Operação casamento dos meus s...

By mllenica

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A primeira regra para o sucesso da Operação é não esquecer que o objetivo principal é conseguir o cancelament... More

Sinopse
Prólogo
Capítulo 1
Capítulo 2
Capítulo 3
Capítulo 4 (*)
Capítulo 5 (*)
Capítulo 6(*)
Capítulo 7(*)
Capítulo 8(*)
Capítulo 9(*)
Capítulo 10(*)
Capítulo 11(*)
Capítulo 12(*)
Capítulo 13(*)
Capítulo 14(*)
Capítulo 16(*)
Capítulo 17(*)
Capítulo 18(*)
Capítulo 19(*)
Capítulo 20(*)
Capítulo 21(*)
Capítulo 22(*)
Capítulo 23(*)
Capítulo 24(*)
Capítulo 25(*)
Capítulo 26(*)
Capítulo 27(*)
Capítulo 28.1(*)
Capítulo 28.2(*)
Capítulo 29(*)
Capítulo 30(*)
Capítulo 31(*)
Capítulo 32(*)
Capítulo 33(*)
Capítulo 34(*)
Capítulo 35(*)
Capítulo 36(*)
Capítulo 37(*)
Capítulo 38(*)
Capítulo 39(*)
Capítulo 40(*)
Capítulo 41(*)
Capítulo 42(*)
Capítulo 43(*)
Capítulo 44(*)
Capítulo 45(*)
Capítulo 46(*)
Capítulo 47.1(*)
Capítulo 47.2(*)
Capítulo 48(*)
Capítulo 49/Epílogo
OPERAÇÃO CASAMENTO DOS MEUS SONHOS
Agradecimentos
Minhas outras histórias!

Capítulo 15(*)

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By mllenica

"PROBLEMAS? LUCIO É QUE VAI ESTAR COM PROBLEMAS SE NÃO ME EXPLICAR QUE LISTA DE MÚSICAS É ESSA!"

— Eu ainda não entendi como acabei dormindo na casa de Gabe, Beca. Eu estava tão bêbada assim? — perguntou Cecília ao telefone enquanto tentava alcançar a pista da esquerda.

Estava, na verdade, atrasada. Não seria a primeira vez, pois acreditava que uma impontualidade charmosa sempre tornava o encontro mais animado, mas quarenta e cinco minutos transformavam charme em descaso. Era sobre os preparativos do casamento que se destinava aquela reunião. Aos olhos da futura sogra uma postura como essa seria imperdoável. Talvez fosse esse o motivo de ela fingir não prestar atenção às sinalizações de limite de velocidade pelo caminho.

— Te encontrei na cama dele, praticamente desmaiada, quando cheguei — disse Beca depois de alguns instantes, parecia que ela estava mastigando — Vai ter que perguntar a Olavinho como aconteceu.

A noite anterior ainda se resumia a uma porção de fragmentos. Cecília lembrava-se de ter ido a casa Olavinho, comer o maravilhoso e grudento macarrão com atum e de logo em seguida terem decidido terminar a refeição na casa de Gabe. No entanto, depois disso, as coisas ficaram um pouco confusas.

Por sorte, o jantar de negócios em que acompanharia Lucio não acontecera, descobriu momentos depois de acordar, ao notar as muitas mensagens e ligações perdidas no celular. Um dos acionistas tivera um princípio infarto e, por isso precisaram adiar o encontro às pressas. Cecília se sentiu aliviada, não pelo ocorrido, mas por não aborrecer o noivo com a sua inevitável ausência.

— E o que você estava fazendo lá, a propósito? — perguntou Ciz, antes de prender o celular entre os lábios, pois precisava das duas mãos no volante.

— Onde? Na casa de Gabe? — perguntou Beca, tão alto que era preciso colocar no viva voz. Estridente de maneira suspeita, na verdade — O mesmo que você, indo vê-lo. Não seja tão ciumenta, Ciz! Sabe que sempre passo por lá quando volto do escritório.

