Oi, lindas. Como estão? Eu demorei um pouquinho porque queria escrever dois capítulos numa lapada só e o próximo tá muito especial, juro pra vocês.
Boa leitura, amores 💋
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Robert não dorme no sofá, mas na própria cama com você. Você tinha se esquecido como era dormir com ele, mas mesmo se se lembrasse perfeitamente, sabe que não é a mesma coisa: é muito melhor. Existe uma diferença bem palpável entre o garoto que ele foi e o homem que ele é, começando pelo porte físico, e aquele corpo mais largo e mais forte te acomoda muito bem durante toda a noite, te aquecendo tanto que você de esquece que é inverno na Inglaterra.
Claro que dormiu com ele na Itália, naquela cama dura de solteiro, e também passaram algum tempo deitados juntos em outras ocasiões. Mas é diferente. Dessa vez vocês dormem profundamente, levemente, porque sabem que um não sairá mais do lado do outro. Sabem que a relação não é mais tão frágil assim, que não está a um fio de estourar, e essa é a parte mais gostosa de tudo: o amor tranquilo, seguro e aconchegante. Talvez mesmo nos melhores tempos da adolescência você nunca tenha se sentido assim com ele.
De manhã você acorda com beijos suaves no seu pescoço e rosto. Está de costas para Pryce, com um braço dele a sua volta em um abraço que você nunca desejaria sair.
- Que horas são? - Você pergunta, esticando seu corpo na cama.
- Ainda é cedo, mas tenho que sair daqui a pouco. Não queria te acordar - Ele desliza o nariz pelo seu pescoço e beija sua pele outra vez. - Pode voltar a dormir.
- Sem você? - Você resmunga. Sabe que boa parte do seu conforto vai embora quando Rob sair dessa cama.
Ele ri no seu ouvido, fazendo todo seu corpo se arrepiar.
- Podemos nos ver de noite, o que você acha? Um encontro e tudo mais.
- Eu acho ótimo.
Ele te aperta mais contra o próprio corpo, deixando beijos em sua nuca. Você fecha os olhos e aproveita a sensação antes que Rob vá embora.
- Nos vemos à noite - Ele fala, deixando uma última carícia no seu cabelo e levando os lábios ao seu ouvido. - Amo você.
[...]
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Então é definitivo? Eu tenho um genro?
- Não sei se ainda podemos usar esses termos.
- Como não pode usar esses termos, menina? Seis anos encalhada sofrendo por esse macho, meu Deus do céu. Deixa a mãe usar esse termo pela primeira vez na vida.
Você ri. Não costuma deixar sua mãe muito informada sobre esta parte da sua vida, mas agora que as coisas são um pouco mais certas, você não conseguiu se segurar e ligou para ela.
- Tá bom, dona Sônia. Digamos que você tenha um genro.
- Ai, que maravilha, que bênção. Sua tia Hilda não queria que você voltasse com ele, não, viu? Acho até melhor você não contar pra ela por enquanto, que ela tem uma antipatia por esse menino. Viu ele na TV esses dias e xingou até a quinta geração. Ela acha ele um sem noção, mas tenho certeza que isso vai passar quando ele conhecer. Você vai trazer ele pra almoçar quando?
- Calma, mãe. Você está mais ansiosa do que eu.
- Claro que eu tô ansiosa, Y/N. Filha única da gente, sabe, a gente quer ver o filho ser feliz. Você tá feliz, minha filha?
Você está tão feliz que não consegue parar de sorrir.
- Estou, mãe.
- Então traz esse menino pra eu conhecer, gente. Pelo amor de deus. Tô ficando velha, sabia? Quero ver minha filha com uma pessoa boa, sair pra jantar em família, ver você de vestidinho de noiva. Eu pessoalmente vou te levar pro altar, sabia?
- Estou sabendo agora - Você ri. Seria o cenário perfeito, se ainda não fosse muito cedo para pensar nisso. Depois do divórcio você e sua mãe precisaram se unir para superar a traição do seu pai, isto é, depois de você voltar do seu ano na Inglaterra. Mas passaram seis anos juntas, sempre ajudando uma a outra. - Como as titias estão?
- Deya tá com um romance aí. Ela não quer contar detalhes, mas sei não, em. Sua tia Hilda acha que é porque ela tá com mulher. Claro que a gente não vê problema, mas a Deya é orgulhosa, não deve tá querendo contar só porque a Hilda disse aquela vez que sempre achou que ela era lésbica, e você sabe que Deya prefere morrer a admitir que Hilda estava certa.
