Aquala e o Castelo da Provínc...

By BernardoDeSouzaCruz

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Extraterrestres. Será que eles realmente existem? De onde vêm? Será que são do jeito que os humanos imaginam... More

PRÓLOGO - VIZINHOS EXTRATERRESTRES
CAPÍTULO 1 - A CADEIRA DOURADA
CAPÍTULO 2 - O DICIONÁRIO DE BOLSO
CAPÍTULO 4 - ESCOLA DAMATIO
CAPÍTULO 5 - UM INSETO EM ALAN
CAPÍTULO 6 - O ATAQUE AOS ALUNOS
CAPÍTULO 7 - DEBAIXO DO SEU NARIZ
CAPÍTULO 8 - TUDO DE MÃO BEIJADA
CAPÍTULO 9 - OS EXTRATERRESTRES DE ESTIMAÇÃO
CAPÍTULO 10 - AS AVES CINTILANTES
CAPÍTULO 11 - O CENTRO OSÍRIS
CAPÍTULO 12 - A CIDADE DO CASTELO
CAPÍTULO 13 - A CORRIDA
CAPÍTULO 14 - O LAGO DOS DESEJOS
CAPÍTULO 15 - MALDITOS MONSTROS!
CAPÍTULO 16 - SOB O DOMÍNIO DOS THONZES
CAPÍTULO 17 - A SOBREVIVENTE
CAPÍTULO 18 - OS ESCARAVELHOS
CAPÍTULO 19 - UMA ESTRANHA VISITA
CAPÍTULO 20 - DOIS HOMENS DE MEON
CAPÍTULO 21 - AS ABDUÇÕES
+ Um recado aos leitores
Capítulo 22 - O gancho necessário.

CAPÍTULO 3 - CATORZE ANOS MEDÍOCRES

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By BernardoDeSouzaCruz

Os próximos catorze verões foram agonizantes. Aquele final de tarde lembrava como a vida passara devagar. Um garoto com uma aparência desbotada se esticava sobre a grama alta, usando calças jeans e uma blusa azul-marinho. Seus olhos amendoados fitavam o céu alaranjado enquanto seus cabelos desgrenhados estavam caídos sobre as sobrancelhas. Tinha olheiras, parecia passar por insônia, e um nariz vermelho com cravos. Uma voz vinda do interior da casa o chamou:

Thomas, venha se servir! – o garoto levantou sem nenhuma empolgação, com os olhos despreparados para largar as estrelas que vagamente apareciam no infinito.

Seu pai, sentado num sofá vinho, o aguardava na sala. O jornal um pouco amassado escondia seu rosto.

– Filho, garanto que a comida está melhor hoje – falou com ímpeto – Alguma coisa deve ter saído com auxílio desse livro que o seu amigo me emprestou.

Eu não entendo – disse o garoto ao se sentar na mesa. Algo como um guisado verde cercado de caldo o aguardava no prato, pronto para ser comido – Como um dedo quebrado fez com que sua comida piorasse desse jeito, pai? Por que não pede ajuda?

– Não se preocupe, um jantar eu consigo fazer, mas eu vou ter que lhe pedir para dar uns tapinhas nessa televisão, já que o gesso me atrapalha.

Thomas apressou-se para ajudá-lo, ficar longe do cheiro do guisado era uma glória. Ele tentava, ao máximo, agradar ao pai mesmo não sabendo o quão recompensado ele era. Robert fazia de tudo ao alcance para dar ao filho tudo o que ele queria, todavia o dinheiro lhes dava adeus.

Logo que o chuvisco na televisão sumiu, o garoto mostrou uma feição preocupada e sentou-se ao lado do pai.

– Sobre essa casa...

– Eu já pedi para não insistir mais neste assunto! – o homem abaixou o jornal, mostrava-se mais maduro; barba e bigode mal feitos, o cabelo era oleoso e curto, jogado para trás. Tinha sobrancelhas espessas e ralas, nariz grosso e um olhar triste.

– Não podemos fugir disso! Parece que eu sou o pai e você o filho! – falou Thomas. Eles se olharam com discórdia.