Os nervos inflamados, por causa da descoberta aterradora dos hematomas, quase fizeram com que Rebeca tivesse se arrependido da sua visita pontual. Uma briga que, por pouco, não pode ser evitada. Principalmente depois da revelação sobre o interesse de Eduardo em ajudar a Operação casamento dos meus sonhos. Olavinho pareceu confuso sobre as intenções e, Gabe, implacavelmente, detestou a sugestão, mesmo com todos esforços de Beca em explicar as vantagens que haviam naquela adição.

— Só queria saber.

— Porque tem um marca roxa na sua perna? — questionou a outra, desviando o assunto — Olavinho acha que você está participando de alguma seita secreta que possui práticas de automutilação.

Era mentira, claro. Olavo estava assustado demais para criar uma história tão elaborada, mas aquela era uma desculpa que jamais seria contestada.

— Sério? — gargalhou alto — Eu devo ter caído de algum lugar.

— Não se lembra de onde pode ter se machucado?

— Não mude o assunto, Beca — bradou impaciente — Quero saber sobre ontem. Foi muito estranho o que aconteceu, aliás, está tudo muito estranho ultimamente.

— O nome disso é ressaca, Ciz.

— Me lembro de só ter bebido dois copos, mas senti que havia um gosto estranho. Alguma coisa devia estar estragada. — especulou Cecília, enquanto constatava que chegaria muito mais atrasada do que imaginara devido a certa lentidão à frente.

Se estava estragada eu não sei, mas Gabriel disse que você dormiu no meio da conversa e nós sabemos que não são apenas dois copos que causam isso.

— Gabe é sempre exagerado! — exclamou — Falando nisso, porque vocês brigaram? — Estava esperando o momento ideal para acabar com o suspense que a estava quase sufocando.

Assim que Cecília acordou, na manhã daquele dia, e deu-se conta de que o quarto não era o seu, embora já tivesse reconhecido o cheiro dos lençóis antes mesmo de abrir os olhos, ouviu os murmúrios da conversa do outro cômodo. Curiosa sobre o teor, esperou que terminassem para se revelar. Gabriel estava resmungando com a mãe sobre o casamento e sobre Beca. Obviamente, ela apenas se atentou ao segundo tópico da conversa; à espreita no corredor,  semicerrou os olhos para ninguém quando desvendou um dos motivos daquele mau humor repentino: ele estava com ciúmes por Rebeca estar saindo com alguém. Não pode ouvir o nome que ele disse, porque o ímpeto de acabar com aquela conversa lhe encontrou de forma violenta.

Mais estranho foi quando ela apareceu e perguntou o porquê de ter dormido na cama errada. Gabe parecia aborrecido e ansioso, mas não lhe deu muita atenção. Ele saiu tão rápido que ela ainda estava se perguntando se havia dito alguma coisa enquanto dormia para que sua presença se tornasse tão desconfortável.

Eu não briguei com ele — disse Rebeca de maneira cansada — Você sabe como ele é superprotetor.

— E isso significa o que? — Por mais que o código entre elas ainda vigesse, precisava saber desesperadamente — Conte de uma vez, Beca.

Não foi nada demais — repetiu Rebeca.

— Está saindo com alguém? — Não era para ser uma pergunta, mas Cecília odiava se sentir à margem — Juliano de novo?

A conversa silenciou do outro lado.

Eles estavam todos estranhos, inclusive Olavinho. Parte de Cecília queria muito acreditar que tudo isso envolvia o novo interesse romântico de Beca e que era isso que estava cansando os ânimos e amarrando tantos segredos. Mas não era tão ingênua a ponto de acreditar que o seu casamento também não aborrecia, apenas não gostava de acreditar nessa hipótese.

Não é ele Ciz. É outra coisa e outra pessoa — respondeu, parecendo se arrepender da segunda frase. Envolver Cecília só deixaria tudo pior do que já estava — Mas, estou preocupada com esses seus hematomas.

— Ah, Beca... Por favor! — suplicou — Merda! — praguejou abaixando o telefone do ouvido ao notar os carros de polícia à frente parando os carros — Não acredito que eles vão montar uma blitz agora.

Você não disse que já estava esperando, Carmen? Não acredito que está dirigindo e falando no celular. Eu não vou fazer defesa dessas multas, está me ouvindo?

