Para o Amor e a Fé - JIKOOK [...

By camppz

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• CONCLUÍDA • JIKOOK Um romance leve e sensível para aqueles que ainda acreditam no amor. Para os que acredi... More

Informações [REPOST]
Para você.
Prólogo - Quando seus dois pés não encostam na terra.
Capítulo 1 - Quando seu coração te subestimar.
Capítulo 2 - Bendito seja os olhares trocados e as palavras não ditas.
Capítulo 3 - Para você, que me viu maior do que o meu pequeno eu.
Capítulo 4 - Quando seus sonhos te engolem.
Capítulo 6 - Não é fácil se soltar. Não é fácil estar livre.
Capítulo 7 - Em todos esses momentos.
Capítulo 8 - Quando floresce, é como uma rosa.
Capítulo 9 - Quando se espalha, é como flor de cerejeira.
Capítulo 10 - Quando murcha, é como ipomeia.
Capítulo 11 - Tu és nédio, um remédio.
Capitulo 12 - E você será feliz.
Capítulo Extra - Souvenirs
Epílogo - Como aquele lindo momento.
Para o Coração.

Capítulo 5 - Quando você sente que não é você.

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By camppz


Quando você sente que não é você.


Jimin.

 Como foram os últimos dias, Jimin?

—  Aconteceram tantas coisas. Levaríamos horas se eu fosse contar tudo.

Que bom que a sua vida está movimentada, se quiser me contar alho, ainda temos alguns minutos. — Olhou no relógio em seu pulso. —  Consegue resumir para mim?

Essa semana eu consegui completar alguns dos exercícios que você me passou, mas ainda tive duas crises.

 E como foi?

Iguais às outras. O senhor sabe, quando eu percebo já aconteceu.

Sim, eu entendo você. Seus medicamentos estão em dia?

Sim, eu os tomo todos os dias.

Como você está praticando os exercícios que eu recomendei, analisaremos como será daqui pra frente. Preciso que sempre me informe quando a situação estiver fora do normal, ou quando você sentir que algo não está dando certo. Somente assim saberemos se estamos no caminho correto, ok?

Apenas concordei sorrindo.

Tem mais alguma coisa que você gostaria de dizer?

Eu abracei o Jungkook.

Min Yoongi como um ótimo terapeuta não esboçou nenhuma reação.

Já eu não sabia se sorria ou se respirava para tentar acalmar o coração.

Certo. E como você resumiria a sensação desse abraço?

Catalisador.

Ele apenas sorriu de lado e anotou algo em sua agenda.

—  E ele me convidou para uma viagem neste fim de semana. —  Cutuquei nervosamente a pele da minha unha no polegar.

Uma viagem é sempre muito bem vinda, ela renova as energias. Espero que faça bom proveito do passeio, Jimin.

Eu vou sim.

[...]

O restante da semana se passou rapidamente. Adiantei todos os meus trabalhos da faculdade e ajudei Jungkook - mesmo ele resmungando - a organizar todos os contratos que estavam em pendentes e ajudei a adiantar algumas outras coisas.

Acho que nunca pensei na minha vida que iria passar um fim de semana com ele e muito menos que seria a passeio. Pensar nisso me faz ficar ainda mais afobado e eu gosto dele há tanto tempo que facilmente me sinto afetado.

— Namjoonie Hyung, será que já podemos ir?

— Você está muito ansioso, fique calmo. O Jungkook não vai sumir nem o aeroporto. —  Falou procurando as chaves do seu carro pela casa.

Depois que Jungkook me convidou para essa viagem, ficamos conversando sobre tudo o que gostaríamos de ver por lá, fizemos também um planejamento para o domingo no qual aproveitaremos para passearmos pela cidade.

Eu tomei tanto medicamento para ansiedade que me sinto dopado. Simplesmente não consegui parar de pensar em tudo e dormir.

— Antes de irmos, vamos conversar. — Falou com as chaves na mão e me chamando para sentarmos no sofá.

