Como pode a sua vida ficar uma merda em menos de 10 minutos.
Estou olhando pro teto branco sem forças pra sequer levantar. As minhas lágrimas não deram pausa desde que eu abri os olhos. Desde que o Vitor ligou avisando que quem está com o meu Dan, não foi lá por mais ninguém, ele acha que alguém mandou fazer isso.
Ele acha que pode ser um sequestro.
Pra gente esperar alguma ligação, que ele cuidaria do resto.
Eu odeio ter que esperar por alguma notícia. Eu queria estar procurando, ajudando...
Mas ninguém me deixa sair. Isso é uma merda!
Nick estava o tempo todo do meu lado.
Era um pouco reconfortante, admito.
Mas chorar na frente dele...e do Ian... e da Helena. Eu me sinto frágil... De novo, e eu definitivamente não gosto disso.
Eu não consigo parar de pensar em como ele está, se está machucado.
Fui seguida pelos olhos do Nick quando me levantei pra sentar no sofá. Ele tinha o rostinho vermelho e os cabelos despenteados.
-- você quer alguma coisa? Água?
-- não precisa.
Ele rolou as rodas um pouco mais pra perto de mim e segurou a minha mão.
-- vai ficar tudo bem né?
-- espero que sim Nick.
Desci do sofá pro chão e deitei minha cabeça nas pernas dele, que levou as mãos pro meu cabelo.
E pela primeira vez eu larguei o choro com alguém que não seja os meninos.
Pela primeira vez eu senti que podia me abri, me deixar tão exposta assim.
Nem com o Ian eu sou assim. Mas por algum motivo o Nick me faz isso, ele é tão diferente, nem parece que é uma criança.
Ele ficou em silêncio o tempo todo, até que ouvi um suspiro e olhei pra cima. Ele estava com um micro sorriso.
-- desculpa, estava jogando.
-- que jogo?
-- aquele do filme. Quer que eu te conte?
-- claro.
Eu respondi sorrindo, eu não queria realmente escutar mas também não queria ficar naquele silêncio perturbador.
-- eu era um pirata com pernas de pau. Estava um tempo bonito. Mas aí começou a chover muito forte e o mar ficou bastante furioso. Uma onda grande levou um dos marujos e foi muito triste. E de repente o céu brilhou de novo e agora a gente estava em uma praia, todos os piratas desceram pela corda da âncora e de longe a gente viu o marujo que tinha caído. E todos os piratas ficaram felizes por estarem juntos de novo.
Era uma boa metáfora, e eu estava surpresa por ele ter pensado dessa forma.
A grande onda tinha levado o meu Dan pra longe, mas ele via um final feliz. E eu espero que ele tenha razão!
-- mandou bem moleque.
-- eu sei... Sou bom nesse jogo.
Fui contagiada pelo lindo sorriso que tinha em seu rosto e tive uma pequena sensação de alívio por não estar sozinha.
-- Anne?
Me virei pra onde tinha me chamado e vi o Ian vindo pra se sentar no sofá. Me levantei do chão e me sentei ao seu lado.
-- o Vitor está vindo. Ok?
-- tudo bem. Ele sabe mais de alguma coisa?
-- acho que sim, mas ele não me falou nada ainda. O que estavam fazendo?
-- jogando pai.
-- filho deixa a Anne, não é hora de jogos.
-- é um jogo legal Ian. Te deixaria menos amargo...
-- eu não sou amargo. Só tô preocupado com você e com toda a situação.
-- não quero que se preocupem comigo, não sou eu que fui sequestrada. E o Nick me ajudou bastante.
Sorri olhando pro menino que sorria envergonhado.
-- você precisa me ensinar isso um dia. Essa mulher é difícil.
Ele fingiu sussurrar pro Nick, fingindo sofrimento.
-- vou pensar na sua proposta.
Ele desafiou o pai e eu só consegui pensar em... Moleque abusado!!
*******
Já passava das 2 da tarde e nada do Vitor ou de alguma notícia do Dan.
Ian está fazendo o que pode pra eu não surtar e sair pra procurar o Dan, ele está sendo um doce. Fico com medo até de chegar perto dela e ficar diabética.
Não é hora pra piadas Anne. Não seja infantil.
Minha mente intrometida gritou e eu me controlei pra não tacar ela na parede... Até porque isso machucaria.
Acabei rindo com a imagem que se formou na minha cabeça. Acho que eu mesma tenho que me tratar... Isso é possível??
-- eu sabia que você não tinha a sanidade muito boa.
Nem percebi que o Ian tinha saído do meu lado que dirá voltado. Ele tinha uma bandeja no colo e um sorriso encantador no rosto.
-- você precisa comer. E eu sei que você nunca a recusaria comida, então...
-- o que tem aí pra mim?
-- do jeito que você falou, pareceu que eu estou te oferecendo drogas.
-- se pensar bem, de uma forma é sim.
-- ok, estranha. Come.
-- arrogante. Eu não vou comer aqui, vou comer com vocês.
-- o cara tenta ser romântico e ganha isso... Por isso que os homens estão desistindo das mulheres.
-- tá pensando em desistir das mulheres Ian?
-- claro que não. Isso seria impossível, a final, você é mulher. Não parece mais é!
-- como tem tanta certeza?
-- não brinca com isso Anne...Eu tenho certeza.
-- ok.
Soltei um riso debochado, lhe dei um selinho e levantei pra ir pra mesa na sala de jantar.
Estavam todos já sentados e comendo.
-- nem me esperaram.
-- desculpe querida. O Ian achou melhor levar pra você.
-- tudo bem, prefiro comer com vocês.
-- cadê o meu pai?
-- pensando em algumas coisas.
-- e aposto que a culpa é sua.
-- claro que é. Quem mais me deixaria nervoso numa simples frase?
-- fácil... Se o Nick aparecesse aqui dizendo que seria pai com seis anos. Sua mãe dizendo que você foi achado no lixo e que claro não é sua mãe. Ou...
-- pelo amor de Deus... Para. Enche a boca de comida e fica quieta.
A Helena e o Nick gargalhavam e isso deixava o Ian ainda amais com constrangido. Ele olhou pra cada um e depois olhos pra mim.... Balançou negativamente a cabeça e sorriu, como se não acreditasse no que eu tinha dito.
Não vou conseguir postar o próximo hoje. Ok.
Deem uma olhadinha nos meus outros livros, tem um novo que só vou começar a postar em maio e o outro é um conto de suspense. Espero que gostem
Próximo capítulo promete hen.
Agora sim está terminando kkk
Votem!! Comentem! Me amem kkk!
Bjuu
M. Melllo