Um castelo de presente

Od CeciAmaral

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Mariella não esperava herdar um castelo medieval italiano da noite para o dia. Ela estava ocupada demais tent... Viac

apresentação
personagens
um
dois
três
quatro
cinco
seis
sete
nove
dez
onze
doze
treze
quatorze
quinze
dezesseis
dezessete (final)

oito

262 57 123
Od CeciAmaral

Talvez o universo não quisesse que Mari terminasse aquele livro.

Talvez, se ele fosse publicado, terremotos abalariam a terra e os anjos tocariam as trombetas do apocalipse.

Só isso para explicar o fato de que toda vez que abria o maldito arquivo no computador, alguma coisa surgia do mais absoluto nada para impedir que ela escrevesse.

Ela estava do lado de fora do castelo, usando mil e um casacos e aproveitando o sol quentinho da tarde para escrever, apoiada contra uma pedra grande. Era difícil digitar com as mãos enluvadas, mas não impossível. Era isso ou perder os dedos no outono gelado daquela região da Lombardia. Pelo menos ali ela não conseguia ouvir o barulho das reformas no castelo, embora se distraísse toda vez que erguia os olhos da tela do computador e avistava a mansão de Nico perto dali. Ela ficava se perguntando o que ele estava fazendo, se avistaria sua sombra passar por uma das janelas e se deveria ser inconveniente e prestar uma visita...

Mari estava decidida a voltar ao seu capítulo quando uma Ferrari vermelha deixou Montefiori e subiu a estradinha de terra com seu motor potente. Ela ficou observando o carro se aproximar, se perguntando se seu destino era o castelo ou a casa de Nico. De todo jeito, ele teria que passar perto dela antes de virar à esquerda ou à direita na direção das propriedades.

O carro brilhante e luxuoso chegou mais perto, diminuindo a velocidade até parar na estrada. O vidro escuro desceu devagar, revelando um homem bonitão no banco do motorista.

- Oi, moça! - ele disse em italiano, com um sorriso tão branco que era capaz de cegar alguém. - Por acaso você está perdida?

Mari ergueu as sobrancelhas. Ela quis gesticular para o computador e para si mesma, que estivera sentada ali tranquila até ele aparecer. Por acaso ela parecia perdida?

- Não. Eu moro ali atrás. - Ela apontou para a construção medieval como se não passasse de um monte de pedras. O que, na verdade, era mesmo.

- No castelo? - O rapaz fez uma cara de estranhamento. - Engraçado, eu pensei que fosse um velho rabugento que vivesse ali.

- O velho rabugento era meu avô.

- Ah! - Ele não teve nem a decência de parecer envergonhado pelo erro. O rapaz afastou o cabelo dourado da testa e continuou com aquele sorrisão: - Bom, pelo menos agora o castelo Cavalieri tem uma moradora bem mais bonita.

Mari precisou se segurar muito para não revirar os olhos e rir. Aquele galanteador barato...

- Eu te conheço? - ela perguntou, achando a interação curiosa, embora um tanto irritante.

- Eu duvido. Quase não passo por aqui. Moro em Milão. Vim visitar meu primo que mora logo ali. - E ele gesticulou para a mansão na colina.

- Então você é o primo do Nico?

Mari de repente ficou muito mais interessada na conversa.

- Você conhece o Nico?! - o rapaz (Riccardo, se ela não estivesse errada) fez a pergunta como se o fato de Mari conhecer o vizinho fosse a coisa mais absurda que ele já tivesse ouvido.

- A gente já se encontrou algumas vezes.

- Será que a gente está falando da mesma pessoa? Porque o meu primo não sai daquele mausoléu para se encontrar com alguém faz anos. Nem deixa ninguém entrar.

Mari não conteve o sorriso que se espalhou pelo seu rosto ao ouvir aquilo.

- Ele me deixou entrar.

Riccardo balançou a cabeça em negação, mas então soltou uma risada.

- Você deve ser uma garota extraordinária, nesse caso. Qual seu nome?

- Mariella.

- Prazer, Mariella. Eu sou o Riccardo. Espero que a gente se encontre mais vezes.

- Vai ser um prazer.

Então ele acenou para ela e deu partida no carro, seguindo a estradinha em direção à casa do primo.

Mari se aconchegou junto à pedra e sorriu para o nada. Era impressionante o modo como aquele encontro estranho a tinha deixado tão satisfeita.