— O que é agora? — Sento-me de frente para ele.

— Jimin... você precisa se acalmar, estou falando sério. Você não conseguiu nem dormir essa noite mesmo tomando seus medicamentos.

— Mas hyung, é normal ficar assim... eu nunca fui para Busan e sempre tive vontade de conhecer. Então é normal eu estar ansioso.

— Certo, tudo bem. Aproveite esse fim de semana, Ji. Esqueça os problemas e apenas se divirta, ok? —  Confirmo sorrindo. —  E também, não apronte com o Jungkook.

— Huh, claro que não. Pode ficar tranquilo, Hyung.

— Qualquer coisa, me ligue. Caso você não estiver passando bem ou qualquer outra coisa.

— Pode deixar.

Levantamos do sofá, e eu segui até o cercadinho da sala e me despedi do Amor e dos outros porquinhos. Namjoon sabia como cuidar dos meus porquinhos, então em relação a isso eu ficaria despreocupado.

Pego a minha mala pequena e a minha bolsa transversal antes de sairmos de casa e seguir em direção a casa do narigudo.

Ao chegarmos lá, vejo Jungkook sair de casa com uma mochila preta na mão.

Eu acho que todas às vezes em que eu olhar para ele vou me apaixonar um pouco mais. Como agora.

Ele está com os cabelos penteados todo para frente em uma franja, sua roupa é simples totalmente casual, diferente dos ternos pretos que ele usa diariamente.

Saio do carro, pego minha mala no porta malas. Em seguida, vamos até ele que já está guardando suas coisas dentro do próprio carro.

Seokjin sai de dentro da casa de Jungkook com uma mala grande, caminhando até o carro do sobrinho, guardando as coisas.

— Bom dia! — Hyung fala e caminha até seu noivo que o espera com um sorriso no rosto.

Olho para Jungkook encontrando seus olhos pousados em mim e sorrio para ele como um cumprimento.

— Você pegou tudo? — Pergunta se aproximando de mim, ele pega minha mala e guarda juntamente com a sua.

— Sim. Obrigado por me convidar para esse passeio, Jung. Vamos aproveitar muito.

— Não precisa agradecer, Jimin. E sim, eu estou ansioso para irmos no aquário.

— Certo... eu estava pensando em algo, eu até pesquisei alguns lugares, nós poderíamos sair a noite para algum lugar legal. Tem tantas praças lindas em Busan.

— Podemos ir sim.

— Ok, neném. E també–

— Jung, você pegou a minha mala? — Observei de onde vinha a voz e era da entrada da casa de Jungkook.

Havia uma mulher de estatura alta, talvez da mesma altura que Jeon, de cabelos negros, lisos e escorridos. Um sobretudo preto cobria todo o seu corpo e por baixo dele, ela usava uma saia preta curta, meias finas e uma blusa de lã grossa branca.

Estranho a forma carinhosa que ela o chamou e também fico surpreso por saber que ele tem amigos além da família.
Não que isso seja algo ruim, pelo contrário, é bom saber que ele está se abrindo mais às pessoas ao seu redor e fazendo novas amizades.
Mas eu ainda não me sinto confortável sabendo dessa informação.

Ela caminha até Jungkook, parando ao seu lado e virando-se para mim.

Eu sorrio brevemente e ela retribui.

— Jimin, essa aqui é Hari, filha de Kim Woonsung.

— Oh, prazer em conhecê-la. —  sorrio e me curvo ao cumprimentá-la.

— Igualmente. —  Hari apenas desvia o olhar e encara Jungkook. — Estou ansiosa por essa viagem, meu bem. Faz tanto tempo que não vou para Busan.

Tento disfarçar minha estranheza em saber que ela também irá viajar conosco, aliás, Jeon não comentou nada comigo sobre isso.

E, meu bem?

— Também estou. Busan é uma linda cidade. — Ele responde sorrindo para ela.

— É linda mesmo. E você Jimin, esteve lá alguma vez?

— Ah... não. É a minha primeira vez.

