Aquala e o Castelo da Provínc...

By BernardoDeSouzaCruz

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Extraterrestres. Será que eles realmente existem? De onde vêm? Será que são do jeito que os humanos imaginam... More

PRÓLOGO - VIZINHOS EXTRATERRESTRES
CAPÍTULO 1 - A CADEIRA DOURADA
CAPÍTULO 2 - O DICIONÁRIO DE BOLSO
CAPÍTULO 3 - CATORZE ANOS MEDÍOCRES
CAPÍTULO 4 - ESCOLA DAMATIO
CAPÍTULO 5 - UM INSETO EM ALAN
CAPÍTULO 6 - O ATAQUE AOS ALUNOS
CAPÍTULO 8 - TUDO DE MÃO BEIJADA
CAPÍTULO 9 - OS EXTRATERRESTRES DE ESTIMAÇÃO
CAPÍTULO 10 - AS AVES CINTILANTES
CAPÍTULO 11 - O CENTRO OSÍRIS
CAPÍTULO 12 - A CIDADE DO CASTELO
CAPÍTULO 13 - A CORRIDA
CAPÍTULO 14 - O LAGO DOS DESEJOS
CAPÍTULO 15 - MALDITOS MONSTROS!
CAPÍTULO 16 - SOB O DOMÍNIO DOS THONZES
CAPÍTULO 17 - A SOBREVIVENTE
CAPÍTULO 18 - OS ESCARAVELHOS
CAPÍTULO 19 - UMA ESTRANHA VISITA
CAPÍTULO 20 - DOIS HOMENS DE MEON
CAPÍTULO 21 - AS ABDUÇÕES
+ Um recado aos leitores
Capítulo 22 - O gancho necessário.

CAPÍTULO 7 - DEBAIXO DO SEU NARIZ

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By BernardoDeSouzaCruz

Um olho se abriu e, depois, o outro, assim que a lentidão trabalhava no corpo cansado de Thomas. Não estava mais na sala de aula, e sim acordando em sua cama. Pouco a pouco, focava Felipe um pouco distante, andando de um lado para o outro, com uma fisionomia nem um pouco séria. Para falar a verdade, ele até sorria sem controle, parecia bastante feliz, só podia ser alguma coisa realmente com um contágio incontrolável de alegria. Thomas estava acordando de uma noite pesada, de dor, e o melhor amigo gargalhava. Não podia ser verdade.

– O que tem de tão engraçado? – o garoto ajeitava-se no lençol.

– Você está bem? Graças aos Deuses!

– Deuses? Espere aí... este é o meu quarto?

– Finalmente acordou! – falou Sofia – Se você não levantasse, sua cama levantaria. Como você dorme! – ela riu.

– Está melhor mesmo? Sente alguma dor? – Laura sentou-se na cama, ao lado dele.

– Não sinto dor alguma e, para falar a verdade, eu me sinto muito bem, mas tive um sonho muito estranho.

– Sonhos estranhos não fazem nem um pouco parte da sua personalidade, isso é incontestável – falou Felipe.

– Não costuma ter sonhos muito comuns, não é? – Laura pôs o dorso de sua mão na testa de Thomas.

– Muitas vezes, eu não lembro, mas, esses dias, eu tenho sonhado muito com navios, naves... e várias coisas diferentes – ele sorriu, meio sem jeito.

– Me conta mais.

– São várias coisas inúteis na minha cabeça – ele sentou-se, agora com as pernas para fora da cama – Eu queria fazer uma pergunta, eu lembro que você falou que vinha de Aquala. Onde fica esse lugar?

Laura gaguejou e, por uma sílaba, a palavra não saiu por inteiro. Ela ficou nervosa o suficiente para Thomas entender que havia algo que deveria ser contado. Ele a olhou, franziu a testa e nada pôde compreender.

– Por que está me perguntando isso agora? – a garota engoliu em seco.

Ele abriu a porta do armário e pegou o Dicionário de Bolso na gaveta de livros, mas uma coisa o chamou a atenção, não tinha mais nada escrito. Todas as definições não estavam mais lá como deveriam estar, simplesmente sumiram.

– Onde foram parar? Não estou ficando maluco. Eu li aqui, estava escrito que Aquala é um outro planeta.

– Que absurdo! – exclamou Sofia – Óbvio que não, Thomas. Mas nos fale sobre o sonho, sempre gosto de ouvi-los, me fazem refletir.

– Com certeza! Você é uma menina muito culta! – debochou Felipe.

– Cala a sua boca, seu doente. Nem sabe o que significa refletir – ela cruzou os braços e olhou para Thomas, ignorando o garoto.

– Eu vim de Aquala – contou Laura – Isso não é segredo para quase ninguém.