Nico estava respondendo alguns e-mails quando ouviu uma comoção no andar de baixo. Portas se abriram e se fecharam e uma voz alta alcançou seus ouvidos, perturbando o estado de mais absoluta paz e silêncio daquela casa.

Aquilo só podia significar uma coisa.

- Primo! - a voz de Riccardo preencheu cada parte do cômodo quando ele abriu a porta do escritório sem bater. Bidu soltou um latido amigável e Nico podia jurar que o cão já tinha se atirado nos braços do outro rapaz. Aquele traidorzinho.

- Riccardo - Nico cumprimentou, desistindo dos e-mails e se recostando no espaldar alto da cadeira de rodinhas. Ele tateou a mesa em busca da sua caneca de café e tomou um longo gole. - Que honra te ter aqui.

- Eu sei. A minha presença é mesmo incomparável.

Nico não disfarçou a careta.

Riccardo era extravagante, barulhento e dramático, tudo que Nico não era. Mesmo assim, era a única pessoa da família com quem ele mantinha contato. E isso não se dava apenas pelo fato de serem sócios, mas porque, contra todas as probabilidades, os dois se davam muito bem.

Desde o acidente, Riccardo era uma das poucas pessoas que Nico permitia se aproximar. Quando tudo aconteceu, ele tinha sido o único a não tratá-lo diferente. Não tinha demonstrado pena e manteve a mesma relação de sempre com o primo. Nico nunca saberia colocar em palavras o quanto aquilo tinha sido importante para ele. O quanto ainda era.

- Que milagre te fez sair de Milão e aparecer nesse fim de mundo? - Nico perguntou enquanto Riccardo falava com Bidu com uma vozinha de bebê.

- Negócios, é claro. Achou mesmo que eu ia dirigir todos esses quilômetros só pra ver você?

- Negócios podem ser discutidos por e-mails. Ou ligações.

- Eu aprecio reuniões presenciais. Depois da pandemia, nada como um pouco de contato humano, não é?

- Sei. - Nico sorriu e bebeu mais café. - Sabe, não vai doer admitir que estava com saudades.

- Saudades? De você? - o primo soltou um bufo. - Vai sonhando.

Nico não pressionaria mais. Nem precisava.

Riccardo disfarçava, mas o primo era tão sozinho quanto ele. Não se dava muito bem com os pais por ter deixado os negócios da família para fundar a própria vinícola com Nico, e via as irmãs muito pouco, já que elas agora eram casadas e tinham as próprias vidas.

Riccardo tentava ocupar a mente com o trabalho, bebidas caras e festas luxuosas na capital, mas era só outro Moretti de vinte e poucos anos com dinheiro de mais e certezas de menos.

- Se não é saudades do seu primo querido, alguém deve ter partido o seu coração. - Nico torceu o nariz diante da breguice do termo e arrastou a cadeira para trás, andando até o outro lado do cômodo, onde havia uma prateleira cheia de livros, taças e garrafas de vinho e uísque. - Você só me procura quando tem alguma ideia mirabolante a respeito dos vinhos ou quando está fugindo de alguém. Quem foi dessa vez? Uma modelo? Um piloto de Fórmula 1?

- Um ator barato - Riccardo admitiu. Nico ouviu quando ele se jogou na cadeira em frente à sua escrivaninha. - Mas eu já superei.

- Superou?

- É claro. Quem liga se eu peguei o desgraçado na cama com o diretor de um filme cult idiota que ninguém vai assistir? Pelo amor de Deus. Eu já saí com gente bem mais interessante.

Nico assobiou baixinho e pegou uma das garrafas de vinho tinto da prateleira. Ele passou o dedo pela inscrição em Braille para ter certeza do tipo de bebida antes de despejar o líquido na taça. Todos os rótulos dos vinhos Moretti vinham com o sistema de leitura tátil. Havia sido uma sugestão de Riccardo pouco depois de Nico perder a visão.

- Aceita? - Nico ofereceu, encontrando o ombro do primo e estendendo a taça.

- É claro que eu aceito. Traz a garrafa pra cá de uma vez.

Nico sorriu e levou a garrafa, voltando a se sentar na cadeira do outro lado da escrivaninha.

- Você devia sossegar, Riccardo - Nico aconselhou, por mais que tudo que ele falasse fosse constantemente descartado pelo primo. - Você fala que gosta da vida boa, mas fica choramingando pelos cantos toda vez que se apaixona e algo dá errado.

