Blackbird

By cristurner

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Prólogo
Capítulo Um
Capítulo Dois
Capítulo Três
Capítulo Quatro
Capítulo Cinco
Capítulo Seis
Capítulo Sete
Capítulo Oito
Capítulo Nove
Capítulo Dez
Capítulo Onze
Capítulo Doze
Capítulo Treze
Capítulo Catorze
Capítulo Quinze
Capítulo Dezesseis
Capítulo Dezessete
Capítulo Dezoito
Capítulo Dezenove
Capítulo Vinte
Capítulo Vinte e Um
Capítulo Vinte e Três
Capítulo Vinte e Quatro
Capítulo Vinte e Cinco
Capítulo Vinte e Seis
Capítulo Vinte e Sete
Capítulo Vinte e Oito
Epílogo
Haunted Eyes

Capítulo Vinte e Dois

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By cristurner

- Não acredito! - ri, passando a mão pelo seu rosto sorridente repetidas vezes. - Não sabia que você vinha. Papai não disse nada. Cortou o cabelo, hein! - passei os dedos pelos fios chocolate. - Gostei mais assim. 

- Apesar dos homens conservarem os cabelos mais compridos durante boa parte da evolução da raça humana, o jeito mais curto foi o que se solidificou nos estágios mais avançados da sociedade. Estudos mais recentes de historiadores italianos demonstram que isso se relaciona a ideia de limpeza, consagrada com o hábito de tomar banho. A barba também foi outra característica abandonada em nome de uma aparência mais respeitável. Então, apesar de cabelo mais comprido e barba serem muito mais antigos, as características atuais se encaixam melhor no que é esperado dos homens, e, assim, acabam por atrair mais a atenção feminina - terminou o discurso com aquele sorriso de lado.

Ainda rindo, não fiz qualquer tentativa de conter minha vontade de abraçá-lo com toda a força que consegui reunir. Seus discursos de conhecimento infinito sobre um tema bobo - ou sobre qualquer outro tema possível - tinham o poder de me fazer sentir em casa mais do que qualquer outro lugar ou pessoa. Talvez porque cresci ouvindo isso quase todos os dias, ou talvez fosse apenas porque ele era o melhor amigo. De qualquer jeito, sentia-me como se tivesse de novo oito anos. Assim, exatamente como quando éramos crianças, eu dei um passo para trás e apertei suas bochechas antes de dar dois tapinhas no topo de sua cabeça e voltar a passar os braços ao seu redor. Seu sorriso fechado aumentou um pouco mais e ele me olhou indulgente. 

- Você sabe que não é mais alta que eu desde que tínhamos doze anos, não é mesmo, Rave? 

Ri, de novo encostando a cabeça em seu peito.

- Ravenna Reid! 

O grunhido atrás de mim me fez dar um pequeno pulo e voltar para o presente, onde ainda estava agarrada a meu primo. Havia me esquecido completamente de meu namorado bem atrás de mim e, principalmente, havia me esquecido de que estava usando só uma camiseta em um frio de menos de dez graus. E parece que foi só lembrar do clima que ele me atingiu em cheio. Dei um pulo instintivo para trás, voltando para dentro de casa e me chocando contra o corpo do meu namorado. Imediatamente Duke passou o braço por minha cintura, tirando meus pés do chão e girando 180° para me colocar cerca de um metro de distância de onde estava há dois segundos - agora estava de frente para meu namorado, que estava de costas para porta.

- O que você pensa que está fazendo? - sibilou, mais baixo e perigoso do que jamais havia visto, mas, apesar de toda a advertência em seu tom, já estava tirando o casaco de moletom e o fechava ao meu redor.

Se meus dentes não estivessem batendo tanto, teria agradecido. Sacudindo a cabeça, Knight me puxou até que estivesse confortavelmente aquecida em seu abraço.

- Francamente, Ravenna Reid. Que porra você estava pensando?

Antes que pudesse me explicar, contudo, Spence voltou a falar:

- Rave, quem é esse? O que está acontecendo?

Os braços dele se retesaram ao meu redor e tive que me esforçar para me remexer e ficar nas pontas dos pés para enxergar minimamente sobre seu ombro. Meu primo nos encarava com o cenho franzido enquanto coçava distraidamente atrás da orelha de um animado Cookie e depois dava algumas batidinhas carinhosas na cabeça de Sir Edward, que logo depois, já satisfeito com a atenção, saiu de volta para a sala. Meu cachorro soltou um latidinho animado e seguiu o melhor amigo. O barulho me sacudiu daquele estado meio letárgico. Espalmei a mão sobre seu ombro e mandei que Duke me soltasse, ou ao menos foi isso que teria dito se as palavras não tivessem saído tão abafadas contra seu ombro. Enquanto tentava me libertar, ouvi passos atrás de mim e logo mère passava por nós dois, correndo para esmagar seu sobrinho favorito em um daqueles abraços apertados que tanto gostava de dar.

