Capítulo Quatro
– Isso não é uma solução – o que era esperado sair da boca de Amélia, sai da própria boca de Thor. – Casamento por contrato para uma aliança não mudaria nada porque todos já sabem que Wanderwell é o maior aliado de Skyblower!
– Não sejamos ingênuos, Thor. Um contrato de casamento eleva uma simples aliança à um herdeiro de sangue real vindo de vocês! – Amélia pode sentir seu estomago revirar só na breve citação de um herdeiro.
– As regras são claras em declarar: eu não preciso de um rei consorte para subir ao trono – ela se manifesta na conversa com dissabor.
– Perdoe-me a grosseria princesa, mas não é uma lei de acordo meu – ele replica levantando-se de sua cadeira, Amélia cerra os lábios e lhe atira um olhar colérico.
– Admito que seu machismo para mim é de extrema arrogância, rei Edgar.
Ele a fita com uma expressão devassa. – Minhas sinceras desculpas Amélia caso minhas palavras tenham-na ofendido. É verdade com essa nova era de mulheres no poder ainda é uma temeridade ao meu ver, e podemos tomar o exemplo próprio de minha falecida rainha que mesmo sendo controlada por uma corte inteira, fez enormes dívidas em nome de Wanderwell. Ambos devemos concordar que o trono, Mia, é um desafio. E enfrentá-lo sozinha é quase uma sentença à ruína – Amélia deixa seu olhar de desagrado responder por si porque se prosseguisse, ela não seria educada.
Edgar desvia seu olhar e seu sorriso ardiloso:
– Eu gostaria de saber o porquê de tanto drama da parte de vocês dois, minhas crianças – disse em voz alta abrindo os braços. – Parem de esconder esse namorinho fajuto, todos da nobreza já sabem. Por que tanto confete para um simples casamento?
– Você já falou o suficiente, papai – Thor levanta-se de sua cadeira bruscamente. – Esse casamento não irá acontecer agora! Temos maneiras muito mais viáveis de procurar forças! Reforçar uma aliança com um casamento não será benéfico, apenas proveitoso.
Amélia engoliu seco, se perguntando por que não era ela que estava rebatendo com todos os argumentos possíveis contra o casamento, e sim Thor.
– Oh, pelos deuses! Chega de moralismo, Thor! Você está ciente da situação de Wanderwell e nós não temos muitas saídas no momento! – sua declaração atrai os ouvidos da princesa que franze o cenho atirando o olhar para seu pai que parecia estar a par da situação. – O casamento seria proficiente para ambos lados! Pare com esta hipocrisia!
– Um casamento não irá em momento algum proteger Amélia, apenas seria mais exposição gratuita! Pare de contorcer as coisas ao seu favor! – a voz elevada dele causa arrepios na princesa, que observou a sua perca de controle repentina. Thor se aproxima de seu pai. – Devemos encontrar Drazhan e fazer ele pagar pelo que nos causou! Pelas feridas irreversíveis que deixou! Se você quer livrar sua cabeça da ruína, comece a procurar por alguma mulher rica para cortejar ao invés de procurar suas necessidades com prostitutas!
– Thor – Amélia interveem apreensiva com seu tom. Sua face havia enrubescido, as veias do pescoço visivelmente saltadas fizera subir o sangue para a cabeça. A voz dela faz com que ele procure respirar e repentinamente um silêncio cortante prospera no ar após a discussão dos Czeslaw.
– Talvez Thor esteja certo, Edgar – o rei César anuncia. – Um casamento talvez não traria grandes benefícios, não agora. Essa será uma carta guardada na manga para quando for mais útil.
– Então o assunto está encerrado, não haverá casamento agora – Thor proclama arfante e se dirige para a saída dando por si mesmo a reunião encerrada. Ao sair, se deparou com a forte claridade vinda das janelas do castelo, sua mão seguiu para seu rosto cobrindo seus olhos, suas veias pulsavam forte na sua cabeça que latejava e ele se ordenou a continuar com seus passos pesados e rápidos pelo corredor.