– O que você quer que eu faça?

– Peça mais dinheiro emprestado para os meus padrinhos.

– Thomas, eu nunca escondi nada de você, sempre falei a verdade. Eu nunca tive dinheiro e, desde quando você nasceu, minha conta com a Simone e com o Roger só cresce...

– Você quer mesmo que sejamos despejados? – falou o garoto ao competir com a voz grossa do pai. Parecia que Robert se alterava com facilidade e, embora enxergasse a realidade, o orgulho às vezes o cegava. Esse foi um dos motivos pelo qual Thomas desenvolveu cada vez mais uma certa ingratidão com pessoas orgulhosas como seu pai.

– Se já comeu sua comida, escove os dentes e vá dormir.

Naquele momento, a tensão foi quebrada, o garoto subiu as escadas e bateu a porta do quarto, ele queria entender o porquê da existência daquele sentimento que os acompanhava na miséria.

Depender dos outros era obviamente um fardo que poderia ser carregado pela família Flintch durante anos contra o consentimento de Robert, mas ele não tinha o que querer, somente ao que agradecer. Há catorze, ele dependia dos padrinhos do filho, que nem parentes eram, mas sempre foram tratados como tais.

Thomas deitou-se com o estômago empanzinado de palavras que ele gostaria de dizer, mas ele as guardava. Dormiu com apenas o rosto do luar ultrapassando a janela de seu quarto.

Na sala, seu pai tirava da gaveta do armário folhetos de meses não pagos de água, luz, condomínio e por aí ia. Ele examinava com cuidado o amontoado de contas sob um olhar angustiado, que aparentava não ser o mesmo de antigamente, e isso se repetiu várias vezes em sua cabeça, não imaginara como seu filho tinha tanta noção de realidade, muito mais que ele mesmo. Agora, pelo lado bom, seu orgulho crescia mais em relação a Thomas.

Último dia de férias, não parecia o final, mas sim o seu auge. A cama estava suada e o sol batia no travesseiro. Uma buzina vinda lá de fora fez o garoto acordar. De pijamas, ele desceu correndo as escadas e abriu a porta da frente. Um menino tentava deixar a bicicleta em pé ao lado das folhas, usava uma camisa azulada e bermudas pretas. Sacudiu a mão de Thomas idiotamente numa felicidade reluzente, como se tivesse ganhado um urso no parque de diversões.

– Qual é a boa de hoje? – sorriu mostrando seus dentes grandes entre lábios bem carnudos. Tinha cabelos encaracolados bem curtinhos.

– Não sei se vou fazer alguma coisa hoje. E, se for, não poderei gastar dinheiro.

– Que animação é essa? É nosso último dia de férias, temos que fazer algo realmente legal para fecharmos com chave de ouro – o menino sorriu, todo empolgado.

– Isso está me soando tão infantil, Felipe. Além de ser fácil para você falar, fez de tudo um pouco.

– Quase não nos vimos, poxa – ele adentrou a casa e se sentou no sofá – passei quase um mês na fazenda da minha tia Adelaide, só comíamos dobradinha, além de outras partes impróprias.

– Impróprias para nossa idade?

– Não, impróprias para o ser humano experimentar. A picanha e o filé-mignon ficavam para os animais. Agora, eles se importam? EU me importo!

– Mas existem tantas coisas legais para se fazer numa fazenda – Thomas relutava.

– Tirar leite de vaca no cio, cair em estrume de cavalo, ser perseguido por porcos com hormônios alterados e se esconder embaixo da cama da minha prima enquanto ela se depilava não estão nessa lista de coisas maravilhosas, estão? São tantos quilos presos num corpo de treze anos, sem contar que o apelido dela na escola é mulher barbada.

– O quê você fazia embaixo da cama da sua prima?

– Você me ouviu? Eram porcos que me confundiam com a deusa porca!