- Spencer, querido! O que está fazendo aí fora? Você está tentando morrer de hipotermia ou algo de tipo?

Ainda presa em meu pequeno tanque militar - porque certamente Duke tinha tanta força quanto aquela máquina e no momento me sentia tão confinada quanto um soldado dentro de um desses automóveis - vi mamãe soltá-lo quando seu rosto já ficava meio vermelho pela falta de ar, e puxá-lo para dentro do calor de casa. Depois de arrastar sua mala para dentro, meu primo teve a certeza de se virar e trancar a porta.

Usei a pequena distração que todo esse movimento causou para, com toda força, voltar a empurrar meu namorado, conseguindo incomodar o suficiente ao ponto de ele afrouxar o aperto ao meu redor.

- Duke! Que diabos? - resmunguei ao dar um passo para trás, colocando algumas mexas de cabelo bagunçado para trás.

Ele franziu o cenho, parecendo só agora notar seu comportamento meio lunático, meio mata-leão-Reid. Rapidamente, contudo, voltou ao normal, franzindo o cenho e me olhando com a expressão fechada:

- Estava aquecendo você, Ravenna Reid, antes que você entrasse em um estágio grave de hipotermia - falou, tão gelado quanto o clima lá fora. - Acredite, não estava muito longe.

- Teoricamente, ele está certo, Rave - a voz de minha consciência, dessa vez em carne, osso e na forma de meu primo, falou. - Você não precisa ficar muito tempo exposta, apenas é necessário que a temperatura caia drasticamente, o que, é óbvio, aconteceu quando você saiu sem as roupas adequadas para esse clima. Demoraria um pouco mais do que se você caísse em um lago, mas seria em questão de minutos. Hipotermia aguda é a mais perigosa e foi justamente a ela que você se expôs.

Com uma última olhada feia para meu namorado - que me respondeu travando ainda mais o maxilar - dei um passo para o lado para ficar a meio caminho dos dois

- Vocês dois são impossíveis - cruzei os braços. - Até parece que me atirei no Crystal Lake.

- Não foi muito diferente - Spence voltou a falar daquela jeito macio que conseguia deixar qualquer discurso condescendente parecendo um conselho educado.

Duke estreitou os olhos, obviamente concordando com meu primo, mas não abriu a boca para pontuar seu apoio.

- Ora, ora. Já está tudo bem, rapazes. Rave já aprendeu a lição sobre não andar na neve com roupas que não são tão apropriadas, não é mesmo, querida?

Suponho que deveria estar agradecida por mamãe não ter mencionado que estava usando apensar uma camisa de Duke, mas o jeito como ela precariamente tentava segurar a risada fez minhas bochechas se colorirem.

- Aliás, observando bem, não conheço essa camiseta. "Navy"?

Assim que ela leu o escrito na parte de trás de minha camiseta sabia que perguntas inconvenientes - e potencialmente constrangedoras - viriam a seguir, então me apressei em um jeito nem um pouco sutil de contornar a situação:

- Spence, quero que conheça uma pessoa. Esse é Duke Knight, meu namorado. Amor, esse é Spencer Reid, meu primo favorito.

O sorriso animado que havia surgido em meu rosto ao pronunciar aquelas palavras durou até que Knight deu a volta para nos encarar. Não que ele estivesse sendo abertamente hostil.

Não.

Era o contrário, para falar a verdade. Ele mantinha a expressão cuidadosamente lisa, nenhuma antipatia à vista e conseguiu até mesmo ensaiar um sorriso que não parecia tão forçado. O que me preocupava, contudo, era o que eu conseguia ver por de trás daquela bem construída máscara de normalidade.

- É um prazer conhecer o famoso Spencer - estendeu a mão e cumprimentou o outro homem. 

O tom era cordial, mas podia apostar minha bolsa Prada favorita que ele estava rangendo os dentes. Acho que seu orgulho de macho alfa não aceitava muito bem estar errado. Talvez eu devesse usar esse objeto para quebrar o gelo. Tornar uma situação constrangedora em algo para se dar uma boa risada era uma das estratégias que sempre usei na minha vida tanto profissional quanto pessoal.

- Engraçado, né, amor? - dei um passo ao seu lado e passei o braço esquerdo pelo seu direito e com a mão direita segurei a sua. - Você achar que Spence seria um ladrão quando ele é justamente o oposto disso.

Sorri amarelo, porém mesmo enquanto falava já percebendo que tinha sido uma ideia boba.

- Justamente o oposto?

Todos os dias de manhã, quando via meu namorado vestir um de seus ternos caros e arrumadinhos para ir trabalhar, não podia deixar de pensar que ele parecia saído de um filme em que o personagem principal era um guerreiro antigo que fora obrigado a se adaptar a civilização. Um guerreiro domado exteriormente, mas que mantinha o brilho selvagem nos olhos gelo. E, apesar de todos os dias presenciar aquela transformação, nunca havia presenciado aquela versão dele em ação.

Alto executivo.

Imponente, refinado, totalmente no controle da situação.