— Eu tenho atenção distribuída e todo mundo faz isso! — defendeu-se — Estou esperando por Carmen, só que dentro do meu carro a caminho do Café. E sobre as multas, falta muito pouco para eu ser amiga de Edu. Posso pedir para... Parou e sorriu, como se tivesse acabado de juntar duas peças em um quebra-cabeças —  Puta merda, é ele? — completou Cecília de modo teatral.

Não Ciz, é claro que não. Foi só um mal entendido e Gabe está criando um inferno com isso. Ele está estressado demais ultimamente.

Ele e todo mundo, quis acrescentar Cecília.

— Eu iria gostar muito se fosse Edu, sabia? — emendou. Não era uma mentira — Ainda mais depois que ele andou me perguntando sobre você.

Novamente, não exatamente uma mentira.

Fora apenas uma pergunta casual sobre Rebeca, em uma ocasião específica em que ficaram sozinhos por alguns instantes, o que somente reforçava a ideia de que a pergunta fora feita por educação, mas Cecília não se importava em mudar o contexto. Desde o momento em o conhecera e percebera as semelhanças tão reais com a paixão platônica da amiga, soube que ele era perfeito para Beca. E havia um outro motivo. Não era necessária grande análise para se ter em conta que arranjar um pretendente para Rebeca tornava mais difícil uma possível reconciliação romântica com Gabriel.

— Acho que devia pedir para ele levar aquele contrato pré-não-sei-o-que do casamento na sua casa.

Já que tocou no assunto — Rebeca aproveitou a oportunidade para fugir do assunto —não pode fugir disso, vamos ter que discutir as cláusulas do Pacto Antenupcial.

— E não já estamos discutindo? — devolveu Ciz, com graça — Estou te dando uma excelente ideia: você discute as coisas desse acordo e ainda aproveita para encerrar a noite com uma bela chave de coxa. Meu Deus, falei igualzinho a divina Diva agora. Não é preciso nem olhar muito para ele, para imaginar como ele dever ser incrível e completamente...

Então além de ter que te ajudar a esconder do seu noivo que estava bêbada na cama de outro homem — interrompeu Rebeca de maneira enérgica, tentando evitar o assunto — tenho também que omitir que você anda analisando o amigo dele?

— Não sou cega, Beca! E não pode negar que aquela covinha maravilhosa merece um estudo bem profundo.

Presta atenção do trânsito, Ciz!

— Estou parada no sinal agora — justificou enquanto usava os poucos segundos que restavam para conferir o batom e mudar o telefone para o outro ouvido — Posso usar o celular à vontade.

Cecília. — disse entre uma respiração longa — Às vezes você parece tanto com Olavinho, sabia? Me conta das músicas, conseguiu completar a sua lista?

Cecília desistiu de emendar o assunto, até porque, achava que pessoalmente a conversa poderia ser muito mais proveitosa e mais fácil. Instigar Beca pelo telefone não era uma ideia tão boa, quando se podia fazê-lo pessoalmente.

— Olavinho ainda não me mandou os mashups, mas eu criei um plano B — relatou a contragosto — Estou tão empolgada para saber as escolhas de Lucio. Já pensou se metade das nossas listas forem iguais?

Acho que isso significaria que foi a secretária dele que fez.

— Ele não mandou a secretária escolher, isso faz parte da nossa construção conjunta do casamento — Ela se irritou jogando o telefone no banco carona, retomando-o logo em seguida para completar — Iria saber disso se estivesse comigo. Está se saindo uma péssima madrinha, sabia?

Desde quando eu virei madrinha? Achei que sua futura sogra tinha dito que ela ia escolher os padrinhos do casamento.

De fato, Gisela deixara claro que a escolha dos padrinhos e das testemunhas seria o produto de uma conciliação ponderativa, palavras dela. O que, sem meias verdades, significava que ficaria a cargo dela tal escolha. Lucio também havia sugerido que já tinha em mente alguns nomes, deixando Cecília, inevitavelmente, de fora. Mas ela não se importava, casar-se com ele já era mais do que suficiente.

— Gisela acha que manda em mim, mas quem vai dar a última palavra sou eu — revelou com um leve tom de indignação.

