Triagem

By AnnaFrathane

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Charlotte tem quinze anos e desde sempre vive no subsolo da terra devido a uma explosão solar, ela sempre se... More

Prólogo
Capítulo 1
Capítulo 2
Capítulo 3
Capítulo 4
Capítulo Bônus (Klaus)
Capítulo 6
Capítulo 7
Capítulo 8
Capítulo 9
Capítulo 10
Capítulo 11
Capítulo 12
Capítulo 13

Capítulo 5

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By AnnaFrathane

Klaus me espera no mesmo lugar e exatamente do mesmo modo de sempre. Seus loiros, seus olhos azuis e sua boca formando uma linha fina faz com que eu fique apreensiva. Andei pensando o porque de tudo isso, se tudo isso tiver realmente a ver comigo, por que ninguém me diz nada ?. Minha mãe se comporta estranhamente desde o dia que ele estava conversando com o Chanceler Richard. Não reconheço mais meu melhor amigo, que mentiu pra mim e fingiu o tempo inteiro, e agora Tony começa a falar comigo, por que isso tudo ? E por que agora ? Interrompo meus pensamentos quando escuto Klaus.

- Charlotte ? - Ele me olha com um olhar de clemência, como se estivesse pedindo perdão, apenas tento ignorar esse fato.

- Eu não sei nem o que estou fazendo aqui, você mente pra mim, você me esconde coisas e ainda diz que me ama e que é meu amigo. Eu não aguento mais tudo isso acontecendo. Sinceramente, eu espero que você tenha a resposta para pelo menos uma das minhas perguntas, caso contrário, eu não vejo motivo para estar aqui. - Sinto meu rosto queimar, como toda vez que fico com raiva. Vejo seu olhar apreensivo e ele só me responde uma coisa.

- Eu te amo, isso é verdade, e um dia você vai ver que eu fiz isso tudo por você. - Ele só se retira, e me deixa ali, sozinha, sem explicação alguma, sinto vontade de correr atrás dele e gritar, exigir que ele me explique tudo que está acontecendo, já que obviamente ele sabe de tudo desde o começo, e estava fingindo esse tempo todo, mas decido não fazer, não vou me humilhar.

Fico por um tempo naquele pátio cinza e escuro, pensando em tudo que Klaus tem me dito e feito. O lugar realmente parece um festival de horror, como a maioria das coisas aqui em baixo. Um candelabro grande no centro é a única fonte de luz por aqui, além de algumas lâmpadas menores que iluminam os cantos, pois o candelabro não dá conta de todo o espaço. Já as câmeras, a direção não se importa de instalar em todo lugar. Os únicos espaços restritos são os banheiros e as casas.

Encontro minha mãe no sofá observando seu programador, prefiro não puxar papo, o dia hoje foi bastante cansativo e amanhã começam as aulas de Analisador. Vou ter que encontrar Klaus novamente e Tony, sendo que estou evitando ao máximo me comunicar com um dos dois. Passo pela cozinha e abro a velha geladeira, amarelada e pequena que minha mãe herdara de minha avó. Bebo um copo de água e decido ir para o meu quarto, mas uma voz ressoa no corredor.

- Char, por que chegou tão tarde ? - Hesito em responder, o fato dela querer saber tudo da minha vida me irrita bastante.

- Estava com Klaus mãe, ele queria falar comigo. - Ela fica quieta por algum tempo depois somente responde: "Tudo bem, vai dormir que está tarde".

Minha mãe está estranha tem uns dias, desde que a vi conversando com o Chanceler Richard ela se mostra desse jeito, parece que sempre está escondendo algo. Apenas tenta disfarçar quando eu pergunto alguma coisa, e tenta se relacionar o menos possível. Não sei mais quem é meu amigo de verdade, e a indiferença da minha mãe demonstra que eu não posso confiar nem nela mais.

                                                                                           (...)

As sete da manhã o programador desperta, vejo que tem um memorando que não foi visualizado, vejo que é da direção, somente o lembrete de que as aulas para os incipientes começam hoje. Estou extremamente ansiosa, tirando o fato de que terei que encarar Klaus e Tony. Desde a noite de ontem eu fico pensando sobre aquilo que o Klaus falou, de estar me protegendo. Isso é muito estranho, de que maneira ele me protegeria assim ?