Nunca, até aquele momento.

Foi a resposta de Spencer que me puxou para fora de meus pensamentos e para longe de meu estado hipnotizado pela fala macia de Duke.

- Sim, o oposto – vi pelo canto dos olhos que ele assentia, sorrindo amigavelmente. – Eu sou um agente do FBI.

Duke franziu o cenho e, por um segundo, pensei que ele faria o comentário clichê e totalmente imbecil sobre como ele não parecia ser do FBI, obrigando-me a lhe dar um chute no traseiro em resposta. Mère também se retesou visivelmente ao lado de seu sobrinho. Ela era quase tão protetiva de Spencer quanto eu.

- Entendo – balançou a cabeça devagar. – Chega a ser até um pouco irônico, não? Pensei que você fosse um invasor.

Um sorriso do tamanho exato para acompanhar aquelas palavras surgiu em seu rosto.

- Esse certamente foi um jeito e tanto de se apresentar. Memorável – mamãe sorriu. – Mas como isso aconteceu? Perdi toda a diversão por ter que ficar vigiando aqueles waffles. Se não amasse seu pai tanto assim, Rave, não teria me preocupado em deixar a massa fofinha e dourada do jeito que ele gosta ou de terminar de fazer a geleia de morango caseira que ele tanto ama. Não podia largar tudo no forno, principalmente quando ele teve que praticamente importar morango para essas abençoadas geleias. Ora! – sacudiu a mão. – Mas não era disso que estávamos falando, não é mesmo? Ah, sim. Duke estava nos contando porque pretendia abrir a cabeça de Spencer com o cutucador de lareira centenário que John comprou há alguns anos.

A única coisa que demonstrou uma rachadura em sua bem polida performance de sofisticação foi o leve colorido que surgiu na bochecha de Knight. Tão rapidamente quanto apareceu, contudo, sumiu, deixando apenas um sorriso galante que obviamente não afetava apenas a mim, pois mamãe, casada há mais de vinte anos e muito feliz com isso, adquiriu um olhar meio bobalhão ao ser alvo dele.

- Bem que reconheci que se tratava de uma peça de grande apreço, senhora Reid – devolveu o objeto à moldura vertical que viera junto quando papai arrematou o artefato no leilão. – Peço desculpas por isso. Não tinha qualquer intenção de danificá-la, mas não tive outra opção para usar como arma improvisada ao ouvir alguém remexendo na maçaneta daquele jeito.

Ainda o mesmo tom suave e a alfinetada quase passaria despercebida por mim, do mesmo jeito que tinha passado por Vafara, não fosse o brilho de raiva que trovejou por seus olhos rapidamente. Era a parte selvagem tentando voltar à tona e ao seu papel de protagonista.

- Bom, acho que também deveria me desculpar, então - o jeito como Spence franziu o cenho me disse que ele também havia ouvido a ironia no tom de Duke, o que não era exatamente uma surpresa, tendo em vista o excelente detetive que ele sempre foi. - Realmente sacudi a maçaneta mais de uma vez, mas, em minha defesa, posso dizer que não acreditei que estava realmente trancada. Vocês não têm esse costume.

Mamãe franziu o cenho do mesmo jeito que eu sabia que estava fazendo. Nós trancávamos as portas à noite, é claro, porém mère sempre destrancava quando descia para fazer o café-da-manhã.

- Então vejo que a culpa de todo o mal-entendido foi minha - a fala mansa de jeito de congressista de Washington voltou. - Saí para correr e quando voltei passei o trinco. Não sabia desse detalhe. Peço desculpas, senhora Reid.

Virou-se para mamãe e sorriu de um jeito tão encantador que ela teria lhe perdoado mesmo se ele tivesse acabado de destruir toda propriedade.

- Oh, querido - balançou a mão como que dizendo que aquilo não tinha importância, dando uma risadinha. - Não foi nada. E, por favor, me chame de Vafara.

"E, por favor, me chame de Vafara." 

Revirei os olhos. Se mère se derretia assim só com a maneira polida de Duke, imagina como ela reagiria se um dia fosse vítima do charme magnético de Chase. Felizmente, ela se lembrou de que alguém deveria manter o ar respirável, bancar o diplomata, por assim dizer, mesmo que os dois homens estivessem fazendo um trabalho quase impecável para disfarçar a tensão, e disse:

- Vamos, querido. Seu quarto já está pronto - passando o braço pelo do sobrinho, arrastou-o para as escadas.

Meu agente favorito do FBI me lançou um olhar por sobre o ombro que dizia que conversaríamos mais tarde antes de se virar para frente e continuar andando até desaparecer de meu campo de visão. Duke continuou parado no mesmo lugar por mais alguns segundos antes de também subir pelas escadas sem me dizer nenhuma palavra. Franzi o cenho, não entendendo porcaria nenhuma, antes de segui-lo.

Encontrei Ava com a cara amassada de sono no meio do caminho no corredor dos quartos.