Como fez na última em vez que você aceitou tudo que ela exigiu, inclusive o vestido?

— Eu estava em um dia calmo — justificou, defensiva.

E como está hoje?

— Super empolgada!

Que bom que estou cheia de trabalho aqui, enquanto você passa a tarde ouvindo e escolhendo músicas.

— Não seja chata, Rebeca! Não vai ser tão bom, porque mamãe vai querer palpitar — reclamou, engatando a segunda marcha com o celular na mão. —Vou pirar se ela sugerir ABBA! Você devia estar aqui para me ajudar a impedir!

Jo não estará aí também?

— Vai, mas você sabe como elas viram melhores amigas quando se encontram. Jo vai concordar sobre ABBA e vai querer transformar meu casamento em Mamma Mia!

Cecília nunca conseguiu entender a relação entre sua mãe e a sua madrasta. Era como um golfinho ser amigo de um cachorro: pitoresco na beira do impossível. Uma amizade que nascera com a prisão de Milena há cinco anos e parecia cada vez mais firme. Um acordo que parecia respeitar as crises desaforadas sobre o ex-marido e os momentos tempestuosos que sempre acompanhavam as festas de família.

Como vai fazer para discutir as escolhas com Gisela?

— Talvez eu consiga colocá-los em videoconferência para escolhermos juntos. Ele e a mãe voltaram para Brasília, mas estarão de volta para o encontro com Emiliano, o estilista.

Bastante romântica essa coisa de videoconferência, não é? — indagou dissimulada.

— Não seja uma vaca invejosa! Se sinta feliz e radiante com a felicidade da sua melhor amiga.

Ótimo — respondeu, mas pareceu que a resposta era para outra pessoa que não Ciz — Preciso resolver uma coisa aqui com Juliano, Ciz. Depois eu te ligo. Estou muito curiosa sobre o resultado dessa reunião.

— Claro. Resolva tudo e um pouco mais com esse seu sócio gostoso!

Aposto como tenho que esconder isso de Lucio também.

— Vaca — gritou divertida antes de desligar.

Seguiu o resto do trajeto em silêncio. O que não demorou muito, já que quando desligou podia ver a fachada elegante da doceria a poucos metros de distância. Encontrou uma vaga sem precisar se aborrecer muito e avistou Carmen antes mesmo de subir as escadas. A mesa escolhida fora a primeira do lado de dentro, a que ficava defronte as portas vidros e não consumia muito tempo na procura.

A organizadora de casamentos vestia o mesmo terninho roxo, como uma espécie de farda. Seus ombros denotavam tranquilidade e seu rosto era bastante sereno, apesar da espera. A ausência de Gisela causava um efeito tão palpável ao semblante da pequena mulher que chegava a ser assustador. Cecília notou, assim como percebeu que o clima ficava muito mais descontraído com a ausência da futura sogra. Tal fato deveria preocupá-la, mas ela preferia não pensar sobre isso ainda.

— Me desculpe pelo atraso, Carmen — justificou Cecília enquanto cumprimentava.

— Não se preocupe, aproveitei para acertar várias coisas enquanto te esperava — disse a organizadora arrumando alguns papéis para liberar espaço na mesa — Temos bastante trabalho hoje, nosso tempo está muito apertado!

Começaram confirmando e remarcando algumas datas. A visita ao local em que seria a festa e a recepção seria dali a duas semanas, logo após o encontro com o estilista, em quatro dias. Agendaram também as sessões de fotos. A primeira seria no início do próximo mês com o novo fotógrafo contratado, Cecília precisou segurar o riso pela formalidade com que Carmen tratava o que era, na verdade, apenas Gabe. Já a sessão para a revista, dois dias depois da outra sessão. E teriam também de encontrar um tempo para escolher o buffet, o mais rápido possível, comentara Carmen, pois, negligentemente, esquecera-se dessa questão tão importante.

Quando chegaram ao ponto principal daquele encontro, Cecília já estava suando em expectativa.

— Estou tão empolgada para ver a lista de Lucio! — exclamou Ciz entre sorrisos — Vou tentar ligara ele.

