar de estar parecendo que alguém me rasgou ao meio.
— Rach.
Ouvi a voz de Britt ressoar pela cozinha e acordei do meu transe saindo de meus pensamentos. Olhei para ela que estava com uma expressão meio engraçada.
— O que houve?
Perguntei rindo, observei-a melhor e só então percebi que ela estava com meu celular na mão e havia ligado ele.
— A Quinn te ligou quase duzentas vezes.
Falou abismada e eu fiquei do mesmo jeito. Peguei o celular da mão dela e pude ver 183 ligações perdidas dela.
— Meu Deus!
Exclamei surpresa e olhei para Britt que tinha a mesma expressão que eu.
— Eu acho que tem alguém se sentindo culpada.
Ela falou e eu assenti.
Realmente, acho que alguém se mancou sobre a merda que fez e está tentando concertar. Bom, pelo menos ela quer se desculpar, é uma coisa boa, certo?
Tomamos um banho e nos arrumamos pra sair, iríamos ver as meninas já que eu vou ficar muito tempo ser ver elas. Será que a Q vai estar lá?
— Vamos Rach.
Ouvi a voz de Britt vindo da sala enquanto eu terminava de arrumar minhas malas para embarcar mais tarde ajeitando minhas roupas.
— O que foi?
Perguntei para Britt quando já estava na sala. Ela estava parada olhando fixamente pra alguma coisa no chão ao lado da minha porta.
— Quinn?
Ela disse de forma confusa como se estivesse perguntando a si mesma aquilo e eu fiquei sem entender nada. Fui até ela e senti meu coração se apertar ao ver Quinn toda torta encostada na parede, dormindo profundamente.
— Quinn, acorda.
Britt se abaixou diante dela e a balançou algumas vezes.
— Brittany?
Ela questionou confusa enquanto coçava um olho olhando em volta para descobrir onde ela estava.
— Você dormiu no corredor, por acaso você é doida?
Britt perguntou rindo e ela continuou meio confusa. Quinn pareceu voltar a realidade aos poucos e levantou-se num pulo.
— Rachel! Cadê a Rachel?
Perguntou afobada, ela ainda não tinha me visto, eu continuava olhando para ela esperando ser notada. Assim que me viu, Quinn veio até mim e puxou-me para um abraço forte.
— Me desculpa. Me desculpa, amor, eu sou uma idiota. Me perdoa por favor.
Pediu em desespero enquanto me agarrava mais forte quase me deixando sem ar.
Olhei por cima do ombro dela para Britt, que nos observava em silêncio com um sorriso no rosto.
— Calma, Q. Calma.
Acariciei suas costas tentando parecer o mais carinhosa possível para ela se acalmar. Ela me abraçou por mais alguns segundos e depois se afastou um pouco, cobrindo meu rosto de beijos me arrancando risadas.
— Me perdoa?
Perguntou outra vez e eu assenti com um sorriso de lado.
— Aaaaah!
Gritou animada e me pegou no colo, rodando-me no ar me fazendo rir que nem uma criança.
Me colocou no chão e segurou meu rosto em suas mãos. Olhou dentro dos meus olhos por uns segundos eu senti como se só estivéssemos nós duas ali.
Ela veio se aproximando devagar e eu sentia meu coração disparado dentro do peito. Eu sabia que um beijo dela agora me desarmaria e me faria esquecer a promessa de ontem de só manter a amizade e esquecer o que quer que fosse que estava crescendo dentro de mim.
Eu já sentia nossas respirações se fundindo, meu coração disparado e minhas mãos suando. Ela deu um sorriso antes de se inclinar mais para frente.
E me beijou.
Só que contrariando todas as minhas expectativas... foi um beijo na testa.
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