- Que aconteceu com Leo? - sua voz raspava o fundo da garganta, muito mais grossa do que o normal. - Passou por mim e nem me deu um daqueles olhares gelados quando o chamei de Leo.

- E eu sei lá - dei de ombros. - Eu estava descendo pro café e ai o Spence chegou e-

- Spencer chegou? Ele 'tá aqui? - todo vestígio de sono desapareceu de seu rosto e de sua voz enquanto ela sacudiu a cabeça, olhando de um lado para o outro em busca do homem de quem falávamos.

- Essa sua paixonite pelo Spencer só cresce, você sabia? E ele nem faz o seu tipo!

Avalon teve a cara de pau de mostrar chocada.

- Paixonite? Que paixonite? E que história é essa de tipo?

- Ora, Appleby - revirei os olhos. - Você fica cheia de suspiros bobões quando ele 'tá perto, o que, preciso acrescentar, me causa certo refluxo. Decididamente não gosto de presenciar os olhares que você manda para o meu irmão - acrescentei quando a surpresa se tornou genuína.

- Olhares? Que olhares? E ele não é seu irmão!

- Olhares do tipo "Oi, Spence. Eu estou aqui, Spence. Vamos nos conhecer melhor no sentido bíblico da palavra. Spence" - bati os cílios para enfatizar, depois coloquei a língua para fora para demonstrar meu nojo. - Além disso, você sabe que é como se ele fosse meu irmão.

- Tá, tá - com um gesto de mão, dispensou minhas palavras. - E cadê Spencer?

- Mas de novo? Já falei que esse não é seu tipo.

- Ah, sim. Quase me esqueci dessa sua bobeira. Por favor, me esclareça essa sua alucinação - cruzou os braços e arqueou uma sobrancelha de maneira condescendente. - Qual exatamente seria o meu "tipo"?

Isso me parar por um segundo e pensar em uma maneira de dizer o que queria sem acidentalmente ofender meu melhor amigo.

- Bom, seu tipo é... não-Spencer...? - tombei a cabeça para o lado, soando mais como uma pergunta do que como a resposta que ela queria.

- "Não-Spencer"? Quê?

- Sei lá - revirei os olhos. – Alto, forte, alfa. 

- Você percebe que está descrevendo o seu macho, né? Por acaso está querendo que eu tenha um caso com Leo? Seu namorado por seu irmão? Porque, se essa for sua ideia, já vou dizendo que sou uma pessoa bem moderna, mas isso 'tá parecendo moderno demais até para mim.

- O quê? – ofeguei. – Claro que não! Eu não... eu não falei nada disso. Quer saber? Esquece – sacudi a cabeça. – Acho que você está precisando de um pouco de café. Depois nós conversamos sobre como você tem sim um tipo – passei por ela e dei alguns passos antes de me lembrar de um detalhe importante e olhar por cima do ombro. – Aliás, só para deixar registrado, não estou te oferecendo meu macho – repeti suas palavras bobas antes de continuar até chegar ao quarto.

Assim que a distração em forma de minha melhor amiga desapareceu, a lembrança do comportamento esquisito de meu namorado retornou. Falando em Knight, encontrei-o sentado perto da lareira de novo, dessa vez, contudo, sentando em uma poltrona diferente da que nós dormimos ontem.

- Duke?

Ele tirou o olhar do fogo crepitando e me olhou com uma passividade silenciosa de quem encarava um estranho. Aquilo me atingiu com tanta força que teria sido o mesmo se ele tivesse me chutado na barriga.

- Sim?

- Que foi? – franzi o cenho, aproximando-me.

Esperava que ele tivesse uma boa desculpa para estar se comportando como um menino mimado porque minha paciência estava se esgotando rapidamente agora que começava a perceber que o que parecia ter acontecido de errado ali era que Knight estava fazendo pirraça por algum motivo qualquer.

- "Que foi"? – repetiu, meio incrédulo, o tom político desaparecendo completamente para trazer de volta o jeito autoritário. – Você saiu desse jeito e vem me perguntar o que foi?

Consigo lidar com o jeito autoritário dele - faz parte de como ele é portanto, faz parte de quem eu gosto – meu problema é quando ele era autoritário do modo como estava sendo agora. Incisivo, rude e cuspindo palavras como se eu fosse uma subordinada de seu pelotão que deveria obedecer ordens cegamente.

Aquilo era um grande, grande "não".

- Opa, opa, opa – ergui a mão espalmada para que ele contivesse as palavras. – Já conversamos sobre esse jeito de falar comigo.

- Isso foi antes de você enlouquecer praticamente nua direto para neve.

- Nua? O quê? Que exagero, Duke! Eu estou usando shorts por baixo – levantei a barra da blusa para provar minhas palavras. – Viu? Além disso, minhas meias também estão no lugar – dessa vez levantei o pé para que ele enxergasse, pois aparentemente estava ignorando o óbvio. – Quentinhas e úteis. Não sei o motivo desse escândalo todo.

