O Chefe - com David Luiz

By geezerfanfics

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Ele é um demônio disfarçado de Anjo. Ela é um pesadelo vestido de sonho. O destino é um tremendo desgraçado q... More

Capítulo 1
Capítulo 2
Capítulo 3
Capítulo 4
Capítulo 5
Capítulo 6
Capítulo 7
Capítulo 8
Capítulo 9
Capítulo 10
Capítulo 11
Capítulo 12
Capítulo 13
Capítulo 14
Capítulo 15
Capítulo 16
Capítulo 17
Capítulo 18
Capítulo 19
Capítulo 20
Capítulo 21
Capítulo 22
Capítulo 23
Capítulo 24
Capítulo 26
Capítulo 27
Capítulo 28
Capítulo 29
Capítulo 30
Capítulo 31
Capítulo 32
II TEMPORADA - Capítulo 1
II TEMPORADA - Capítulo 2

Capítulo 25

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By geezerfanfics


Então o amor é isso. É partir, queimar e acabar. Durante a minha vida inteira eu me sentia curiosa para saber como é amar alguém que não seja da minha família ou um amigo próximo. Sempre quis sentir o mesmo que as outras pessoas quando elas encontravam suas almas gêmeas. Besteira... Dificilmente algum casal é feliz para sempre. Ou se divorciam no meio de suas vidas ou discutem todos os dias. No meu caso, não tive nem tempo de chegar até lá. Eu simplesmente fui deixada para trás por alguém que eu nunca duvidei de que me amava de verdade. E o pior disso tudo: ele sempre soube que meu pior pesadelo é quando as pessoas somem da minha vida sem deixar pistas e simplesmente fingem que nunca me conheceram. E foi exatamente isso que ele me pediu na carta. Ele estava fazendo exatamente como meu pai; abandonando-me, me esquecendo e mostrando que eu nunca signifiquei nada. E a parte mais dolorosa de tudo é perceber que o tempo todo eu fui somente um passatempo na vida de David. Eu o ocupei durante algumas horas de seu dia para que se esquecesse da noiva que o deixou e fiz parte de sua recuperação quanto à bipolaridade. Claro que fiz. Afinal, ter alguém vulnerável e capaz de tudo por ele é bem bom, não é mesmo?

Agora eu estou aqui, trancada em meu quarto com as luzes apagadas. Raquel pediu para entrar, mas eu disse que não. Minha mãe, Charlotte e Thaís estão na cozinha, tagarelando alto. Eu nem queria pensar no que elas pensariam disso mais tarde, pois, para mim, não faria diferença alguma. Tudo o que eu mais quero no momento é descobrir o motivo pelo qual David fez isso. Será que ele já pensava em me deixar antes de fazermos amor? O ele já pensava nisso desde o início, quando me beijou pela primeira vez?

Fechei os olhos e afundei a cabeça nos travesseiros atrás de mim. Apertei o papel em meus dedos. Queria rasga-lo em mil pedaços, mas não tinha coragem. Nenhuma gota de água derramou-se pelos meus olhos até agora, pois eu ainda não consegui acreditar no que está acontecendo. Já li a carta dezenas de vezes e, sempre que eu chego ao fim, é como se eu estivesse prestes a acordar de um sonho ruim. Mas acontece é que eu não acordei até agora e a realidade está me assustando.

Ele parecia tão verdadeiro e intenso com cada palavra que me dizia. Me ajudou a ficar bem quando estava me sentindo em um poço de problemas e até mesmo cuidou da minha mãe para que eu pudesse descansar. Ele entrou na minha casa, conviveu com a minha família e no final de tudo eu simplesmente descobri — da pior maneira possível — que ele estava sendo um cretino o tempo todo.

É difícil pensar assim e se dar conta de que eu não passei de uma simples coisa na vida dele, enquanto ele, para mim, significava tudo. Eu seria capaz de qualquer coisa por ele. Mataria e morreria se fosse preciso. Com ele eu me sentia forte e pronta para qualquer coisa. Contudo, nada passou de uma ilusão. Ele estava usando uma máscara desde que nos conhecemos e eu nunca percebi. Nunca fui capaz de arrancá-la antes que fosse tarde demais. E quando ela caiu, ele não estava mais aqui para me ouvir. Não estava mais aqui para eu descontar a raiva que sentia.