—  Entendo. Amanhã, eu e você, podemos ir cedo naquela cafeteria que você comentou comigo ontem, o que acha? —  Diz a moça bem à vontade com Jeon.

Antes que eu pudesse ouvir a resposta, me afasto deles e sigo até Namjoon que estava fechando o porta malas do carro de Jungkook.

— Não quero ir. Não estou me sentindo bem, Hyung.

Coço a ponta da minha sobrancelha e engulo algo que eu nem sabia dizer o que era, mas que estava dolorido na minha garganta.

— O que? O que você está sentindo, Jimin? — Pergunta preocupado segurando meus ombros.

Jin também se aproxima tentando descobrir o que eu tenho.

— Eu só quero ir para casa, Hyung. Será que podemos ir?

— Ji, o que aconteceu? Namjoon disse que você estava super animado para esta viagem. Você está sentindo alguma dor?

Sim.

 Não. Eu só quero ir embora. Você pode ficar então, Hyung. Eu peço um carro no aplicativo.

Antes de ouvi-los responder, eu pego meu celular e vejo minha mão tremendo. Entro no aplicativo e peço o carro rapidamente.

— Não precisa pedir nada, Jimin. Eu vou levá-lo. Você deve estar passando mal por causa dos medicamentos, eu o avisei ontem para não exagerar e–

— Não são os medicamentos. Eu quero ficar sozinho. Só me deixe ir, tudo bem? — Peço já com os olhos cheios de lágrimas.

— Você está com o seus comprimidos? Eu acho melhor voc–

— Para de me tratar como criança, por favor... eu sei me cuidar. Eu não estou me sentindo bem. Então. Por favor, me deixe ficar sozinho.

— Ji, ei. — Jin segura minha mão e aperta quando vê que está tremendo. — Você pode ir, só não deixe seu Hyung preocupado. É só isso. — Sorri com gentileza

Apenas afirmo tentando respirar fundo e não surtar.

Olho rapidamente para o lado e vejo que Jungkook observa toda a cena, mas em nenhum momento se afasta da morena que ainda lhe joga charme e fala abertamente sorrindo exageradamente.

E ela é tão bonita, tão correta e... É uma mulher. Eles combinam tanto.

Os próximos 5 minutos se resumem a mim olhando o celular a todo momento, um Hyung preocupado e um noivo tentando acalmá-lo.

Quando o carro chega, não me despeço de ninguém. Apenas caminho até ele e entro.

— Para onde deseja ir, senhor?

— Na praça dos pássaros.

— Fica bem longe daqui e o valor talvez...

— Eu sei, eu pago. — Tiro minha carteira do bolso e entrego a ele algumas notas em espécie a mais.

— Isso é mais que o necessário

— Tudo bem, pode ficar. Se o senhor puder, dirija devagar, por favor.

Ele apenas sorri e concorda.

A viagem realmente foi bem longa, o que demoraria uma, levou quase duas horas.

Ao chegar na praça que continha um longo gramado verde chamativo, diversas mesas com cadeiras de pedras rústicas, outras cadeiras em canteiros, uma árvore grande de cerejeira. Vejo que ainda está vazia, mesmo sendo uma manhã de sábado, há apenas jovens caminhando, correndo ou fazendo exercícios.

Eu odeio exercícios físicos e me sinto a decepção de Min Yoongi por dizer isso. Mas é que eu só queria adoecer. E agora eu me sinto doente, como se meu corpo inteiro estivesse inflamado.

Caminho até a árvore de cerejeira que continha ao lado ramos de ipomeia e sento no chão encostando-me na mesma. Estico minhas pernas e respiro fundo.

Eu preciso mesmo fazer os exercícios mentais agora, mas eu não quero. Tem momentos que eu só preciso sentir e tentar entender minhas emoções.

O Borderline atua fortemente na minha vida sentimental. Tudo em mim gera um gatilho gigantesco quando se trata de sentimentos. E eu odeio ser trocado, odeio ser deixado de fora.

