Acordei na segunda de manhã e o dia era chuvoso, abri as cortinas, arrumei minha cama e fui tomar um banho. Desci já arrumado, meus pais tomavam café juntos.
–Bom dia filhão! – meu pai disse
–Bom dia! – falei
–O seu irmão não vai pra escola? – ele me perguntou
–O Jensen dormiu na casa da Marc. – minha mãe contou
–Já? – torci o nariz. –Parece que vou ter que ir no meu carro hoje.
–Não entendo você não gostar de dirigir. – meu pai disse
–Eu prefiro ser o carona. – respondi. –Deixa eu ir, se não vai ter muito trânsito até a escola.
Fui até a garagem e vi o Noa parado com seu carro na frente da minha casa, ele buzinou e acenou em seguida. Eu fui até ele.
–Vou te levar, eu sei que você detesta dirigir. – o garoto disse com um sorriso de lado
–Obrigado! – dei a volta no carro e entrei. –Porque tá me dando carona?
–Porque eu sou um bom namorado. – Noa implicou
–Noa, eu ... não quero mais ficar brigando com você. – falei e ele me jogou um olhar atento.
–Esse final de semana foi nostálgico pra mim também. – ele disse olhando para a rua
–Nos éramos amigos e você começou a me esnobar. – falei
–Você começou a andar com a Marc e se esqueceu de mim. – o garoto retrucou
–Eu pensei que você que não queria mais ser meu amigo. – respondi
–E eu pensei isso também, e te pilhar é meu modo de mostrar que eu ainda queria ser seu amigo. – Noa contou
–Que jeito estranho. – sorri. –É que desde o dia que eu contei para os meus pais que eu sou gay, eu quero ser diferente não quero deixar de dizer as coisas.
–Podemos ser amigos de novo. – ele ergueu o punho e eu dei um soquinho
Chegamos na escola, Marc veio até nós dois junto com a Brianna.
–Amigos, todo mundo da escola sabe que vocês estão namorando. – minha amiga disse assim que desci do carro
–E vocês ainda vieram juntos. – Brianna pôs uma das mão na testa
–Calma gente, ainda nem chegamos. – Noa disse
–A Megan postou uma foto onde aparece vocês dois no fundo, e o insta de fofocas da escola repostou com o foco em vocês dois. – Marc contou
–Eu não sigo, você sabe. – me defendi
–Eu silenciei. – o garoto sorriu
–Pois é, e vocês não podem desmentir. Se não a sua ex vai saber da pataquada toda que vocês inventaram. – Brianna disse
–Tá tudo bem, podemos fingir e depois terminar. – falei
–Sem crise. – Noa disse calmo, ele passou o braço pelos meus ombros e me puxou com ele
–O que você tá fazendo? – o questionei
–Dando o show que eles querem. – o garoto ajeitou seu boné
Os alunos pareciam surpresos, e nos encaravam e cochichavam. Noa me deixou na porta da sala, eu entrei e os olhares se voltaram para mim
–Então é verdade, o Noa terminou com a Megan porque é gay. – uma garota murmurou para sua amiga enquanto me encarava
–Pra que tanto bafafá? Um casal gay deixou de ser tabu a tempos. – Marc revirou os olhos
–Mas não um casal de gays que ninguém sabia que eram gays, e muito menos que se gostavam. – a garota retrucou, dessa vez pra Marc
–Eu sabia, meu gaydar sempre apitou pro Atlas. – a garota ao lado disse
–Tá igual quando o Parker e o Seth assumiram o namoro. – sussurrei para a Marc
O professor entrou na sala e pediu pra todos se sentarem.
P.o.v: Noa —
Andar sozinho com aqueles olhares me deixou um pouco desconfortável.
–Ei, Noa! – Jensen se aproximou de mim. –Você viu a proporção que isso tomou?
–Eu vi. Combinei com o Atlas que vamos terminar. – respondi
–Espero que contornem bem essa situação. — meu amigo me repreendeu
–Fica de boa. – falei
Nos sentamos no nosso lugar de sempre.
–Ei, Noa, então quer dizer que você tá comendo o irmãozinho do Hope? – Trevor disse assim que viu me viu
–Ou não, ouvi dizer que ele ainda é virgem. – o outro disse
–Ele deve ser bom de boquete. – Travor implicou
–Não fala do meu irmão. – Jensen se levantou e ficou encarando o garoto
–Jensen não vale a pena. – puxei meu amigo
–Não mesmo, mas se falar assim do meu irmão de novo eu não vou deixar pra lá. – meu amigo avisou o garoto
As aulas seguintes foram tensas e eu comecei a repensar sobre a ideia que eu tive.
–Mano me desculpa, agora eu entendo o seu medo. – falei para o Jensen –É dentro da minha bolha pareceu uma boa ideia.
–Esse é o meu ponto, as pessoas são babacas, mas eu não vou permitir nenhum tipo de comentário maldoso sobre o meu irmão e nem sobre você. – o garoto disse
–Eu te amo irmão! – joguei um sorriso. –Eu também não vou permitir que façam isso com o Atlas.
–Vi que trouxe ele pra escola. – Jensen comentou
–A gente meio que voltou ser amigos. – falei e sorri involuntariamente
Depois da última aula, deixe o Atlas em casa e fui pra minha.
–E aí mãe. – joguei minha mochila no chão, ela tinha um olhar preocupado
–Meu filho você tá namorando o Atlas? – ela foi direta
–Claro que ele está. Não viu a foto? – meu pai disse da sala de jantar onde lia as notícias em seu iPad
–Pois é ... – disse coma voz trêmula
–Meu filho! – minha mãe me abraçou. –Eu sempre achei que vocês tinham uma conexão maior que só amizade.
–Mãe, sabe ... eu não contei nada pra não ficar confuso. Só que eu ainda gosto de garotas, mas eu também gosto de garotos... – contei
–Eu sei sobre bissexualidade meu filho, eu não sou tão retrograda como o seu pai. – ela sorriu
–Eu ainda não entendo e muito menos concordo. Sabia que só um dos meus filhos me daria orgulho. – meu pai resmungou
–Você nunca foi um bom pai mesmo. Nem se quer me levou a um jogo de baseball. – retruquei
–Você sempre foi boiola, pra que ia te levar em um jogo? – meu pai respondeu com desdém
–Thomas acho melhor você ficar quieto. – minha mãe o repreendeu.
Ele deu de ombros e voltou sua atenção para o tablete.
–Tá tudo bem mãe, tenho que me arrumar para o treino de baseball. – subi as escadas e fui para o meu quarto
Me sentei no chão escorado na cama e fique ali pensando na merda que eu me envolvi.