Somente levanto da cama e pego os armamentos que a direção liberou para cada um. Sob minha mesa de centro estão um soco inglês, além de uma faca pequena e uma espécie de pote que guarda alguma substância fedida e que parece ser tóxica se inalada por muito tempo. Acho que é tudo que eu preciso para a aula de hoje. Minha mãe me chama para o café, já que hoje ela decidiu que ficaria até mais tarde para me desejar boa sorte. Ela até que aceitou bem, mas vejo nos seus olhos a desconfiança e o medo.

- Boa sorte minha filha, eu te amo. - Sorrio e vejo seu rosto preocupado e assustado, como quando eu era pequena e saia correndo pelos corredores.

- Obrigada mãe, também te amo.

Saio de casa e imediatamente sinto falta de Klaus, mas tento retirar essa falta somente seguindo meu caminho. O centro de preparação para Analisadores fica na área norte, sinônimo de que eu vou ter que andar duas vezes mais do que eu andava para chegar à escola. Ao menos vou ter mais um tempo para pensar - escuto a voz de Tony me chamando - ou não.

- Ei Charlotte. - Aquela voz faz com que eu revire os olhos, não que eu deteste Tony, nem ao menos tenho motivo para isso, mas hoje simplesmente não quero conversar. O que não significa nada, já que eu terei que responder.

- Oi Tony, como vai ? - Tento parecer o mais interessada possível.

- Tudo bem Charlotte, só bastante ansioso pela primeira aula. Me permita que eu te acompanhe ? - Ah mas era tudo que eu queria, minha vontade era falar que não, mas não quero parecer uma mal educada e presunçosa então deixo com que ele me acompanhe, sem dar espaços pra perguntas ou para que ele puxe algum assunto.

O prédio de preparação é alto, parece ter uns 20 andares, é como um arranha céu além de ser todo colorido em azul e cinza, o saguão principal é grande, possui muita iluminação a qual não estou acostumada, um grande tapete azul estendido por todo ele e ainda um busto do Chanceler Hamilton, um dos mais bravos Chanceleres que já tivemos e o único que sobreviveu por mais tempo à superfície. Tento aliviar minha tensão admirando o lugar, mas parece que não dá muito certo. Minha primeira aula é de introdução à defesa própria, pelo que parece, a sala fica no sétimo andar, o que indica 7 lances de categorias com Tony falando no meu ouvido, já que somos da mesma sala.

Encontro a sala 7 e descubro que elas não possuem cadeiras, ou transmissores e sim um tatame, e pessoas recebendo as primeiras instruções de como ser um incipiente. A sala é iluminada e incrivelmente fresca, levando em conta o calor daqui de baixo. Recebo instruções da Chanceler Aliz que me orienta com os primeiros movimentos. São somente socos e eu não vejo necessidade de ficar treinando isso, logo me dou conta de que não vou usar o material liberado. Ao fundo da sala avisto Klaus, em pé, me olhando fixamente enquanto conversa com uma menina ruiva e alta. Nunca tinha visto essa menina na minha vida, o que indica que ela era de um dos outros dois colégios que a unidade possui, e ainda assim Klaus conversava com ela de uma forma tão carismática, como se ela fosse sua melhor amiga. Não sabia que Klaus conhecia essa garota, e muito menos que conversaria assim, geralmente ele é tão fechado.

Eu e Klaus fomos criados juntos, então eu não passei pela fase de ter que conhece-lo e conquistar sua amizade. Já nascemos amigos e crescemos como irmãos. Não vou negar que desde que ele traiu minha confiança eu sinto a sua falta. Aquele abraço, seus sorrisos, tudo me fazia falta, mas evito pensar nisso e com a colaboração da Chanceler, fujo de meus pensamentos.

- Olá incipientes, eu sou a Chanceler Aliz, a ensinadora de introdução à defesa própria. Sejam bem vindos.