E dias como o de hoje eu me odeio. Odeio por não saber me controlar, por muitas vezes não entender meus próprios sentimentos, por ser tão dramático.

Eu quero ser sincero, quero dizer que odiei aquela mulher, odiei que ela também viajaria comigo e com Jungkook, odiei por ela ter atrapalhado tudo, odiei por ela ser tão bonita e me odiei por odiá-la. Me odiei por ser tão mesquinho e egoísta. Por ser tão imaturo.

Que direito eu tenho de me sentir assim?

De onde eu tirei que poderia me sentir assim em relação a alguém que eu não conheço ou a uma situação a qual eu não tenho direito de ficar chateado?

Eu queria que fossemos somente eu e ele, queria que fizéssemos um bom passeio em Busan e quem sabe nos aproximarmos mais.

Mas, de onde eu tirei que ele também gostaria disso? De onde eu tirei que Jungkook, o menino que eu conheço desde que me entendo por gente, um dia iria gostar de mim ou que iria querer ser mais próximo a mim?

A verdade é que eu nunca fiz bem a ele, sempre o atrapalhei e sempre ultrapassei os limites. Esses que eu achei que sabia quando podia ultrapassar.

E também me odeio por me vitimizar, odeio ser assim e às vezes odeio ser eu. Odeio meu transtorno e tudo o que ele faz comigo.

O Jimin que é amor e tem o Amor em casa também, agora não tem nada. Eu amei o Amor, amei meu Hyung, amei meus pais e amei ele.

Mas nesse exato momento eu não sou esse Jimin, eu sou só o Jimin com transtorno de personalidade, sou só o Jimin triste e explosivo, o que adoece facilmente, o que chora muito, o Jimin egoísta e carente.

Toco minha testa e percebo que estou realmente quente, suado e minha cabeça dói.

— Eu realmente estou doente. —  Sorrio debilmente.

— Jimin! — Ouço a voz que eu não queria ouvir tão cedo, a voz que me cura.

Jungkook.

 Podemos reservar um quarto no melhor hotel de Busan, o que acha?

— Sim, Hari. — Coço minha nuca.

Ela não para de falar nunca, desde ontem quando o senhor Kim soube que eu estaria viajando para Busan e me pediu permissão para que eu deixasse que ela ficasse comigo durante essa viagem.

Explicou que Hari também estava de viagem para Busan em ida ao Aquário. Pediu que eu a fizesse companhia nesse período. Não me importei, conheço Hari há muito tempo, embora nunca tenha trocado mais do que três palavras com ela.

Mas como um favor ao senhor Kim, eu não me importei.

Olho para o lado e vejo Jimin falando com tio Jin e Namjoon Hyung, ele parece agoniado com alguma coisa. Ele estava diferente quando chegou aqui, estava sorrindo e animado com a viagem.

Eu também estou me sinto ansioso, descobri que quero muito ir com Jimin ver a exposição, ele é tão inteligente que vai saber de tudo por lá. Quero andar com ele em Busan e levá-lo aos melhores lugares que eu já estive ou talvez conhecer lugares novos com ele. Mas ao mesmo tempo que me sinto ansioso penso em como será tudo. Eu e ele nunca estivemos sozinhos assim e em outra cidade muito menos.

Jimin me deixa nervoso e bagunçado.

E também tem o fato que ele está tão bonito hoje que me deixou estranho, me sinto com saudades. Ele veste um macacão amarelo escuro e uma camisa branca de mangas longas, seu cabelo loiro escorrido brilha e seu rosto está perfeito como sempre.

E por sentir uma saudade estranha, eu gostaria que ele fosse ousado e atrevido e me abraçasse de novo.

— Não concorda, Jung?

Olho para Hari que ainda estava falando comigo e apenas afirmo sem entender nada.

— Nós já vamos? — Pergunta.

— Sim, vamos apenas esperar o Jimin. Então estaremos indo.

Olho para o loiro novamente e vejo que ele caminha rápido até o outro lado da rua, entra em um carro, fala com o motorista e vai embora.

