[Dylan's POV]
Já se passaram mais de dois meses desde que conheci a Beatrice. Quando a vi pela primeira vez a entrar no gabinete, soube que ia ter uma experiência fora do normal, não sei como mas coube-o. No entanto, nunca pensei que a nossa relação viesse a ser assim. A Beatrice é uma rapariga tão diferente das raparigas da idade dela. Tem gostos, sonhos e ambições muito próprios e isso cativou-me desde o princípio. Não consigo perceber como é que uma rapariga como ela tem de sofrer tanto. Ela é uma rapariga genuína de bom coração. Sim, as melhores pessoas são as que sofrem mais. Ninguém imagina o que me passou pela cabeça quando ela me mostrou as cicatrizes no seu braço. Nunca ninguém me deu uma prova tão grande que confia em mim como ela. Naquele momento, só me apetecia, abraçá-la, acariciá-la, eu só queria afastar cada milímetro de dor que ela tivesse sentido quando fez aqueles traços. Ela não os merecia.
Ela progrediu bastante. Mas sei que o seu progresso não se deve só a mim. Consigo perceber que ela tem uma força de vontade enorme, mesmo que esteja convencida do contrário.
Apenas se passaram quase três meses e eu já conheço a Beatrice tão bem. Talvez melhor do que devia. Em pouco tempo, dei por mim a envolver-me na vida da rapariga de uma forma que eu não esperava mas que eu não consigo impedir.
Há dias, entrei no café ao fundo da rua dela, olhei para o lado e ela estava lá com o seu típico casaco quente a olhar pela janela com certeza á espera do seu pedido. Ela olhou para a frente, assim que a porta abriu e, assim que me viu, esboçou um sorriso genuíno e acenou-me alegremente. Fiz-lhe o mesmo e dirigi-me ao balcão para fazer o meu pedido. Depois disso, ela pediu para eu me sentar com ela e eu assim fiz. Passados uns minutos, entraram o Mathew e a Mia. Eles pediram para se sentarem connosco e ela simplesmente encolheu os ombros. O Mathew sentou-se ao meu lado e a Mia ao lado da Beatrice. Ao princípio, foi constrangedor. A Bea estava no seu canto a beber o seu latte e sorria de vez em quando para não parecer mal-educada. Quase nunca pronunciava uma palavra e a sua visão estava focada na caneca de barro castanha á sua frente. Comecei a entristecer também. Sabia que ela estava mal com a situação. Sabia que ela já tinha estado com eles mas também sabia que ela ainda não se sentia á vontade. Um pouco farto de a ver assim, comecei a fazer-lhe perguntas sobre coisas que lhe interessassem até que todos nos envolvemos numa conversa alegre que passou a correr.
A conclusão a que cheguei depois desse momento é que ela tem razão. O Mathew e a Mia definitivamente nasceram para ficar juntos. Acho mesmo que depois daquela conversa divertida, o trio de melhores amigos recuperou a harmonia que sempre tiveram. A única diferença é que agora há um casal bem querido á mistura.
O que realmente me preocupa é a forma descontraída que a Beatrice obtém quando está com o Mike. Aquele rapaz está constantemente a fazê-la sorrir para além de estar completamente caídinho por ela. Dou por mim a ter ciúmes dele. Sei que os meus sentimentos pela Beatrice são mais fortes do que deviam ser e isso assusta-me mas também sei que sou incapaz de fazer alguma coisa para os afastar. A Beatrice é...diferente. Ela tem algo que me cativa. A única coisa que sei é que se eu estiver mesmo a apaixonar-me pela rapariga do violino, terei de deixar de ser seu psicólogo. Não faria qualquer sentido continuar.
A verdade é que a minha cabeça está cada vez mais confusa. A Beatrice é o meu único pensamento nos últimos tempos. De cada vez que a abraço, sinto os músculos do meu corpo relaxar e o seu perfume é tão atraente e confortante. De cada vez que estou assim junto a ela, sinto-me como já não me sentia há muito tempo. Desde a última vez em que estive apaixonado. Passado é passado.
Já tive vontade de a beijar milhentas vezes mas falta-me sempre a coragem. Ela é minha paciente! Iria contra todas as regras! Eu tenho mesmo de tomar uma atitude para descobrir quais são os meus verdadeiros sentimentos por ela.
Estou neste preciso momento a conduzir em direção ao restaurante. Com o dinheiro que ganhei no fim deste primeiro mês de trabalho e com as minhas poupanças e as do Tyler (o meu melhor amigo), nós vamos conseguir comprar o local onde queremos montar o nosso futuro consultório. Vai ser um passo muito importante nas nossas vidas.