A Chanceler Aliz tem pele negra, cabelos cacheados, nem tão alta e nem tão baixa e não há como deixar de notar toda sua beleza, além de bastante simpática. Ela separa a turma em duplas para que sejamos aquecidos para a batalha corpo a corpo, e para a minha "felicidade" eu fico com a mais nova melhor amiga de Klaus.

- Oi, eu sou a Judy. - A voz dela me irrita, o cabelo dela me irrita, e a pele perfeita dela me irrita.

- Charlotte. Vejo que conhece Klaus. - Eu digo impulsivamente.

- Sim, nos conhecemos hoje, ele é um cara bem legal, e ficou falando de você assim que chegou, parece que ele gosta bastante de ti.

- É, costumávamos ser como irmãos. - Digo sem pensar pois suponho que as próximas palavras serão: "Por que costumávamos ?", mas não, ela só ficou quieta, parece que notou a maneira como falei dele e preferira não perguntar, o que foi uma ótima atitude da parte dela por sinal.

Depois de duas horas praticando lutas corporais, finalmente é a hora do intervalo. O refeitório é pequeno, já que as turmas possuem horários separados, não precisando de tanto espaço. Pego um hambúrguer e um suco e me sento em uma das mesas vazias, na esperança de que ninguém sente comigo, mas Klaus vem a minha direção.

- Oi. - Diz ele com aquela expressão sisuda e incrivelmente fofa ao mesmo tempo. Seu olhar ainda é o olhar do meu melhor amigo, e por um momento pareço esquecer de tudo que ele me fez.

- Oi. - Respondo de forma baixa e grossa, na expectativa de que ele entenda que não quero conversar, mas não dá muito certo.

  Reparo que algumas pessoas estão nos olhando e ele fala de forma calma e baixa, como se quisesse que ninguém notasse.  

- Sei que não quer falar comigo e muito menos quer minha amizade de volta, mas você precisa acreditar que eu fiz isso tudo pra te proteger. - Apenas o ignoro, então ele decide se retirar.

Me proteger ? O que ele sabe que eu não sei ? E por que não pode me contar ? O que eu tenho de especial ?, sou só uma menina tentando conhecer o planeta, tentando ver o que possui lá fora. O que tem de mais nisso ?. Minha vontade é de gritar com ele, de sair em sua direção na tentativa frustrada de saber o que significa isso tudo, porque já que ele quer me proteger, sei que ele sabe. Mas ao invés disso eu só fico ali, sentada, paralisada.

Quando retorno a aula Klaus não está mais lá, e eu não faço a mínima de onde ele se encontra. Forço-me a não  pensar mais nisso e me concentro na minha batalha com Judy, que começará em alguns minutos.

Assim que começamos sou acertada e derrubada. Judy é forte e seu porte físico ajuda, o contrário de mim que sou fraca, pequena, e sem o menor jeito para artes marciais, mas uma de minhas qualidades é ser insistente, então eu me levanto e tento atingir Judy, sem sucesso, sou derrubada novamente. De repente vejo tudo girar, e só consigo ver Judy me socorrendo até que eu apague totalmente.

Acordo na área de Curandeiros e vejo que tem uma menina do meu lado, é Judy.

- Charlotte, você está bem ?, me desculpe, eu não consigo medir minha força as vezes e acabei te machucando, estou me sentindo péssima.

O quarto é pequeno e branco com uma única janela pequena, um dos únicos locais por aqui que fica livre do cinza sem graça e sem vida. Judy está com um olhar de desespero, suas sobrancelhas formam um "V" e demonstram preocupação.

- Oi Judy, está tudo bem, minha cabeça ainda está doendo um pouco mas eu vou ficar bem.

Ela suspira de alívio e se senta ao meu lado, está se saindo uma ótima amiga, não sei se já posso chama-la assim, mas é o único adjetivo que encontro no momento.

Mais tarde sou liberada e assim que chego na porta da minha casa escuto um sussurro e decido não entrar. Me dou conta de que ela fala ao telefone e me inclino na porta central, gelada e de ferro para a fim de escutar um pouco melhor.

"Não há como negar, a Charlotte corre perigo, e uma hora ela terá que saber de que é a escolhida. Tudo bem, espero pela hora certa. Até logo."

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