— Ali — ouvi a voz de Raquel do outro lado da porta, acompanhada de batidinhas fracas.

Não respondi. Ela saberia que eu estava ali dentro.

— Quer jantar? — perguntou-me.

— Não.

— Quer que eu traga um prato para você?

— Não.

— Precisa de alguma coisa?

Entre todos os motivos que eu tinha para não sorrir, eu sorri. Raquel ficaria ali na porta me perguntando milhares de coisas até que eu finalmente pedisse para que ela entrasse. Ela sempre faz isso.

— Pode entrar. — falei.

Em um piscar de olhos, ela já estava dentro do quarto e o barulho da porta se fechando entrou pelos meus ouvidos. Tudo estava escuro e eu não fazia a mínima ideia se ela sabia onde eu estava.

— Estou na cama — falei para ela.

Com os pés arrastados para provavelmente não esbarrar em nada e com alguns xingamentos roucos quando esbarrou, Raquel se aproximou de mim e sentou-me em minha frente na cama. Eu podia ouvir sua respiração pesada e, talvez, cansada demais.

— Como você está se sentindo? — ela me perguntou. Podia imaginar perfeitamente seu rosto reparador e curioso.

— Uma idiota.

Ela fez silêncio. Sabia que ela nunca tinha se sentido assim antes, mas fazia a total noção de como eu estava me sentindo. Sempre foi assim: uma sente a dor da outra e deseja fazer tudo para isso acabar. Mas, nesse caso, não tinha como mudar o rumo da história. Ela não poderia simplesmente fazer David voltar, uma vez que nada seria como antes.

— Sabe, a sensação é como se eu estivesse tomando um banho com a água incrivelmente quente e, do nada, ela esfriou como o gelo — falei, fechando os olhos para tentar descrever a sensação.

— Não vou dizer que eu entendo, porque estaria sendo uma mentirosa — ela disse. — Mas posso dizer que, talvez, eu tenha uma coisa que possa lhe ajudar.

Franzi o cenho, esperando que ela falasse, mas ela não disse nada. Ao invés disso, ela tirou as mãos de trás das costas — que estava assim o tempo todo e eu não percebi — e me mostrou um pote de sorvete. Eu ri, balançando a cabeça e fazendo desfeita. Mas ela, insistente como sempre, colocou uma colher em minha mão e me fez segurá-la. Abriu o pote e ficou apontando-o em minha direção até eu pegar uma colherada. Sem vontade nenhuma, coloquei a colher cheia em minha boca.

— Não sei porquê ele fez isso e nem quero saber — ela disse de boca cheia. — Mas não vejo um motivo para isso tudo. — Mas eu sei de uma coisa, por mais que você me ache uma idiota.

Levantei as sobrancelhas, secando as lágrimas que malditamente acabaram de cair sem minha permissão. Tive o tempo todo para chorar, mas agora, quando ouvi minha melhor amiga dizer isso em voz alta, percebi que isso tudo não passava da humilhante realidade.

— Ele vai voltar, uma hora ou outra ele vai voltar.

Dei de ombros. Sabia que essa era a maior mentira que ela já havia me contado de todas as vezes que me poupou disso. É claro que ele não voltaria e fez questão de deixar isso bem claro, pois pediu-me para que eu não o procurasse. David sempre foi o homem dos meus sonhos e agora era um pesadelo que me amedrontava. Não podia sentir raiva, mas, entre todas as coisas, isso era o que mais me doía. Apesar do sentimento de abandono se repetindo outra vez, agora era pior, pois eu não conseguia simplesmente ignorar isso, como pude fazer com meu pai. Eu conheci David, diferente do meu pai. Eu convivi com ele, o beijei e fiz coisas que jamais fiz com alguém. Ele dizia ser diferente, mas só me provou que os homens, em geral, são todos iguais.

Larguei a colher de qualquer jeito dentro do pote de sorvete e deitei sobre as pernas de Raquel, fechando os olhos em seguida. Eu só precisava disso.


***


Quando Raquel saiu do quarto finalmente convencida de que eu ficaria bem sozinha, afundei-me nos travesseiros outra vez e comecei a encarar o chato teto branco. A cada vez que eu piscava uma imagem de David aparecia por detrás das minhas pálpebras, como daquelas vezes que ele me olhava e sorria de canto, ou quando me mostrava a língua depois de uma brincadeirinha.