Minha defesa pareceu enfurecê-lo ainda mais. Praticamente podia ouvir seus dentes rangendo, mesmo na distância em que estávamos.

- Essa é a justificativa mais imbecil que já ouvi.

- Não fale assim comigo, Knight. Não sou criança para ficar ouvindo sermão – e, porque ele tinha certa razão, resolvi respirar fundo, massageando a ponte do meu nariz com o polegar e o indicador, e tentar encontra o meio termo. – Tudo bem. Você tem razão sobre o fato de que eu não deveria ter saído no inverno de Montana desse jeito.

Meu orgulho – e certa pirraça – me impediram de acrescentar que se ele não tivesse agido tão rápido em compartilhar calor humano, eu provavelmente teria ficado realmente doente. Talvez até com a hipotermia que Spencer tanto falava.

Oh!

Foi como nos desenhos onde uma luz se acende sobre a cabeça do personagem e de repente entendia melhor a razão pela qual ele estava sendo um idiota.

- Ah! Estou entendendo – murmurei devagar. – Você está assim graças ao discurso de Spencer sobre hipotermia e suas mortes lentas, né? Não se preocupe. Meu primo sempre dá um jeito de criar um cenário catastrófico, mas ele não faz por mal. É só que ele sabe muito de tudo, então fica meio difícil não calcular proporções sobre coisas que ninguém nem mesmo considera. Não vou morrer de hipotermia, não se preocupe.

As explicações tiveram um efeito oposto ao que eu queria. Ao invés de acalmá-lo, Duke ficou ainda mais irritado. Não que ele tivesse demonstrado isso.

Não.

Se alguma coisa, seu rosto ficou ainda mais inescrutável. E era exatamente por isso que sabia que algo estava errado. Nesses meses em que namoramos, aprendi a reconhecer os sinais Knight. Reconhecia o franzir de cenho quase imperceptível que ele dá quando não entendeu alguma coisa tecnológica, mas é orgulhoso demais para perguntar. Sabia que o jeito como torcia o canto dos lábios quando alguém havia feito alguma coisa completamente idiota ou absolutamente impossível com uma arma em alguma das inúmeras séries que assistíamos. Acima de tudo isso, entretanto, percebia quando sua raiva se tornava ira e passava de quente vulcânica para o mais cortante e implacável gelo, essa última aparecia normalmente quando o Knight Sênior estava envolvido. Nessas horas, não restava nada em sua expressão lisa e glacial. Trazia arrepios ruins por minhas costas.

E eu estava tendo alguns arrepios muito ruins agora. 

- Você viu que eu estava tentando neutralizar uma ameaça e, mesmo assim, se aproximou – as palavras eram tão duras que pareciam navalhas fazendo pequenos cortes sobre minha pele. - Tem alguma ideia do que poderia ter acontecido se realmente fosse um ladrão?

Senti-me de volta à escola, quando você recebe um sermão do professor por algo que não foi exatamente sua culpa, porém você acaba engolindo a bronca porque sabe que ele tem boas intenções, mesmo que estivesse falando de um jeito que te dá vontade de quebrar a carteira em sua cabeça. Respirando fundo mais uma vez, tentei enxergar a situação por sua perspectiva, lembrando que ele havia passado por muitas situações de estresse durante seu tempo nas Forças Armada e que isso lhe causava reações mais extremas. Mais calma, resolvi, de novo buscar o meio-termo:

- Ok. Tudo bem. Talvez você tenha razão e foi algo estúpido da minha parte. Mas - levantei o dedo indicador em riste antes que ele pudesse me interromper - em minha defesa, nunca tinha passado por esse tipo de coisa e me assustei de verdade.

Knight não tinha a mínima ideia de quão letal ele pareceu naquele momento enquanto espreitava a porta, entretanto, não era ele quem me aterrorizava, mas sim o fato de que oponente que o forçava a agir daquele jeito podia ser igualmente mortal. Ponderando agora, vejo que realmente foi idiotice da minha parte me aproximar de um predador prestes a dar o bote, mas tudo que conseguia pensar era em estar ao seu lado e tentar ajudar. Da maneira que fosse possível, de qualquer jeito. Só não podia deixá-lo se machucar. Nem mesmo me lembrei de que estávamos em um dos lugares mais seguros do país e que minhas habilidades nulas fariam mais mal do que bem, atrapalhando mais do que ajudando. 

Apenas... apenas precisava chegar mais perto e ter certeza de que meu namorado estava bem. 

Pelo jeito, entretanto, não consegui demonstrar aquilo em meus atos e muito menos nas palavras meio atropeladas que soltava agora, porque, se é que isso é possível, sua expressão se tornou ainda mais lisa. Toda e qualquer emoção sumiu completamente, até mesmo os lampejos de raiva desapareceram. E, ao falar, também soou meio robótico e mais distante do que qualquer outro momento - mais ausente até mesmo do que no dia em que nos conhecemos:

- Entendido, Reid. Faça o que achar melhor. 