Vou até tio Jin que está massageando o ombro do noivo enquanto o Hyung passa as mãos na cabeça com o rosto preocupado.

— O que aconteceu? Por que Jimin entrou naquele carro? — Pergunto.

— Ele foi embora, Jun.

Franzo a testa sem acreditar no que tinha ouvido, já sentindo meu coração palpitar.

— Como assim foi embora?

— Ele disse que não estava se sentindo bem e foi embora. — Namjoon fala.

— Ah, e ele não está se sentindo bem e vocês deixaram ele ir mesmo assim?

— Jungkook. Se acalme, ok? — Tio Jin diz estranhando meu comportamento. —  Jimin é adulto, ele só não se sentiu bem e foi embora. Não se preocupe.

— Para onde ele foi? — Pego meu celular e começo a buscar o número dele.

— Ele não disse, ele só não está bem. Não tem problema, Jungkook. Você conhece o Jimin, essas.... é imprevisível.

— Como não tem problema? Inacreditável! — Fico nervoso por não conseguir achar rápido o número de Jimin.

— E o que você vai fazer, Jungkook? — Namjoon entra na minha frente e coloca as mãos na cintura. — Hum? Ele disse que não está bem e foi embora, eu não podia segurar ele aqui.

— Eu vou atrás dele. — Falo por fim.

— Mas e a nossa viagem, Jung? É daqui a uma hora... — Hari fala indignada.

— Você pode ir, Hari. Depois eu vejo o que eu faço.

— Mas...

Puxo os fios da minha nuca tão forte que acho que seria capaz de arrancar tufos de cabelo. Quero que todos calem a boca. Eu só quero encontrar Jimin. Eu quero ele, cuidar dele como eu sempre fiz na infância e na adolescência, e quando ele melhorar e se ele quiser, podemos ir para Busan.

— Jungkook. Se você for até ele por favor, não piore as coisas, ok? Eu sei onde ele estar. — Tio Jin fala. —  Ele me mandou mensagem assim que saiu daqui. Disse que não precisávamos ir até ele, mas sabia que Namjoon ficaria preocupado. Ele me prometeu que ficaria bem e que só precisava de um tempo sozinho, se algo acontecesse ele iria ligar para irmos buscá-lo.

— Onde ele está tio Jin?

— Na praça dos pássaros.

— Jungkook, fique calmo. Você tem uma viagem para fazer, você queria tanto ir naquela exposição. O Jimin ficará bem, eu tenho certeza. Ele disse que avisaria se algo acontecesse. Você não precisa ir até lá. — Namjoon fala.

— Eu não vou viajar sem ele, Hyung. Eu preciso dele.

Dou as costas à eles e vou até meu carro, entro e respiro profundamente três vezes, antes de seguir em direção a ele.

[...]

— Jimin!

Ele estava sentado no chão, encostado em uma árvore, colocando a mão na testa e respirando fundo, como se estivesse cansado.

— Jungkook?

Ele se vira para trás assustado. Caminho até ele e me agacho na sua frente.

— O que você está fazendo aqui? —  Pergunto e o mesmo ainda me olha assustado, com os olhinhos arregalados.

— Eu... eu só queria ficar aqui e... —  Seus olhos que estavam arregalados, mudam rapidamente para um cheio de lágrimas e um bico grande nos lábios.

Respiro fundo e devagar, encosto levemente as costas da minha mão em seu pescoço que está quente, depois toco sua testa que também se encontra da mesma forma.

— Você está queimando de febre, Jimin. Por que veio para tão longe?

— Jun... — Fala manhoso. Se encolheu na árvore e me olhando, deixando as lágrimas cair.

— Ei... O que houve?

— Vai embora, por favor. —  Sussurra.

Meu coração acelera e me sinto tremer. Eu faria tudo agora, menos ir embora e deixá-lo assim.

Sento-me no chão ao seu lado, ele se encolhe mais ainda. Não com medo, mas como se estivesse tentando evitar algo.

