Blackbird

By cristurner

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Prólogo
Capítulo Um
Capítulo Dois
Capítulo Três
Capítulo Quatro
Capítulo Cinco
Capítulo Seis
Capítulo Sete
Capítulo Oito
Capítulo Nove
Capítulo Dez
Capítulo Onze
Capítulo Doze
Capítulo Treze
Capítulo Quinze
Capítulo Dezesseis
Capítulo Dezessete
Capítulo Dezoito
Capítulo Dezenove
Capítulo Vinte
Capítulo Vinte e Um
Capítulo Vinte e Dois
Capítulo Vinte e Três
Capítulo Vinte e Quatro
Capítulo Vinte e Cinco
Capítulo Vinte e Seis
Capítulo Vinte e Sete
Capítulo Vinte e Oito
Epílogo
Haunted Eyes

Capítulo Catorze

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By cristurner

Havia treinado e aprendido durante anos a esperar o inesperado. Atenção é necessária porque, em um minuto de distração, o inimigo pode usar a oportunidade para explodir seu comboio. Nem todo treinamento do mundo, contudo, podia te preparar para algumas coisas tais como certas ironias da vida que te levam a trabalhar para o homem que você detesta desde criança. Ou sua vizinha destrambelhada batendo em sua porta em um horário esquisito – para falar de um assunto mais esquisito ainda. 

- Conversar? – repeti, arqueando a sobrancelha e cruzando os braços. – À essa hora? Não dá para esperar até ser de manhã? 

- Não, não dá. 

- Você não tinha um jantar hoje? – resmunguei, amargo. 

Sim, eu ainda estava de mau-humor por ela ter saído correndo. Ficara com um humor do cão durante o dia inteiro, já que trabalhar havia sido especialmente penoso frente à perspectiva de não encontrar minha vizinha para uma sessão noturna de Game of Thrones. Não percebi o quanto gostava de assistir TV - enquanto minha vizinha atrapalhava tudo com seus monólogos sobre amenidades – até que ela cancelou nossa rotina sem aviso prévio e com uma desculpinha qualquer. - Já foi – respondeu, revirando os olhos. – São onze da noite. 

- E mesmo assim você foi bater na porta alheia. Onde foram parar as boas maneiras, hein? – não conseguia conter o tom zombeteiro. 

- Isso até me irritaria se já não tivesse me acostumado com esse seu tom, Knight. 

Dizendo isso, ela espalmou a mão sobre minha barriga, imediatamente irradiando um calor que fez descer arrepios por minhas costas, e usou sua tática de sempre de me pegar distraído para se esgueirar para dentro da minha casa. Encarei o teto por um segundo, perguntando-me como ainda caía nessa. Soltei o ar pesadamente e arrastei os pés ao segui-la depois de trancar a porta. Reid estava sentada no sofá, os cotovelos sobre as coxas, inclinada para frente e mexendo os pés, mantendo a ponta deles no chão enquanto subia e descia o calcanhar repetida e nervosamente. Sentei-me na mesinha de centro para ficar diretamente de frente para ela. 

- Não gosto de coisas mal resolvidas. Então vamos dar um jeito nisso. 

- Nisso? 

- Por algum motivo fora do entendível, eu aprecio sua companhia – ela ignorou minha pergunta.
Ou melhor, ela praticamente me ignorava por completo, já que falava olhando para algum ponto sobre meu ombro. 

- E, apesar do que você vive dizendo, sei que você também gosta do tempo que passamos juntos. Mas precisamos melhorar algumas coisinhas. A primeira delas são suas maneiras. 

- Minhas... maneiras? – repeti, incrédulo. 

Essa porra de dia de merda não acabava. 

- Exatamente. Não gosto desse tom que você usa comigo – desenlaçou as mãos cruzadas para levantar o dedo indicador em riste. 

- Não gost-

- Esse tom mesmo. Não, não – sacudiu o dedo. 

- Mas que mer-

- Não! 

- Que porr-

- Tente outra vez. 

Minhas mãos se fecharam em punhos enquanto respirava fundo e olhava para o teto, decidindo me acalmar, já que a outra opção era esganá-la. Depois de contar até cinco algumas vezes, finalmente consegui controlar meu temperamento o suficiente para tentar amaciar minha voz e falar: 

- Ok, Ok. Esse tom está bom para você? – falei, baixo e condescendente. 

- Bem mais aceitável – assentiu. – O próximo passo é trabalhar essa sua atitude. 

Pisquei devagar. 

- Minha... minha atitude? 

- Na-na-não! – e de novo aquela sacudida de dedo tão irritante. 

Quando ela fazia aquilo, tinha vontade de me inclinar para frente e morder seu dedo. Até que se deixasse a má-vontade de lado, aquela conversa era estranhamente engraçada. Estava até mesmo ficando curioso sobre onde minha vizinha iria chegar. Mantendo a expressão cuidadosamente em branco, cruzei os braços e esperaria para que ela continuasse seu raciocínio não fosse a necessidade de deixar um ponto bem claro: 

- Não quero um relacionamento. Não sou com essas coisas, então dispenso de uma vez. 

Isso chamou sua atenção o suficiente para que ela parasse de encarar a parede atrás de mim para me olhar, o cenho franzido em indignação. 

- E quem disse alguma coisa sobre relacionamento? Por que as pessoas têm fixação com isso? 

- Ah! Então você só quer sexo casual? 

Não sabia de onde aquilo vinha, mas foi preciso um esforço enorme para não rir ao dizer aquelas palavras e para não gargalhar com o puro choque que apareceu em seu rosto. Ela abriu e fechou a boca algumas repetidas vezes enquanto processava o que eu havia dito. Depois disso veio o rubor. Vermelho intenso cobriu todo seu rosto, seu pescoço e a parte do colo que o decote da blusa deixava à mostra. Outra das raras vezes que conseguia deixá-la sem resposta. 

- Mas... Mas o que... – engasgava nas palavra. – Eu não... Jamais... Não... 