E, dizendo isso, ele saiu do quarto, fechando a porta com cuidado e me abandonando ao silêncio esmagador do quarto, onde até mesmo a lareira crepitante parecia ter se apagado para me deixar na mais completa solidão enquanto eu tentava entender onde exatamente as coisas tinham dado tão errado.

xxx

Eu não gostava disso. Não gostava de brigar com Ravenna, não gostava de como isso me fazia sentir, não gostava do gosto amargo que a noção de não poder beijá-la quando quisesse me trazia, não gostava da pontada de culpa que revirava meu estômago toda vez que ela me olhava com aquele olhar machucado.

Detestava a ideia de que poderia tê-la machucado. Mas, acima de tudo, eu detestava ele

E quando era obrigado a sentar em uma sala fingindo que estava tudo bem e observar as pessoas ao meu redor conversar e rir, divertindo-se demais para notar qualquer infelicidade alheia, detestava tudo ainda mais. Ser ignorado era ruim mesmo quando sua intenção era justamente aquela. Duke Knight, você está mesmo se tornando um frouxo. Sua mulher não lhe dá atenção por cinco minutos e você se torna uma criança birrenta. 

Tentando manter aquela desagradável voz da consciência longe da minha cabeça, dei mais uma olhada ao meu redor. Era surpreendente como as pessoas podiam ser obtusas, pois praticamente podia sentir uma nuvenzinha negra sobre minha cabeça como um daqueles desenhos animados que mamãe contrabandeava.

Certo.

Talvez isso não fosse muito justo da minha parte, uma vez que havia aprendido há muito tempo como enterrar as emoções tão fundo dentro de mim mesmo que era impossível que qualquer um percebesse o que se passava. Essa técnica era muito útil para esconder o desgosto e tédio que me sufocavam quando tinha que comparecer a alguns dos eventos em que a porra do sobrenome Knight era a estrela ou quando tinha que esconder de meus companheiros de tropa o quão assustado eu também ficava em certas missões. Afinal, por mais corajoso e bem treinado que fossemos, nenhum de nós era suicida e tínhamos tanto medo de morrer quanto qualquer outro. Irônico era que nem mesmo os mais insuportável jantares ou reuniões de negócio que Dante me obrigou a ir não chegavam nem perto do que passava agora. Talvez isso tivesse a ver com o fato de que a situação em que me encontrava agora deveria ser divertida e eu inconscientemente estivesse irritado por essa oportunidade ter me sido arrancada, ou talvez fosse só a noção de que os olhos violeta de minha namorada podiam enxergar direto através da minha máscara - e ver exatamente o quão desconfortável eu estava.

Qualquer desses motivos, entretanto, me fazia contar os segundos para liberdade, quando finalmente alguém diria que gostaria de ir dormir, instante oportuno onde eu também fingiria um calculado bocejo e iria me recolher. 

Aquele era um bom plano e me orgulhava dele, exceto pelo fato de que me fazia lembrar de Chase e seu esperto jeito de conseguir o que queria. O merdinha manipulador.

. - Não é mesmo, Duke querido?

Recorrendo de novo àquela faceta que odiava - mas que agora era um mal necessário - forcei um sorriso convincente e assenti, concordando com alguma coisa da qual não tinha a mínima ideia. Felizmente aquela parecia a resposta correta porque ela sorriu e voltou a prestar atenção naquela enorme conversa que envolvia todas as outras cinco pessoas da casa. Ravenna de novo franziu o cenho, claramente não acreditando na expressão serena que tentava passar aos demais. Era óbvio que ela queria conversar, mas eu ainda estava de saco cheio demais para isso, então passei a encarar o ponto um pouco acima da cabeça de Appleby, que estava sentada no sofá de três lugares e na minha frente. Era mais fácil tentar prestar atenção no quanto a confeiteira maluca tagarelava sobre algum vinho que tinha experimentado do que no jeito como a parte marshmallow em que havia me transformado queria só ajeitar as coisas e poder beijar Rave de novo. 

O problema era que eu era um bastardo rancoroso. Então continuaria de saco cheio. Nesse meio tempo, enquanto minha raiva esfriava, teria que engolir toda a impaciência que sentia a cada vez que o magricela abria a boca, o que parecia fazer minha namorada sorrir.

Toda. Porra. Da. Vez. 

Mesmo quando ainda mantinha um franzir de cenho pouco característico de preocupação - e que sabia que provavelmente era causado em reação a minha teimosia - ainda consegui sorrir com cada comentário que o sabichão fazia. 

"O novo livro de física quântica que eu li blá-blá-blá."

"Blá-blá-blá mas o que significava mesmo era que o tronco da árvore iria se envergar e não que iria se sobressair sobre o mar."

"Quando voamos para Califórnia e depois do caso, o time insistiu em experimentar comida mongol, a qual tem relação profunda relação história com a China. A culinária, então, blá-blá-blá."

