Ceres - Agora o Inimigo é Out...

By erika_vilares

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SEGUNDO LIVRO DA SÉRIE AS ADAGAS DE CERES Os muros cinzentos que cercavam o castelo retinham a cruel realidad... More

Ceres - Agora o Inimigo é Outro
Messagem aos novos leitores
Prólogo
Capítulo Um Parte I
Capítulo Um Parte II
Capítulo Três
Capítulo Quatro
Capítulo Cinco
Capítulo Seis
Capítulo Sete Parte I
Capítulo Sete Parte II
Capítulo Oito
Capítulo Nove
Capítulo Dez
Capítulo Onze
Capítulo Doze
Capítulo Treze
Capítulo Quatorze
Capítulo Quinze
Capítulo Dezesseis
Capítulo Dezessete
Capítulo Dezoito
Capítulo Dezenove
Capítulo Vinte
Capítulo Vinte e Um
Capítulo Vinte e Dois
Aviso
Capítulo Vinte e Três
Capítulo Vinte e Quatro
Capítulo Vinte e Cinco
Capítulo Vinte e Seis
Capítulo Vinte e Sete Parte I
Capítulo Vinte e Sete Parte II
Entrevista na Band
Capítulo Vinte e Oito
Capítulo Vinte e Nove
Capítulo Trinta
Capítulo Trinta e Um
Capítulo Trinta e Dois
Capítulo Trinta e Três
Capítulo Trinta e Quatro
Capítulo Penúltimo
Último Capítulo - Parte I
Último Capítulo - Parte II
Notas da Autora
PRÉ VENDA

Capítulo Dois

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By erika_vilares

Capítulo Dois

No globo ocular, a íris comportava cores de um forte castanho presenteados com um leve, e às vezes, imperceptível tom escarlate que dava uma intensidade no olhar como na personalidade da princesa. Ele se refletia no líquido roxo-azulado que entrava em ebulição após alguns minutos em contato com as chamas. - Que cor magnifica - murmurou. Anna se aproxima do seu lado e com o mesmo gesto observa a poção preparada por Simon Vorins. No momento o qual a princesa ergue seu olhar, ela encontra os pequenos olhos amarronzados desproporcionais e inofensivos dele que, em seguida desvia o olhar evitando contato visual.

Simon Vorins era um dos apoticários do reino do Norte, más línguas referiam-se a ele como uma aberração. Todos sussurravam: ele tinha sangue nobre, talvez fosse um bastardo nunca assumido. Afinal fora abandonado numa simples cesta de vime em um dos corredores do castelo em meio a calada da noite durante a guerra Os Dias de Escuridão, quem assumira sua maternidade por um grande coração fora Rosa Stuart, apesar de não ser seu filho, ela o acolhera. Simon cresceu no castelo sempre isolado de todos por opção, sempre apresentou um vasto conhecimento e aprendizado fármaco, poderiam exclui-lo da sociedade, mas ninguém poderia negar que se tratava de um gênio.

Amélia pensou automaticamente que seu semblante de um animal acanhado havia melhorado desde sua volta. Por um pedido de sua falecida ama, a rainha bancou seus estudos em Wanderwell, nos vastos campos de ervas medicinais fazendo com que se especializasse em medicamentos no último ano. No ver da princesa, ele não parecia se importar com a opinião alheia, às vezes ria sozinho e sem motivo, Simon tinha um grau de dificuldade para se socializar com a corte de Skyblower, por suas atitudes estranhas e até mesmo ecolalias.

Ele não citava o assunto, nem demonstrava, todavia Amélia sabia que a morte da única pessoa que se importara com ele no castelo estava sendo doloroso.

- Esta poção criada por Simon é capaz de retardar os sintomas de um veneno em contato com o organismo. Caso o indivíduo tenha sido envenenado, ele terá minutos talvez horas antes que os sintomas apareçam - Emily revela.

- Isso é incrível - Amélia proferiu olhando para Simon que ainda evitava contato visual.

- Você não é muito de falar, não é mesmo? - Savannah comentou apoiada na parede de braços cruzados.

- Ele apenas é tímido - Anna disse amigavelmente. - Não é mesmo, Simon? - ela abre um sorriso e o fita, Simon semicerra os olhos e mostra um sorriso reservado acenando com a cabeça.

- Esse antídoto seria capaz de retardar o veneno de uma cobra, por exemplo? - Amélia pergunta pensando vagamente no bichinho de estimação que Drazhan por vezes carregava no pescoço. - Mesmo se ela não pareça ser só uma cobra?

- Qual espécie de cobra?

- Na verdade, eu não sei. Ela tem uma cabeça achatada, cor cobre, porém nunca vi uma espécie parecida.