Depois que ela tropeçou pela terceira vez em uma negativa, já não conseguia segurar mais e soltei uma boa gargalhada. Uma daquelas que você joga a cabeça para trás tamanha sua vontade de rir. Só consegui me controlar quando senti algo fofo inesperadamente acertar meu rosto. Minhas mãos agiram com rapidez para segurar o objeto que me atingira. Olhando para baixo, deparei-me com uma de minhas almofadas negras. Só então meu cérebro foi capaz de funcionar para entender que Reid havia atirado uma almofada em mim. 

Uma almofada no meu rosto. 

Levantei a vista para encontrá-la com o cenho franzido e os lábios apertados naquele biquinho adorável que ela sempre fazia quando estava com raiva. Depois voltei a encarar a almofada porque estava inconformado. Era minha vez de ficar chocado. Não sei se mais surpreso por ela ter tido a coragem de fazer o que nenhum outro tivera ou por meus instintos terem falhado em perceber a ameaça e neutralizá-la antes que pudesse fazer algum dano. Será que estava ficando enferrujado?
Dei uma última olhada antes de me concentrar de novo em minha vizinha. Agora ela estava me encarando com curiosidade. 

- Que foi, Knight? 

- Nada. 

Mas não era nada. Aliás, era muita coisa. Tanto que quase não consegui murmurar aquela única palavra porque sentia como se minha língua estivesse colada no céu da boca. Uma pequena pontada de pânico era responsável por isso e pelo jeito que meu estômago se remexeu de um jeito esquisito quando percebi que não eram meus instintos que estavam me deixando na mão. 

Não. 

Eles ainda funcionavam muito bem. Exceto... Exceto quando Ravenna Reid estava envolvida na equação. Não sabia por que e muito menos se gostava daquilo. O que certamente sabia era que o jeito decidido com que minha vizinha havia marchado para dentro do meu apartamento garantia que ela não sairia até que eu ouvisse o que havia planejado, então empurrei todos aqueles pensamentos esquisitos para o fundo da minha mente e voltei a prestar atenção nela. 

- O que você estava dizendo? 

- Tem certeza de que está bem? 

- Estou ótimo. 

- Não parece. 

- Não preciso que você seja minha psicóloga, Reid. 

Seus olhos se abriram um pouco em surpresa.

- Enquanto ainda somos jovens, Reid. 

- Não me chame assim – falou rápido e logo em seguida arregalou os olhos como se tivesse falado demais. 

- Não... te chamar assim? Por acaso esse não é seu nome? 

- Meu nome é Ravenna Reid – corrigiu o óbvio. 

Um tanto quanto confuso – e aquele parecia ser o sentimento da noite – encolhi os ombros e resmunguei, zombeteiro: 

- Como queira, sua majestade Ravenna Reid. 

Ao invés de sua adorável expressão indignada de sempre, recebi um olhar furtivo e outra vez suas bochechas se coloriram. Mas que porra...? 

- Nós vamos continuar sentados aqui, fazendo um monte de nada ou sua visita inesperada e completamente fora do horário educado para aparecer na casa dos outros tem alguma razão para existir? 

- Ah, sim! É verdade. 

- Sua falta de concentração nunca cessa em me impressionar, Ravenna Reid. 

- A culpa não é minha. Você que fica me cortando com suas piadinhas idiotas.
Revirei os olhos. 

- Ok. Como estava dizendo antes, acho que nós dois gostamos do tempo que passamos juntos – o jeito como ela remexia as mãos, ora em gesto amplo como que para abarcar o ar, ora apertando o jeans de sua calça. – E também gosto de... hmm... – limpou a garganta, seus dedos se fechando com mais força no tecido áspero. – Quero dizer... Hmmm... Eu... – olhou para lado de novo antes de respirar fundo e me encarar. – Eu gosto quando você me beija – confessou, baixinho. 

Outra coisa que nunca deixava de me surpreender, mas que nunca havia mencionado a Reid, era esses momentos de sinceridade absoluta que ela tinha. Toda vez que presenciava um, ou melhor, era vítima de um, sentia como se alguém jogasse um copo de água gelada em meu rosto. Tempo demais vivendo num mundo de aparências somados a mais alguns anos em um lugar onde não há espaço para questionar seu oficial superior te levam a estranhar demonstrações de franqueza. Foi preciso, então, toda concentração que havia em mim para não jogar a cabeça para trás e arregalar os olhos. Sabia que ela tomaria aquilo como uma rejeição e, mesmo não tendo tempo para analisar a situação racionalmente, não era aquilo que queria que ela pensasse. Mantendo minha expressão cuidadosamente em branco, inclinei-me para frente, apoiando os cotovelos sobre as coxas enquanto meu cérebro trabalhava freneticamente para encontrar o que eu queria fazer e o que seria dito em seguida. 

- Ok – assenti e, depois de ponderar por um momento, sabia que também deveria fazer concessões. – Concordo. E agora o quê? 

- Você concorda? – arqueou a sobrancelha. – É só isso que tem a dizer? 

Não pude evita outra revirada de olhos. Mulheres! Sempre querendo esmiuçar tudo. 

- Eu concordo com o que você disse. Isso não é suficiente? Até onde eu sei, a discussão só continua se a outra parte foi discordante – comentei, exasperado. 

Isso aqui já era complicado o suficiente, será que ela não poderia colaborar um pouco? 

Esse pensamento foi tão egoísta que antes mesmo de terminá-lo já sabia que eu estava errado. Toda a educação que minha mãe me dera se rebelava com a maneira como estava agindo no momento, então foi a minha vez de olhar para o teto e respirar fundo. 

- Ok. Você tem razão. Ok. Eu gosto de beijar você também – e só para não deixar que ela ganhasse tão fácil, continuei – Também gosto de como você rebola essa bunda de um lado para o outro, principalmente quando está no meu colo. 