— Lucio já me enviou por email a lista dele, Cecília — disse a outra quando a viu digitar no teclado do aparelho celular — Vai querer esperar sua mãe e sua madrasta chegarem?

O sorriso esmoreceu levemente no rosto, pois queria que a expectativa fosse compartilhada com o noivo. Enviar a lista com antecedência para a cerimonialista tinha um significado bem claro para Cecília: ele não iria participar da escolha. Se por estar com outras ocupações ou por simplesmente abnegar-se da tarefa, a empolgada noiva não sabia e não queria especular.

— Eu posso dar uma olhadinha no que ele escolheu? Eu também trouxe as minhas sugestões

Carmen retirou uma folha de papel de uma das pastas contendo muitos documentos, parecia saber exatamente do que se tratava cada um deles.

Lista de músicas para o casamento — Por Lucio Alberto Cabana Martínez.

1. Concerto para Piano nº 5 — Beethoven

2. Concerto para Piano nº 1 — Tchaikovsky

3. The Valkyrie, III: Magic Fire Music — Wagner

4. Cantata 147: Jesus, Alegria dos homens — Bach

5. Arioso — Bach

6. Every breath you take — The Police

7. I'm not the only one — Sam Smith

8. Heaven Knows I'm Miserable Now — The Smiths

9. Cecília — Simon and Garfunkel.

10. Você vai me destruir — Vanessa da Mata

11. Uns Dias — Os Paralamas do sucesso

12. Nada por mim — Kid Abelha

A primeira reação fora mover os lábios, logo em seguida semicerrar os olhos, para, enfim, abrir a boca algumas vezes e não conseguir responder. Houve também a leve vontade de reduzir a folha a pedacinhos, mas dominou o desejo com um sorriso trêmulo.

— Que desgraça é essa? — vociferou em um sorriso colérico.

— O que? — Assustou-se com os modos agressivos da outra — Algum problema?

Porra! — bradou — Isso não pode... — Olhava o papel sem acreditar — Essa é mesmo a lista que Lucio enviou?

— Si-sim... Mas posso abri-la novamente no computador se você achar que...

— Por favor — interrompeu, tentando se manter calma — Isso está errado, eu tenho certeza de que está!

A falta de Gisela não pareceu um evento tão feliz quando se tinha uma noiva como Cecília irritada. Não conseguia desgrudar os olhos do papel, porque ainda tinha esperanças de que Carmen havia lhe mostrado a lista errada, de outro casal, ainda que o nome de Lucio estivesse escrito no topo.

— É um casamento, não o concerto de uma orquestra sinfônica. O que são essas outras aqui? Qual é o problema desse homem? — completou inquirindo a si mesma.

Carmen transformou toda a placidez em pânico. Errou o login e senha por duas vezes antes de conseguir.

— Aqui, Cecília. Olha, é o email dele.

Carmen apontou para a tela do pequeno computador.

Era a última esperança de Cecília. Não era da personalidade de Lucio brincar daquele jeito. Se não reconhecesse o endereço eletrônico, poderia jurar que Carmen havia se equivocado. Mas estava lá, claro e incontroverso que fora mesmo seu noivo que mandara aquele arquivo.

Momentaneamente ela achou que poderia estar casando com um completo estranho, pois aquela parecia uma faceta completamente nova. O que ressuscitou todos os comentários e conselhos sobre a  pressa desnecessária daquele enlace. Um a um, primeiro a divina Diva, Marcus, Jo, Rebeca, Olavinho, Gabe e, até mesmo Milena.

— Preciso de uma bebida, se importa se... — Interrompeu-se sem palavras.

— Não, é claro que não — disse Carmen procurando algum dos garçons disponíveis.

Optou por uma taça de champanhe borbulhante e acalentador. Somente na segunda taça é que conseguiu formular as frases com alguma clareza.

— Inadmissível. Isso é inadmissível, Carmen.

Em qualquer outra ocasião e, com qualquer outra pessoa, a reação teria sido muito diferente, mas só conseguia ver em Carmen uma espiã de Gisela. A decepção estampada no rosto de Cecília teria cedido o lugar para a sua fúria implacável. Oportunamente em que ela teria derrubado, de maneira displicente, alguma daqueles pratos. O som de louças se partindo parecia lhe causar um estranho efeito calmante.