O mínimo de informação que me obrigava a captar a cada dois minutos - para que não parecesse um completo imbecil quando alguém falasse alguma coisa diretamente para mim - foi o suficiente para me mostrar que eles estavam literalmente "colocando o papo em dia". O emprego muito importante - qualquer que fosse, afinal, não havia prestado muito mais atenção além das palavras "FBI" pela simples razão de que não me importo - o mantinha longe durante todo o ano e aquele era o único feriado que conseguira uma folga. Então agora ele estava contado o que acontecera durante o resto do ano com toda merda de detalhe. Aquilo era tão absolutamente tedioso que havia chegado ao ponto de começar a ponderar sobre as pastas que a filial de Londres havia me mandado na semana passada e que ainda estavam sobre minha mesa na KI a espera de uma resposta. 

Infelizmente nem mesmo minha patética versão de fuga da realidade me foi permitida por muito tempo, uma vez que de novo estava sendo arrastado para dentro da conversa.

- Desculpe? – falei ao notar a atenção de todos eles sobre mim.

- Rave estava nos contando sobre como você trabalha na empresa de sua família, querido – minha sogra respondeu suavemente. – E estávamos nos perguntando o que exatamente vocês fabricam?

Lancei um olhar rápido para minha namorada e encontrei de novo seu olhar machucado, mas dessa vez havia também uma pontada de raiva que me dizia claramente que ela não havia respondido a dúvida de sua mãe porque queria me forçar a falar. Ravenna Reid era esperta como um coelho e, já que não havia conseguido me fazer conversar, encontrara um jeito de contornar o obstáculo. Além disso – e para melhorar ainda mais meu humor – sua melhor amiga me olhava com um sorrisinho maligno e pura curiosidade brilhando nos atentos olhos azuis. Quase podia senti-la farejando ao meu redor em busca de informações para piadinhas novas e incompreensíveis.

Realmente não sabia se gostava dela. Provavelmente não.

O sorriso dela se alargou quando me ouviu limpar a garganta para começar a falar.

Muito, muito provavelmente não gostava.

- A KI é uma empresa de tecnologia de ponta. Fabrica diversos aparelhos de ultima geração e uma parte da companhia se dedica a desenvolver invenções novas – repeti o slogan idiota roboticamente. – Vendemos nossos produtos principalmente para o exército, mas outros itens menos, digamos... perigosos... são vendidos para empresas de segurança em todo mundo. Eu me ocupo em fiscalizar as filiais internacionais. Nada muito emocionante, senhora Reid – e aqui forcei outro sorriso.

- Como não? Isso parece ser muito interessante! – contestou Vafara, sorrindo animada. - Inventar algo, ainda mais para nossas forças armadas! Cuidar de um projeto é tão emocionante. Era isso de que mais gostávamos, não é mesmo, John? - sorriu para o marido.

- Isso mesmo, querida - concordou, mais contido nas palavras, porém em seu rosto estampava uma expressão era tão saudosista quanto ao da esposa.

Havia também um sorriso hipnotizado ao olhar para companheira, o que gerou em mim uma reação bem esquisita. O resto da minha paciência terminou de evaporar ao mesmo tempo em que meu mau humor chegava a se tornar insuportável até mesmo para mim graças a pontada de ressentimento que sentia por não poder abraçar minha própria Reid.

Sabia que essa não era nem de longe a intenção de Vafara e John Reid, mas parecia que estavam esfregando a felicidade em meu nariz justamente quando eu estava na pior. 

Além de um marshmallow, estava me tornando um paranoico. 

- Interessante como você parece estar sempre rodeada de homens com autoridade, né, Rave? - Avalon falou, mal conseguindo disfarçar o sorriso malicioso. - Primeiro Spencer, depois Leo.

O sangue que apenas borbulhava de maneira incômoda em minhas veias, agora parecia lava, queimando com raiva e trazendo pontinhos de luz em frente ao meus olhos. Estava literalmente enxergando vermelho e precisei de alguns segundos para voltar a realidade. O que me surpreendeu mais, contudo, não foi a facilidade com que meu controle de ferro esfarelou e quão rapidamente estive a ponto de socar alguma coisa - preferencialmente certa magricela -, mas sim o fato de que não foi meu exercício de respiração que me trouxe de volta. Foi Ravenna e seu tom suave com o que me acostumara, minha âncora mesmo quando ela estava de mal-humor:  

- Não sei, Ava. Talvez seja alguma coisa em comum que temos, não é mesmo? Afinal, você também adora um tipo de uniforme - terminou, atropelando as palavras e praticamente estalando a língua enquanto seus olhos soltavam chispas de raiva e suas mãos retorciam a parte da manga cumprida e fofinha de seu moletom branco que sobrava nas pontas.

As palavras me foram uma incógnita, mas pareceram ter o efeito desejado, pois a confeiteira baixinha engoliu em seco e fechou a boca, o que eu e minha inexistente paciência agradecemos imensamente. 

- Como assim uniforme, Ava, querida? - minha sogra franziu o cenho, ainda mais interessada do que antes. - Você está namorando e não nos contou? - de novo trocou um olhar rápido com marido, mas dessa vez estava claramente decepcionada. 