E de novo estava gargalhando quando o rubor tomou seu rosto de novo. Dessa vez, contudo, consegui segurar seu pulso quando vi de soslaio que ela se mexia para agarrar outra almofada. Era tão fino e delicado. Podia circulá-lo com facilidade. 

- Não – continuei segurando sua mão. – Você me pede para ser honesto e depois me agride? O que há de errado com você, mulher? 

- Não tente virar a mesa, Knight. O errado é você – tentou puxar o braço, mas continuei segurando-a, até mesmo trazendo-a um pouco mais para perto de mim, de modo que ela estivesse inclinada para o espaço entre nós assim como eu estava. 

- Bom, agora esse é um problema seu, não é mesmo, RavennaReid? Agora que nós estamos nesse não-relacionamento juntos, é você quem vai ter que lidar com a meu jeito torto. E sincero – abri um sorrisinho de lado para esconder o surpreende sentimento de leveza que sentia ao ser capaz de pronunciar essas palavras. – Desvantagens – dei de ombros. 

- Mas agora vamos às vantagens – com a mão que estava livre, segurei-a pela nuca e venci o espaço entre nós para beijá-la. 

Não fazia nem um dia desde a última vez que havia mordido aqueles lábios gostosos, mas não restava nenhuma dúvida de que havia sentido falta. 

Ela era doce como das outras vezes, mas havia também o gosto de uva. Antes que percebesse o que estava fazendo, encontrei-me a meio caminho de deitar sobre Reid em meu sofá. A única coisa me impedindo era, bom, Reid. 

- Que foi? – olhei para baixo e sobre sua mão em meu peito. – Pensei que nós já tínhamos falado sobre tudo – resmunguei, emburrado por ter sido interrompido bem no meio dos meus planos que envolviam principalmente acariciar de novo seus seios deliciosos e, quem sabe, finalmente descobrir a cor dos mamilos que apontavam sob sua camiseta. 

- Não é porque nós entramos num acordo sobre nosso não-relacionamento que vamos transar hoje, Knight – sua voz falhava e podia ver que ela tentava imputar naquelas palavras mais confiança do que sentia. 

Aproveitei-me daquela pequena indecisão para efetivamente deitá-la sobre o sofá e me acomodar sobre ela, uma de suas pernas entre as minhas enquanto apoiava meu peso sobre os antebraços ao lado de sua cabeça. 

- Por que não? – abaixei-me para distribuir alguns beijos preguiçosos por seu pescoço. – Pensei que esse fosse o objetivo de termos chegado a um entendimento. 

- Não – suspirou. – O objetivo é que paremos de sair correndo como duas crianças. 

Outro efeito dessas explosões de sinceridade é que eles tinham o poder de, às vezes, deixar o receptor da mensagem sem graça. Aquela era uma dessas vezes. Senti minhas bochechas esquentarem e estava bastante agradecido pela posição que me mantinha escondido. Limpei a garganta e voltei a me apoiar de modo a encará-la quando tive a certeza de que o vermelho já sumira de meu rosto. 

- Ainda não entendi o porquê de isso excluir a nossa chance de transar – assim que terminei de falar um pensamento terrível me ocorreu e arregalei os olhos, horrorizado. – Você não pretende que isso seja algum tipo de diversão celibatária, né? Por que s-

Sua gargalhada me interrompeu. Ela chacoalhava tanto que seus seios roçaram em meu peito algumas vezes de uma maneira deliciosa. Prendi a respiração enquanto tentava me concentrar em outra coisa para não ficar duro, já que aparentemente aquele era um momento importante. 

- Claro que não, Knight – falou, ainda entre um riso e outro. - Também não sou virgem, antes que você pergunte. E tenho vários motivos pelos quais não vamos transar hoje. O primeiro é que isso aqui não é só sobre sexo. Se é o que você quer, sugiro procurar por alguém num bar interessada em uma transa de uma noite. E se era isso que você estava pensando que nosso entendimento – havia um brilho de diversão em seus olhos quando ela repetiu a palavra que eu usara – pode se levantar e a gente acaba com isso agora. Sem ressentimentos. Ainda vou te ajudar com seus documentos e ainda ter a quase amizade de sempre. Mas nada de beijos, com ou sem saídas ridículas depois. Então, o que vai ser? Você está dentro ou está fora? 

Péssima metáfora. Queria estar dentro dela. Agora. E provavelmente depois e mais algumas várias vezes e em várias posições e lugares diferentes, mas sabia que isso não seria possível. Apesar do que Reid falara antes sobre não estar propondo um relacionamento, ainda estava estabelecendo regras. Era pura questão de nomenclatura e isso fez minha cabeça rodar de um jeito ruim por vários segundos. 

Não queria um relacionamento. Ou um ultimato. Não gostava que me pressionassem. Sentia-me acuado e isso normalmente levava a uma reação não muito educada de minha parte, um mecanismo de defesa explosivo. Dessa vez, entretanto, podia ver, mesmo sob a fumaça horrível que me acuava, que a intenção da mulher embaixo de mim não era me enlaçar em uma relação. Ela simplesmente queria uma resposta clara. E não era difícil entender o porquê disso, visto que, quando não tinha uma ideia bem contextualizada, Ravenna criava maquinações esquisitas... a maioria delas envolvendo a máfia. 

Com a certeza de que ela não queria colocar uma coleira em meu pescoço e também graças ao peso esquisito em meu estômago ao me lembrar do gosto amargo que o dia teve no meio tempo em que ela saiu de minha casa até a hora que voltou, sabia que não havia outra resposta que poderia dar, então continuei onde estava e deixei que o gesto falasse por si. 

Pude ver o momento em que Reid entendeu que estava aceitando seus termos. Seus ombros relaxaram e ela soltou um discreto suspiro que não teria percebido se não estivéssemos tão perto. Suas mãos subiram um pouco mais e agora descansavam quase em meus ombros. 

