Fique.
Clementine Lincoln
21:30 PM
Respirei fundo, apoiando minha cabeça na parede e deixando meus pensamentos me levarem. Nas duas semanas que passaram eu fiquei trancada no quarto, só saía apenas para dar as aulas de dança. Como Ari sempre ia comigo, eu não precisei de Andrew por perto. Tenho me enganado tentando me sentir bem, mas esse lugar não é pra mim. O cansaço físico e emocional que estou sentindo é fora do normal. Faz um bom tempo que não vejo os meninos e o meu pai também. Já Elijah veio até mim umas duas vezes essa semana.
A casa está silenciosa e eu agradeço por isso quando saio do quarto e desço as escadas. Acendi a luz da cozinha e fui até a geladeira, vendo a minha janta separada. Peguei o prato e coloquei para esquentar no microondas, batucando os dedos na bancada enquanto espero. Comi rapidinho e senti um alívio, estava morta de fome. E a comida da empregada, Marisa, é maravilhosa.
---- Nunca vai perder essa mania, não é? ---- Tomei um susto com a voz de Andrew.
---- Pelo visto, nenhum de nós. ---- Disse seca, me levantando e indo lavar meu prato. Escutei seus passos atrás de mim e logo senti sua presença do meu lado. O ignorei e terminei de lavar meu prato.
---- Pensei que não quisesse dar as aulas, por que continuou? ---- Virei o rosto para fita-ló, vendo sua expressão calma.
---- Não precisa fazer isso, tá legal? ---- Sorri forçadamente.
---- Fazer o que?
---- Fingir que se importa, eu sei que você só tá nessa por quê eu sou filha do chefe. ---- Dei ênfase na última palavra. Andrew negou com a cabeça e sorriu sacana.
---- É isso o que pensa?
---- Foi o que VOCÊ falou pra mim! ---- Rosnei. Ele me fitou sério e se aproximou, recuei até estar encurralada na parede.
Andrew me analisou antes de colocar as mãos ao lado do meu corpo, me prendendo ali.
---- Eu trabalho pra o seu pai. O que você espera de mim?
---- Absolutamente nada. ---- Respondi séria. ---- Mas não é porque você trabalha para Brian que você precisa ser falso comigo. Eu tenho certeza que ele não te paga pra fingir ser meu amigo.
---- Então você já estava me considerando como amigo? ---- Provocou com um sorriso presunçoso.
---- Já descobri que você não é capaz pra o cargo. ---- Devolvi e vi seu sorriso desmanchar.
---- Eu não ligo para ninguém. Sou cabeça dura e é difícil eu ser legal com alguém. ---- Fitou meus olhos. ---- Eu posso não demostrar, mas eu sinto. Sinto pra caralho! ---- O fitei seriamente, tentando achar qualquer sinal de mentira.
---- Por que falou que eu era só a filha do chefe? ---- Perguntei com a voz baixa. Então ele se afastou, como se eu tivesse apertado na sua pior ferida. Não posso julga-ló, eu não sou uma pessoa fácil em relação a sentimentos também.
---- Porque você é a filha do chefe. ---- Ele deu de ombros sem me olhar. ---- Eu realmente estava tentando fazer com que você se acostumasse com a gente. Não foi falsidade.
---- Hey. ---- Puxei seu braço, fazendo ele se virar pra mim. ---- Obrigada por isso. Você só não precisa agir como se fosse sua obrigação.
---- Nunca foi. ---- Ele estalou a língua no céu da boca e eu encolhi os ombros. Não tinha mais nada pra dizer então girei meu pés para caminhar para fora da cozinha, mas ele me chamou.
---- Sim? ---- Me virei.
---- O pessoal vai em uma boate daqui a pouco, tá afim de ir? ---- Perguntou com as mãos nos bolsos.
---- Claro. ---- Sorri animada.
---- Não demora pra se arrumar. ---- Avisou. Assenti e saí correndo para o meu quarto. Uma boate não seria nada mal.
Coloquei um dos quinhentos vestidos que tem no meu closet. Não imaginei que iria sair desta mansão e não sei por quê estou tão ansiosa com isso. O vestido é simples mas elegante na mesma medida. Sua mangas compridas, e a parte do peito é um tomara que caía. O seu tecido é confortável. A parte até acima do umbigo é um tecido fino transparente. Me apaixonei de primeira, fora o fato dele ser preto, uma das minhas cores favoritas.
Pentieei meu cabelo fazendo um meio preso. Coloquei argolas douradas e correntinhas da mesma cor. Na maquiagem eu fiz um delineado e passei um batom bem vermelho. Dei uma última olhada no espelho e saí correndo.
Passei quase 30 minutos me arrumando, espero que Ari esteja na mesma que eu. Assim que comecei a descer as escadas, vi que estava errada, todos estão me esperando.
---- Obrigado, Deus! ---- Chris comemorou e eu ri da sua dancinha idiota. Me senti um pouco desconfortável, é a primeira vez que estou arrumada pra valer na frente deles.
A sensação é que estou de frente para um bando de leões e eu sou a caça.