Enquanto mais Thomas ouvia sobre a viagem de Felipe, mais ele acreditava que as férias dele não foram as piores. Um recado de Robert estava sobre a mesa no qual ele dizia ter saído cedo para procurar emprego. Abriu a geladeira e, no ato de oferecer a Felipe algo para beber, viu que nem leite havia, apenas três dedos de água numa garrafa.

– Como está sua mãe? – Thomas sentou-se também no sofá.

– Minha mãe está ótima, precisando de um psiquiatra, mas está bem – o garoto explicou.

– Por quê? Aconteceu alguma coisa grave?

– Ela vai se aposentar, acredita? – gesticulou Felipe.

– Se aposentar? – Thomas procurou compreender – Mas ela não gostava tanto de ser veterinária? E nem idade ao menos ela tem para isso!

– Foi o que eu entendi. O último paciente dela foi o Luka, nosso próprio cachorro, três minutos depois e ele estava cuspindo pelos. Agora ela cismou que quer ser médica.

– Médica? – indagou o garoto com os olhos arregalados.

– Todo mundo tem essa reação quando eu falo isso. Só não sei como ela vai fazer, não se muda de carreira da noite para o dia, só em outro planeta.

– Me desculpe, Felipe, mas sua mãe mal é veterinária...

– Também acho que minha mãe esteja tentando matar alguém – ele riu – É brincadeira!

– Volto em um minuto, vou trocar de roupa – Thomas levantou-se em direção às escadas.

– Posso ligar a televisão?

– Pode! – o garoto gritou.

Mais animado do que antes, ele vestiu-se apressado. Sempre que os dois nada tinham para fazer, passavam a tarde inteira no sofá assistindo a programas em rede aberta. Procuravam, ao máximo, se entreterem com alguma coisa que não gastasse dinheiro, mais pela situação de Thomas. Algumas moedas era o que Robert podia dar ao filho no final de semana, mas não era nem sempre que podia.

Dessa vez, o dinheiro estava realmente escasso, só havia alguns tostões na carteira, mas o garoto não tinha pretensão de ficar em casa no último dia de suas férias, era um absurdo.

Era apenas amarrar o cadarço e pronto. Uma luz verde chamuscou a janela contra o sol. O menino franziu a testa, pareceu perturbado. Parado, ele esperou algum outro sinal. Nada.

Ao tocar na maçaneta para sair do quarto, um outro chamuscado nevou em uma cor verde. Ele se aproximou da janela, como o curioso de sempre, e avistou a janela do quarto do vizinho, a cortina ofuscava o que se passava lá dentro. O garoto via a silhueta de um menino gordinho e outras duas com cabeças circulares, baixas e bastante finas, diria até que não fossem pessoas.

No momento em que encostou no vidro, Thomas fugiu os olhos de mais um brilho verde. Na janela dos fundos do vizinho, entravam dois homenzinhos de corpos finos se equilibrando sobre uma pedra chata. Assustado, logo chamou por Felipe.

O menino abriu a porta e encontrou o amigo quase encostando o nariz no vidro, ele aproximou-se.

– Que luz é essa?

– Também quero saber – sussurrou Thomas – Três flashes iguais e eu acho que entraram duas pessoas no quarto do vizinho.

– Você conhece quem mora lá? – Felipe fez que nem o amigo, sussurrou.

– É o Faber, aquele menino que parece um anão, cheio de espinhas, que quase sempre está sozinho.

– Esse Faber é do mal – temeu Felipe, com uma voz trêmula – Eu me lembro de que, no ano passado, eu estava fazendo um trabalho em sala com ele. Você me conhece e sabe que eu falo besteiras, e foi nesse dia que eu descobri o quanto esse Faber é doente. Era só ele gargalhar e mostrar os dentes tortos que dormia.

– Ele é o garoto que ri e dorme de que todo mundo fala?

– É esse mesmo! Imagina que tristeza deve ser. A sorte é ter um sono leve.

– Isso não importa, Felipe. O que eu quero saber é quem são essas pessoas tão diferentes.

O vizinho abriu a cortina e os dois caíram no chão.

– Será que ele nos viu?

– Não sei – respondeu Thomas, respirando fundo.

– Vamos lá ver se esse menino é de outro mundo.