- Ok. Bom. Agora que já estabelecemos isso também, os outros motivos são que meu dia foi horrível e-

Meu dia também foi uma merda. Sexo é ótimo para curar esse tipo de coisa. Por que tinha que ser tão difícil? 

- e estou muito cansada, além de um pouco alcoolizada. Então, nada de sexo hoje. 

- Ok – resmunguei, levantando-me. 

Já que ela não iria ficar aqui, provavelmente já estava na hora de ir embora. Já era tarde e, se ela estava cansada, queria lhe dar a opção de se levantar e ir para casa. Não estava errado, já que, assim que se viu livre do meu peso, Reid levantou-se do sofá. 

- Vamos dormir. 

Suas palavras tampouco foram surpreendentes. O que me causou um choque tremendo foi quando, ao invés de se dirigir para a porta de saída, ela caminhou para o corredor. Saltei do sofá e corri atrás dela. 

- Aonde você vai, Ravenna Reid? 

- Dormir – falou por sobre o ombro como se eu fosse um idiota. 

- Mas a sua casa é pra lá – apontei para a ponta contrária do corredor. 

- Eu sei. Mas Ava está dormindo lá em casa e ela não abre a porta à noite, então vou dormir aqui – falou como se fosse a coisa mais simples do mundo enquanto abria a porta do meu quarto. 

- Como assim ela não abre a porta à noite? Por quê? 

- Não sei. Qual lado você prefere? Eu prefiro o esquerdo, você dorme no direito – determinou sem esperar por minha resposta. 

- Quê? Nós não vamos dormir na mesma cama! 

Aquilo era intimidade demais em tempo de menos e esse negócio parecia evoluído demais para uma coisa que não era um relacionamento. E, afinal contas, por que ela queria dormir aqui? Nem eu gostava de dormir aqui! 

- Ok – ela encolheu os ombros e jogou um travesseiro no que supunha deveria ter sido em minha direção, mas que passou longe. 

Não me surpreendia que ela fosse ruim de mira. Provavelmente só me acertara na sala porque estávamos em uma distância impossível de errar. Virei-me para ela, depois de recolher o objeto no chão, e arqueei a sobrancelha em uma pergunta muda. 

- Boa noite. Espero que o sofá seja confortável – dizendo isso, ela se enfiou embaixo das cobertas e fechou os olhos com força, claramente colocando um ponto final no assunto. 

Chocado demais para fazer qualquer outra coisa, vi-me obedecendo as suas instruções e indo para a sala. Foi só quando encarei o escuro, deitado no sofá em que antes estávamos, que percebi que não precisava ter feito aquilo. 

Droga. Aquela era minha casa. Por mais que a detestasse, ainda era minha casa. 

E não era como na noite anterior em que ela estava dormindo. Agora não era errado juntar-me a ela na cama. Percebi que era exatamente isso que eu queria. Queria deitar-me ao seu lado, nem que fosse para apenas dormir. Amassando o travesseiro entre os dedos, então, levantei-me e marchei de volta para meu quarto. Ela não se mexeu quando fechei a porta atrás de mim e quando me acomodei ao seu lado. Assim que parei de me mexer, contudo, ela deu a volta e deitou a cabeça em meu ombro, seu corpo curvando em direção ao meu em busca de aconchego. 

Não sabia se ela estava dormindo ou se tinha feito aquilo de propósito, mas percebi que não me importava. Não quando podia passar o braço por sua cintura fina e sentir sua coxa sobre a minha, mesmo com o tecido da minha calça atrapalhando. 

Tampouco me importava que Ravenna Reid tivesse me envolvido em alguma coisa que, apesar da negação de nós dois, provavelmente era um relacionamento. Tudo isso parecia insignificante quando podia fechar os olhos e ouvir sua respiração suave me embalar até que caísse em um dos sonos mais pacíficos que já tive.

xxx

- Charlotte, larga essa droga de celular e atende o telefone! Quantas vezes vou ter que te falar para não ficar falando com seu namorado no horário de trabalho? 

Minha secretária imediatamente escondeu o celular sob sua mesa e arregalou os olhos, surpresa com o tom brusco que eu nunca antes usara. Sei que soava como uma vadia, mas minha cabeça estava cheia demais e meu corpo frustrado demais para me preocupar com os sentimentos da adolescente no momento. Por isso, ao invés de me desculpar, caminhei até minha sala e bati a porta. Sentada em minha cadeira, tentei controlar meus nervos irritadiços. 

Sendo justa, a culpa não era de Charlotte e nem mesmo do homem que zunia na minha cabeça o tempo todo como uma abelha irritante. A culpa era toda de Spencer. Não fosse aquele jeito meio sistemático dele, eu não estaria nessa confusão. Quando éramos menores, ele sempre falava sobre a importância de deixar certas coisas bem claras, não misturar batatas e morangos quando a intenção era fazer uma salada. Era preciso primeiro foco no seu objetivo e depois, talvez, concentrar-se em outra coisa. Era por isso que agora estava irritada e frustrada em minha sala ao invés de sexualmente satisfeita. 

Na noite anterior, mantive todo meu esforço em conseguir que Duke aceitasse que nós dois estávamos em algum tipo de relacionamento mais elevado do que simples amizade, mas inferior a um namoro. Concentrei-me em convencê-lo e em resistir a suas investidas. O cara era habilidoso. Muito, muito habilidoso e me deu um trabalho desgraçado, mas consegui que finalmente estivéssemos andando no mesmo pé. Nada mais de círculos infinitos e rodeadas frustrantes. Seria tudo perfeito não fosse aquela necessidade de compartimentar tudo, de deixar as coisas tão claras que não pudemos nem mesmo comemorar depois com uma boa rodada de sexo. 