---- Vamos? ---- Andrew se pronunciou, tirando a atenção de mim. Graças a Deus.
Parei um pouco para observar-ló. Calça jeans, Blusa de manga preta, jaqueta de couro.. Sua corrente de prata foi o que mais me chamou atenção, já percebi que todos da equipe tem uma. Fitei sua barba aparada e fiquei presa olhando seus lábios, até perceber que ele me fitava. Meu coração errou todas as batidas e eu senti minha bochecha queimar, corei violentamente.
---- Pode admirar, eu deixo. ---- Andrew sorriu sacana, se aproximando. Só agora que eu percebi que estamos sozinhos na sala.
---- Estão nos esperando na garagem. Saíram enquanto você tava no seu mundo pervertido. ---- Disse vendo minha expressão confusa.
---- Então vamos. ---- Ignorei sua última fala, saindo na sua frente. O carro que Andrew escolheu foi o seu Corvette vermelho. Um dia eu ainda vou roubar esse carro dele.
---- Qual é a sua com carros? ---- Ele perguntou depois de sairmos da mansão.
---- O que quer dizer? ---- Observei o painel do carro.
---- Você babando toda vez que a gente entra na garagem. ---- Me fitou brevemente e depois voltou a olhar pra estrada.
---- Carros são minha paixão. ---- Dei de ombros. ---- Brian tinha uma oficina na época que era casado com minha mãe. Então eu cresci nesse meio e mesmo depois que ela morreu a oficina continuou lá.
---- Sua mãe também gostava de carros? ---- Andrew parou no sinal e eu dei uma risada. ---- O que?
---- Não esperava uma pessoa como você parando no sinal. ---- Disse sorrindo ironicamente.
---- Tem dois carros da polícia na esquina. ---- Ele retribuiu o sorriso. Olhei em volta e realmente, tinha dois carros da polícia na esquina, provavelmente fazendo ronda ou algo do tipo.
---- E isso te impede? ---- Perguntei curiosa. ---- Vocês não pagam pra eles cobrirem vocês ou algo do tipo?
---- A polícia recebe uma boa quantia pra se fingir de cegos em relação aos nossos negócios. ---- Andrew acelerou com o carro novamente. ---- Mas não é como se tivéssemos todos nas mãos. É apenas o delegado e o juiz. Então se eu fizer merda nas ruas, eu ainda vou ter a dor de cabeça de ir até a delegacia pra fazer o teatrinho.
---- Interessante. ---- Fitei a janela e senti seu olhar em mim.
---- Não respondeu minha pergunta.
---- Sim, minha mãe também gostava de carros.
Ele apenas assentiu e o resto da viagem até a boate foi silencioso. Quando chegamos, eu fiquei maravilhada com o lugar. O clima contagiante que me atingiu assim que eu botei meu pés aqui, era algo que eu precisava a muito tempo. Quase engasguei quando Andrew passou o braço pela minha cintura, me puxando pra perto. Seu maxilar estava travado e olhei em volta percebendo uns caras me comendo com os olhos.
---- Vamos lá para cima. ---- Disse em meu ouvido, apontando para o camarote. Me apertei em seu corpo para passar pela multidão e logo chegamos na área vip, os garotos já tinham putas no seu colo e Ari estava entretida conversando com Aron.
---- Clem! ---- Liam sorriu abertamente. Observei o cigarro de maconha nas suas mãos. ---- Tá afim?
---- Não, valeu. ---- Sorri sem mostrar os dentes e ele assentiu.
Vi um barzinho bem do meu lado e abri uma garrafa de vodka, misturando com energético. Coloquei um canudo de guarda-chuva só pra ficar bonitinho. Me apoiei no balcão, vendo a multidão dançando sobre a pista de dança e as luzes piscantes. Eu queria ir lá. Fitei Ariana mas ela realmente está muito envolvida na conversa com Aron. Então deixei pra lá, não tenho coragem de descer sozinha.
Dei uma olhada no camarote e vi que tinha um corredor que dá em algum lugar.
---- Quer ir lá? ---- Me assustei com a voz de Andrew.
---- O que tem lá? ---- Dei um gole na minha bebida.
---- Quartos e o escritório do seu pai.
---- Por que ele tem um escritório aqui? ---- Franzi o cenho, colocando minha bebida no balcão.
---- Porque a boate é dele. ---- Andrew deu de ombros. - Vem.
Me puxou pela mão e fomos até o corredor, tinha uma janela bem no início que parecia uma porta, aonde dava pra ver melhor a pista de dança. Passamos por 4 portas e por fim entramos no escritório. Andrew acendeu a luz e minha mão foi parar na minha boca, completamente surpresa. Um quadro enorme com a foto da minha mãe estava bem atrás da cadeira.
---- Ele mandou colocar assim que comprou a boate. ---- Andrew disse, parando ao meu lado.
---- Eu juro que não entendo ele. ---- Neguei com a cabeça.
---- Seu pai pode ser muita coisas, Clem. Mas eu tenho certeza que ele amou verdadeiramente essa mulher. ---- Apontou para a foto.
