Aquala e o Castelo da Provínc...

Od BernardoDeSouzaCruz

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Extraterrestres. Será que eles realmente existem? De onde vêm? Será que são do jeito que os humanos imaginam... Více

PRÓLOGO - VIZINHOS EXTRATERRESTRES
CAPÍTULO 1 - A CADEIRA DOURADA
CAPÍTULO 3 - CATORZE ANOS MEDÍOCRES
CAPÍTULO 4 - ESCOLA DAMATIO
CAPÍTULO 5 - UM INSETO EM ALAN
CAPÍTULO 6 - O ATAQUE AOS ALUNOS
CAPÍTULO 7 - DEBAIXO DO SEU NARIZ
CAPÍTULO 8 - TUDO DE MÃO BEIJADA
CAPÍTULO 9 - OS EXTRATERRESTRES DE ESTIMAÇÃO
CAPÍTULO 10 - AS AVES CINTILANTES
CAPÍTULO 11 - O CENTRO OSÍRIS
CAPÍTULO 12 - A CIDADE DO CASTELO
CAPÍTULO 13 - A CORRIDA
CAPÍTULO 14 - O LAGO DOS DESEJOS
CAPÍTULO 15 - MALDITOS MONSTROS!
CAPÍTULO 16 - SOB O DOMÍNIO DOS THONZES
CAPÍTULO 17 - A SOBREVIVENTE
CAPÍTULO 18 - OS ESCARAVELHOS
CAPÍTULO 19 - UMA ESTRANHA VISITA
CAPÍTULO 20 - DOIS HOMENS DE MEON
CAPÍTULO 21 - AS ABDUÇÕES
+ Um recado aos leitores
Capítulo 22 - O gancho necessário.

CAPÍTULO 2 - O DICIONÁRIO DE BOLSO

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Od BernardoDeSouzaCruz

– Não deixem que escapem, eu preciso daquele garoto! – berrava o Mestre obsessivamente. Os javalis abriram suas asas robustas e alçaram voo, cheiravam o céu como se sentissem o rastro.

Robert ninava Thomas com o vento sereno e plano no rosto.

– Está tudo bem agora – ele dizia, chorando. O corpo de Sandra era levado pelas garras da ave ao lado deles e ele tentava não olhá-la, mas era iminente, pois ele sabia que nunca mais encontraria uma beleza como a de sua esposa. Fitava-a com olhos vidrados, sem ânimo, cansado e todo dolorido.

Os momentos no boliche, na praia, andando de bicicleta, nunca mais se repetiriam. Lembranças não iam faltar, mas o que sempre iria lhe fazer bem era voltar no tempo e vê-la dormindo, deitada em lençóis aqualaestes nas noites de chuva sob um céu com aurora turquesa de Aquala. A pele branca, lisa e pura o remetia a um mundo maravilhoso onde ele somente vivia nos sonhos. Robert teria lembranças de Sandra tanto em Aquala quanto na Terra.

O voo se aproximava do chão e eles passavam por uma rua entre prédios, quando repentinamente a ave em que o Sr. Flintch estava montado começou a agonizar com um som que os levou a uma agonia triplicada. Num instante, eles estavam bem; no outro, eles rodopiavam no céu e as asas da ave carregavam os postes de fiação telefônica, fazendo-a parecendo sentir, de repente, uma dor insuportável que a quase fez capotar.

Em cadeiras aconchegantes dentro dos prédios, os porteiros assistiam a seus pequenos televisores enquanto outros dormiam babando em seus uniformes, nem percebiam o que se passava através do vidro da portaria, já que as aves eram invisíveis para eles.

Robert segurou firme o seu filho, eles podiam capotar e rolar no chão a qualquer momento. Ele resolveu pular com sua irmã, então eles caíram em pé e em seguida a ave rolou morta sobre alguns carros estacionados, o que fez os alarmes dos automóveis se acionarem. A mulher de cabelos ondulados avistava as penas azuis daquele ser tão puro que, morto entre as vagas, tornavam-se roxas. O que era estranho, uma vez que deveriam se tornar pretas, como acontecia quando aquela espécie de ave morria.

