Triagem

By AnnaFrathane

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Charlotte tem quinze anos e desde sempre vive no subsolo da terra devido a uma explosão solar, ela sempre se... More

Prólogo
Capítulo 1
Capítulo 2
Capítulo 3
Capítulo 4
Capítulo 5
Capítulo Bônus (Klaus)
Capítulo 6
Capítulo 7
Capítulo 8
Capítulo 9
Capítulo 11
Capítulo 12
Capítulo 13

Capítulo 10

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By AnnaFrathane

Toda vez em que tento qualquer tipo de diálogo com Tony ele desconversa, aquele dia no quarto ele disse que estaríamos juntos. Evita falar e olhar pra mim, como se estivesse algo a esconder. Tony não parece o mesmo, está mais maduro, sua pele branca e seus cabelos negros transparecem sua maior experiência, mas ele esconde algo, há um mistério nisso tudo. Sou interrompida dos meus pensamentos com a chamada de recolher dos quartos. Ainda não faço ideia de onde estou e muito menos o porque de estar aqui. A sala onde ficam os programadores ampliados são completamente restritos a membros da segurança, o que impossibilita a facilidade de pesquisa. É como uma peça no quebra cabeça. Eu sou uma peça, Klaus é a seguinte e então ela se estende, até um número incontáveis de indivíduos. Até hoje o maior número que observei fora o 31, mas acredito haver mais, um quebra cabeças infinito na qual fazemos parte. Não há como saber se existem outras áreas como essa.

O quarto é bastante monótono. Não é branco, é pintado em um lilás bem suave e com o mesmo símbolo na parede. Encaro pensando em Judy, desde aquele dia em que conversara com Klaus, não consigo parar de pensar em minha amiga e onde ela deve estar. Nesse momento sinto a porta do quarto se abrir e percebo seus cabelos ruivos e sua aparência atlética. É Judy.

- Olá Charlotte. - Sua expressão é totalmente diferente da que eu conheci, ela possui uma postura de uma líder. Suas roupas brancas e seu crachá indicando seu nome como Charceler Judy comprova o que passa pela minha cabeça, ela sabia de tudo que estava acontecendo.

- Judy ? - Não consigo dizer mais nada e sinto meu rosto gelar. Meus olhos saltam ao presenciar aquilo.

- Chanceler, por favor. - Ela se aproximou da pequena mesa que tinha o quarto, onde estavam alguns papeis e lápis de cores, sentou-se sobre a cadeira e fez sinal para que eu me senta-se de frente para ela.

- O que é isso ? Você sempre soube de tudo então ? Esteve com eles o tempo todo ? - Eu não parava de querer saber a verdade, se ela era uma Chanceler, Klaus também poderia ser. Eles eram amigos desde a infância, ele pode saber de tudo e nunca ter me contado.

- Charlotte, precisamos conversar sobre algumas coisas. - Suas mãos se entrelaçam sobre a minha pequena mesa de cabeceira. - Tenho algumas respostas para você, mas outras você terá que descobrir sozinha.

Fecho os olhos durante um segundo e tento lembrar aquela menina forte e bonita que eu conheci. Aquela que era minha amiga e totalmente o contrário do que a que eu via agora.

- Eu não quero ouvir uma palavra da sua boca, por favor, retire-se do meu quarto. - Ela agiu como se eu não tivesse direito a essa autoridade e logo me dou conta de que realmente não tenho. É ela quem manda aqui, ela é uma Chanceler, eu sou alguém que faz parte de alguma experiência científica ou algo do tipo.

- Bom, suponho que você já deve ter notado que não existe autoridade alguma concedida a você, portanto vamos começar de novo. Vou te explicar algumas coisas. - Ela era exatamente como a Chanceler Sarah, porém parecia ser ainda mais determinada. - Você está na superfície. Mais especificamente no comando número 3, você e seus amigos desenvolveram uma mutação a partir das células embrionárias de suas mães e com isso desenvolveram a habilidade de ser imúneis a algumas doenças acusadas pelo efeito da explosão solar. O planeta ainda é inabitável, e testaremos vocês a fim de retirar a população subterrânea para a superfície.

- Como é ? - Eu não acreditei no que estava ouvindo, eu era imude aos danos que a explosão solar causava. Eu e meus amigos. Mas eu não entendi o objetivo de tudo aquilo, se estamos na unidade número 3 é porque existem outras mais. - Se for pra ajudar a população eu aceito, aceito a ser uma cobaia.

-É ótimo que queira colaborar Charlotte, fico muito feliz com isso e tenho certeza de que seus pais também ficarão. - Ela levantou-se e antes que eu pudesse dizer algo a porta se fechou.

Por um momento eu realmente me sinto disposta a isso tudo, quase desisto de fugir, mas algo não soa bem em tudo que ela me disse. São tantas pessoas que não há como salvar todas.

No momento seguinte vi Nadine conversando com um dos Chanceleres, eu não sabia exatamente sobre o que era a conversa mas consegui ouvir uma única frase.  "Ela está tentando encontrar um modo de sair daqui, mas por que ela é tão importante?" "Apenas me passe tudo que conversarem e você será recompensada". No momento em que ela passa pela porta eu a fecho subitamente. Ela para no corredor como se soubesse que alguém estava espiando, olha para os lados mas não consegue me ver então segue o corredor denso e desaparece na escuridão.

Tento juntar todas as informações. Modificação genética, superfície. Superfície. É nesse momento que realmente me dou conta de onde estou. Estou na superfície, o que quer dizer que se eu conseguir sair daqui vou experimentar todas as sensações com a qual eu sempre sonhei. O cheiro de pinheiro, os lagos, as montanhas, o sol em meu rosto e principalmente a chuva. Aquelas gotas que caem do céu sempre me fascinaram e sempre busquei compreender como aquilo acontecia, ou talvez está acontecendo nesse exato momento do lado de fora desse lugar. Isso, juntamente com a história mal contada pela Judy faz com que a minha vontade de sair daqui resurja.