– Do planeta Aquala? – ele riu.

Ela ficou séria e perguntou como foi o sonho.

– Esse foi estranho demais comparado aos outros. Estávamos na aula de história quando um monstro enorme entrou e jogou um líquido nojento em mim.

– Não foi um sonho – Laura disse com convicção.

– Como assim não foi?

– Simplesmente não foi – Sofia a ajudou – Foi tudo real.

– Não pode ter sido, vocês estão brincando comigo.

– Tanto foi verdade que eu joguei uma enorme estaca da parede para distrair aquele animal.

– Minha nossa – desabou Thomas sobre a cama, perplexo.

– E, se tem algo que não está caminhando direito, é seu corpo – falou Laura – Nem acordar com dor de cabeça ou tonto você acordou, apenas formou-se um hematoma roxo na sua testa durante alguns segundos, depois desapareceu. A pancada foi forte.

Ela colocou a mão, cuidadosamente, sobre a cabeça dele, não havia sinal de algum tipo de batida.

Uma conversa estava sendo discutida a finco no quarto ao lado. Duas vozes, uma querendo se sobressair à outra como uma guerra de palavras, nem um pouco física, o que parecia atrair mais a discussão para o tom mais alto possível. Thomas ouvia a voz imperfeita de seu pai, falha por cansaço e abusiva pelo comando egoísta sobre a qual tinha.

Thomas foi na ponta dos pés e atravessou o corredor, atraído pelo feixe de luz da porta entreaberta.

– Você tem que fazer alguma coisa quanto a isso – berrava Roger, o padrinho do garoto. Fazia tempo que não o via e já criava cabelos brancos na cabeça, já o nariz de batata e a barriga grande nunca o deixariam.

– Mas eu já tentei de tudo. Coloquei tudo o que pude sobre Aquala perto dele. Segundo os amigos, ele chegou a pensar na vida fora daqui, mas eu o conheço e sei que é cabeça dura.

– Temos que tentar mais, ele tem que entender como tudo funciona.

Simone, a madrinha de Thomas, colocou as mãos nos quadris. Um gesto que apontava o grande peso que carregava sobre as costas e que parecia sair aos poucos, com o decorrer da discussão.

– Ele tem que descobrir por si só, se os amigos lhe pressionarem muito, seria melhor, mas ele já tem 14 anos, daqui a pouco não poderá mais conhecer o lugar de onde veio. Seria melhor arriscar e contar logo tudo sobre Aquala, ele viajaria conosco na próxima viagem.

O garoto estava boquiaberto, estatelado, seu coração batia como liquidificador. Seus pulmões quase saltaram pela boca. Aquilo era loucura, absurdo.

– Nós já conversamos sobre isso, meu amor – explicou Roger, num tom de estresse – É óbvio, não seria saudável para o nosso afilhado. Querida, você parece não querer entender. Quando Thomas descobrir que veio de Aquala, todas as perguntas que tiverem serão esclarecidas e serão tantas que nem nós, dispostos a responder, iremos conseguir. Só ele mesmo para ver com os próprios olhos. As terras, os castelos, os artefatos, vilas, templos, tudo em seu tempo.

– Quando será a próxima ida até lá? – Robert indagou, folheando um folder.

– Semana que vem. Acho melhor fornecer mais indiretas para ele descobrir depressa, essa viagem demora muito para acontecer.

– Ainda não entendi o porquê de o Thomas não saber ainda que é aqualaeste – disse Simone – o garoto é esperto, inteligente, não é possível. Quando crianças, nossos pais fizeram seus trabalhos; agora, será que o seu tem sido desenvolvido com o mesmo ardor?

– Ele é muito pé no chão – Robert largou o folheto no sofá – Eu o conheço muito bem, catorze anos de convivência entre uma criança e um pai normal mostrariam sonhos e fantasias, mas não é assim com a gente.

– E que bom que nada disso é fantasia! – retrucou Roger, levando-se a andar de braços cruzados em círculos ao redor da cama – tudo que sempre queremos encontramos em Aquala, um mundo onde só quem acredita conhece.

– Exatamente. Nada de anormal nunca passou pela cabeça dele. Eu tenho que, de vez em quando, o encaminhar a um pensamento exuberante, desproporcional ao mundo em que vive, mas nunca consegui um bom resultado.

– Então como nós faremos agora? – questionou Simone – Porque, até semana que vem, eu vou querer meu afilhado se apresentando como um Aqualaeste legítimo, estamos combinados?

– Estamos – o garoto abriu a porta escancaradamente. Aqueles, que se achavam tão amadurecidos em uma vida tão cruel e complexa, levaram seus olhares desencorajados para Thomas. Sua fisionomia estava abatida, como se estivesse sendo traído por pessoas de extrema importância em sua vida, pessoas em quem confiou e a quem deu tudo de si até a última decepção – Me esconderam e mentiram para mim durante todos esses anos! – ele engasgou com voz de clemência.