Eles sabiam que, por mais que Tertius não estivesse nos arredores naquele momento, aquele monstro assassino podia manipular qualquer mente, até a dos animais, e foi assim que Robert se deu conta de que o Mestre dos corsarius havia feito isso com a ave, já que suas penas azuis tornaram-se roxas em vez de pretas. O Sr. Flintch imaginou a dor que ela sentira antes de morrer.

Antes ele permaneceu, lutou e perdeu o amor de sua vida. Agora, perder a próxima geração dos Flintch seria idiotice, seu filho era mais importante que tudo. Então ele olhou para Thomas em seus braços e percebeu que continuar lá seria uma tremenda ignorância. Ele verificou se havia algum sinal de corsarius na rua ou javalis no céu, mas, por sorte, não encontrou nada.

– Para onde as outras aves foram? – perguntou Robert.

– Foram levar o corpo da Sandra para um lugar seguro, fique tranquilo – disse sua irmã, Haydee, que sempre permanecia ao seu lado.

– Não posso ficar tranquilo, não consigo. Tertius acabou com tudo! – ele enxugava o rosto.

– Vamos tentar manter a calma – ela evitava chorar, porém seu rosto permanecia todo contraído, quase pronto para soltar lágrimas.

Robert entregou o filho à mulher, passou o dedo indicador no braço, onde criava um corte apenas com o toque. Ele assoprou o sangue que escorria, mostrando para Haydee que a coloração mudava de vermelho para azul marinho. A mulher pareceu compreender a gravidade da situação somente com aquele ato, não precisou de mais nada para entender. Então logo esticou a mão com a palma virada para baixo e com os dedos bem esticados.

– Só consigo nos levar para casa com o auxílio disto aqui – ela apresentou, ainda com o braço esticado, o que mais parecia um dicionário de bolso – Letra C, letra C... – ela folheava com pressa – Aqui, letra C!

Casa: Destino, em geral, à habitação, estabelecimento, morada, domicílio.

Pingaram gotas de água dos dedos de Haydee, fazendo-a se afastar de um lago que surgia daquelas gotas na calçada. Um redemoinho instalou-se no meio e eles pularam na água. Por poucos segundos, eles mantiveram seus corpos debaixo das profundezas até caírem com os pés molhados num chão de madeira empoeirado. Thomas caía devagar e sequinho como uma pena num sofá vinho ao lado de um criado-mudo e um armário. Robert se aproximou, preocupado. Um rastro de pingos que caía da roupa do homem fazia poças no chão daquela misteriosa casa abandonada.

– Não tive tempo de perguntar direito como estão – falava Haydee, enquanto torcia os cabelos – Sandra era uma pessoa espetacular.

O Sr. Flintch a olhou e engoliu em seco, seu rosto dizia o que muitas palavras não podiam explicar: angústia, cansaço, perplexidade, dor, tristeza, tudo levava a pensar que não conseguiria ser mais feliz.

– É melhor você se preparar, esse foi apenas o começo. Agora Tertius achou vocês.

– O quê? Agora você fala que eu vou ter que viver às espreitas e me escondendo? – gritou Robert, todo molhado.

– Faça isso pelo Tom, pelo menos por enquanto. Tertius matou nossos pais, nossos primos, tios e agora Sandra. Só sobrou a gente e você ainda espera se vingar? Com o tempo, meu irmão.

– Roger e Simone também estão vivos – contrapôs o homem, com um fôlego desprezível.

– Os padrinhos de Thomas não têm o nosso sangue. Tertius quer o sangue do seu filho!

– Você também não tem o meu sangue.

– Fomos criados juntos, como irmãos. Nossa mãe me adotou e me deu o mesmo carinho que deu a você. Ela teria nojo se o ouvisse falar assim. A propósito, o que esse corte que você fez lhe provou? – Haydee apontou para o braço do homem.

– Entre tantas coisas, esse corte nos deu a certeza de que é o sangue dos Flintch o que Tertius procura. Ele precisa do meu sangue e agora do sangue do Tom também. Alguma coisa ele quer com isso.

– Posso não ter o mesmo sangue que vocês, mas tenho o mesmo sobrenome. É perigoso?

– Para você, não. Isso significa que você não corre risco de vida – Robert pôs a mão no ombro da irmã.

– Você não tem ideia de por que ele precisa do seu sangue?