Sexo quente e que tinha certeza que seria ótimo. Sexo que não tive graças à minha necessidade por controle que raramente aparecia, mas que, quando surgia, era um inferno de forte. E aparentemente também tinha o poder de ficar entre mim e o orgasmo que estava precisando. Agora estava com um humor do cão por Knight ter saído cedo para trabalhar e me deixado com o arrependimento pesando em minhas costas e uma excitação na boca do meu estômago. Por isso meu dia estava se arrastando como a droga de um moribundo em seus últimos minutos. Nesse pequeno intervalo entre um paciente e outro, contudo, havia conseguido um momento para pensar e planejar. 

Sim, planejar. 

Era outro dos ensinamentos Reid que eu pouco colocava em prática, mas momentos desesperados pedem medidas desesperadas. 

Podia pegar uma pizza naquele lugar ao lado da Appleby's e esperá-lo em sua casa, já que ele havia deixado uma chave para que eu pudesse trancar a porta uma vez que precisara ir trabalhar mais cedo. Sabia que ele gostava das minhas pernas e também não escondia sua apreciação por minha bunda. Tinha uma saia perfeita para realçar ambos. Não pude evitar um sorrisinho enquanto o resto das coisas se encaixava em minha mente. Oh, sim. Um bom plano. 

Quando o moribundo finalmente deu seu último suspiro, isto é, quando enfim era hora de ir para casa, tomei apenas o tempo necessário para murmurar uma desculpa para Lottie e pedir que ela trancasse tudo antes de sair correndo para o metrô. Precisava fazer muita coisa em pouco tempo se quisesse estar na casa deKnight antes que ele chegasse. 

Consegui comprar a pizza, chegar em casa, tomar um banho, dar um pouco de carinho para Cookie e me arrumar em um tempo recorde de uma hora. Acho que havia corrido mais naquela mini-maratona do que no dia em que deveria estar me exercitando no parque. O que uma mulher não faz por um orgasmo daqueles de revirar os olhos... 

Estava ofegante enquanto equilibrava a pizza em uma das mãos para destrancar a porta da casa do meu vizinho com a outra. Quando me esgueirei para fechar a porta e ascender a luz, meu coração falhou por um instante quando a caixa dançou em minha mão e tive que fazer um malabarismo para que um desastre não acontecesse. Só soltei um suspiro de alívio quando consegui me estabilizar. Apenas tive tempo de colocar a pizza sobre a ilha na cozinha antes que a porta da frente se abrisse de novo. Quase me encolhi ao perceber que ele estava num humor pior do que o com que acordei e sabia disso pelas suas passadas, ou melhor, porque, pela primeira vez, podia ouvi-lo andando. Knight estava tão bravo que até seus passos estavam pesados. 

- Hey – saí da cozinha para encontrá-lo andando até um barzinho no canto da sala para se servir de uma dose de uísque. 

- O que você está fazendo aqui, Ravenna Reid? – falou, ainda de costas, nem um pouco surpreso por minha presença, provavelmente tinha usado seus spider senses para saber que eu estava na casa antes mesmo de destravar a porta. 

- Achei melhor vir aqui, já que acabei ficando com a chave. 

Silêncio. 

- Trouxe pizza. 

Continuou de costas e observei-o levantar o braço para tomar um pouco de sua bebida. Quando ele finalmente se virou para mim, seus olhos estavam sem brilho nenhum. 

- Olha, eu realmente não sou uma boa companhia no momento - sua voz era tão vazia quanto seu olhar. 

- O que aconteceu? – automaticamente dei um passo em sua direção. 

Ele sacudiu a cabeça com um sorriso amargo antes de esvaziar o copo. 

- Vamos lá, Knight. Não precisa ficar guardando isso. É veneno. 

E isso está te devorando por dentro, completei em pensamento. Podia imaginar quão irritado ele ficaria se soubesse que eu estava usando minha experiência de psicóloga para analisar seu comportamento. Por isso, engoli o papo analista e me aproximei um pouco mais e suavizando meu tom ao tentar de novo: 

- Duke... me conta o que aconteceu. 

Ele olhou para o teto por um segundo e pensei que ele fosse me mandar embora, mas, ao invés disso, ao retornar sua atenção para mim, falou: 

- O que aconteceu... O que aconteceu é que aquele velho está ainda mais determinado em me irritar. Meu dia foi a porra de um inferno graças às interferências dele. Não entendo o que passa naquela mente maligna. Se não queria que eu fosse trabalhar lá, por que me encheu para isso a vida inteira? 

Foi como se tivesse estourado um estopim e todas aquelas palavras saíram rápidas e furiosas. E tão rápido quanto vieram, elas pararam. Pararam assim que ele percebeu que havia falado demais, revelado demais. 

- Como pode ver, não uma boa companhia – virou-se para encher o copo de novo. – Vou dormir cedo.
Aquele obviamente era o máximo de polimento que ele conseguia reunir para tentar, de jeito educado, mandar-me embora. 

Infelizmente para ele, eu não desistia tão fácil assim. Eu me preocupava e não iria embora sem ter a certeza de que ele estava bem.

- Por quê? 

Suas costas largas se retesaram. 

- Apenas vá embora. 

Quase podia ouvir seus dentes rangendo. 

- Por quê? Por que você quer que eu vá embora? – pressionei, dando mais um passo. 

Assim que ele se virou de novo para me encarar, percebi que havia ultrapassado seu limite. A única outra vez que Knight tinha me olhado daquele jeito foi quando o chamei de gay. Aquele olhar me lembrava do dia em que, em uma visita a fazenda de um amiga no Colorado, vi um tornado se formando na paisagem ao longe. Era o único jeito que conseguia imaginar para descrever o que via se passando nos olhos azuis dele naquele momento e a maneira como reagi a isto. Primeiro vinha o gelo correndo pelas veias quando você finalmente percebe que estava à mercê da natureza, depois a fascinação que somente o mais puro perigo podia causar. E então a descarga de adrenalina. 

Naquele dia no Colorado, minha amiga me arrastou para dentro de um dos abrigos do porão. Dessa vez, contudo, não havia ninguém para me salvar a cada passo que ele dava em minha direção. E eu não queria ser salva. 