- Talvez um tipo raro - Simon deduz, do chão ele desvia seu olhar para os livros dando uma clara visão para os cabelos espeço e lisos de cores intensas de castanho. - Talvez a poção aja somente por minutos. Eu poderia procurar algo a respeito.

- Eu agradeceria sua ajuda, Simon - ele não responde e segue em direção as estantes de livros.

- O que você está em mente para fazer agora? - Anna dirige-se a Amélia.

- Pretendia procurar Ari e Louis.

- Eu posso fazer isso para você - Savannah se oferece de fundo.

Savannah e Anna agora usavam vestidos decorados e acessórios da realeza, seus cabelos sempre estavam penteados e suas unhas sempre limpas, como das garotas da corte. Anna ficara contente com o título que a rainha havia lhes concedido, já Savannah não se demonstrava a vontade com os interesses de sua majestade.

- Não creio que seja necessário - Mia responde estranhando a gentiliza. - Eu pretendo conversar com eles.

- Então, eu poderia chamá-los para você - conclui insistente.

- Sim Mia, na verdade, eu gostaria de sua companhia, adoraria lhe mostrar o... a horta que fizemos.

- Já que vocês insistem...

Anna abre um grande sorriso e apanha a mão dela, logo as duas saem às pressas pela porta. Savannah fita Emily e suspira: - Anna nunca ficara tão feliz com uma tarefa parecida... Será um longo dia - ela joga um sorriso para Emily e olha outra vez Simon, que estava quieto e ajeitado numa cadeira lendo seu livro. Sem dizer mais nada, Savannah saiu da sala em busca dos dois os quais ela titulava de "patetas".

Savannah andava pelos corredores com seus braços cruzados sem saber se iria mesmo procurar Ari e Louis que com certeza se encontravam em algum buraco qualquer fazendo apostas como por muitas vezes ela os vira. Ela foi diminuindo seu ritmo até parar em frente uma das janelas e admirando o mundo lá fora, Savannah não sabia se era loucura sentir falta de sua antiga vida, mas tudo agora era tão... calmo.

- A vista do castelo é realmente magnífica, não? - alguém dissera trazendo ela subitamente de volta para a realidade, seu olhar rodopiou o corredor encontrando-se com um homem que se aproximara sem ela perceber. Por suas vestes, logo ela deduziu se tratar de um militar, ele carregava os estandartes dos dois leões divididos pelo bastão do comercio de Skyblower em uma costura viva e clássica de linhas bem tingidas em seu braço esquerdo. Quando o seu olhar curioso se desviou da costura, Savannah se sentiu presa no encontro com seu olhar, uma íris carregava um tom de castanho enquanto a outra, azul. Ela apenas vira uma pessoa na sua vida com um olho de cada cor, e aquela ela sempre desejava o melhor, mesmo depois de tanto tempo distante.

- Não se compara quando temos a possibilidade de estar lá - respondeu.

- Então poderia deduzir que a senhora é do tipo aventureira?

- Eu sou do tipo que não tem tipos, menos ainda senhora - ela não se preocupou em ser simpática, mas ainda assim, roubou um rápido sorriso dele.

- Jan Xavier, é um prazer conhecê-la senhorita...?

- Campbell. Mas prefiro atender apenas por Savannah.

- Encantado senhorita Campbell... - ele degustou cada palavra quando apanhou sua mão e beijou suas costas. - Eu não me lembro de tê-la visto por essas bandas antes. De fato, eu me lembraria.

- Talvez não tenha olhado bem.

- Senhorita Campbell? - uma terceira voz interrompeu a vaga conversa dos dois e os olhos dela encontraram Elliot. - Jan Xavier. - Elliot o cumprimentou logo virando seu olhar para ela. - Você está bem?

- Se você está procurando por Anna, no momento ela está distraindo a princesa, como o pedido da rainha. E na verdade, eu já estava de saída. Tenham um bom dia.

Lá fora no tempo nublado, Anna se aproximava de uma das hortaliças ao chegar na horta, ela se agachou em meio à terra e seu olhar convida a princesa para segui-la sobre o terreno macio. Ela segura a barra de seu vestido e segue ao seu lado.

- Eu plantei essas abóboras - disse, o alaranjado no dia sem cor tinha um grande reflexo, algumas ainda estavam verdes e todas possuíam tamanho e formas diferentes.

- Você deve ter tido um trabalhão...

- Na verdade não, elas estão na época - afirma, tateando a superfície de uma delas. - Em Helsker tínhamos a tradição de fazer um doce de abóbora em datas especiais, era muito bom, você gostaria.

- Não sou muito fã de abóbora... Eu não sabia que você vinha do Oeste, Anna.