– Não, mas ainda vou descobrir – o homem olhou para o filho coberto pela manta azul no sofá – Temo que algo aconteça a Thomas futuramente.

– Não ocorrerá, nós estaremos aqui para ajudar.

Um homem, que numa noite não podia mais crer em nada, tinha a cabeça agitada como tempestade e sentimentos atingidos. Ele não conseguia pensar no futuro, só na morte de Sandra e como ele sobreviveria a partir daquele momento. Por sorte, ele ainda tinha a sua irmã e os padrinhos do filho, que eram quase irmãos também.

Eles ouviram um ruído perto da sala, junto às panelas que caíam no chão. Robert franziu a testa até o momento em que se surpreendeu com um tigre siberiano que saiu da cozinha. Tinha um andar robusto e atraente. Os pelos laranja-acinzentados eram cobertos por listras falhas que deixavam em evidência sua barriga branca. Os olhos verdes estampavam charme sobre o focinho.

– Como estão, crianças? – o animal disse com perfeição todas as palavras. Robert, solto da empatia, andou numa tamanha empolgação e abraçou o tigre, lembrava uma criança longe de casa.

– Balta, você soube? Sandra... – perguntou o Sr. Flintch.

– Sim, eu soube – falou ele, calmo e usando um tom eufêmico – Isso não era para ter acontecido, mas ninguém pôde prever.

– Eu podia ter sentido uma previsão, uma visão, qualquer coisa! Tertius não procurava por ela, ele queria o sangue do Tom – Robert mostrou o braço. O sangue, mais uma vez, ao ser assoprado, aparentou coloração azul.

– Sandra. Mais uma vítima inocente.

– Nunca mais vou vê-la, Balta... Nunca mais.

– Agora ela está em paz ao lado do nosso Deus.

– Mesmo morta, ela não está em paz, tenho certeza! Estamos sofrendo pela sua perda. Eu sou o que mais sofro, eu sou a verdadeira vítima disso tudo. Tertius quer a minha desgraça.

– Não seja injusto – disse o tigre – todos nós já estamos sentindo a falta da Sandra. Vamos fazer tudo para apoiar você, afinal queremos o seu bem.

Três pessoas saíram da porta, juntas como trigêmeos sem modos. Elas levaram mais emoção ao rapaz.

– Simone! – exclamou Robert, pronto para abraçar uma mulher de cabelos compridos e pretos. Sua pele era negra e estava ao lado do marido, Roger, também negro, que tinha fios brancos na cabeça, já que era um homem vivido e magro. As feições bem humoradas do padrinho de Thomas estavam tristes naquele momento.

– Graças aos deuses você está bem! – disse Simone, a madrinha de Thomas, com olhos arregalados pelos cantos da sala que mais parecia um mausoléu – Agora, cadê o meu afilhado?

– Simone - chamou Haydee, pronta para entregar o bebê à mulher – Por um milagre, está vivo!

– Estávamos assistindo à televisão e a ave nos surpreendeu quando olhei através da janela – contou Roger, o padrinho – Foi a pior cena que eu já vi, ao lado das garras estava o corpo de Sandra... na grama...

– Eu não acredito até agora, comecei a passar mal, por isso demoramos – contou Simone, balançando Thomas no colo. Deve ter algum xamã em Aquala que possa nos ajudar.

– Seja sensata – disse o tigre – não há como trazer Sandra de volta à vida.

– Não me importa, eu quero ver a minha esposa. Quero ver a minha mulher! – gritou Robert. O compadre o segurou pelos braços, tentando acalmá-lo e Thomas começou a chorar.

Em minutos, uma imensa alegria terminou em tragédia. Sandra ouviu seu filho dizer a primeira palavra. Para ela, ele a teria quase chamado de mamãe. Mal ela sabia, antes de morrer, que seu filho somente soltou uns ruídos. Com o passar dos dias, o pai contou aos amigos mais íntimos como foram os últimos minutos com a esposa. Ele alegou, emocionado, uma história que não era a correta, mas a que ele forçava acreditar, que naquele momento no carro, Thomas teria chamado pela mãe. Foi um simples detalhe em torno de toda a história, contudo ele afirmou ser verdadeiro. O Sr. Flintch fez isso como último presente para a mulher, o presente que ele achava valer a pena entregar, mesmo com ela não estando mais ao seu lado.



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