- Por quê? – dava um passo depois do outro, sibilando as palavras. - Porque eu estou com raiva, muita raiva. E sabe o que é bom para aliviar essa raiva? Uma trepada das boas. Quente e dura. 

Estalou a língua, sua voz não falhando nem pouco no aço que carregava. Tive que conter o estremecimento de excitação que aquelas palavras sujas me causavam, mas era impossível conter o jeito que minha calcinha ficou ainda mais molhada. 

- É por isso que você tem que ir embora, Ravenna Reid. 

A cada passo que ele dava para frente, eu caminha para trás, até que acabamos no que parecia ser nosso lugar favorito: contra parede. 

- Porque se você e essa sainha minúscula não sumirem da minha frente nos próximos trinta segundos, nós vamos aliviar um pouco de tensão – colocou suas mãos sobre a parede ao lado da minha cabeça, efetivamente me prendendo ali, apesar de suas palavras. 

Reunindo coragem e surpreendendo tanto a mim quanto ele, ao invés de sair correndo, levantei o queixo e pousei as mãos sobre os ombros fortes por debaixo de seu terno caro. 

- Ok – mal consegui murmurar essa palavra graças à excitação e o nervosismo que fechava minha garganta e que fazia meu coração pular com força. 

Por um segundo os tornados em seus olhos desapareceram para dar lugar a uma surpresa que desapareceu tão rápida quanto surgiu. Havia, agora, apenas a mais pura fome ali. Fome que sabia que estava refletida também em mim. Suas mãos foram para minha cintura e a apertaram com força. 

- Ok? – o grunhido foi tão pesado que quase não entendi. 

Assenti. 

Knight forçou as pernas para o meio das minhas, fazendo com que a "sainha minúscula" subisse para se enrolar em minha cintura. Apertou-me contra a parede com seu corpo e eu senti cada pedacinho dele. Todo firme. Sua ereção encostou em minha calcinha e mordi o lábio inferior para reprimir o gemido. Aquilo, entretanto, só durou o tempo necessário para que Knight desse um suspiro profundo e se afastasse um pouco. 

- Não. Vá... vá embora, Reid – podia ouvir o esforço que ele estava fazendo para se controlar o suficiente necessário para dizer aquelas palavras. – Não quero... não... machucar você. 

Suas palavras eram desconexas em meio a respiração forte e sacudidas de cabeça, mas consegui entender a ideia principal, e, apesar de toda excitação, meu peito se contraiu em uma dorzinha gostosa ao perceber que mesmo meio vidrado, ele ainda se preocupava em não me machucar. Impressionante como um pouco de carinho podia elevar seu nível de tesão. Cruzei meus braços atrás de seu pescoço para segurá-lo exatamente onde ele estava então arqueei o pescoço até conseguir colocar minha boca contra seu queixo para mordiscar a pele ali. 

- Eu sei o que estou fazendo. - Sussurrei entre uma mordida leve e outra, mas sinceramente estava me arriscando aqui porque nunca tinha ficado tão excitada na vida. 

Nunca tinha sentido minha pele queimado desse jeito e meus seios doíam de vontade de seres acariciados. Knight, porém, mostrava-se irredutível, parado como uma estátua, como se estivesse orando para se controlar e para que eu me afastasse. 

- Eu quero. 

Nossa! Como que queria. 

Ainda não foi suficiente para causar uma reação satisfatória, mas seu quadril começou um movimento quase que imperceptível contra o meu. Tive que engolir em seco e lutar por um pouco de concentração ao senti-lo se estocando contra mim com apenas sua calça e minha calcinha entre nós. Sabia que ele não tinha consciência de que estava se mexendo, e isso era ainda mais intoxicante. Se era gostoso assim sem intenção, só podia imaginar como seria quando ele estivesse concentrado no que fazia. Felizmente sabia exatamente o que sussurrar contra seu ouvido para arrancar-lhe uma reação: 

- Quente e duro. 

Senti o grunhido de Knight retumbar em seu peito sob minhas mãos e o jeito como ele me esmagou contra a parede mostrou que eu estava prestes a conseguir exatamente o que queria. Sua boca desceu para minha com força e outra vez pude experimentar a sensação de ter seus dedos embrenhados em meu cabelo enquanto ele me guiava. Beijava-me do jeito que ele gostava, dominando e conquistado. Havia descoberto que também gostava assim. Sua outra mão deixou a parede para pousar em minha coxa e apertá-la. 

Tive que me separar dele para poder suspirar, jogando a cabeça para trás contra a parede, perdendo-me um pouco mais quando ele intensificou o jeito como sua ereção se esfregava em mim. Parecia ainda maior do que me lembrava. 

- Quente e duro – as palavras pareciam sido arrancadas de sua garganta. – Quente e duro, você diz – sua mão subiu minha saia para embolá-la completamente em minha cintura e fora de seu caminho. – Vamos ver se você aguenta. Mas antes... antes vamos descobrir de que cor são esses mamilos que vou colocar na boca. 

Fechou a mão por cima de meu seio direito e passou o dedão sobre meu o bico com força. Bati a cabeça outra vez contra a parede uma vez que não havia espaço suficiente para arquear as costas na reação reflexa que tive. 

- Tire a blusa. 

Minhas bochechas queimaram com força e os mamilos que ele falava com tanta intimidade ficaram ainda mais duros, clamando pela promessa que ele havia acabado de fazer. Empurrando para longe o embaraço que aquelas palavras me causaram e só me concentrando no fato de que esse jeito de falar só fazia aumentar a umidade em minha calcinha e arrepiava cada centímetro de minha pele, obedeci. Knight só se afastara o suficiente para eu pudesse me remexer para puxar a camiseta por sobre minha cabeça. O tempo que levei escolhendo qual sutiã colocar foi recompensado quando ele encarou as taças negras e passou a língua pelos lábios. 

- Sim – assentiu em apreciação e esticou a alça para depois soltá-la contra minha pele. 