Trabalhar durante um mês num restaurante com a mãe da Beatrice foi uma experiência que com certeza nunca irei esquecer. Entendo agora onde a Beatrice foi buscar as suas qualidades. A mãe dela partilha o mesmo gosto pela música embora seja contra a filha seguir o seu sonho. Se há coisa que tenho reparado é que a Beatrice quer mesmo muito aquilo. No entanto, é insegura ao ponto de achar que não consegue lutar por isso. Nota-se a milhas que ela não está feliz no curso de ciências, apesar de ela ser apaixonada pela natureza. Aquela rapariga adora tudo o que tenha a ver com flores, plantas e animas. Ah, e o gosto misterioso dela pela época do ano mais fria? O gosto dela pelo inverno é algo que eu não consigo entender. Qualquer pessoa prefere o verão ao inverno. Ela não. Diz que adora ouvir a chuva lá fora, os campos e as casas cobertas de neve. Diz que adora ouvir o som da trovoada. E adora as roupas quentes e largas e as botas. Gosta de ficar em casa no sofá enrolada em mantas a beber chá e a ler ou a ver um bom filme. Estas pequenas coisas atraem-me de uma maneira tão forte que eu não consigo explicar.
Ela faz-me lembrar a minha irmã, a Miriam. Ela também tinha um longo cabelo castanho liso que estava ondulado a maior parte do tempo porque ela dormia de tranças, tal como a Beatrice faz. Ela também tinha uns olhos castanhos assim brilhantes e uma pele mais branca que a neve que nunca resistia a ganhar um tom carmim nas bochechas de vez em quando. Já para não falar nos gostos estranhos e únicos que ela tinha. A Miriam andava sempre com o seu caderno preto e com o lápis no meio das argolas do mesmo. Gostava de desenhar e se não tivesse acontecido o que lhe aconteceu, ela teria sido uma ótima artista.
Lágrimas escorrem-me pela face ao lembrar-me da minha menina. Eu sinto-me sempre tão culpado. Nunca a consegui proteger. Sabia que ela estava a sofrer e fui incapaz de fazer alguma coisa para a proteger. Ela fazia hoje 18 anos. Tinha a idade da Beatrice. A Beatrice faz anos daqui a dois dias. Dia 21 de março. Ela gosta desta data. É o regresso da primavera. Apesar dela preferir o inverno, não quer dizer que deteste a primavera. É a época das flores, dos pássaros...
Deixei o meu pai sozinho em casa. Eu não queria mas em dias como este, ele gosta de ficar sozinho para pensar. O meu pai é o homem mais forte que eu conheço. Eu tenho imenso orgulho nele. Gostava tanto que ele pudesse estar para sempre ao meu lado.
Estaciono o carro no parque do restaurante e coloco a cabeça no volante, tentando parar as lágrimas que não param de cair. Abro a porta e saio do carro para respirar um pouco de ar puro. Assim, que as lágrimas param de cair, entro no restaurante para mais um dia de trabalho. No entanto, sei que o meu trabalho aqui é por pouco tempo. Não tarda, eu e o Tyler começamos o nosso trabalho com que sempre sonhamos.
**
Chego a casa e chamo pelo meu pai, encontrando-o na sala de estar sentado no sofá com a cabeça para baixo pensativo. Aninho-me á sua frente.
-Como é que estás, pai?-pergunto, reticente, recebendo um encolher de ombros da sua parte.-O que fizeste hoje?-pergunto, sentando-me ao seu lado.
-Fui visitar a tua irmã. Deixei flores novas. -ele responde, encarando a fotografia dela na prateleira á nossa frente.
-Oh, foste tu. Eu passei lá quando vinha do trabalho e vi. -sorrio-lhe. Ele esboça um sorriso afeto de volta.
-Queres que prepare o jantar?
-Não te preocupes com isso. Sabia que podias estar cansado, por isso, já o adiantei. Só falta por a mesa. -ele diz e prepara-se para se levantar.
-Deixa estar, eu faço isso. -digo e levanto-me em direção á cozinha.
Depois da mesa posta, eu e o meu pai jantamos em silêncio. Depois disso, ele levanta a mesa e eu lavo a loiça.
Dirijo-me á casa de banho. Depois de um duche rápido e de lavar os dentes, visto apenas uma t-shirt e uns calções e sento-me na minha secretária para escrever uns relatórios. Olho para as horas e reparo que é tarde. Decido deitar-me mas o sono teima em não vir.
Dou por mim a pensar na Beatrice outra vez. É estranho o facto de eu saber tantas coisas sobre ela e ela não saber praticamente nada sobre mim. A minha vida não é um mar de rosas nem a dela. E não é por falta de confiança nela que eu não lhe conto mas é que há coisas que simplesmente, eu não tenho coragem de lhe contar. E eu sei que tenho de lhe contar.
Não sei o que lhe oferecer no aniversário. E não consigo evitar um sorriso assim que me lembro de uma coisa...
[nota] || Heeeeeeey
Queria pedir imensas desculpas por ter demorado tanto tempo!! Eu espero que um POV do Dylan vos compense, apesar de estar uma bostinha e demasiado pequeno. Eu tenho andado sem tempo nenhum porque voltei as aulas e agora decidi estudar um pouco todos dias para não deixar a matéria acumular. Então, não me sobra tempo para nada. Isso e a minha falta de imaginação nos últimos dias deu nisto!
Eu espero que entretanto não tenham desistido.
Reparem que eu já mudei o elenco!! A mary ensinou-me como se faz!! Ela é uma querida. Muito obrigada, bae ♡
VOTEM E COMENTEM MUITOOOO, porque eu quero saber o que vocês acham da vida do Dylan e de como ele se sente em relação à Beatrice!
Love you all, até ao próximo,
Cate xx