– Filho, você não entende, não podíamos! – Robert falou. Suas mãos levadas aos ombros do garoto eram um incentivo ao perdão.

– Como não podiam? Me fizeram de idiota por tanto tempo... Se tivessem me contado, teriam retirado um peso muito grande de cima de mim.

– Um peso que era para ser meu – esclareceu o homem.

– Eu me preocupava com tudo, e não me diga que esse foi meu erro! Parecia uma brincadeira não ter o que comer à noite.

– Nunca passamos fome, Thomas, não negue isso.

– Do jeito que as coisas iam, parecia que chegaríamos a esse cúmulo! – ele encarou o pai, que se manteve cabisbaixo.

– Deixe, ao menos, ele explicar o porquê! – exigiu Roger – Não queríamos que passasse por tudo isso, mas muitas coisas foram necessárias para que você chegasse a um consenso e não enlouquecesse. Muitas crianças descobriram que eram aqualaestes bem rápido e isso as causou sequelas, algumas ficaram malucas, outras se mataram. Cada um tem a sua hora e, agora, chegou a sua.

– Deixe-me contar a ele – falou Robert ao compadre.

– Não duvido que tenham feito isso para o meu bem, mas olhem para trás e vejam pelo que eu passei.

– Filho, ouça. Quando se descobre que é aqualaeste, ganha-se uma entrada para o planeta, não literalmente. A única forma de conhecer suas terras é saber que elas existem. Em todas as línguas e dialetos, a seguinte história é contada de forma tradicional, correta e igual para todas as raças.

Há bilhões de anos, um guerreiro chamado Phoerios criou uma sala para pôr todas as almas de soldados que não sentiram o prazer da vitória em guerras jamais acontecidas novamente. No interior do salão, uma imensidão negra era iluminada por luzes parecidas, bem de longe, com lampiões cuja visão era divina e tranquila. Pequenas e circulares, essas luzes encontravam-se aos montes, enfileiradas em seções, como em estantes de uma biblioteca às escuras. Não havia um final, apenas uma saída que era a entrada.

Phoerios tornou-se uma entidade que jamais foi vista novamente, apenas existem imagens gravadas em pedras e pinturas de sua barba ondulada e seu rosto redondo, sorrindo como nenhum dos outros deuses ousou tentar.

Até os dias de hoje, quem descobre que veio de Aquala, ganha uma luz que representa sua vida, ações e tudo que faz e pensa.

– Quer dizer que, naquele momento em que eu ouvi atrás da porta a conversa de vocês e percebi que a verdade estava debaixo dos meus olhos, uma luz nessa sala foi acesa?

– Exatamente como todos que nasceram em Aquala.

Thomas parou e pensou por alguns instantes, sem uma palavra de alguém naquele quarto interrompendo o seu raciocínio. Ele andou até a janela, não parava de chover.

– Se tivéssemos contado toda a verdade para você, essa luz teria acendido com interferência – interrompeu Simone – Qualquer erro, tão pequeno que seja, poderia ter sido grave. Caso de pais desnaturados cujos filhos enlouqueceram e agora residem em sanatórios e casas de ajuda.

– Essa lenda é simplesmente incrível – Thomas riu, ao se virar de volta para seus padrinhos.

– Não se trata de lenda, e sim de realidade. Está ao nosso redor, sempre esteve, pessoas que passaram por você na rua, humanos até que provasse o contrário – Simone impôs com respeito – Aqualaestes vivendo como muitos de nós, aqui na Terra.

– Pensei que extraterrestres tivessem uma pele de cor diferente, meio esverdeada, olhos grandes e pretos, cabeça oval...

– Você está falando dos Uzêtes, uma raça do sul de Ecklemet, mas esse planeta é bastante longe de Aquala, sem discussão. Somos mais parecidos com os humanos, mas as diferenças são grandes e grotescas – Robert abriu a mão na altura do rosto, um gesto delicado e experiente. Um dicionário levitou acima de seus dedos.

– Eu conheço isso! Estava no meu armário um dia desses.

– Eu coloquei lá, queria que você lesse e soubesse sobre Aquala. Estava tudo no seu inconsciente – o homem sorriu como se entendesse pelo que o garoto estava passando. Num estalo de dedos, Simone resplandeceu atrás do garoto e o segurou pelos ombros, o assustando.

– Entende agora a situação em que se encontra, Thomas?

– Como eu faço isso? – ele riu, desajeitado, meio bobo como uma criança que não sabe usar o brinquedo novo.