Sua alteração de humor mexeu com seu emocional e flashes passavam em sua mente de modo frenético, o nome de Joseph se repetiu na sua mente assim como o de Ceres, uma lembrança o atingiu quando pode ver Sabrina surgir na sua cabeça. "Talvez você saiba onde ela esteja", ela dissera com intensidade. Algo que ele não lembrava de ter vivido e Thor também sabia que não vinha de sua memória. Ele precisou procurar apoio em uma das paredes próximas, e quando ouviu seu nome ser chamado, tudo desapareceu.
A voz de Amélia o sugou de volta à realidade e ele procurou o apoio em seus pés, esfregando seu rosto retomou seus passos pelo corredor. – Thor!
Ele inclina sua cabeça para trás e para de andar respirando fundo, sentindo ter de novo seu controle ele lança um olhar para Amélia cerrando os lábios. Ele a fita com seus olhos esperando que ela diga algo. – Por que você não me dissera que Wanderwell pode enfrentar uma crise?
– Por que eu diria, Mia? – pergunta fastidioso. – Os problemas de Wanderwell não tem agravantes tão preocupantes como os daqui, Drazhan está à solta em qualquer parte desse continente e nós estamos aqui, parados!
– O problema é realmente Drazhan? – ela questiona e Thor não entende. – Ficara desta maneira após citarem o fato do casamento.
– Mia, não – ele martiriza com um suspiro. – Não voltaremos a falar do desespero deles, por favor – ele balança a cabeça procurando um tom calmo, ela não tinha culpa do que lhe acontecia nesse momento.
Thor se obrigava afastar qualquer ideia de envolvimento de Amélia nisso tudo, pois era exatamente essa ideia que Drazhan tentara convencê-lo, fazê-lo acreditar que todo o mal de sua vida fora causado por sua ligação com ela, a mulher que ele amava perdidamente. Mesmo sabendo que ele próprio não faria isso, Thor guardava um temor horrível de um conceito parecido. – Olha, começamos cedo hoje e nós dois não dormimos noite passada Mia, eu preciso respirar um pouco e comer algo, apenas isso.
– Se importaria se eu lhe acompanhasse? – ela pergunta, antes que responda, a rainha surge no corredor indo ao encontro deles.
– Mia – ela cantarola, Thor observa como a princesa fechou os olhos, talvez esperando que quando reabrisse, a rainha tivesse ido embora. – Creio que você precise tomar um belo café da manhã, senhor Thor – graceja com humor.
– Estávamos indo para a cozinha resolver isso – Amélia adianta-se tocando o ombro dele, mas a rainha apanha sua mão.
– Você não, mocinha – ela arqueia as sobrancelhas.
– Estou faminta, e preciso comer.
– Eu sei. Por isso você irá ao piquenique com as garotas da nobreza.
– Agora?
– Não, amanhã Amélia – a rainha ri. – Claro que agora! Vamos, se apresse. Joana disse que lhe aguardaria no jardim do sul – sua mãe entrelaça seu braço ao dela desvencilhando os dois, Amélia lança um olhar de indignação para Thor e ele não evita mostrar um pequeno sorriso enquanto vê ela ser arrastada por sua mãe para a direção contrária dele.
– Boa sorte – ele diz por leitura labial.
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Amélia arrancou uma uva do cacho e a levou até sua boca, ao erguer seu olhar ela encontrou os pares de olhos curiosos de Joana Mackym, Alina Chandler, Clarissa Carter e Leonor Henley sobre ela. – O que foi? – perguntou com a voz retraída pela uva entre os dentes.
– Perguntamos como fora em Wanderwell, Mia – Alina repete mexendo em seus cabelos aloirados com sua voz um tanto aguda.