- É, infelizmente eu não tenho a pele negra como muitos de lá. Mas, na verdade, eu nasci na fronteira de Helsker e Gardênia... - ela abaixa seu olhar tateando a grossa e resistente superfície da abobora. - Quando meus pais descobriram sobre meu dom, me trataram como uma aberração. Com medo de que eu fosse uma bruxa, cogitaram a hipótese de me enviar para um convento no Sul, eu já ouvi histórias terríveis daquele lugar e com medo, eu fugi de casa. Fui encontrada e levada para um orfanato ao norte de Helsker.

Nos meses seguintes, eu conheci Savannah. Eu salvei sua vida porque tivera uma visão com ela antes mesmo de conhecê-la. Ela não se adaptou com o orfanato, lá era um lugar... triste, então nós fugimos juntas para a fronteira do Sul.

Foi quando uma mulher nos ajudou nos oferecendo abrigo. Olivia Richer, era uma caçadora espírita, tinha os olhos mais bonitos do mundo e era uma das melhores pessoas que eu já conheci - ela abriu um sorriso. - Nós passamos alguns anos unidas como uma família, mas então eu estraguei tudo com uma visão que tivera... Eu evitei um incêndio no vilarejo que morávamos, com esse ato atraí atenção negativa da vila. Eles viram a possibilidade de lucrar com isso, tentaram me vender como uma mercadoria para o reino do Sul. Eu não os culpo, o vilarejo estava passando por dificuldades e eles precisavam de dinheiro. Olivia nos protegeu, nos ajudando a fugir e logo passamos para a vida de sobrevivência que tínhamos.

Amélia estende sua mão sobre a dela em cima da abóbora e partilha seu calor.

- Aqui, vocês não terão a liberdade que já tiveram Anna. Mas, terão o abrigo e a segurança que lhe faltara lá fora.

- Mesmo se eu não estivesse segura, eu estou feliz aqui Mia.

Ambas abrem um sorriso e quando o silêncio toma espaço:

- Agora que estamos sendo sinceras uma com a outra, você poderia me contar o que está acontecendo no castelo - Anna abre a boca surpresa. - Todos estão escondidos esta manhã e você sabe por que, não sabe?

- Não sei não. Estão escondidos? Foi apenas uma impressão sua, Mia - ela rouba um riso da princesa. - Vem, agora eu quero te mostrar o jogo que aprendi na floresta!

Após a longa manhã da princesa sendo arrastada por Anna para diversos lugares do castelo, ela a despistou quando estavam no jardim. Andava pelo corredor certamente cansada demais para notar a falta de servos e nobres desfilando pelo castelo, ela esperava encontrar Thor, o qual não via desde à noite passada. Seguindo em direção a sala do trono na esperança de encontrá-lo com Elliot, teve sua atenção desviada quando ouve a própria voz dele vindo do pátio do castelo.

Ela segue para lá e espia por um dos arcos. Seu olhar encontra os olhos desconfiados de Lucky fixos na face de Thor que estava de costas para sua direção, ele ofega e em uma de suas mãos manuseia o cabo da espada em sua mão com habilidade. Thor polia seu aço enquanto alternava seu olhar entre sua arma e Lucky.

A princesa enruga a testa e encara os dois frente a frente, armados. O príncipe do Leste joga seu pano ao chão e aponta sua espada para Lucky que entra em posição de ataque. - Eles ainda não chegaram a culpado algum nesses dias - Thor revela no momento que dá o primeiro golpe lateral e Lucky se preparou para enfrentá-lo. As espadas ressoaram, uma, duas vezes, testando-se. Lucky recuou um passo. Eles continuam a conversa que levavam antes. Com o olhar de indiferença, ele respondeu com outro ataque:

- Você não me parece surpreso com isso - Lucky avançou firmando suas pernas no assoalho do chão mirando no braço dele, o príncipe saltou e a lamina cortou o ar.

- Enfrentei a fúria de Drazhan cara a cara - Thor arfa rebatendo sua espada com a de Lucky. - Eu sei como ele joga. Drazhan não se importaria em deixar provas - ele impele Lucky com a força do metal e por sua vez, Lucky recua.

- Então o que sugere? - questiona ele analisando os movimentos inesperados de Thor.

- Que não fora ele - Thor não dá espaço para um ataque, ele novamente golpeia contra Lucky levando a espada para sua barriga, porém Lucky desvia virando um ataque atrás de Thor, que recolhe suas costas sentindo a investida dele por baixar sua guarda. - Drazhan não sujaria as próprias mãos, mas não se importaria de deixar seus rastros.

- Então, você acredita que isso fora obra de outro? - Thor anui virando-se face a face com ele. - E o que fará em relação Mia? Caso essa outra pessoa esteja próxima? - quando Amélia ouve seu nome ser citado, sente seu estomago revirar sem entender o motivo.