Que eu saiba não há indícios de sobreviventes lá fora, não daquela época. Todas as pessoas que poderiam ser salvas foram em direção ao núcleo, mas hoje eu estou aqui, estou na superfície, ainda que não haja possibilidade de sair desse lugar.

Saio do quarto em direção ao de Klaus mas encontro Tony no meio do caminho, sua expressão é de quem finge que nem me vê, ele passa disparado por mim e eu o sigo, corro atrás dele o mais rápido que posso.

- Tony, eu já sei de tudo. Judy me contou sobre tudo, a Chanceler Judy me contou. - Ele para no momento em que escuta as minhas palavras, parece assustado e ao mesmo tempo possui receio de virar-se.

- Não, não. - Ele se aproxima de mim e segura meus braços com suas mãos extremamente fortes, e no mesmo instante sinto um calor irradiar por todo meu corpo. - Charlotte, você precisa sair daqui, não pode ficar aqui nem mais um minuto.

- Como assim Tony, espera do que mais eu não sei? Tony como vou sair daqui? Sem você e sem Klaus. Onde está Klaus ?

- Ele está esperando por mim no saguão principal. Agora não só por mim, por nós. Charlotte volte para o seu quarto e pegue tudo que puder, imediatamente. - Tento fazer mais algumas perguntas mas sou repreendida por ele.

Arrumo o máximo de coisas possíveis, meus desenhos, meu memorando e alguns lápis de cor que Klaus me dera. Subtamente a imagem do mundo lá fora passa por minha cabeça, e há uma parte de mim que eu não sabia que tinha medo de ir até lá. É um misto de sensações. Desejo e medo. Tony aguarda por mim na porta e há tempos não tenho tido um contato decente com Klaus, o rigoroso horário mantido por aqui fez com que evitássemos contato o que me leva a pensar que eles foram montados com a intenção de nos separar um do outro e infelizmente estava dando terrivelmente certo. Ainda assim, os memorandos aqui eram possíveis, eu e Klaus nós falávamos sempre que podíamos, já que ele dedicava boa parte do tempo em tentar encontrar uma saída daqui conseguindo algumas informações com funcionários que não concordavam com os ideais de Judy.

De repente me deparo com seu olhar, e seu jeito terrivelmente sedutor, seus braços fortes e seu temperamento protetor, meu primeiro instinto é dar-lhe um abraço.

- Char, não temos muito tempo, precisamos sair daqui logo. - Ele estava acompanhado de Nadine e Victor além de algumas outras pessoas que eu não fazia ideia de quem eram mas ele parecia conhecê-las muito bem. Talvez seja do tempo em que passa elaborando modos de sair daqui.

Encaro Nadine com a maior destreza que consigo, então seu olhar pede súplica, como se estivesse envergonhada de algo que fizera.

- Klaus ela está com eles. Nadine está com a direção. Ela passava a informação das nossas fugas todas para eles. - Klaus permanece imóvel e demonstra simplicidade do olhar, além de fazer gestos para que eu me acalme.

- Char, tudo está sobre controle, Nadine admitiu seus erros.

- E ainda assim você permite que ela fique conosco? - Senti minha voz ecoar por todo o pátio o que me fez temer que alguém da direção tivesse ouvido.

- Char, não há tempo para isso, vamos, lá fora você receberá algumas explicações, mas o importante agora é permanecer calma. Não aja como se pudesse ser notada. - De repente ele se levanta e começa a discursar, como um lobo comandante da matilha.

- Pessoal, há seguranças por todos os lados, então vamos nos separar. Há saídas pela área leste e pela oeste. Vamos nos separar em grupos de 5. Tony, Charlotte, Victor e Nadine vem comigo. O resto se separem e decidam a área que quer se encaminhar. Lembrem-se: depois que o grupo anterior partir esperem pelo menos 10 minutos para irem. -Então o sentir puxar meu braço para a zona oeste do comando. Era um lugar escuro e fedido, onde não dava pra ver quase nada. O que ilumina o caminho é apenas uma pequena lanterna que Klaus arranjou sem que dessem falta.

Sinto uma mão em meu braço me apertar cada vez mais forte. Então ela cai no chão. Meu único reflexo é segurar sua cabeça. Klaus para e direciona a lanterna para mim. Os olhos de Nadine estão em um vermelho cor de sangue e sua boca extremamente pálida. Ela balbucia algumas palavras.

- Charlotte, saia daqui, você é o elemento mais precioso deles. Salve-se. - Então ela cai em um sono profundo mas percebe-se que ainda está viva.

Victor não parece acreditar no que está vendo.

- Sinto muito Victor. - Tony coloca as mãos sobre seu ombro enquanto ele chora descontroladamente.

- Vão, eu vou ficar, eu fico com ela. Ela é a única coisa que importa para mim, não tenho mais o que perder. Vão.

- Nós vamos voltar Victor. Não deixaremos você aqui. - As palavras de Klaus são como as de um comandante. Nunca o vi falar dessa maneira.

Então Tony me puxa pelo braço, mas continuo olhando para trás tentando saber uma explicação para aquilo tudo, já que antes de entrarmos na zona Oeste ela parecia tão bem.

- Charlotte, não temos tempo, vamos. - Então eu me distancio cada vez mais dos dois até que não os enxergo mais.
......

Oi pessoal, espero que tenham gostado do capítulo. Deixem seus comentários e favoritem, isso ajuda com a divulgação do livro. Desde já agradeço.

Beijinhos

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