- Ei, eu sosseguei meses atrás. Você não lembra? Foi bem sério com aquela soprano francesa.

- Vocês não ficaram juntos por dois meses?

- Dois meses é muito pra mim!

Nico riria se não soubesse o quão miserável o primo estava.

- Vai passar. Logo, logo você esquece o tal ator.

- Eu já esqueci.

- É claro que esqueceu.

Nico ouviu quando o primo deu um gole profundo de vinho.

- Inclusive, vi a garota mais linda quando estava vindo pra cá.

- Uma garota de Montefiori? Pensei que você preferisse morrer a se envolver com alguém do vilarejo.

- Ela não é de Montefiori. Ela mora no castelo.

Nico, que estava digitando um e-mail para um distribuidor, parou no meio da frase.

- Como é?

- O nome dela é Mariella. E ela disse que vocês se conhecem. Fico feliz que você finalmente está se abrindo para a sociedade ao invés de ficar aqui enclausurado como um ermitão

Nico segurou com força os braços da cadeira. Ele não hesitou na pergunta:

- Você deu em cima dela?

- O quê? É claro que não! Eu só a vi por um segundo. Mas se tivesse oportunidade...

Claro. Riccardo estava sempre procurando por oportunidades. Ela jogava charme para qualquer ser humano que tivesse o azar de cruzar o seu caminho.

- Ela parece ser legal - o primo continuou. - E é bem gata.

- Fica longe dela - Nico disse, as palavras surgindo na sua mente e abrindo caminho pela sua boca antes que conseguisse reprimi-las.

Um silêncio sepulcral tomou conta do escritório. O único som vinha de Bidu brincando com sua bolinha de plástico no tapete.

Finalmente, Riccardo disse alguma coisa:

- Eu não acredito! - Nico ouviu quando o primo arrastou a cadeira e caminhou na direção dele. Riccardo lhe deu um tapa nas costas que quase fez Nico perder o ar. - Finalmente! Você finalmente tá saindo com alguém!

- O quê? Mariella e eu não estamos...

- Depois de um hiato de dois anos, meu priminho está de volta à pista! - Nico tentou falar por cima de Riccardo. Primeiro, que não era nada daquilo que ele estava pensando. Segundo, que o priminho aqui era mais velho do que ele. Tá, só por quatro meses, mas ainda sim era mais velho. Não merecia algum respeito por isso? - Sinceramente, Nico, demorou pra caralho, hein? Ainda não acredito que você ficou preso nessa casa por dois anos vivendo em celibato.

- Riccardo, você poderia me fazer o enorme favor de calar a boca? - Ele ajeitou os óculos tortos no nariz, que quase saíram voando com as felicitações bruscas do primo. - Mariella e eu não estamos juntos. Ela é minha vizinha, só isso. Nos tornamos amigos.

- Ah, Nico, conta outra! Você parecia prestes a cortar minha garganta quando disse para eu ficar longe dela.

- Eu só disse isso porque te conheço e sei que você parte corações na mesma proporção em que leva pés na bunda.

- Caralho. Que cruel.

- Eu só...

- E o que é esse suéter aqui? Não vai me dizer que é dela?!

Porra.

Nico tinha esquecido que levara o suéter de Mari para o escritório para se lembrar de devolvê-lo assim que terminasse de trabalhar. Pelo jeito, Riccardo o tinha encontrado na hora mais inconveniente dobrado na poltrona perto da janela.

- É dela, sim - Nico disse, porque não tinha como negar. - Ela esqueceu aqui.

- Esqueceu, é? Quando saiu de fininho ao amanhecer depois de escapulir da sua cama?

- Eu já não disse pra você calar a boca?

Riccardo não parava de rir, e Nico se odiava por saber que estava ficando vermelho.

- Tá bom. Se você diz que não rolou nada, eu acredito. Mas isso não significa que não vai rolar.

- Não vai. Pode tirar essas ideias da sua cabeça.

- Por quê?

- Porque... - Nico queria gritar de frustração. Queria sair de casa e ir parar do outro lado do mundo por conta própria. Mas, claro, ele não podia fazer aquilo. Nem se quisesse. - Eu já disse. Nós somos amigos. E a Mariella com certeza não me vê desse jeito.

- Como você sabe?

- É óbvio.

- Bom, você claramente tá a fim dela.

- Eu...