A ardência em meu ombro me fez morder o lábio inferior e fechar os olhos por um segundo. 

Bom. Aquilo era bom. 

- Bom – abri os olhos ao ouvi-lo sussurrar a palavra que ecoava em minha mente. – Você tira – puxou a alça outra vez. – Quero vê-la usando esse mesmo sutiã de novo. Seus peitos estão uma delícia nele. Mas se eu tirar, vou rasgar. Você tira. Agora. 

Dessa vez ele afastou-se um pouco mais para que eu pudesse colocar a mão para trás e soltar o fecho. Quando a peça estava solta, hesitei por um segundo, mas aprecei-me a puxar as alças quando ele travou os dentes, lançando-me um olhar impaciente. Deixei meu braço ficar ao lado de meu corpo, o sutiã firme em minha mão. O aperto de meus dedos sobre a peça gradualmente perdia força à medida que seu olhar queimava meus seios. 

- Rosa – estalou a língua em apreciação e ergueu meio seio em sua mão, passando o polegar pelo bico do qual falava. 

Estremeci, minha excitação chegando a níveis absurdos por sentir seu dedo áspero. E eu estava tão sensível. 

- Rosa – repetiu. – Agora vamos ver como são na minha boca.

Antes que minha mente nublada conseguisse entender o que ele queria dizer, Duke abaixou a cabeça e fechou os lábios sobre meu mamilo, sugando forte. Dançou a língua por aquele ponto, empurrando o bico de um lado para o outro dentro de sua boca enquanto sua mão ainda segurava meio seio, apertando-o de modo firme, mas não com força. 

Gemi. Alto. O prazer estalando por meu corpo, o sangue correndo por minhas veias. Não havia ar suficiente que eu pudesse puxar para satisfazer meus pulmões, não havia nada que pudesse me agarrar naquela pequena fuga da realidade. 

Fazia tanto tempo. 

Afundei meus dedos em seus cabelos pretos e puxei forte, buscando aquele algo para segurar, para não desabar quando ele raspou os dedos pelo bico. A dor gostosa me deixava sem ar. Ele beijou o caminho até o outro seio e o sugou com força também. Fechei os olhos quando Duke acariciou o pano encharcado de minha lingerie. Descerrei as pálpebras ao sentir falta de sua boca, apesar de seus dedos ainda estarem me masturbando sobre o pano. 

- Estão ainda mais bonitos agora – falou, sua mão livre outra vez acariciando meus seios, observando fascinado como eles estavam vermelhos e cobertos por sua saliva. 

Não podia fazer nada além de descer minhas unhas por suas costas ainda cobertas pelo terno e suspirar enquanto ele me deixava na beira do precipício com suas palavras afiadas em contraste com o toque tão leve sobre meu clitóris – só o suficiente para me deixar louca. Sabia que Duke gostava de ver eu me contorcendo em busca de alívio, mas me recusava a implorar como da outra vez. Infelizmente não fui capaz de impedir que meu quadril, por reflexo, tentasse seguir seu toque quando ele afastou a mão. Imediatamente houve um aperto em minha cintura, empurrando-me de volta contra a parede. 

- Não de mova – sibilou, muito sério. 

Passei a língua por meus lábios inchados que ficaram repentinamente secos. 

- Duke... preciso... preciso de mais – consegui murmurar, tentando me livrar de seu aperto para me aproximar de novo dele. 

- Não – repetiu, incisivo. – Comporte-se, Ravenna Reid – sua voz estava muito mais rouca do que o normal. – Seja uma boa garota – chupou o lóbulo de minha orelha. 

Gemi. 

Knight me soltou e senti seus dedos se fechando sobre o pano de minha calcinha um instante antes de ouvir o som de pano se rasgando e sentir um puxão nas pernas. 

- Ai – resmunguei. 

Felizmente o tecido era frágil rompeu fácil, mas ainda assim senti um incômodo e sabia que iria ficar vermelho em minha coxa. Um segundo depois, qualquer pensamento daquele tipo – ou qualquer pensamento em geral - se evaporou de minha mente assim que Knight deslizou dois de seus dedos por minhas dobras. 

- Você está encharcando minha mão, Ravenna Reid – abaixou a cabeça para sussurrar em meu ouvido enquanto eu lutava para manter algum tipo de controle, nem que fosse apenas sobre minhas pálpebras. 

Queria vê-lo, mas o prazer era demais, as sensações eram intensas demais. 

- Será que consigo deixá-la ainda mais molhada? – retirou seus dedos, deixando uma sensação de vazio. - Talvez se eu fizer isso – beliscou meu clitóris. 

Soltei um gritinho. Meus joelhos cederam e só não fui ao chão porque Knight me amparou. Não sabia como ele conseguia estar tão concentrado apesar de toda fome que havia visto em seus olhos quando conseguia encará-lo. Impressionava-me imensamente como ele conseguia dominar a raiva a fim de me dominar. 

- Sim – soltou uma risada rouca. – Sim. Ainda mais molhada – acariciou minha entrada de novo, seu dedão pousando sobre o pontinho sensível que ele havia acabado de apertar. – E com suquinhos tão gostosos. Uma pena desperdiçá-los agora, não é mesmo, Ravenna Reid? – mordeu o lóbulo de minha orelha e deu uma estocada mais firme com seus dedos. – Vamos ter que compensar isso. Depois vou colocar minha boca nessa bucëta gostosa e vou chupar até a última gota. Mas agora... agora não – afastou sua mão outra vez e tive vontade de chorar de frustração.

A pequena parte do meu cérebro que ainda funcionava conseguiu distinguir o barulho de um zíper sendo aberto e logo em seguida de plástico sendo rasgado. Deixei que suas mãos em minhas coxas as empurrassem para cima e, entendendo a deixa, usei o resto de força que restava em minhas pernas para dar impulso e enlaçá-las ao redor de sua cintura. 

- Agora vai ser quente e duro. 