- Eu a protegerei - Thor se aproxima destemido e lança vários golpes seguidos, Lucky ágil consegue defender todos.

Com sua espada, Lucky trava a de Thor e o empurra. - E se não for o suficiente? - o modo como os dois pelejam fazem o treinamento parecer um acerto de contas aos olhos da princesa.

- Então, eu passarei por cima das regras - ele assevera dobrando sua força rebatendo o movimento de Lucky. - Não permitirei que ninguém faça mal ela novamente, muito menos eu - com um brusco movimento, ele lança a espada de Lucky para longe e a lamina de sua espada para a centímetros do peito de Lucky. Amélia perde o ar porque, por segundos não acreditou que a espada pararia.

- Para mantê-la segura, eu preciso acabar com qualquer vestígio de vida de Drazhan.

- Bom saber disso - Lucky bufa com sua expressão de poucos amigos. - Mas, se quer um conselho, não se subestime acreditando na sua querida bondade novamente Thor. Nós somos nossos piores inimigos...

- Minha querida - o corpo dela estremeceu -, eu finalmente te achei. - A rainha surpreende a princesa surgindo atrás dela que no mesmo tempo se afasta da porta. - Você está bem? - logo pergunta ao notar sua expressão pálida.Com uma expressão atônita, ela balança a cabeça.

- Estou... Por onde esteve toda esta manhã? - a rainha envolve uma de suas mãos no ombro dela, num gesto convidativo para andarem.

- Estive numa reunião com alguns burgueses que exigem reivindicar alguns direitos no comercio. Alguém tem que acalmá-los enquanto o rei está ocupado com as investigações.

- Ele tomou medidas drásticas, rainha. Ainda assim, não chegamos em nada!

- Rainhas sempre têm paciência, Amélia. Seja passiva e cautelosa porque a pressa nos leva aos erros.

- O desespero também - suas palavras provocam silêncio.

- Eu não vim falar sobre isso, vim para convidá-la para um chá, o que me diz?

Amélia observava silenciosa o modo que o servente servia o chá em sua xícara, o líquido verde despencava no ar respingando minúsculas gotículas quando atingia o fundo. - Você ainda não me contou como foi a experiência fora do castelo - a rainha disse com um sorriso.

- Você ainda não tinha perguntado - um rápido flash passa por sua cabeça com as piores lembranças que vivera fora do castelo. - Foi ótima, ela me proporcionou uma visão bem... diferente - a princesa havia aprendido com seus próprios pais que nem sempre todos os fatos mereciam ser citados.

- E todo esse tempo estando fora da realeza lhe fez falta?

- Claro que fez - responde com cinismo bebericando o chá. Ela abaixa o olhar e sente um peso nas costas. - Para ser sincera, toda essa viagem fora estranha... Mas, entrar em detalhes não faria eu me sentir melhor. Eu gostaria de falar sobre um assunto em particular com você, mamãe.

- Estou lhe ouvindo, querida - assentiu fitando com os olhos claros a filha.

Ela sem jeito, coloca uma mecha atrás da orelha e continua:

- Eu pude me lembrar de algumas memórias as quais eu esquecera - o sorriso da rainha se esvai. - Por que confiaram meu segredo àquela feiticeira, Cirelli?... Quero dizer, hoje posso entender o desespero que vocês sentiram, porque nesses tempos, eu pude sentir na minha própria pele a sensação de perder aos poucos alguém que amo, pude entender como é sentir sem saída.

A rainha engoliu seco, e perguntou mentalmente se algum dia esse assunto seria menos desconfortável para falar com sua filha.

- Mas, o que eu não consigo entender é o porquê vocês escolheram ela, Cirelli não tem nenhuma ligação com a realeza, vive numa floresta distante do castelo, vocês não tinham nenhum controle sobre ela, então por que ela?

- Cirelli já sabia de nosso segredo quando apareceu pela primeira vez durante uma festa na corte - responde atordoada por velhas lembranças. - Ela foi direta com seus argumentos e se ofereceu para ajudar.

- Ela foi atrás de vocês? - pergunta Amélia, surpreendida. - E vocês simplesmente a confiaram minha segurança? Não passou por vocês que talvez ela fosse uma espiã ou uma...

- Amélia, não seja zombeteira - ela interrompe e esfrega sua têmpora respirando fundo. - Obviamente quando essa mulher nos procurou, eu entrei em desespero, porém o rei deu sua palavra que a investigaria e foi o que fez - ela bebe o chá. - Cirelli era apenas uma feiticeira, como disse, que havia pressentindo sua forte energia. Ela disse que nos ajudaria. Por que tanto interesse nesta mulher, Mia?