– Ah sim, fora agradável. A vista do castelo para o mar é de tirar o fôlego – ela disse sua frase já decorada saboreando o gosto da uva. As garotas encontravam-se sentadas sobre a toalha estendida na grama perto do lago do castelo, por ordens da rainha o piquenique era quase um banquete farto, tudo fora preparado para as garotas mesmo a ameaça de chuva que estava por vir.
– Você é uma sortuda, Wanderwell é maravilhoso. Eu quis visitar o reino no último verão, porém eu tivera que receber meus parentes de Heslker – Alina enfatizou seu desgosto mordendo o morango. – Eram uns mal-educados! Porém, eu não esperava diferente, vindo das terras do oeste... Todos eles tinham uma pele mestiça como a sua Clarissa – ela disse com um sorriso.
– Vocês têm parentes ao sudoeste? – Amélia perguntou pela primeira vez realmente interessada.
– É, claro. Mas nunca fomos para estes lados – Joana respondeu por todas com altivez. Seus cabelos avermelhados e curtos destacavam na luminosidade gris do dia. – E aquele seu amigo, Mia? O moreno misterioso que lhe acompanhava na abertura do outono? – ela pergunta com um sorriso malicioso.
– Berbatov? Ele fora embora – anunciou com indiferença enquanto bebericava seu chá.
Joana jogou seu corpo para frente encontrando o apoio nas mãos. – Parece que fora realmente sua despedida de solteiro, Clarissa – o comentário certamente acintoso provoca um sorriso perverso nos lábios de Clarissa Carter, uma jovem mestiça com cabelos incrivelmente cacheados num castanho acobreado. Enquanto as outras garotas davam um risinho, Amélia leva alguns segundos para entender até perceber.
Claro, ele dormiu com ela, pensou.
– E você está comprometida? – perguntou surpresa.
Ela tomba sua cabeça suspirando. – Com Lorde Sanchez, um velho asqueroso. Parece que ele não se importa com os boatos da minha "impureza", certamente está desesperado demais pela idade e a falta de herdeiros – Clarissa levanta seus ombros e olha cada uma delas. – Honestamente é uma pena que Berbatov tenha partido. Não saberia explicar o que fora aquela noite.
– É... É mesmo – Amélia assentiu ainda surpresa.
– E quando ele voltará? – Leonor pergunta brincando com seus dedos.
– Ele não voltará – ela murmurou. – Ao menos, não agora.
– E você e ele? Nunca tiveram nada? – Clarissa pergunta em aproximação.
– Não seja imbecil, todos sabem que ela está com Thor, e obviamente eles se casarão – Alina se adiantou em responder. – Não é mesmo, Mia? – ela a fita e todas esperam pela resposta acompanhada de fofocas.
– Espero que daqui alguns anos – respondeu enchendo sua boca com cerejas para que não precisasse continuar.
– Daqui alguns anos? – Joana questiona. – Ele ainda não pediu sua mão, não é? – suscita causando um incomodo na princesa que cuspiu discretamente os caroços do frutífero, sem respondê-la. – Não se preocupe Mia, normalmente os homens apenas desistem do casamento quando ganham o tão esperado de nós... Nossa virtude.
Amélia não evita uma risada inesperada. – O que?
– Não precisa ficar nervosa, esse não é o caso de vocês, é? – ela pergunta cada vez mais confortável vendo a princesa incômoda.
– Está proferindo que Thor não pediu minha mão porque eu suspostamente já teria dado minha virtude a ele?
– Não precisa se sentir ofendida, Mia. Não estou lhe julgando, mas não fora eu que inventara as regras. Vocês sabem bem como é ser mulher – ela afirma provocando um silêncio entre as cinco garotas pensativas, desmoralizando mentalmente a injusta sociedade na qual sobreviviam.
– E a verdade é que os homens sempre perdem total interesse ao conseguirem o que querem – ela morde uma maçã e revira os olhos. – Como se tudo trata-se de um jogo.
Amélia sente seus músculos contraídos.