Meus olhos estalaram abertos e encontrei seus olhos azuis, sempre tão gelados, no momento queimando tanto quanto eu me sentia queimar. Abaixei os olhos ao sentir a ponta de seu pênis coberto pela camisinha começar a empurrar em minha vagina e não pude evitar o ofegar surpreso que escapou de minha boca. Já havia imaginado... fantasiado que ele era grande, mas a realidade superava a fantasia. 

Grande e grosso. 

Não tive muito tempo para análises, contudo, pois Knight estava empurrando mais. Joguei a cabeça para trás, fechando os olhos e afundando as unhas em seus ombros cobertos pelo terno enquanto ele vagarosamente fazia o caminho para dentro de mim.

- Droga... você é tão apertada – grunhiu. - Tão bom. 

Minha cabeça girava e quase não consegui juntar significado nas palavras para responder: 

- Faz tempo... 

- Bom – sibilou. – Bom – empurrou mais um pouco. 

Ele era tão grosso. Estava me estirando. Queimava como se eu fosse uma virgem, mas, ao contrário daquela primeira vez que fiz sexo, meu parceiro sabia o que estava fazendo. Knight outra vez foi falar ao pé do meu ouvido. 

- Porque sabemos que você gosta disso forte, que você gosta desse tipo de dor – suas palavras eram espaçadas, aos trancos em meio a respirações pesadas. – E você está tão molhadinha. Tão pronta para que eu te coma. 

Empurrou mais um pouco. 

Gemi alto. 

- E eu estou faminto. 

Dizendo isso ele empurrou o que faltava. Arregalei os olhos enquanto dor e prazer se misturavam em uma combinação que derretia meu cérebro e fazia com que me sentisse como se estivesse virando massinha de modelar em suas mãos. Knight esperou apenas o suficiente para que me acostumasse com a sensação de tê-lo em mim antes de começar a estocar. 

E... nossa! Aquilo era bom. 

Vez ou outra, quando ele entrava em mim, esfregava meu clitóris, disparando faíscas naquele botãozinho já tão sensível. Fora isso, Duke não fez nenhuma outra tentativa de me masturbar de novo. Suas mãos estavam firmes em minha cintura, apertando-a em forte, mas não na mesma intensidade que eu arranhava suas costas. Ele queria que eu gozasse só com ele. Só pelo jeito que ele me comia. Não sabia se seria possível, mas, se alguém fosse alcançar esse feito, seria Knight. E ele estava perto de alcançar sua meta. 

Só o jeito que ele me comia. Iria gozar só pelo jeito que ele me comia. 

Meus gemidos agudos, os grunhidos de Knight e o barulho de sexo enchia o cômodo. 

Duke não perdia o ritmo e nem a intensidade. E, a cada vez que ele me enchia de um jeito que nunca havia experimentado, aproximava-me mais do orgasmo que sabia que seria ainda melhor do que o outro que ele me dera. O fato de ele estar basicamente ainda todo vestido enquanto eu só tinha minha saia enrolada na cintura deixava as coisas ainda excitantes. As luzes acesas e a posição em que estávamos transando acrescentava cada vez mais calor, trazia novos choques elétricos de prazer.
Nunca havia feito nada daquilo. Nada nem remotamente tão gostoso quanto aquilo. 

Ele aumentou a velocidade e sabia que ele estava tão perto quanto eu. Trouxe-o para mais perto, apertando minhas pernas ao seu redor e puxei os fios de seu cabelo, fazendo-o levantar a cabeça e deixar de beijar meu pescoço. Pela primeira vez vi seus olhos ficarem nublados. Ele nunca tinha parecido mais gostoso do que naquele momento. 

Suas bochechas estavam tão coradas quanto imaginava que as minhas estivessem. Abaixei-me e meus lábios encontraram os seus. Não foi exatamente um beijo porque nós dois estávamos descontrolados demais para nos concentrarmos em alguma técnica. Suspirávamos com força contra a boca um do um outro e ora ele mordia meu lábio inferior, ora eu sugava o dele. Eu estava tão, tão perto. 

Nem mesmo sabia que conseguia alcançar o orgasmo sem alguma estimulação direta, mas podia senti-lo chegar, fagulhas por toda minha pele. 

Precisava daquilo. Precisava alcançar aquela promessa. 

Duke apertou minhas coxas e deu mais algumas estocadas firmes, então girou o quadril e toda aquela tensão que havia construído explodiu quando o orgasmo bateu em mim com tanta força que o mundo girou ao meu redor. 

Quente e duro. Em meio a meu próprio tornado.

###

N/a: ALÔ, ALÔ PESSOA INCRÍVEL. tudo bem com você? Primeiro vamos desabafar. Não gostei da primeira parte do capítulo. Nops. Não gostei. E entendo se vc não gostar tbm, mas me fala isso com carinho se esse for o caso. Essa parte da história ficou complicada de escrever. Bem complicada. Mas eles precisavam chegar a algum lugar e a personalidade ansiosa da Rave não deixaria que isso fosse feito de uma maneira... natural. Anyway... quem sabe a segunda parte tenha compensado, né? Nesse dia pós-dia do sexo. UHAUHAUHA ;)

De qualquer jeito, espero que vocês tenham gostado. Eu escrevi de coração e tentei fazer o melhor possível.  ;)

AGORA VAMOS AGRADECER! Gente, caramba! Passamos de mil votos e acho que teve mais de duas mil visualizações desde o último capítulo. E os comentários? ai que coisa maravilhosa foi essa? *-* muito obrigada. Estou respondendo aos poucos, mas vou responder tudo. Prometo. Quero agradecer também a todos que foram falar comigo no ask ou no grupo. Vocês são lindas e eu amo vocês <3

A música desse capítulo foi the hills by the weeknd. Muito boa. Super recomendo. Coloquei o link dela no youtube em algum lugar ai pra vcs - não sei onde o external link vai. hehehe

Beeeeijos e bom feriado <3 


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