Respirei fundo, fitando a foto. Senti a mão de Andrew tocar a minha e ele passou sua mão pelo meu braço, ombro, nuca. Pigarriei ao olhar pra ele. Escolha errada. Perto demais. Rápido demais.
Nossas testas ficaram coladas quando virei minha cabeça pra ele. Andrew puxou o meu corpo pra si e seu olhar ficou preso nos meus lábios e eu engoli um seco. Sua mão direita segurou minha nuca firmemente e nossas respirações se misturaram. Eu mexi suavemente a minha cabeça só pra sentir seus lábios esbarrarem com os meus. Então eu prendi contra os meus lábios e soltei, mas pude raciocinar porque no próximo segundo ele invadiu minha boca com sua língua.
Eu fui no céu e voltei quando senti sua mão esquerda apertar a minha cintura. Sua boca esmaga a minha com força e eu estava completamente derretida em seus braços, então agarrei sua nuca com as duas mãos e senti ele me puxar ainda mais pra perto. Senti sua ereção contra mim e afastei meus lábios, procurando por ar. Andrew não me deu qualquer trégua e sugou meu pescoço, com a sua mão saindo da minha cintura e direcionando pra a minha bunda. Procurei pelos seus lábios novamente e senti ele me empurrar para trás, logo me colocando sentada na mesa do escritório.
O seu celular começar a tocar e ele bufou, se afastando. Grunhi com o seu afastamento imediato e respirei fundo.
---- Fala. ---- Disse irritado, me fitando enquanto eu ainda estou ofegante. ---- Agora? Por que? Tá. Tá bom, caralho! Tchau!
---- O que foi? ---- Desci da mesa.
---- Temos que voltar. ---- Revirou os olhos. ---- E nem faça perguntas sobre. ---- Me cortou assim que eu abri a boca. Bufei e passei por ele, saindo do escritório, sei que estava atrás de mim por quê escutei seus passos.
A cena de Liam quase se engolindo com uma garota no seu colo me deu nojo. Dá pra ver o quão bêbado ele está. Aron e Chris estão sentados ao lado, chorando de rir, com certeza bêbados também. Olhei em volta e não achei Ariana. Andrew se aproximou deles e falou algo baixo, a atitude dos dois mudou e eles ficaram sérios. Logo foram falar com Liam e o mesmo tirou a garota do seu colo, como se não fosse nada. Eles passaram por mim, sumindo do meu campo de visão. Andrew e eu também saímos do camarote e passamos pela multidão, chegando do lado de fora.
---- É muito grave né, pra Liam dispensar a garota dele. ---- Comentei com andrew enquanto íamos até seu carro.
---- Não era a garota dele, era uma puta qualquer. ---- Riu pelo nariz.
É óbvio que ele não me disse mais nada sobre. Resolvi desistir e fiquei quieta todo caminho até em casa. Eu estranhei o silêncio ensurdecedor da mansão quando entramos.
---- Não saía do seu quarto, ok? ---- Andrew me puxou, subindo comigo as escadas.
---- Por que isso? ---- Perguntei quando ele parou em frente a minha porta.
---- Não faça muitas perguntas, babe. ---- Cruzou os braços, sorrindo pra mim. Revirei os olhos com o apelido e o seu sorriso aumentou.
---- Meu pai está aqui pelo menos? ---- Cruzei os braços e ele negou com a cabeça. ---- Tem alguma merda acontecendo e vocês vão me deixar sozinha?!
---- Relaxa, ninguém vai chegar até você. ---- Me tranquilizou. ---- Agora vai dormir vai.
Dei risada com o seu tom de impaciência e me virei pra abrir a porta. Entrei no quarto e o fitei. Ele me olha de um jeito diferente e um sorriso calmo paira nos seus lábios. Voltei a me aproximar dele e seu olhar analisava todos os meus passos. Segurei seus braços e o empurrei na parede do corredor, grudando nossos lábios. Andrew rapidamente retribuiu com suas mãos indo para a minha nuca.
Ele enfiou uma mão no meu cabelo e os puxou e eu mordi seu lábio em troca. Nossas bocas se encaixaram como se fossem destinadas para isso. Passei minhas mãos pelo seu peitoral e sua mão que estava na minha nuca desceu até o meu seio. Senti meu corpo pegar fogo quando ele apertou meu seio com força e eu reprimi o meu gemido. Enfiei minhas mãos dentro da sua blusa, arranhando sua pele e fazendo ele se arrepiar. Andrew chupou minha língua e eu arfei baixinho. Meu ar já estava no limite e minha sanidade também. Ele mordeu meu lábio inferior, encerrando o beijo.
Abri lentamente os olhos, sentindo seus dedos passearem entre meus lábios entreabertos,devido a respiração descontrolada. Sorri negando com a cabeça quando ele tentou se afastar e o puxei novamente pra mim.
---- Eu tenho que ir.. ---- Sussurrou.
---- Fica.. ---- Pedi baixinho e ouvi sua risada rouca.
---- O que você faz comigo em?