— Venha aqui, Jimin. Pare de se afastar.

Ele me olha e deixa mais lágrimas caírem, meu coração se despedaça apenas por vê-lo assim.

Venha aqui, Jiminie. Eu quero que você me abrace.

Em questão de segundos, sem pensar muito ele vem engatinhando e me abraça, afunda o rosto no meu pescoço e respira fundo. Deixa todas as lágrimas do mundo escorrerem, chora e soluça, como era antigamente, mas agora ele chora em meus braços. A cada soluço ele me aperta mais e se prende mais em mim, eu não penso muito, apenas deixo e quero que ele fique assim por quanto tempo quiser, até se sentir bem.

Em alguns momentos, eu tenho a sensação de que tudo está acontecendo rápido demais, mas também sinto como se fosse o ponto certo, como se agora algo começasse.

As vezes sinto que não é algo recente, não é algo que aconteceu em  uma semana. Parece algo de anos ou talvez de outras vidas.

A vida é uma linha com início, meio e fim, sinto que estou no meio, onde tudo acontece. Onde as coisas se encaixam e se resolvem. Como se toda a desordem se alinhasse, onde acontece o ápice e quando tudo caminha para o final.

É assim que eu me sinto depois de tanto tempo, depois de 15 anos.

— Jun... —  Ele chora novamente e soluça. — era para você estar no aeroporto agora.

Ele me aperta e afunda mais seu rostinho no meu pescoço.

— Huh... sim. Era para eu estar dentro do avião agora, e em uma hora em Busan.

— É. — Chora de novo.

— Mas eu estou aqui.

—  Me desculpe Jungkook. Eu... eu pedi para o Jin não falar nada, eu... me desculpe atrapalhar tudo, me desculpe por ser tão chato. — Ele se afasta de mim bruscamente e se senta na minha frente. Seus olhos fechados e as lágrimas ainda escorrendo, enquanto ele soluça. —  Eu sou tão invasivo com você. Fiz você me dar um emprego e fico perturbando, fiz você me dar o Amor quando éramos crianças e sempre deixei você nervoso quando éramos pequenos quando eu tinha crise e não conseguia controlar. Eu sou apenas um peso, Jungkook. Me desculpe por ser assim e por ter feito você me conhecer. Me desculpe por eu... por ter odiado a Hari, ela deve ser tão legal e boa para você e eu deveria ficar feliz, mas eu sou egoísta demais, Jungkook. Me desculpe por isso, por ter feito você não ir na exposição, por ter abraçado você agora, mesmo sabendo que você odeia essas coisas e me desculpe pelas outras vezes que fiz também.

—  Acabou? — Ele afirma ainda chorando e soluçando. — Vamos para o carro.

Sem pestanejar eu me levanto e ele me acompanha.

—  Vem aqui. — Puxo ele pela manga da camisa que antes era branca, agora está molhada de lágrimas e suja de grama.

Caminhamos alguns passos até chegarmos no carro, ouvindo apenas o som dos pássaros, pessoas caminhando e um Jimin chorando e soluçando.

No carro coloco ele no banco de trás e entro em seguida. Sento-me e ele me olha sem entender. Puxo-o novamente para mim, e ele se aproxima lentamente me olhando nos olhos.

— Venha aqui, no meu colo. Eu vou cuidar de você. Como sempre cuidei, Jimin.

Ele se aproxima ainda mais, ainda chorando, coloca as pernas por cima da minha e a cabeça encostada no meu ombro, enquanto eu seguro suas costas com uma mão abraçando-o e com a outra faço carinho em braço

—  Não sei o que deu gatilho em você para se sentir assim, para sentir a necessidade de me pedir tantas desculpas, quando você não faz isso. Não quando não é necessário. Você nunca me pediu desculpas por ser assim comigo, Jimin. Nunca pediu porque você sabe que... sabe que eu não me importo quando é você. Eu não ligo de você me tocar, de chorar alto, de ser invasivo, não ligo quando é você. E eu sei que você não se arrepende de nada. Então eu não acredito em nenhum pedido sequer de desculpas. Não sei o que te fez pensar naquilo tudo, mas por favor não faça mais isso. Não deixe de ser você quando está comigo.