— Desculpe, mas eu posso perguntar o motivo de...

Cecília desviou os olhos da mulher à sua frente para os passos ansiosos que vinham na sua direção. Duas mulheres tão distintas em todos os níveis de compreensão. A altura elegante de Joanna, carregando a enorme barriga com um requinte admirável e a pequenez da jovem senhora ruiva que exalava uma audácia que começava na ponta do nariz, antes de alcançar o todo o rosto.

— Nos atrasamos muito? Cecília! Você já está enchendo a cara? — reclamou Diva.

— Me deixa ficar irritada, mamãe. Lucio não está levando esse casamento à sério! — Virou-se  para a outra — Oi Jo.

— Está bebendo champanhe, Ciz? — indagou Joanna interessada.

— Que bom que está percebendo isso agora, se eu tivesse sabido antes...

— Agora não, mamãe — Levantou uma das mãos para silenciar o início de monólogo que em algum ponto alcançaria o nome de Marcus — Por favor! E nada de champanhe para Juju.

— O que aconteceu, Ciz?

— Parece estamos com problemas com as músicas.

— Problemas? — retrucou Cecília, alto demais — Lucio é que vai estar com problemas se não me explicar que lista de músicas é essa!

— Então, já começamos com as sugestões? — perguntou a mãe de Cecília.

— Ah, Diva. A gente poderia escolher musicas do ABBA para a entrada da família. Posso ficar com I Have a Dream?

— Eu acho que na minha entrada com Omar deveria tocar Honey, honey.

Cecília assistia àquele diálogo empolgado com uma expressão nauseada. Não era para ser daquele jeito, tampouco para Diva e Joanna estarem dançando.

— ABBA está proibido aqui — sentenciou Cecília.

— Ele já entregou a lista?

— Já — Carmen arriscou quebrar o seu silêncio.

— Me deixa ver — pediu Joanna.

Carmen gentilmente arrancou a folha que se amassava em uma das mãos da jovem noiva.

Com o silêncio na mesa, Diva se juntou ao estudo. Ela começaram aprovando as escolhas, mas conforme iam completando a lista, as emoções iam se modificando. Primeiro surpresa, depois um sorriso meio divertido e, então, confusão.

— Ah, se vai ter Simon e Garfunkel, qual é o problema de ter ABBA? — perguntou Diva.

Cecília colocou os braços sobre a mesa e se deitou derrotada.

— Não vai tocar Cecília nesse casamento e nenhuma dessas músicas que ele escolheu.

— Essa música se parece tanto com você e é tão bonitinha — comentou Joanna tentando ajudar.

— Mas eu odeio e Lucio sabe disso!

— A brincadeira de vocês não era adivinhar o que o outro gosta? — indagou Diva.

— Lucio é péssimo nesse jogo!

— Achei a escolha de Heaven Knows I'm Miserable Now muito criativa — Joanna disse enquanto consultava o cardápio.

— Não acho nada criativo alguém cantar que está deprimido em um casamento, Jo.

— Aonde está aquela encru... Gisela não vai vir? — perguntou Diva.

— Ela precisou voltar para Brasília, mamãe — Um olhar feio para o apelido complementava a resposta — mas prometeu estar aqui para o encontro com o estilista.

— Hum.

— Onde está a sua lista?

— Eu trouxe um plano B, porque Olavinho vai juntar algumas músicas — A empolgação de momentos atrás parecia agora pertencer a outra pessoa.

Minhas músicas para o meu casamento <3 PLANO B

Entrada dos padrinhos

Mash up Drunk in Love/Halo — Beyoncé
(Olavinho disse que tem)

OU

All You Need is Love — The Beatles

Entrada dos pais da noiva

Mash up

(O que Olavinho não mandou)

OU

Para você guardei o amor — Nando Reis

Entrada do Noivo

Não tem música

(Olavinho esqueceu que o noivo também faz parte da cerimônia)

OU

I'm Yours — Jason Mraz

Entrada das daminhas

Mash up
(Mais um que o Idiota esqueceu)