Inquieta o suficiente para não conseguir ficar deitada ali e pensando sobre milhares de coisas que, no fim, me levavam até David outra vez, levantei-me e fui até a cozinha. Tudo estava escuro, então deixei minhas pantufas para trás e fui de pé no chão para evitar qualquer barulho.

Apoiei uma mão no mármore gelado enquanto tomava grandes goles de água no copo cheio. Assim que terminei, coloquei-o na pia e, antes mesmo que eu pudesse evitar, olhei para a vidraça escura da janela. A noite estava silenciosa e pouco iluminada. Segundos depois, pensei no numero infindável de coisas que eu poderia fazer fora daqui. Quero dizer, eu poderia fazer algum curso. Afinal, eu voltaria para Paris de um jeito ou de outro e poderia muito bem aproveitar o fato de já estar aqui. Além do mais, David provavelmente não iria querer que eu voltasse para aquela empresa e agisse como se ainda estivéssemos bem um com o outro, pois estamos muito longe disso.

Contudo, pensar na possibilidade de deixar David em meu passado fez meu peito se apertar. Sabia que era cedo demais para pensar no futuro e nas coisas que poderia fazer sem ele, mas agora, nesse momento, eu só conseguia sentir medo de ficar sem a sua companhia, mesmo ele não sentindo o mesmo. Eu poderia estar sendo enganada esse tempo todo, mas sabia que ele estava sendo verdadeiro quando dizia que me amava. Não é possível que alguém tenha coragem de olhar nos olhos de outra pessoa e dizer que ela é especial e, no fundo, isso ser uma grande mentira. Também não é possível que eu aceite isso.

Por algum senti vontade de ver minha mãe. Saí da cozinha e caminhei calmamente pelo corredor, virando à direita e adentrando o quarto pouco iluminado.

Lá estava ela, esparramada em um sono profundo e pesado por conta dos remédios. Sentei-me ao lado dela e passei os dedos pelos fios macios de seu cabelo. Pareciam fazer tão bem à minha pele. Inclinei-me ali e depositei um beijo no alto de sua testa, fechando os olhos nos segundos duradouros em que fazia isso. Abri os olhos outra vez e fiquei a observando dormir. Podia perfeitamente imaginar o quanto ela era bonita quando tinha a minha idade. Eu queria ser como ela. Queria ter tido a sua mesma beleza e também a mesma força. Quando papai a deixou quando descobriu que estava grávida de mim, ela não pensou bobagem como, por exemplo, me abortar. Seria mais fácil para ela. Mas, mesmo com todas as dificuldades, ela passou por isso sozinha. Não sei de onde ela tirava forças, mas sabia que ela tinha alguma coisa em mente. Pensei que a minha situação estava sendo muito mais fácil. Eu não tinha uma filha e nem mesmo era casada com David. E, olhando por esse lado, pra mim seria muito mais fácil não desistir. Quero dizer, não desistir dele. Talvez se minha mãe tivesse ido atrás as coisas seriam diferentes, mas ela nunca soube, pois não fazia questão disso. Mas se eu, por um acaso, fizesse alguma coisa para reverter a situação no final eu poderia ter alguma sorte.

Sem pensar duas vezes saí do quarto e fui até a porta de saída. Peguei meu casaco atrás da porta e o vesti. Talvez ninguém sentiria a minha falta até o amanhecer e qualquer coisa que eu fizesse longe daqui seria mil vezes melhor do que ser novamente a piadinha de Charlotte e Thaís. Abri a porta e tomei todo o cuidado do mundo para não fazer barulho algum.

Comecei a caminhar pelas ruas silenciosas. O vento batia contra mim e eu tremia com o frio que fazia. Afundei-me no colarinho do casaco e desejei que o restante da noite não fizesse tanto frio assim. Enfiei as mãos nos bolsos e do lado esquerdo senti alguma coisa estranha. Franzi o cenho e puxei dali o que mais parecia um papel. Abri-o.

Parei de caminhar.

Ali, em minhas mãos, havia uma passagem de avião para Londres às 5h00min da manhã. 

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