- E a tia Hilda?
- Voltando com o marido, acredita?
- Mentira!
- É, bem. Mas também, todos os filhos saíram de casa, tão criados. A gente se sente sozinha, sabe. E pra ela é mais fácil ficar com o Humberto que ela já conhece as manias do que aprender a suportar um homem novo.
Você e sua mãe ainda ficam fofocando por um tempo no telefone. Sempre tenta encontrar algum momento no seu dia para falar com ela, e de praxe com suas tias também, embora às vezes te falte tempo. Por isso você faz isso agora: enquanto se arruma para sair com Robert.
Ele irá te levar para uma orquestra, e é interessante porque você nunca viu uma de perto. Você está ansiosa. Não pela orquestra em si, mas porque, depois de muito tempo, vai ter um encontro com o Rob. Ainda que tenha saído com ele no Halloween, que tenham tido aqueles dias incríveis na Itália, agora tudo é diferente.
Agora é para valer.
Algo mudou e isso é claro. Não existem mais incertezas, inseguranças e só o fato dessas coisas não existirem mais te dá frio na barriga. Você está ansiosa para descobrir o que será de vocês dois dali em diante, mas tenta pensar em uma coisa de cada vez: primeiro no encontro. Você se arruma com Gary presente o tempo todo, palpitando nas suas escolhas e te ajudando com o seu cabelo. Ele sabe o quanto você está animada.
🦋 O que você veste? 🦋
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- Você acha que está bom? - Você pergunta para o seu amigo. Dá voltinhas na frente do espelho enquanto seu ele observa, apoiado no batente e de braços cruzados. - Seja sincero.
- De zero a dez?
- De zero a dez.
Ele faz um bico, te analisando, mas então sorri.
- Dez, né. Dã - Você ri para ele. - Tá super gata.
- Mas gata tipo gata elegante que está indo para uma orquestra ou gata que está indo para um bar?
- Para a orquestra. E se me permite dizer, para a cama também, porque quando o Rob te ver assim...
- Gary!
Ele encolhe os ombros enquanto você ri.
- Vocês finalmente vão se assumir! Ninguém aguentava mais!
- Calma, não chegamos lá ainda.
- Claro, vocês precisam dessa baboseira de protocolo de três encontros - Ele revira os olhos. - Só vão transar no terceiro?
- E se eu disser que sim?
- Eu te chamaria de mentirosa.
Você ri. Vê que chegou uma mensagem de Rob no seu celular: ele chegou. Você respira fundo, se olhando no espelho uma última vez. Sabe que ele irá gostar; ele sempre gosta, e é justamente isso que te deixa com o coração na boca.
- Ele está aí. Ai, caramba, por que eu estou nervosa?
Você coloca seu sobretudo, pega sua bolsa e começa a andar com Gary para a porta.
- É o charme inglês, darling - Ele força o sotaque, zombando um pouco. Você mostrou a ele o bilhete que Pryce te deixou naquela manhã. - Você não volta hoje, né?
- Não sei. Pretende dormir e me deixar para fora de novo?
- Não finja que não te fiz um favor - Ele diz. - Vou beber vinho e apagar hoje. Talvez ver uns filmes e viver minha noite triste de marido abandonado.
Gabe só volta de viagem no Réveillon e Amara está com a companhia de teatro nesta noite para os ensaios finais. Você não queria deixá-lo sozinho, tanto que disse isso a Rob, recebendo um "ele vai sobreviver. Acho que preciso mais de você do que o Gary esta noite" como resposta.
- Você devia adotar um cachorro, Gary - Você brinca, mas a expressão dele é bem séria.
- Sabia que já pensei nisso? Mas enfim, faça um favor a você mesma e não volte. Você pode dormir numa cama melhor que a do meu quarto de hóspedes.
Rob te espera fora do carro, encostado na porta. Ele está com Heloíse nesta noite, o carro que ele usava na adolescência, e isso te surpreende. O inglês não costuma usá-la muito no dia a dia, e já fazem seis anos que você não vê este carro de perto. Ainda é linda e brilhante, e com ele em frente a ela, parece mais linda ainda.
No entanto, enquanto você admira o carro, Pryce parece admirar você. Ele abre um sorrisinho discreto enquanto você se aproxima dele, os olhos passeando por todo seu corpo e pelo que ele consegue ver debaixo do seu casaco, te deixando irremediavelmente quente.