OU

Ho hey — The Lumineers

Entrada da Noiva

Mash up My Girl — The Temptations e Marcha Nupcial
(Espero que ele faça realmente isso)

OU

Ave Maria

Benção das Alianças

Mash up
(Eu não deveria ter pedido ajuda a ele)

OU

Para sonhar — Marcelo Jeneci

Assinaturas e Cumprimentos

Sequência que Olavinho disse que era especial.
(Sou uma idiota)

OU

Pela luz dos olhos seus — Tom Jobim

Céu de Santo Amaro — Flávio Venturinni

Case-se comigo — Vanessa da Mata

Te amo — Vanessa da Mata

Marry you (Bruno Mars)

I do — Colbie Caillat

Love me Tender — Elvis Plasley

Saída

Mash up
(Precisa ser de Coldplay ou mato ele)

OU

Viva La Vida — Coldplay

— Sinceramente, acho que falta um toque de ABBA aqui — comentou Diva desanimada devolvendo o celular.

— No meu casamento não vai tocar ABBA, divina Diva! — gritou Ciz, elevando mexendo nos cabelos. Aquele não era um bom sinal.

— E porque não colocou aquela música que você adora? A de Casablanca? — interceptou a madrasta.

— Ela não combina com casamentos — refutou a noiva, cansada.

A banda favorita de sua mãe estava terminantemente proibida, assim como a música com o seu nome e também do seu filme favorito, que não tinha nada a ver com o casamento com Lucio. Ciz só não entendia o motivo de ser tão difícil para Jo e para a divina Diva compreenderem.

— Ah, eu acho que combina sim. É a sua cara, Ciz. Você já viu Casablanca, Carmen?

— Claro! Acho tão romântico — disse devagar, pois os olhos de Cecília pareciam queimar em sua direção. Podia não parecer, mas era um pedido de socorro — A música é aquela que toca no bar?

— Uma cena linda — suspirou Joanna.

— Ficaria bastante romântico, mas Cecília me disse que quer algo mais moderno.

— Pode adicionar essa sugestão, Carmen. Se não posso entrar com Honey, honey, quero As time goes by em qualquer momento da cerimônia.

— Não sabia que estava organizando o seu casamento, divina Diva. Já tem gente demais querendo palpitar ou não dando a devida importância — Bateu na taça vazia com os dedos — Sei que não quer que a merda desse casamento aconteça, mas colabore!

A divina Diva se inflamou. Coçou o pescoço e levantou pronta para uma longa resposta. Foi o suficiente para Carmen pensar em uma estratégia com certa rapidez.

Ela sentiu o clima se tornando denso demais para alcançar resultados práticos. Estava acostumada com embates entre noivas e suas mães, mas mal sabia que se esperasse só mais um pouco corria um sério risco de ser expulsa do estabelecimento junto com as outras três mulheres.

Assim, sugeriu que ao invés de tomarem uma decisão precipitada sobre as músicas, poderiam escolher primeiro as bandas que tocariam na cerimônia e na recepção.

Certa de que não haveria nada mais a ser feito, diante do impasse com o noivo e com as mães, Carmen se despediu e deixou as três mulheres se deliciarem com tortas de chocolate regadas à champanhe, tudo por conta de Gisela. Joanna tinha desejos com brigadeiros e as outras duas foram no embalo.

Algumas risadas retomaram o clima ameno, mesmo com as reclamações de uma Cecília irritada e muito desapontada com a frustração suas expectativas para aquela reunião. Mas as três mulheres não notaram a atenção exagerada com que um homem, sentado mais ao fundo, em local distante, porém estratégico, acompanhava àquela mesa.

############################################################################

Obrigada por continuar acompanhando!

O que acharam do capítulo? Bom, ruim, chato, a autora está perdendo a mão? HAHAHA! Digam alguma coisa!

Me diverti muito escolhendo essas músicas.  Especialmente a música Cecília (o nome da personagem foi escolhido por causa dela e tem tudo a ver com a história) e As time goes by aparecerão novamente em outro capítulo.

Nos vemos no próximo capítulo, com direito a Emiliano Amor e as medidas do vestido. Acho que estou ficando apaixonada por esse homem!

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