- Pude me lembrar de algumas de suas visitas - responde pensativa. - Pretendo procurá-la após meu aniversário, essa mulher pode ser uma peça no quebra-cabeça de Ceres - sua mãe abaixa a cabeça tristonha. - Eu sei que esse assunto é delicado para todos nós, mas mesmo se deixarmos de falar dele, ele não se tornará irreal.

- Eu... Eu nunca tive a coragem de perguntar, contudo isso sondou minha cabeça por cada minuto que você esteve fora - ela prensa os lábios e ergue sua cabeça. - Eu precisava saber se por algum momento de sua vida, minha filha, você me odiou por toda dor que eu e seu pai lhe causamos.

Ela perde a fala no mesmo momento quando abre a boca, a expressão de surpresa da princesa logo torna-se compaixão. - Não. Em momento algum eu odiei você ou meu pai. Eu apenas precisei do meu tempo para poder entender a posição dos dois nessa história.

- Você voltou diferente dessa viagem, querida. Você possui um brilho diferente no olhar e isso me estabiliza, a distância de meus filhos desse castelo fora deplorável para meu coração, entretanto os dois voltaram maduros - a princesa sorri com os lábios cerrados, a rainha se apruma retornando ao tom animado: - Como fora passar tanto tempo com Lucky e seus amigos?
Trying Not To Love - Nickelback
Ela levou um tempo para responder: - Complicado - diz entre os dentes. - Eu e Lucky enfrentamos de fato uma guerra para aprendermos a conviver juntos. Ele e seus amigos seguem critérios bem diferentes dos quais eu fui criada, porém no final, conseguimos sobreviver sem que nenhum matasse o outro.

- Ele não tentou lhe seduzir? - ela pergunta maliciosa.

- Perdão? - um sorriso com motejo escapa pelos lábios da rainha.

- Eu conheço esses estereótipos Mia, eles são bonitos, misteriosos e perigosos. São grandes aventureiros que procuram por diversão, e se nós tentarmos não nos demonstrar interessadas no primeiro momento, eles também não farão. Mas quando se cansam desse jogo, eles pulam para a parte de seduzir, se demonstrando interessados e até mesmo apaixonados.

Com a garganta seca, Amélia toma um gole de seu chá. - Sua convicção me surpreende. Parece que já teve contato com esse... tipo.

- Claro que tive - ela responde rindo, Amélia logo engole seco. Agora sua mãe falaria sobre suas experiências amorosas com ela?

- No início dos Dias de Escuridão, ninguém sabia se a guerra estava de fato declarada, por isso tropas se movimentavam o tempo todo para todos os lados. Skyblower sendo um dos reinos principais acomodavam grandes exércitos. O Norte estava cheio de homens e você sabe, destinados a batalha, eles procuravam diversão. Fora quando eu conheci um deles, a jovem garotinha da nobreza que tivera toda uma vida certinha e uma mãe severa, caíra nessa armadilha.

- Você sempre me dissera que fora apaixonada por meu pai, antes de vocês se casarem.

- E eu fui, desde de jovem eu era apaixonada por ele. Mas, seu pai tinha olhos para outra garota, uma jovem feiticeira que morava no castelo... Eu não gostava de me sentir rejeitada por ele. Foi a fase mais rebelde da minha vida - ela parecia se divertir se aprofundando nas suas memorias, e quando Mia menos esperava, ela estava interessada no assunto.

- Mas, fora sem precedentes, uma aventura inconsequente. Eu me joguei em outro mundo e saí machucada com algumas consequências irreversíveis, esses tipos de homens não foram feitos para ficarem presos.

- Ele lhe abandonou? - ela murmurou surpresa e sua mãe assentiu.

- Eu creio que a minha sorte fora que eu sempre fui apaixonada por seu pai. Com a morte repentina de Henrique, seu irmão que era o próximo no trono, minha mãe na primeira oportunidade mexeu os pauzinhos e conseguiu uma união a qual ela se orgulhara até seus últimos dias de vida. Eu me casei com o próximo rei de Skyblower e tive a chance de fazer seu pai se apaixonar por mim também.

- Você nunca me contara isso - Amélia anuncia com um sorriso.

- Não é algo que me orgulho para contar aos meus filhos - ela ri. - Mas eu sempre agradeço aos deuses por terem me unido com quem eu realmente amava e amo até hoje. Apesar de muitas vezes ausentes, eu sou inexplicavelmente feliz com seu pai Mia - Amélia se cala pensativa e abaixa seu olhar.

- E você e o príncipe do Leste?