Felipe realmente teria ficado mais abobado que nunca durante essas férias, ele realmente falava sério em descobrir se Faber era de outro mundo e aquilo deixava seu amigo sem paciência alguma.

Embora eles tivessem a certeza de que o dia estava tão entediante como todos os outros, se fossem até o jardim do vizinho, talvez conseguissem se divertir dessa forma. Para alguém sem dinheiro, estava ótimo.

– Não, não posso fazer isso, meu pai vai...

Mal pôde ser mostrada a compreensão de Thomas, Felipe abrira a janela e subira no telhado. Ele não acreditaria no que estava assistindo se lhe contassem. Aquilo ia acabar em mais complicações para a cabeça de Robert.

– Cuidado para não cair – ele gesticulou. Passos curtos e tremidos eram dados nas telhas, exatamente em frente à casa de Faber, se ele abrisse a cortina novamente, a brincadeira tola de Felipe teria sido em vão. Não demorou muito para ele se atrapalhar com os pés e cair de bunda na piscina do quintal. A Sra. Baker, mãe de Faber, havia gritado por ladrão ao abrir a porta dos fundos.

– O que deu na cabeça de vocês? – perguntou Robert, de volta à sua casa. Felipe pingava no tapete enrolado a uma toalha, com o braço sendo esmagado pela mão de homem da Sra. Baker. Era uma daquelas mulheres ríspidas que achavam que a Segunda Guerra ainda não acabou, amarrava o cabelo com o que ela acreditava ser um coque especial, porém mais parecia um pinico sobre sua cabeça.

– O que deu na gente? Também me faço essa pergunta – respondeu Thomas em um tom muito sutil.

– Esses meninos devem ter algum problema em suas cacholas, inclusive este – ela empurrou Felipe porta adentro. Robert, no momento, olhava grosseiramente para os garotos, mas, ao mesmo tempo, com um olhar exausto.

– Realmente eles devem ter problemas em suas cacholas – o homem apoiou, puxando-os para perto.

– Bom, dê-lhes um castigo severo e tudo se resolverá. Eu garanto, Sr. Flintch.

– Não se preocupe – ponderou o pai.

A mulher saiu pela porta reclamando sobre o que acontecera, obviamente falaria com Faber sobre seus colegas imprudentes.

– Vocês podiam ter se machucado – Robert se afastou dos meninos. Thomas achou que, por alguns segundos, seu pai estava com raiva, não sabia ao certo. Naquela hora, uma cena se repetia, seu pai virara uma incógnita e não se sabia o que ele sentia, apenas no peito do seu filho uma tremenda angústia batia como um tambor. Robert ouvia qualquer tipo de comentário e ficava calado, não porque nada o ofendia ou porque seu coração talvez fosse de pedra, mas simplesmente porque se sentia enfraquecido por não ter poder suficiente em deixar sua família bem, o poder do dinheiro que lhe esvaía por todos os cantos.

– Estamos quase sendo despejados e você fica subindo no telhado para brincar de saltar? Já tem catorze anos!

– Pai, me escuta.

– Já escutei o bastante por hoje – ele sentou-se e ligou a televisão, alta o suficiente para demonstrar sua raiva, também porque o telejornal tinha acabado de começar. Ele se apoiava nos joelhos.

Esta semana, três eclipses seguidos escureceram grande parte do país em três dias consecutivos - enquanto o repórter William Art posava na frente das câmeras, Thomas e Felipe se aproximavam interessados, seus olhares confirmavam a compreensão de um erro na notícia.

– Lia Caputo tem outras informações.

– Boa noite, William – a mulher falava ao lado de um enorme globo terrestre – Nessa sexta-feira, o país ficou coberto por sombras na área litorânea e no interior – a repórter localizou no mapa a área afetada e a ampliou – Toda esta parte permaneceu sem a luz do sol em torno de uma hora. Cientistas e astrônomos estão pesquisando o acontecimento, nada ocorreu nos estados vizinhos, o que não os surpreendeu somente, mas a todos nós. Obrigada, William.