A reação de John foi imediata. Ele se endireitou no sofá, a mão sobre o ombro da esposa se apertou, trazendo-a para mais perto em um claro gesto de proteção. 

- Maçãzinha, você mentiu para nós? 

Apesar do apelido carinhoso, estava muito claro por seu tom rígido que entristecer a matriarca não era algo aceitável na casa dos Reid.

- Não! - quase saltou do sofá em sua ansiedade para negar. - Eu não menti, papa. Jamais mentiria - sacudiu a cabeça repetidas vezes. - São apenas bobeiras que a Rave - lançou um olhar ameaçador para a amiga - inventa de vez em quando. Você sabe, Spence, como daquela vez em que ela podia jurar que você tinha uma paixonite pela sua colega. Como é o nome dela mesmo? Você sabe, a loira - estalou os dedos tentando lembrar o nome da tal mulher.

Estava claro que Appleby queria mudar de assunto, assim como também ficou muito óbvio que o doutor sabichão não queria que aquele fosse o novo tópico quando rapidamente desconversou:

- Ah, sim. É. Uma pequena maluquice da minha prima favorita - forçou uma risada e aparentemente estava tão desesperado para sair do holofote que se virou para mim, mesmo com toda a animosidade que já havia demonstrado, e perguntou: - Me pergunto se usamos algumas de suas tecnologias no FBI. 

- As vendas são confidenciais por contrato - respondi por reflexo, nem mesmo tendo tempo para tentar amenizar a rispidez nas palavras.

Um silêncio desconfortável pesou na sala, o que fez com que eu me sentisse um imbecil ainda maior. E por um segundo ponderei como dois opostos podiam conviver tão lado a lado quando eu covardemente evitei olhar para minha namorada e para a decepção que por certo estaria em seus olhos e, ao mesmo tempo, juntei coragem e pisei no meu orgulho para tentar remendar a besteira que havia feito:

- Digo - limpei a garganta. - Provavelmente algum de nossos produtos estejam no FBI, mas realmente não posso falar sobre isso. 

Fiquei bastante orgulhoso de mim mesmo por contornar a situação. Isso, é claro, até o imbecil abrir a boca de novo:

- Ah, sim. Tem razão. A maioria desses contratos que envolvem a venda de material militar ou para as forças de segurança em geral são protegidos pelos mais diversos níveis de confidencialidade. Não me admira que vocês estejam legalmente amordaçados. O procedimento é bem comum - falava como quem não queria nada, despreocupadamente discorrendo sobre mais um assunto do qual ele aparentemente tudo sabia, mas eu não havia treinado tanto para ser enganado tão facilmente. 

Sentia a armadilha se aproximando. Spencer Maravilha podia ser o cara mais inteligente da Terra, mas lhe faltava a malícia que Chase tinha e que lhe permitia dobrar qualquer pessoa.

- Engraçado, entretanto, como, de novo praticamente todos que trabalham nesse ramo se mostram tão defensivos quando entramos nesse assunto - franziu o cenho em uma falsa careta de confusão e soube que havia terminado de arquitetar sua armadilha. - Mas preciso acrescentar que você, Duke Knight, é certamente o mais defensivo deles. Me pergunto o porquê. 

E ali estava o bote.

###

N/a: CEM MIL VIEWS! CARAMBA, GENTE! Tô muito feliiiiz. Obrigada, obrigada, obrigada. BB passou de cem mil visualizações. Nem acredito. Jamais pensei que chegaríamos a isso. Vocês são incríveis. Obrigada por acompanhar Rave, Duke & Companhia ;) E o capítulo é dedicado a minha sis, Babs. A pessoas incrível que me apoiou quando a ideia de Blackbird surgiu :) Thankkk you sister <3

E tbm um obrigada a Jujubs que fez a capa nova <3

 Agora quanto ao capítulo de hoje. O que vocês acharam do Spencer Maravilha? O que acharam de Duke e Spencer Maravilha? UAHUAHUAHUA Também tivemos Knight versão ciúmes.... me pergunto como isso continua no próximo capítulo ;)


Amadas, eu sinto muito por não responder os comentários. Eu leio todos e guardo com muito carinho, mas é que se eu for responder tudo, não tenho tempo para escrever. Mas eu sempre respondo no ask/twitter/facebook/tumblr. Então, qualquer hora que vocês quiserem conversar, apareçam lá, ok? Love you all <3 

  Observação: Eu fiz um calendário sobre quando vão ser os próximos spoilers e o capítulo 23. Dá uma passadinha no meu grupo no facebook, no meu twitter ou no ask ou no meu mural aqui para saber mais detalhes. Love you all <3 

Fiz um teste em comemoração as cem mil views. Vamos ver se vocês descobrem qual é o SEAL de vocês. HEHEHHE DEPOIS ME CONTEM ;) Aqui o link: http://goo.gl/xdm9f7

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