– O pior é que ela está certa – Alina lamenta. – Vocês não se lembram o que aconteceu com Alicia Grimm? – Amélia se sente ainda mais envolvida na conversa ao ouvir o nome de Alicia ser citado, Alicia Grimm fora a única garota que a princesa chegara perto de uma amizade, que era baseada de competições de crianças.
– O que há ela? Alicia se casou com um príncipe de um pequeno reino, não?
– Ela fora comprometida a ele, contudo descobriram que Alicia não era mais pura – Leonor cochicha. – Eu ouvi falar que, quando ela tinha ainda quinze anos fora passar a época de férias em Wanderwell, onde se apaixonou por um homem misterioso, eles se apaixonaram e você sabe... – ela balança a cabeça tímida fazendo Joana e Clarissa rir. – Eu soube que eles fizeram promessas de casamento, mas havia um problema... Parecia que ele já havia sido comprometido com alguém.
As garotas abrem a boca num O.
– Coitadinha, ser rejeitada de tal maneira.
– E o que aconteceu com Alicia? – pergunta Amélia.
– Eu não sei, os boatos não vão muito além disso – Leonor afirma. – Eu ouvi que esse tal príncipe não se importou com o fato dela não ser mais pura e aceitou o casamento... Mas tudo isso é muito mal contado, porque a família Grimm nunca mais citou o nome da filha novamente.
– É por isso que eu aproveito minha vida como eu posso – vangloria Clarissa levando uma cereja a boca. – Homens apenas fazem isso: promessas. E na primeira oportunidade nos deixam de lado. Somos nada além de objetos para eles – ela lança um olhar para a princesa. – Força é o que lhe desejo quando subir ao poder e ter que lutar com essa gaiola de leões contra você, Mia.
Amélia mantém o silêncio.
– Mas não se preocupe princesa – Alinda toca seu braço. – Eu sei que você encontrará um modo de envolver Thor até o dia do casamento de vocês. É por isso que um casamento não pode demorar muito, isso é testar nossos sentidos.
– É... Talvez seja.
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Em passos largos e pesados, Amélia atravessou o campo de treinamento onde se encontrava militares com seus treinamentos diários. Seu olhar fulminante se fita em Thor que treinava sozinho contra um boneco de palha golpeando-o violentamente com sua espada. Ela, sem dizer nada, se aproximou dele até onde acreditou que teria sua mira certeira e sem hesitar, lançou a maçã que carregava em sua mão diretamente em seu torso.
– Aí! – ele contraiu suas costas e lançou um olhar confuso ao avistá-la.
– Você não teve nem ao menos a decência! – rosnou se aproximando ainda mais, todos os olhares foram direcionados para eles no campo e apenas com outro olhar fulminante da futura rainha, eles saem esvaziando o campo.
– Do que você está falando?
– Você não teve nem ao menos a vergonha de me falar!
– Mia, você pode me dizer do que diabos está proferindo?
– Por que você nunca me contou sobre Alicia? Claro! Quem seria o homem misterioso?! – ela questiona. – Nós três éramos amigos infância! Por que diabos nunca me contou que nos anos seguintes, vocês foram amantes e que você tirou sua virtude? Que se apaixonaram e quiseram se casar, mas não puderam porque obviamente seu pai queria que você se cassasse comigo! Com a princesa de Skyblower!
Thor fechou levemente os olhos e encheu os pulmões de ar.
– Quem lhe contou isso? Meu pai? – ele limpa o suor que escorria de seu rosto ainda quente pelo treinamento.
– Isso realmente tem importância? – a pergunta retórica fez com que Thor suspirasse. – Alicia nunca voltou para Skyblower, porque suspostamente me "apunhalou" pelas costas deitando-se com você! Por que você não teve a decência de me contar a verdade?
Thor lhe dá as costas respirando fundo e responde com falso humor: – Eu não pedi a lista de homens que a cortejavam antes de ficar com você.