- Quer saber como ela é?

Nico franziu as sobrancelhas com a pergunta repentina. Ele pensou por um momento.

- Não, obrigado.

- Ela é bonita.

- Eu já sei. Não preciso vê-la para saber disso.

Riccardo soltou uma risada baixa e satisfeita.

- Cara, você tá fodido.

- Riccardo, o que você acha de dar o fora da minha casa?

- Nem pensar. Vou passar a noite aqui agora. Até já pedi Iolanda para fazer aquela sopa que eu adoro no jantar. Vou ficar com a suíte do andar de baixo, tá?

Nico deu de ombros e tentou se concentrar no trabalho.

- Ela já é sua mesmo.

- Ótimo. A gente pode conversar sobre trabalho amanhã cedo. Eu estive na vinícola de Franciacorta no caminho para cá. Tudo funcionando perfeitamente bem.

- Ótimo.

Aquela era a dinâmica deles: Nico administrava o negócio do seu computador, fazia reuniões, respondia e-mails, lidava com toda a logística de exportação e mais uma tonelada de tarefas administrativas. Já Riccardo, ele visitava as vinícolas, tinha um contato próximo com os funcionários e era quem viajava para fechar acordos e comparecia a eventos importantes representando os vinhos Moretti, se infiltrando cada vez mais nas altas camadas da sociedade e trabalhando em uma rede de contatos impecável.

Ele era melhor naquilo do que Nico jamais seria. Em conquistar apenas com sorrisos, em bajular e conseguir o que queria se encantasse as pessoas certas com meia dúzia de palavras e elogios calculados.

Parte de Nico queria fazer um pouco do que Riccardo fazia. Não comparecer às festas e eventos, é claro, mas visitar as vinícolas, ter contato com as pessoas que assim como ele e o primo, tornavam aquele negócio possível.

Mas ele tinha plena consciência de que as coisas não sairiam como ele idealizava se deixasse a casa. Nas vezes em que tinha tentado, bem no início, só percebeu o quanto o mundo em que vivia já não era mais feito para ele. Havia, literalmente, muitos obstáculos no seu caminho. Era melhor ficar ali, onde conhecia cada centímetro da casa e podia se mover sem temer machucar a si mesmo e as outras pessoas.

Já que não podia ver, Nico também não queria ser visto.

- Eu me encontrei com o seu pai em Milão um dia desses - Riccardo disse depois de um tempo. Nico já estava aliviado por o primo ter se esquecido de Mari, até se dar conta de que aquele outro assunto era ainda mais desagradável. - Foi na inauguração de uma galeria de arte.

- O que você estava fazendo na inauguração de uma galeria? Você nem gosta de arte.

- Eu estava acompanhando o Giovanni. O ator. Ele gosta de arte. - E Riccardo murmurou baixinho: - Aquele pedante desgraçado.

Nico fingiu que estava trabalhando. A verdade é que não conseguia mais prestar atenção em nada.

- Ele me perguntou sobre você - Riccardo continuou.

- Que gentil da parte dele.

Se percebeu a acidez no tom do primo, Riccardo a ignorou.

- Eu disse que você estava bem, só isso. Ele assentiu e mal conversou comigo pelo resto da noite. O bom e velho titio Lorenzo.

- Você devia era agradecer. A companhia do meu pai não é lá muito agradável.

- Acho que ele pretende te visitar. Ele mencionou alguma coisa sobre querer te ver.

O corpo inteiro de Nico doeu com a rigidez dos músculos.

- Ele só disse isso porque sabia que você ia me contar. Meu pai não tem coragem de chegar perto dessa casa. Não mais.

- Nico, eu sei que ele é um homem desprezível. Mas ele também é seu pai. Não acha que ele se importa com você? Nem um pouco?

Nico soltou uma risada seca. Riccardo, afinal de contas, tinha um coração mole.

- Ela não se importa. Não desde que isso aconteceu. - Nico tirou os óculos escuros com raiva e os jogou sobre a mesa. Ele nunca ficava sem eles. Não perto de outras pessoas, pelo menos. Sabia que a visão não era nada bonita. Mas foi Riccardo quem passou meses ao lado de Nico depois do acidente. Foi ele quem adaptou a casa inteira para o primo, quem trouxe Bidu para a sua vida e fez o possível e o impossível para tornar sua existência mais tolerável quando tudo que Nico mais amava e conhecia foi tirado dele num par de segundos. Riccardo conhecia suas cicatrizes. Ele sabia o estrago que o acidente causara, na sua alma e no seu rosto, e nunca se afastou. Ele não podia dizer o mesmo do pai. - Sendo gentil, o meu pai não dá a mínima para mim porque eu não tenho mais merda de utilidade nenhuma para ele. Não sendo, a verdade é que ele não consegue ficar perto de mim porque não sabe lidar com o fato de que tem um filho cego. Ele me vê como um estorvo e uma aberração.