- Você está linda - Ele diz quando você está perto o suficiente, segura sua mão e te traz para perto oada beijar o canto dos seus lábios. - Muito linda.
- Você também - Você sorri para ele.
O inglês trocou os jeans por uma calça de alfaiataria preta, camisa social branca e um sobretudo preto por cima. Mesmo básico, ele consegue ser extremamente sexy, com aquele sorriso de escárnio e o perfume já se impregnando em você.
- Não sabia que viria com a Heloíse.
- Você viu? - Ele ri, apontando para o carro. - Decidi levar ela para passear também.
- Então eu não sou a única garota que vai sair com você hoje?
Com um braço ao seu redor e sorrindo para o seu rosto, Rob deixa um beijo na sua sobrancelha, provavelmente não querendo borrar seu batom logo no início da noite.
- Não, mas é a mais importante.
Ele abre a porta do carro para você, você entra e o rapaz dá uma corridinha para entrar do outro lado. Durante o caminho vocês ouvem música, mas falam por cima dela porque amam conversar um com o outro. Agora que as tensões passaram, um ótimo e leve clima paira entre vocês. Você está feliz, não pode deixar de sorrir e os olhos de Rob brilham a cada vez que você gargalha.
Quando chegam no teatro, você descobre que não é apenas um teatro, mas o Royal Opera House, o maior teatro da Inglaterra. O saguão está cheio de pessoas elegantes e você fica feliz em ter se arrumado tanto também. Embora a formalidade do local, Robert ainda te abraça para lhe aquecer enquanto esperam na fila para entregar os bilhetes, e parece natural ficar ali, grudada ao corpo dele, com a mão do rapaz acariciando gentilmente suas costas, enquanto vocês conversam e vêem a neve cair suavemente do lado de fora.
[...]
A
orquestra foi linda, te tirou do chão e tirou lágrimas dos seus olhos também. Depois, Rob te tirou dali e te levou para conhecer a Tower Bridge, e o fato de ter neve por toda a superfície tornou a experiência de andar por uma passarela imensa toda de vidro, com Pryce te fazendo olhar para baixo enquanto caminhavam atrás de você segurando sua cintura para que você não escorregasse na neve.
- Eu devia ter colocado outros sapatos - Você diz ao quase levar mais um escorregão.
Rob ri atrás de você.
- É questão de costume, amor - Ele diz, se aproximando mais, até o peito estar grudado em suas costas e a boca em seu ouvido. - Venha mais vezes a Londres e problema resolvido.
Você ri, mas se treme inteira com aquele sussurro e especialmente com o apertão suave que ele dá em sua cintura.
- Vou pensar no seu caso - Você brinca.
Rob se recosta na grade da ponte, sem se importar se irá molhar o sobretudo, e te abraça para que você se apoie nele. Quase não sente frio estando grudada ao corpo do inglês, e por um momento fecha os olhos.
Se lembra do primeiro encontro de vocês.
É engraçado pensar nisso. Naquela noite, sete anos atrás, vocês eram só adolescentes, mas Pryce te chamou para jantar e vocês estavam determinados a se parecerem como adultos, agir como adultos, comer adultos. Hoje, quando vocês finalmente são adultos, você sente a necessidade de agir como uma adolescente quando está perto dele. Porque se sente como uma adolescente. Rob traz à tona todo sentimento que você pensou que nunca mais teria: o frio na barriga, o arrepio na espinha, a euforia que sobe do seu ventre até seu peito e te dá vontade de gritar.
E neste momento, enquanto ele apoia o queixo na sua cabeça e acaricia suas costas por baixo do sobretudo, você sente tudo isso e até mais um pouco.
- Sua barriga está roncando ou é a minha? - Ele pergunta, mas seus corpos estão tão grudados que você não saberia responder.
- Se não foi a minha, ela será a próxima.
- Vamos jantar então - Ele diz e você ergue a cabeça para olhar. Rob está avassaladoramente lindo com vento gelado de Londres balançando os fios dos seus cabelos e deixando vermelho os lábios e a ponta do nariz. - O que você prefere? Escolher um restaurante ou escolher algo que eu cozinhe para você?
Você sorri e não precisa de muito tempo para decidir. Talvez Gary estivesse certo.
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O que vocês esperam desse jantar aí, em? 👀 Espero voltar amanhã, até a próxima <3