Amélia abre a boca surpresa arqueando às escuras.
– Claro que não pedira, porque eu sou a mulher! E porque eu fui a princesa a qual teve sua vida inteira manipulada por seus pais! Que diabos de segredo eu poderia esconder? – sua voz veio com mais força acompanhada da raiva.
– Você sabia que antes de sua vinda para Skyblower, eu beijei Nicolas? – ela acentua suas sílabas com sua cólera, Thor enruga a testa surpreso. – E eu não lhe contei, sabe por quê? Porque nem eu mesmo sabia, porque eu simplesmente tive minhas memórias apagadas!
Thor umedece os lábios e tira suas mãos da cintura se aproximando dela, seu peito infla e ele fita seus olhos. – Se eu não lhe contei isso antes é porque para mim não havia mais sentindo nenhum, estava no passado!
– Para mim, se você não teve coragem de citar no assunto que: eu arruinei seu antigo relacionamento com sua amante, foi porque você ainda estava ressentindo.
– Pelos deuses Mia, já fazem anos! – ciente que o assunto não acabara, ele guarda sua espada na bainha.
– Podem fazer alguns anos Thor, mas se mesmo depois de toda essa batalha de confiança que enfrentamos entre nós, você não me contou o simples fato de eu ter sido a causa da separação do seu antigo amor, isso me faz questionar se você não queria ter voltado atrás na sua decisão – uma mudez toma espaço no ar e eles dois se encaram ofendidos, ele morde a parte interna de sua boca e devido ao seu silêncio, ela toma isso por sua resposta dando as costas para ele.
De volta ao jardim seguindo ao castelo, Amélia procura encontrar a calma através de sua respiração, fechando os olhos respirou profundamente e logo expiro. Ao abrir seus olhos, sua visão alcança diretamente o anel em seu dedo que Thor a dera ontem, em seguida no seu campo de visão surge uma bola abandonada por alguma criança da nobreza em meio ao jardim. Sem pensar duas vezes, para dispersar sua raiva, ela levanta a barra do vestido e concentra um grosseiro chute na superfície borrachuda, fazendo com que ela voe em meio ao outro lado do campo e acertando em cheio alguém.
Seus olhos se arregalam e ela corre em direção de sua vítima, até avistar Emily que se recupera do ataque. – Pelos deuses, me desculpe.
– Você está bem, Emily? – Anna pergunta ao lado de Savannah, as três vinham em uma direção oposta à qual ela estava.
Emily começa a rir e Mia a ajuda levantar. – Eu fiz algo para você? – ela brinca lhe devolvendo a bola.
– De maneira alguma – responde num riso. – Eu estava irritada e tentei descontar nessa bola, me desculpe outra vez.
– Ao menos te fez sentir melhor? – ela pergunta num sorriso. Amélia fita a bola que brinca nas mãos e sorri de volta.
– Na verdade sim. Fazia um longo tempo que eu não brincava com bolas – diz pensativa, em seguida ao fitar as três garotas, um sorriso arteiro se forma em seus lábios, amigavelmente ela lança a bola para os braços de Savannah que a apanha por puro reflexo.
– Ei, isso foi de propósito!
– Eu sei, está com você – anuncia, ela semicerra os olhos. – Vamos brincar para nos aquecer um pouco!
Twin Forks - Back To You
Savannah solta um sorriso pensativo e por fim resolve lançar a bola em Anna provocando um riso no grupo, Amélia e Emily correm ao mesmo tempo e Anna lança a bola na direção delas, Emily por sua vez ao invés de pegar a bola, recebe com um chute e um pequeno grito agudo de surpresa, a bola voa em direção Amélia que tenta chutá-la também, a bola é lançada para longe e todas elas como um grupo de crianças entretidas na brincadeira correm atrás ignorando o fato de seus vestidos estarem longe de serem próprios para um jogo. Savannah alcança primeiro a bola e arremessa para o outro lado provocando mais correria.