Ele não precisava ver Riccardo para saber que as palavras acertaram o primo em cheio.

- Eu queria que você não dissesse essas coisas - ele falou, a voz baixa e rouca. - O que o seu pai fez com você foi terrível. Mas você não pode acreditar que o resto do mundo é tão fútil assim, Nico. Eu sei que nada vai reverter o que aconteceu. Se eu pudesse, traria a tia Inês de volta. E também faria qualquer coisa para você enxergar de novo. Mas eu não posso. E eu venho evitando te falar a verdade porque não quero te aborrecer, mas a real é que é uma merda ver você desperdiçando a sua vida preso nessa casa.

- Não tem nada para mim do lado de fora, Riccardo - Nico disse, a dor partindo o seu peito e o sufocando. Ele pensou que aquilo amenizaria com o tempo, que os meses e anos trariam a droga da aceitação que ele tanto queria. Mas não. Todos os dias ele acordava e não havia nada. Todos os dias ele pensava que a sua mãe ainda estava dormindo no quarto ao lado, só para se dar conta de que nunca mais tinha aberto aquela porta desde que a perdera no acidente de carro.

- Tem muita coisa do lado de fora, Nico. Coisas boas. Mas você nunca vai encontrar nada disso se não sair pra procurar. Se não der uma chance.

Naquele momento, Iolanda bateu na porta do escritório.

- Meninos? Eu preparei uma torta! Posso entrar?

Nico tateou a mesa de mogno. Ele derrubou a caneca de café vazia na pressa e deixou alguns papéis caírem no chão.

- Um minuto, Iolanda! - ele pediu.

Nico sentiu a mão do primo no seu pulso, o impedindo de continuar procurando.

- Toma. Está aqui.

Ele fechou os dedos ao redor dos óculos escuros, o aperto no seu peito se desfazendo devagar.

- Obrigado.

Nico os colocou no rosto antes de pedir para que Iolanda entrasse, o cheiro de torta de pêssego preenchendo o cômodo.

Eles se sentaram juntos e comeram, rindo e conversando satisfeitos, Riccardo fazendo suas piadas idiotas e dando a vida para arrancar pelo menos um sorriso do primo.

Mas as palavras dele ainda ecoavam na cabeça de Nico, indo e vindo em intervalos de segundos.

Tem muita coisa do lado de fora, Nico. Coisas boas. Mas você nunca vai encontrar nada disso se não sair pra procurar.

Ele suspirou e pensou no suéter esquecido na poltrona perto dali.

Nico conhecia uma coisa boa. Uma pessoa boa. Que estivera evitando por puro medo de onde aquilo iria dar.

Mas talvez Riccardo estivesse certo. A sua vida estava passando, afinal de contas.

Talvez estivesse na hora de procurar certas coisas. E por que não começar com um castelo?

_______________________♥️_________________

Dedicado à: Jupiterwxs

Oii, gente!!! Como vocês estão??

O capítulo de hoje não tem interações entre Mari e Nico e espero que vocês me perdoem por isso, mas eu realmente precisava apresentar um personagem muito importante: o Riccardo!!

Eu estava aqui guardando ele toda ansiosa para apresentar a vocês e tô louca para saber o que acharam dele!

Nesse capítulo muita coisa também foi revelada sobre o Nico, principalmente sobre o acidente e sua família... Logo, mais peças desse quebra-cabeça vão se encaixar. O próximo capítulo é um dos meus favoritos e tem muitooo do Nico e da Mari pra vocês.

Antes de deixar as ilustrações de hoje aqui, queria contar que o meu livro "É Natal, Dorotéia" (também um conto de Natal fofinho) está em pré-venda na Amazon!! Quem puder me dar uma força por lá, eu agradeço imensamente. Garanto que também vão gostar do livro!! O link está na minha bio aqui do Wattpad <3

Vejo vocês na semana que vem!

Beijos,

Ceci.

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