- Atrevo-me a dizer que, tive um certo medo quando Thor sobreviveu a essa loucura que enfrentamos, medo das coisas fossem diferentes, que ele carregasse traumas, mas isso não aconteceu, ele está ótimo. Estamos mais unidos que nunca - quando mais chá é servido, Mia enche sua boca dele mesmo ainda quente para se poupar de mais palavras.

- Não seria um ótimo passo para um noivado? - ela engole o líquido contra sua vontade e ele desce queimando toda sua garganta.

- Um noivado? - ela limpa sua boca ainda chocada.

- Você já tem dezessete anos, Amélia. Você e Thor namoram durante um longo tempo e não me negue isso, servos e nobres fofocam, e muito! Um noivado apenas fortaleceria nossos laços com Wanderwell.

- Nós já temos um lanço forte com Wanderwell, mamãe, não tente ganhar um casamento a nossas custas.

Antes que o assunto prossiga, a senhora vassala da família Woodsen, Lily Valois, se apresenta. - Querida Lily - a rainha não se contenta com a apresentação formal e se levanta a recebendo com um abraço.

Lily Valois era uma mulher pouco acima do peso, de cabelos curtos cheio de cachos cor de cobre, que tivera de fato uma sorte lascada quando seu marido fora escolhido como um dos fiéis vassalos do rei herdando grandes terras. Lily desafiava a corte, há alguns anos ela adotou uma linda garotinha negra para ser sua filha. Por nobres metidos eles nunca foram bem aceitos, mas Lily Valois sempre foi uma velha amiga da rainha e por isso sempre teve seu lugar especial neste castelo.

- Lily Valois. É uma alegria vê-la - a princesa cumprimenta.

- Princesa Amélia, de fato você fizera uma grande falta na corte desde sua viagem com o príncipe para Wanderwell. Os nobres não souberam durante um bom tempo sobre o que fofocar, era cômico! Como passou essa viagem inesperada?

- Incrível - mentiu com facilidade. - Eu pude conhecer de perto a maravilhosa vista do mar que Wanderwell dispõe.

- Eu estive em Wanderwell mês passado, foi uma pena nossos caminhos não terem se cruzados. E me diga, o príncipe do leste tem sido um rapaz educado?

- Ah, sem dúvidas. Thor é excepcional, nos divertimos muito nesse tempo.

- E por acaso, vocês já se casaram escondido e eu que não recebi o convite para o casamento? - as bochechas de Amélia queimam de vergonha e ela ri cheia de humor. - Como vocês ainda nem estão noivos? Amélia, Amélia, homens desta maneira não se podem deixar fugir entre seus dedos magros, devemos laçá-los na primeira chance! - Amélia sorri sem saber o que dizer. - Ah, esses jovens estão tão lerdos hoje em dia!

- Era exatamente o que eu estava falando com ela, Lily - a rainha pronuncia compactuando. - Amélia já tem dezessete anos e eles ainda não estão noivos, desta maneira Alice e Anastácia passaram na frente da irmã! - as duas caem na gargalhada enquanto a princesa sente-se sufocada pelo espartilho do vestido, ainda com a garganta dolorida pelo chá quente ingerido. Nos minutos seguintes, de alguma forma, algumas nobres se aproximam se juntando a elas, logo a princesa perde a tarde inteira nas conversas das mulheres.

O som da porta batendo soa estrondoso, tentando não parecer descontrolada, mesmo não sendo observada por ninguém, Amélia atravessa seu quarto quase correndo em direção a varanda. Empurra bruscamente a porta que já se encontrava entreaberta e fica o mais próximo possível da balaustrada de mármore branco, já de olhos fechados inspira e expira fundo sentindo o ar frio entrando por suas narinas e dançando como uma valsa refrescante em seu pulmão. Uma vez, duas vezes, três vezes...

- Desse jeito você vai acabar com o ar do reino - uma voz grossa surge repentinamente fazendo ela saltar quase pulando para fora da varanda. Virando-se assustada, seus olhos encontram Lucky sentado sobre a balaustrada apoiado na parede exterior de seu quarto, ela lhe lança um olhar abismado. - Não me olhe assim - resmunga revirando o olhar.

- Você escalou até aqui? - pergunta impressionada posicionando sua mão no peito, seu coração batia forte devido ao susto impertinente. Por vezes, Mia sonhou com um desconhecido espectro entrando no seu quarto, lhe apanhando durante o sono com um punhal na mão, e por sua vez, ela era a próxima degolada. Ser pega de surpresa durante a noite em seus aposentos não era algo mais natural ao seu ver.

- Não seja boba, isso só acontece nos livros - zomba sem humor.

Ela revira os olhos e suspira fundo: - Sabe, uma garota gostaria que você fizesse isso, como nos livros - ele olha novamente para ela. - Mas, como nos livros o cavalheiro é educado e civilizado, então creio que nesse caso as coisas dificultem para você - ela cruza os braços em sinal de provocação. Ele joga um olhar semicerrado.