Uma chuva prevista de outono começa e com sua força natural, elas são encharcas em questão de segundos, porém isso não as fazem parar. Emily alcança Savannah que toma a bola outra vez, no tempo que as duas tentam chutar a bola acabam provocando um tombo na terra molhada do chão.
As duas despencam no chão e caem na gargalhada, Amélia e Anna se aproximam rindo e se jogam em cima delas roubando a bola das duas, a bola molhada escorrega para longe e tudo que elas são capazes de fazer é continuar gargalhando na chuva sujas de terra.
Anna se inclina verificando o próximo corredor dos dois sensos. – Ok, está livre, você pode vir – afirmou, Amélia se inclina junto dela e confere com seus próprios olhos.
O corredor vazio indicava caminho livre e ela poderia continuar em direção ao seu quarto, ela sabia que se a rainha a encontrasse daquela maneira, corria um sério risco de sofrer um enfarte, e qual explicação ela poderia lhe dar? Uma guerra de comida?
– Está bem, vá se trocar também, posso chegar no meu quarto sem ser vista daqui – ela solta um risinho e acena com a cabeça dando as costas para Amélia, ao fundo as duas avistam a rainha caminhando em direção ao corredor.
– Pelos deuses – solta surpreendida.
– Vá para seu quarto, eu a distraio – Anna diz levando a situação como uma missão, Amélia assente e corre pelo corredor sendo ligeira até alcançar seus aposentos.
Ao entrar ofegante, ela bate à porta e apoia sua cabeça nela sentindo sua superfície mais quente que seu corpo gelado, logo um risinho escapa de sua boca. Um de seus braços correm para trás do vestido pensando numa boa técnica para desamarrar sozinha seu espartilho para tomar um banho quente.
– Creio que seja melhor você estar vestida enquanto conversamos – a voz repentina provoca um salto duplo dela tomada pelo susto, ela vira-se encontrando Thor vindo da sacada de seu quarto, ela lhe fita surpresa e ele a olha da mesma maneira ao ver suas roupas molhadas e sujas – Nossa...
– Eu sei. Eu pareço um cachorro molhado. Eu... escorreguei... lá fora...
– Escorregou quantas vezes? – ele pergunta tentando ser amigável e para evitar um sorriso, ela morde o lábio inferior e um silêncio prevalece. – Eu espero que esteja mais calma para que possamos conversar.
– Tecnicamente, eu me esfriei, literalmente – confessa se afastando da porta, ela podia sentir o cheiro de terra em seus cabelos devido seus movimentos, estar naquele estado diante Thor, que como sempre estava tão impecável como príncipe, era vergonhoso.
– Mia, eu não queria ter me calado logo que você me perguntou aquilo. Porque obviamente você entendeu meu silêncio como um sim – ela coloca uma mecha molhada atrás da orelha e o observa sua aproximação. – Me perdoe, eu sei que você merecia saber. Foi algo tão mal acabado que honestamente eu não quis recitar tais memórias, eu sei bem que agora, visto desse ponto, parece que eu ocultei tudo isso por algum ressentimento com você. E também lhe digo sinceramente que essa ideia passou pela cabeça quando cheguei em Skyblower.
Ele olhava em seus olhos para dizer cada palavra e isso Amélia apreciava.
– Eu não tinha dúvidas de quem você era quando coloquei meus olhos sobre você naquela floresta no último outono, mesmo depois de tantos anos. Obviamente eu lhe reconheci, porém por um segundo eu pensei, se eu deixasse aquela garota fugir, eu estaria livre de qualquer pressão que poderia vir de meu pai em relação de um possível casamento – ele prensa seus lábios recitando tais memorias das quais ele não se orgulhava hoje.
– E quando eu pensei nisso, não era por Alicia. Era somente por mim. Eu não mentirei dizendo que o que eu e ela tivemos não fora especial, e sim, e em algum momento nós falamos sobre casamento. Tínhamos quinze anos.