Ficamos alguns longos minutos em silêncio, Jimin vai se acalmando, seu choro cessando, o coração desacelerando, mas o aperto na minha camisa continua como se não quisesse me soltar tão facilmente.

— Eu odeio me justificar, Jungkook. Mas é algo que eu trato sempre com o terapeuta. Quando o Namjoon Hyung disse que iria se casar com o Jin Hyung eu... quebrei tudo em casa em uma crise explosiva, parece até mentira ou exagero. Mas você não sabe como dói dentro de mim, e saber que eu sou assim sempre e posso ficar assim a qualquer momento como hoje me deixa tão mal, eu tenho vontade de desaparecer, de sumir. Sinto vergonha, Jungkook. Muita mesmo.

O abandono dos seus pais, dói?

Muito... Há dias que não, mas em alguns momentos me destrói.

Lembro da vez em que tivemos essa conversa quando tínhamos quinze e vinte um anos. Ele nunca foi de se abrir tanto comigo, sempre que eu dava abertura conversavamos sobre alguma coisa, um pouco da escola, os porquinhos, animais... e raramente nossos problemas.

Eu tinha grande dificuldade em dizer o que sentia e ele também.

Agora aqui nesse carro, ouvindo tudo isso me faz pensar em todas as vezes em que ele chorou e gritou pedindo para parar a dor. Mas em todas essas vezes, Jimin nunca se afastou, sempre sorriu e tentou entender as aflições da vida.

Sempre vendo tudo de forma clara e mais suave.

E eu me coloco em seu lugar, há dias que é impossível tornar as coisas suaves e tranquilas.

— E também... eu senti ciúmes. E me senti egoísta. Você me disse que iriamos viajar juntos e quando eu vi ela e o tanto de atenção que ela estava dando a você, eu me senti deslocado. Eu sei que não tenho nada haver com isso, com o tipo de relacionamento que você tem com ela ou não, e muito menos tenho motivos para me sentir assim e que foi imaturidade da minha parte, mas eu não consegui controlar. Eu só queria sair dali, eu quis sumir justamente por sentir tudo isso.

— Jimin... Eu imagino que o que gerou tudo isso, foi um sentimento de abandono, estou certo?

— É, mas veja bem... — Ele se senta e me olha secando o rosto vermelho. — Eu não tive motivo nenhum para me sentir assim, entende? Você não me deve satisfações. Estou me odiando tanto por isso, meu Deus.

— Eu não abandonei e nem troquei você.

— Sei que não, eu apenas criei expectativas demais. Yoongi sempre me fala isso e o Hyung também. Mas quando se trata de você e... — Ele arregala os olhos como se tivesse falado demais.

— Certo... eu estou até aqui para buscá-lo e irmos para Busan. Jimin, eu acho que a gente tem muito o que conversar e pensar. Quando eu estava dirigindo até aqui pensei em algo, pensei que poderíamos usar esse tempo viajando para... você sabe. — Engulo em seco e olho para ele que franze o cenho sem entender. — Para tentarmos entender isso que está acontecendo dentro da gente. Se você me disser agora que não tem nada, que não sente nada, podemos fingir que eu não disse isso, ok? É que, bom... sabe? — Puxei meus cabelos da nuca.

Meu Deus o que eu estou falando.

— Ok.

— Ok?

— Sim, Jun. — Ele sorri.

— Certo.

— Eu sei que o que está aqui, dentro de mim, não é de agora. Não é de semanas ou meses e sim anos. Então eu quero sim usar esse tempo para esclarecer as coisas.

Uma coisa que o Google não ensina é quando o amor começa e até quando dá para segurá-lo em segredo.

Acho que estou na etapa dois.

Quando não dá para segurá-lo.

Porque tudo começou quando eu conheci o Amor e a Fé.

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