– O segredo está na ponta dos dedos. Você já sabe, está no seu sangue.

– Está certo – ele se ajeitou. Seu punho tapeou o ar e a cama foi arrastada pelo chão do quarto, bateu na arca que tinha fotos da família e tudo foi ao chão. Os vidros dos porta-retratos lançaram-se ao ar como um estouro. A madeira estava toda quebrada, ele realmente não soube como havia feito.

Embora Thomas tentasse manter em sua mente que nada daquilo existia, alguma coisa em seu interior explicava essa reação como medo, pois, dentro dele, estavam as respostas.

A força que levou o garoto a acreditar em outros mundos fez-se abrir vários deles, como se o céu já não fosse o limite para ele e como se fechasse os olhos e não visse mais uma barreira escura, mas o infinito onde haveria outras vidas.

Thomas encontrou, na cozinha, a quem ouvir, seus amigos. Não eram mais desconhecidos, pelo contrário, estavam mais claros e visíveis do que nunca. Sofia segurava uma garrafa de suco com uma mão e com a outra jogava seu conteúdo no copo, como se o líquido atravessasse as veias de seus braços e jorrasse pelo dedo.

O garoto imaginava que teria que se acostumar com aquilo dali em diante, ainda em dúvida se ria ou se ficava sério.

– Eu acho o seguinte – explicou Sofia, após tirar, da boca, o dedo que jorrava suco – você devia ter acreditado quando falamos sobre os extraterrestres.

– Como eu poderia imaginar? Isso dificilmente passaria pela minha cabeça, ainda mais quando se trata de nós mesmos. Ainda me acho estranho, nunca imaginei que seria dessa forma – ele exclamou, maravilhado com a toalha se erguendo sobre a mesa, os copos e o vaso com a flor se ajeitando devagar.

– Nós tentamos muita coisa – Sofia tagarelava – Mas como iríamos conseguir se você só acredita no que vê? Somos extraterrestres e falar isso realmente é muito estranho. Quando penso em seres de outro planeta, só imagino corpo magro, dedos compridos e cabeça bem maior que a nossa, já que são mais inteligentes.

– Trate de estudar mais um pouquinho antes de falar asneira – falou Felipe, com três maçãs levitando sobre sua mão. Arrancou um pedaço de uma delas com os dentes – Já houve pesquisas sobre o tamanho da cabeça e não é porque é mais inteligente que tem que ser maior. Fizeram isso com Zerbeluni, um exemplo perfeito de engenhosidade em Aquala, e descobriram que o que aumenta a inteligência é a velocidade das sinapses.

Sofia ora tomava mais suco pelo dedo indicador, ora encarava o garoto – Cala a boca, por favor – ela dizia.

Laura apareceu em pé com uma travessa cujas pipocas saltavam, estavam sendo preparadas pelas suas próprias mãos. Ela sorriu, mas soube que o garoto ainda não estava tão à vontade com a ideia de ter poderes e ele não sabia mesmo como fazer aquilo.

– Não toque ainda, está quente! – ela segurou a mão de Thomas, livrando-o de uma dor ardente. Ele a verificou com um olhar maravilhado, aos poucos ele dava passos largos em direção aos conhecimentos aqualaestes e ele não estava como antes. Naquele momento, seu coração estava aberto e ele era agradecido aos que o ajudaram a descobrir a verdade de sua vida.

Os dias estavam mais diferentes, Thomas podia enxergar coisas que antes não podia, como a marca redonda no quintal do seu vizinho. Ele olhava, pela janela do quarto, todos os detalhes na grama verde de Faber, aquilo era um sinal de alguma nave que pairou por lá, igual às outras que, constantemente, passavam pelo céu.

Noutro dia, Felipe disse ao garoto que o contato com aqualaestes torna os sentidos mais aguçados. Ele deu um exemplo, falou que, se conversar com o jornaleiro, segundos depois, o homem pode olhar para o céu e ver cosmonaves passeando entre as nuvens. Por isso muitas pessoas já avistaram objetos voadores não identificados, já tiveram uma conversa, um toque, um beijo ou até mesmo um esbarrão de alguém que veio de Aquala.

Thomas encarou a mudança radicalmente, ele se sentiu novo e imune a qualquer ameaça, contudo mais carismático e cada vez menos seco. Ficou encucado consigo mesmo ao ouvir as palavras de seu pai e de seus padrinhos, ele era um menino inteligente, porém não foi esperto o bastante para perceber todos os sinais que o rondavam há semanas. O grande erro foi sobrecarregar sua cabeça com problemas que não lhe cabiam a resolver, mas sim a Robert, problemas que não o interessavam mais. Tudo o que importava daquele momento em diante era desvendar tudo sobre sua nova casa, Aquala.


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