– Mas era isso que você desejava de qualquer jeito na época.
– Era, contudo não era algo real...
– Porque você como príncipe e sucessor no trono estaria fadado a se casar comigo, unindo nossos reinos...
– Não. Eu sabia que meu pai não perderia essa oportunidade de insistir num casamento, Mia. Porém, quando eu lhe reencontrei, eu pude perceber que nós estávamos na mesma situação, devido aos segredos de seus pais, eles estavam ocupados demais para cogitar a ideia de um casamento. E com isso, as coisas entre nós aconteceram sem precedentes. O que eu menos esperava era me apaixonar por você Amélia, de alguma forma no início eu não gostei desta ideia apenas por pensar que eu estava concordando em alguma coisa com meu pai, mas não foi algo que eu pude evitar, eu reencontrei minha amiga de infância e me apaixonei por ela.
– Eu e Alicia tivemos uma aventura quando mais jovens, mas não há mais nenhum sentindo agora, e se eu não lhe dissera isso antes era porque eu não queria ter essa exata conversa, Alicia está no passado, você não precisa ter dúvidas disso.
O olhar dela afronta o seu por segundos, Amélia cruza seus braços e em seguida desvia em direção a cama. – Está bem – assente com certa indiferença. Thor vira-se em sua direção e a analisa confuso. – Se você puder sair agora, eu estou com frio e preciso de um banho.
– Você pode me dizer o que ainda há de errado?
– Não há nada.
Thor apanha sua mão fazendo com que ela olhe para ele. – Mia, não minta para mim. Eu sei reconhecer quando algo não lhe agrada – ela hesita. – Se não está chateada por causa de Alicia, pelo o que é? É sobre o casamento?
Ela enche seus pulmões de ar preparada para negar, porém o olhar que Thor a lança não a permite mentir. – Sim – admite brava. – É sobre esse casamento ridículo. – ela amaldiçoa, se afastando rodopiando pelo quarto para respirar fundo.
– Foi pelo fato de eu ter recusado, não foi? – ela franze o cenho sem saber negar outra vez. – Porque se você quiser, reunimos os reis nesse momento e eu volto com a minha palavra.
Um riso abafado e irônico corre de seus lábios. – Você só faria isso por mim?
– Claro que eu faria isso por você – ela o encarou com certo desprezo, ainda com raiva ela range os dentes e dá as costas outra vez para ele, um silêncio se instala e Thor cansado reclama: – Mia, eu não sei mais o que fazer para te agradar.
Ela lhe lança um olhar ofendido: – Me agradar? Que tal se você parasse de fazer as coisas por mim e começasse a fazer por si próprio, príncipe?! – rosnou. – Você somente falaria com o conselho para cogitar a ideia do casamento por mim, e não por você!
– O que?... Mia, achei que você não quisesse isso agora assim como eu! – ela olha em volta sem reação e confusa, um suspiro corre de seus lábios e tudo que faz é se sentar no colchão diante Thor.
– Mas eu não queria – admite enterrando sua cabeça em suas mãos. – Que situação mais ridícula! – rezinga. Thor a encara e se agacha aos seus pés para que possa olhar seu rosto.
– Eu apenas poderei entendê-la se você for sincera comigo. Eu vi sua reação naquela sala, acreditei que você pensasse como a mim – seu tom já era mais doce e compreensível, que fez Amélia por segundos se arrepender de ter sido tão severa.
– Nós já dormimos juntos, Thor – relembra. – Eu não sou mais a princesa virgem há um bom tempo – ela cospe as palavras com incômodo. Ela tenta entender seu olhar que por segundos é inexpressível. Logo Thor levanta-se e dá meia volta, sua reação deixa Amélia ainda mais apreensiva sobre o colchão e o tempo de silêncio perturbador é cortado com uma risada de Thor.
Ela arqueia suas sobrancelhas.
– Podemos voltar na parte a qual eu disse algo de engraçado?