- Não lhe ensinaram que quando não há ninguém nos aposentos, você não se deve entrar? Muito menos invadir?

Ele solta um meio sorriso debochado.

- Eles me agradeceriam se soubessem o quanto de ar você rouba da atmosfera - sua posição séria se quebra e a princesa não contém um risinho. Como um sinal de paz, ela olha para o céu e recua sentando-se também sobre o mármore.

- Estava me lembrando o quanto o ar do castelo é pesado - em lastima, ela para de olhar o céu escuro com poucas estrelas e fita o rosto de Lucky. - Onde está sua bebida?

Ele franze o cenho e antes que negue, ela semicerra os olhos. Lucky bufa, ele arranca do bolso de trás uma pequena garrafa e a estende. Ela a apanha e não evita cheirar o conteúdo.

- Que cheiro horrível! O gosto é melhor que isso?

- Na terceira vez fica - ansiosa, Amélia vira a garrafa na boca e engole rápido a bebida, sua garganta assim como seu peito queimam e ela responde com uma careta fechada, cola as pálpebras dos olhos esperando o gosto desaparecer.

- Eu duvido que isso fique melhor na terceira golada - rezinga fazendo-o rir. Ela olha para a garrafa e contraditória toma outro gole recebendo a mesma sensação, logo entrega para ele e tenta aliviar o paladar salivando. Lucky toma uma golada. Mia olha para o céu sentindo uma tontura pelo gosto detestável.

- Minha mãe quer que eu me case - ela o fita, ele arqueia as sobrancelhas. - Eu sei, você deve se perguntar o porquê estou lhe contando isso se nem ao menos lhe interessa, me desculpe. É que você está aqui e eu talvez precise falar com alguém...

- Na verdade, eu me perguntei o porquê da expressão triste. Achei que tivesse escutado infinitas vezes você conjurando seu amor por Thor. Não tem certeza se ele é o certo?

- Ele é, minha incerteza não é com Thor - afirma antes que termine a frase. - O problema é que: eu e ele somos jovens, nós não nos casaríamos porque estamos prontos ou porque nos amamos, nos casaríamos por tradições e unir laços entre os reinos, política. Não me importaria de passar o resto da minha vida ao seu lado, mas... Eu só não queria que as coisas acontecessem assim - ela suspira e solta um risinho.

- Você acha que sou a garota mais ingrata do mundo depois de todo o sofrimento que viu naquela viagem.

- Não me surpreende, também não gosto de receber ordens para agradar outros - responde dando de ombros com os braços cruzados.

- Você já tem mestrado nessa área. Eu mais do que ninguém sei disso - murmura pensativa. - Minha mãe colocou isso na cabeça dela e agora eu sei que fará de tudo para conseguir o que deseja, talvez seja até por esse motivo que nos prendeu aqui... Alguma sugestão?

- Acho que isso é algo que tem que descobrir sozinha - sua resposta fria sai acompanhada de um olhar intenso para Amélia, ela o encara sem graça e logo acena com a cabeça, pensando que estava tentando recorrer apoio justamente ao Lucky.

- É, talvez sim... - um silêncio sobrepõe a conversa. - Eu estive receosa no começo, pensei que a volta de Thor para a realidade regrada seria uma experiência desagradável, mas ele está se saindo muito bem...

- Ou talvez apenas seja um teatro na sua frente - replica fazendo com que ela desvie seu olhar para ele. - Não crie tantas expectativas Mia. Thor está de volta, mas isso não significa viver o mesmo conto de fadas de antes. Não seja tão confiante a seu respeito.

- Uau - ela enche as bochechas de ar. - Seu otimismo me encanta Berbatov - ele não continua e ela desvia seu olhar para sua volta, vendo o céu escuro. Inclinando suas costas para enxergar o chão abaixo. - Tudo está muito quieto no castelo.

- Todos estão muito ocupados preparando a sua festa de aniversário - ela enruga a testa e o fita. - Ah, ainda não tinha percebido?

Ela nega com a cabeça pensativa. - Isso explica muita coisa...

- Acho que estraguei uma surpresa.

- Está tudo bem, eu não estou em clima para festas, isso faz com que eu me prepare para o que vem a seguir - ela se levanta pensativa e passeia pela sacada de braços cruzados para esquentar seu corpo.

- Você não veio aqui para me revelar que farão uma festa, veio?

- Não - ele se levanta. - Eu vim aqui para lhe devolver isso - Lucky retira do seu bolso o colar que lhes causara tantas desconfiança e intrigas. Ela precisa semicerrar seus olhos para ter certeza de ver bem o pingente azul dançando no ar e em seguida olha para ele confusa.

