Cap 3

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Jack nos deixou nas mesas e vai até um dos garçons.
Encaro o Dam a minha frente e ele está... Desconfortável?? Sério? Nunca pensei que ele ficaria desconfortável comigo.

--vai ficar só me olhando ou vai me contar porque você está nervoso?

--claro que não vou falar nada, o Jack arrancaria a purpurina do meu couro... Então acho melhor esperar por ele --ele fala sorrindo.

Não aguento e gargalho porque é realmente o que o Jack fala nas suas ameaças..
Deve ser importante esse tal assunto pro Dam estar segurando tanto pra consegui não me contar. O que me deixar ainda mais curiosa...

Jack volta com uma bandeja com tudo que eu pedi, mais duas cervejas e duas caixas de sapato... Sapato??

--pronto monstrinha, tudo seu! -- ele sorriu do mesmo jeitinho que o Dam sorri.. A marca dos Pinne .

--ahh, eu amo vocês!!

-- a gente sabe disso. -- Jack fala sorrindo

-- Eu falei com a minha comida.

-- haha, engraçadinha... Agora posso contar Jack? Tô tendo um ataque aqui.. -- jack se limita a acenar positivamente com a cabeça.

-- então... Você lembra do meu pai Anne?? -- perguntou se ajeitando na cadeira.

--claro, mas ele saiu do país né?

--é foi pra Itália... E eu e o Jack conversamos e decidimos que nós também vamos pra lá.

O QUE??? não acredito.
Meu cérebro acabou de pifar ... Não consigo pensar em nada, acho que não tô nem respirando.

Como é que eu vou viver sem eles? A única família que me restou está indo pra outro país...
Mas eu não posso ser uma pedra na vida deles. Se essa é a decisão deles eu vou apoiá-los .

--isso... Isso é ótimo meninos. -- sinto uma lágrima escorrer pela minha bochecha. Merda não era pra eu chorar.

--e por que você está chorando? -- jack perguntou chegando mais pra perto de mim.

-- nada... Só feliz por vocês! -- tento sorrir, mas acho que falhei na tentativa.

-- o chorona... Acho que você não entendeu direito. Eu disse NÓS vamos, isso quer dizer que a gente quer que você vá junto.

--a gente já arrumou tudo, e só você dizer que sim.

--e também Anne... Lembranças ruins te puxam pra trás. Vai ser bom largar isso tudo aqui.

Ele tem razão. Deixar essa cidade, bom, no caso o país. Os meus medos ficariam aqui também? Não custa nada tentar, já que eu tenho as melhores pessoas do meu lado...

-- eu pensei que vocês fossem me deixar... Eu já estava pensando em ir clandestinamente na mala de vocês. -- sorrio mais aliviada agora.

-- a gente nunca vai te deixar, né Dam?

-- claro, nunca!! Eu só aguento ainda o Jack por você. Aí, caramba, isso dói. -- Jack da um tapa na cabeça do Dam. E os dois ficam rindo que nem idiotas e eu não consigo não sorrir.

--é claro que eu vou com vocês!! --falo completamente feliz agora...

Eles param com as gracinhas, olham pra mim e os dois vem juntos me abraçar... Como eu iria sentir falta disso, o que seria de mim sem meus meninos. E claro que eu aceitaria ir.

--então... Vamos aos detalhes? -- Dam fala se ajeitando na cadeira novamente.

--claro, tô ansiosa pra saber tudo...

E eu estava mesmo em crise, eu queria pular e dar uma de louca. Mas me controlei até porque ainda estamos no bar.
Nós vamos pra Belluno, uma cidadezinha no norte da Itália. Eles já viram até o apartamento... Bom, no caso o tio Henrique viu.

--e agora o mais importante... Fica bem Pertinho de cortina d'Ampezzo.

--AHHH!! eu não acredito!!