Ele passa as mãos em sua barba e tenta parar de rir, finalmente a encarando. – Você acha que eu não quero me casar com você por você não ser mais virgem?
Suas bochechas tornam-se vermelhas com suas palavras tão diretas. – Conversaremos num outro momento na qual você não achar o sujeito tão engraçado – responde enfezada se levantando da cama preparada para sair do quarto. Thor a impede entrando em sua frente colocando seu corpo contra o dela.
– Não, continuaremos a conversar – contrária, encaixando suas mãos quentes sobre o tecido úmido de seu vestido.
– Não há o que conversar – objeta aborrecida. – Eu sou infantil e você um bobo da corte! Conversaremos outra hora, Thor.
– Não, agora você me escutará – insiste lhe empurrando de volta para a cama, no momento em que recusa, ele a obriga sentar no colchão com força.
– Agora usará força contra mim?
– Amélia, apenas me escute – ele fala fazendo um gesto para que ela se silencie. Ela não queria continuar ali pela imensa vergonha que sentia e tudo que desejava era acabar com aquela conversa tão embaraçosa que ela criara. Seus olhos apenas voltam encontrar aos de Thor novamente quando ele volta-se agachar diante ela.
Fix You - Coldplay
– Eu poderia me casar com você nesse momento Amélia, por amá-la incondicionalmente, mesmo não sendo alguém fácil de ler ou de entender, às vezes tendo tais crises de ciúmes.
– Por favor, eu não tive ciúmes – contesta, porém ele continua.
– Em momento algum me passou pela cabeça que você acharia que meu protesto contra isso seria por nós já dormidos juntos – ele fala segurando um sorriso nos lábios.
– Muitas pessoas fazem a união do casamento por negócios, estratégias, política e religião, mas nós, Mia, nós fomos abençoados por nos amarmos e temos essa opção. Por isso eu desejo que seja algo especial que fique em nossas memórias por toda nossa eternidade – ele ergue a mão e acaricia seu rosto. – Agora precisamos atravessar essa batalha, estaríamos prontos para aguentar também um drama de noivado? – pergunta harmônico.
Um sorriso se forma em seus lábios e ela abaixa sua cabeça rindo envergonhada. – Não – ele desprende seu sorriso e ri baixinho também. Amélia olho em seus olhos apanhando sua mão. – Me perdoe – suspira quase emocionada. – É que você sempre foi tão... Certinho, tão tradicional e quando passou essa possibilidade por minha cabeça juntando com Alicia, eu simplesmente... – balança a cabeça sem terminar a frase e solta outro suspiro. – Apenas não pensei que estava com um príncipe moderno – graceja.
Ele ergue seu olhar até ela. – Eu apenas desejo que tudo seja feito no tempo certo com você, Mia – seus dedos deslizam sobre a maçã de seu rosto.
– Eu também desejo, Thor – sussurrou. – É o que eu mais quero – ele se aproxima beijando docemente seus lábios e ela envolve seus braços em seu pescoço o puxando para sua cama. Amélia vira seu corpo colocando seu corpo frio sobre o dele que estava quente, Thor não evitou sorrir enquanto ele acariciava sua nuca já deitado na cama.
Suas mãos deslizaram até suas costas onde ele desenlaçou seu vestido e em seguida o corset brincando com seus dedos em suas costas nuas, Amélia com as mãos em seu peito, deslizam elas até seus ombros e se inclina sobre seu corpo, ela deixa seus lábios extremamente próximos aos dele e olha em seus olhos.
– Eu te amo.
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Quarto Capitulo do segundo livro da série As Adagas de Ceres
5198 Palavras
Dedicado à @LetciaPerera, obrigada por acompanhar o livro <3
Esse capítulo foi pequeno :( mas foi pras thorélias né? hahaha Alguém já tem teorias aí? hein hein? hehehhe Já tem mistério no ar, mas as coisas vão esquentar nos próximos capítulos!!!
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