- Achei que esse colar fosse importante para você - ele não responde. - E tecnicamente creio que você tenha mais direitos sobre ele que eu, você o conheceu primeiro...

- É... Mas azul não me cai muito bem - ela solta um espreito sorriso e mantendo a atenção no seu olhar misterioso, Lucky faz um simples gesto se oferecendo para colocá-lo e um pouco surpresa ela se aproxima dando as costas para ele, suas mãos se entrelaçam nos seus fios levantando seu cabelo.

- Um dia me contará sua história com esse colar?

Lucky encosta a corrente gelada na sua clavícula nua e isso lhe causa arrepios pelo frio, o pingente se instala acima de seu peito e enquanto Lucky fecha o colar, ela sente sua quente respiração em seu pescoço. - Quando eu estiver inspirado, talvez.

- Eu deveria considerar isso meu presente de aniversário? - pergunta inexpressiva quando avista o azulado do pingente, ela vira-se para encará-lo face a face. - Ou você só está me dando isso por que está indo embora?


Allman Brown & Liz Lawrance - Sons and Daughters 


Lucky abaixa seu olhar e bufa: - Eu já deveria imaginar que os cachinhos dourados iria correndo lhe fazer fofoca - murmura na tentativa de ter um tom espontâneo.

- Thor sabia disso? - questiona ela lhe olhando abalada por de alguma maneira, sua mãe ter razão. - Você ia mesmo ir embora sem se despedir? Depois de tudo que nos aconteceu, você não teria nem ao menos consideração?

Ele solta um pequeno sorriso e umedece os lábios.

- Não, não teria.

- Por que eu não estou surpresa? - resmunga revirando o olhar fingindo estar mais brava do que realmente estava, porque de certa forma, ela já esperava isso. - Para onde irá?

- Irei descobrir quem pôs o valor da minha cabeça por um preço maior. Não creio que farão muita coisa nesse inverno, a rainha quer a presença de seus filhos, então...

- Você está indo embora por que não quer ficar no castelo?

- Apesar de você não acreditar, nós meros mortais que não fazemos partes da realeza, também possuímos vidas, nós também temos problemas - ele ironiza humorístico, ela cruza os braços outra vez e deixa um pequeno sorriso escapar por suas palavras sarcásticas.

- Além de eu ter assuntos mal resolvidos, também estou indo embora porque eu não serei hipócrita em dizer que lhe vejo como uma amiga Woodsen - sua garganta seca e ela engole em seco. Lucky nota sua expressão e deixa um tênue sorriso divertido escapar a acanhando. Observando atento a maneira como ela ficara receosa, um silêncio fica no ar e Lucky ainda com o sorriso de troça continuou:

- Tente não se matar na minha ausência, princesa - ele dá um passo à frente. - Foi uma grande prova de paciência trabalhar com você.

Após um grande suspiro, ele se inclina beija seu rosto como um adeus.

Amélia se sentiu na obrigação de dizer algo:

- Tente não ser tão... Sem limites, Lucky - ela diz forçando um último sorriso nervoso, ele assente. Com um sinal, Lucky atravessa a porta aprumado indo para o quarto e ela pode ouvir atentamente o barulho das pesadas botas se afastando a cada passo. Mia prensa os lábios e toma coragem para seguir até a porta de vidro observando ele lhe dar as costas e ir embora, apesar de acreditar que ele não voltaria, ela não tenta impedi-lo até ver a porta se fechar e ele não ousar olhar nenhuma vez para trás.

Amélia percorre seu olhar desnorteado em volta, pensando se existia uma possibilidade dele querer que ela lhe pedisse para ficar, mas ela não o fizera mesmo se fosse o caso. Seu olhar perdido se instala em cima da penteadeira em um objeto reluzente atrai sua atenção. Ela encontra um navio de madeira, sua cor creme é iluminada pelas cores fracas do aposento. Amélia se aproxima em lentos passos.

Fora o navio que ele fizera no festival de abertura do outono. Um pequeno sorriso se forma em seus lábios, Amélia tateia a superfície da madeira fixada sentindo certo prazer, em alguns segundos de completo silêncio ela suspira:

- Eu sentirei sua falta. Espero de coração que você encontre sua felicidade, Berbatov.

____________________________

Segundo Capítulo do segundo livro da série As Adagas de Ceres

6032 PALAVRAS

Capítulo dedicado a: @ludmilaoliveiralud Demorei, mas esse capítulo é super dedicado a você, obrigada por estar aqui <3

Gente, vontade de matar o Berbatov </3. Mídia inspirada nele!! Quem é mais orgulhoso? Lucky ou Mia?


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