E eu me vi pulando e gritando no meio do bar... Foda-se não ligo. Cara eu amo essa cidadezinha, lembro que no colégio eu tive uma pesquisa sobre a Itália... E tinha que falar tudo sobre a cidade escolhida, eu não queria as famosas. Queria fazer diferente e as cidades pequenas são as mais bonitas... E me encantei com cortina d'Ampezzo.

--ei, calma cara. Tá fazendo a gente passa vergonha -- Jack puxa meu braço pra que eu sente.

--quando nós vamos??

--daqui a uma semana. Eu ainda tenho que acertar as coisas aqui no bar e o Dam vai resolver as coisas do apê daqui. E você mocinha, vê o que você faz com a casa da tia Dé.

Tia Dé é a minha avó. Ela faleceu tem 1ano e me deixou a casa que moro agora. Claro que não vou vender, mas alugar posso... Seria bom ter um dinheiro todo mês até eu encontrar o que fazer em Belluno. Tô torcendo pra que eu consiga rápido algo com a psicologia, a final estudei e quero isso.

--ok. O que vocês acham de alugar? Não queria vender..

-- eu acho ótimo. Se quiser posso ver com o mesmo cara que cuida do bar.

--tudo bem..

--tudo acertado então? Temos que ir cerejinha...

-- ir pra onde?

--essa parte e comigo. Lembra das pencas de palavrões que você é o Jack falam e docemente me dão dinheiro? Então.. Eu guardo tudo aqui. -- disse apontando pras duas caixas de sapato na mesa.

--docemente não né, o dinheiro que você estorque da gente.

--haha palhaça.. Continuando, eu ia fazer outra coisa com ele, mas lembrei que estamos indo pra um lugar frio e pensei em dividir e ir às compras.

--carvalho, puta que pariu, porra.... Eu amei!!!

--já pode parar. É a única vez que divido com vocês..

--mas hoje não dá, tenho que dar aula ainda. E você vai me dar uma carona Dam.

Ficamos conversando sobre como vai ser na Itália, o Jack me contou que o pai deu um espaço pra ele fazer o que quiser. Ele já tem várias idéias pro novo bar que se chamará "3 irmãos". Nem preciso dizer que 1kg de poeira entrou no meu olho né? Fala sério, eu amei!
Já o Dam ganhou um estúdio em Veneza, que não fica muito longe de Belluno. Ele tá eufórico, fotografia é a paixão dele.

Ok eu quero um pai desses.
O tio Henrique é arquiteto e super reconhecido na Itália. Até onde sei ele tinha três empresas trabalhando, até que a de Veneza sofreu um golpe de estado, roubaram milhões. Ele acabou vendendo pro filho de um amigo dele que também é arquiteto. Pelo visto a profissão e boa e paga bem.

Eu adoro o tio Henrique, e uma pessoa super do bem. Quando a mãe dos meninos fugiu, ele que se matou pra cuidar dos filhos. Aquela vaca foi embora quando o Jack tinha 15 anos e o Adam 11 anos. Eles ficaram na pior, o tio Henrique mal ia trabalhar, minha avó ajudava a cuidar dos meninos. A rua toda falava que a Ida saiu bem cedo e acompanhada, entrou num carro e foi embora.
O Dam e o Jack ajudaram o pai a levantar a cabeça, eles sempre foram unidos. Por mais que eles estejam longe, eles nunca deixaram de se falar. Vai ser legal morar perto de novo do tio Henrique.

--vamos Dam? Quero chegar cedo.

--claro. Deixa isso lá no apê Jack?

--po' deixar. Beijo cerejinha.

Jack pega as caixas e vai pra trás do bar. Dam segura minha mão e me puxa pra fora. A gente sempre anda de mãos dadas, ele diz que se sente bem e eu me sinto segura.
Ele me ajuda a subir na moto dessa vez, mas não deixa de sorrir da minha cara. Bastardo metido.

No caminho fico pensando que vou ter que largar meu Muay Thai. Merda! Ainda tem mais uma aula além dessa antes de eu ir embora. Vou sentir falta das aulas e dos alunos...

Nas Suas Asas  Where stories live. Discover now