– Que estranho – comentou Felipe – Esse eclipses não parecem normais. Sabe quem é muito suspeito? Seu vizinho, Faber.

Thomas não entendeu a ligação de um fato a outro, mas deu uma risada e levou na brincadeira.

– O que tem esse garoto? - Robert intrometeu-se.

– Hoje eu estava me trocando e acabei vendo dois homenzinhos entrando pela janela dele – explicou o garoto.

– Pela janela? Como eles eram?

– Não sei direito, uns brilhos verdes vieram juntos, mas posso afirmar que tinham pescoços bem magrinhos e cabeças enormes.

Parecia óbvio o que realmente o garoto viu, porém ninguém chegou a sequer dizer o que pensava. Thomas imaginou que o achariam maluco. Felipe e Robert, por suas vezes, mantinham a mesma aparência, um fitava o outro como se estivessem mais ligados.

– Prestem atenção! – falou o homem.

William Art explicava:

– Ontem, novamente, ficamos sem luz solar por volta das sete horas até o meio-dia. É relevante a ideia de um fenômeno que só ocorrerá daqui a dois mil anos. O brilho era verde e intenso no epicentro, o que chamou a atenção de multidões. Será uma visita extraterrestre?

– Mentira! Isso tudo soa como mentira! – impôs Thomas.

– Como pode ser? Você não ouviu falar das luzes, as mesmas que você e eu vimos hoje? Você nem ao menos entende do assunto – falou Felipe.

No rosto de Robert, havia autossatisfação, como se estivesse empanturrado de sorvete e manjar. Tanto ele como Felipe pareciam acreditar na reportagem.

– Como eu não entendo do assunto? Não é óbvio? Ele... ele não citou fonte alguma. Pelo jeito, William Art não sabe nem o que esta dizendo – Thomas respondeu.

– Citar fonte? Ele é apresentador de um telejornal! A fonte já é o telejornal!

Os olhos de Thomas viam o que ele não queria ver, a cada dia que passava, Felipe se mostrava mais disperso da realidade. Atos e falas estranhos não o levaram a achar que estivesse louco, mas sim mal informado. William ainda tagarelava.

– E, mais uma vez, pela manhã de hoje, o eclipse sombreou o todo o estado com essa misteriosa luz verde. Tomara que seja o último. Estamos ficando por aqui, fiquem com a novela A Doméstica. Boa noite.

– Pessoal, eu estou indo, já é tarde e amanhã tem aula – Felipe se despediu às pressas enquanto a música de fechamento do telejornal tocava, ele parecia ter hora marcada. Os garotos se despediram com o aperto de mão chacoalhado de Felipe.

- Boa noite, Sr. Flintch, e muito obrigado por hoje.

– Sem ressentimentos! – Robert respondeu com a voz vinda da sala.

Eles andaram pelo pequeno jardim na frente da casa, postes mal iluminavam a rua. Thomas fitava as sombras de onde surgia uma bicicleta azul cambaleando sozinha. O garoto não quis demonstrar, mas ficou pasmo o suficiente para não conseguir dizer uma palavra. Bastante insano para quem teve as piores férias de sua vida. Felipe a esperou parar com o guidão sob sua mão.

– Estranho, não acha? – murmurou ele ao encostar o pé no pedal. Thomas tocou na bicicleta como se tivesse vida, como se acariciasse um cavalo.

– Eu vou entrar, amanhã a gente se fala.

– Até amanhã, devo passar aqui às sete em ponto!

Thomas entrou enquanto o amigo pedalava, passou pela sala para subir as escadas.

– Pai, hoje não é domingo? – ele parou no caminho, quase se esquecera de perguntar. Robert, sentado no sofá, não entendeu o objetivo da pergunta.

– Sim, por quê?

– No telejornal, William Art se despediu falando que a próxima atração seria uma novela.

– Novela? Domingo?

– Foi o que eu pensei – um momento ele fez-se esquecer e foi dormir. Noutro dia, seria o começo de vários outros mais harmoniosos, pelo menos era o que ele acreditava e permanecia confiante em achar.





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