Para o Amor e a Fé - JIKOOK [...

By camppz

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• CONCLUÍDA • JIKOOK Um romance leve e sensível para aqueles que ainda acreditam no amor. Para os que acredi... More

Informações [REPOST]
Para você.
Prólogo - Quando seus dois pés não encostam na terra.
Capítulo 2 - Bendito seja os olhares trocados e as palavras não ditas.
Capítulo 3 - Para você, que me viu maior do que o meu pequeno eu.
Capítulo 4 - Quando seus sonhos te engolem.
Capítulo 5 - Quando você sente que não é você.
Capítulo 6 - Não é fácil se soltar. Não é fácil estar livre.
Capítulo 7 - Em todos esses momentos.
Capítulo 8 - Quando floresce, é como uma rosa.
Capítulo 9 - Quando se espalha, é como flor de cerejeira.
Capítulo 10 - Quando murcha, é como ipomeia.
Capítulo 11 - Tu és nédio, um remédio.
Capitulo 12 - E você será feliz.
Capítulo Extra - Souvenirs
Epílogo - Como aquele lindo momento.
Para o Coração.

Capítulo 1 - Quando seu coração te subestimar.

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By camppz

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Quando seu coração te subestimar.

15 anos depois.

— Jungkook, hoje é o seu aniversário e a mamãe quer que você vá vê-la. — Taehyung comenta sentando-se de qualquer jeito na poltrona em frente à Jungkook que estava concentrado, olhando fixamente para a tela do celular.  — Aliás, faz um bom tempo que você não visita ela, Hisoo tem reclamado.

— Diga à ela que eu tenho um compromisso inadiável hoje. Talvez eu irei visitá-la à noite. — Disse sem ao menos levantar a cabeça para olhar para seu irmão sentado a sua frente.

Aparentemente, o assunto no celular era bem mais interessante e importante do que falar com seu irmão.

— Hm... Que compromisso? — Taehyung pergunta sugestivamente com um sorriso malicioso nos lábios. — Você irá para um encontro é isso? Você realmente não engana ninguém, Kookie.

Jungkook respira fundo fechando os olhos. Seu irmão adotivo sabia como lhe perturbar e fazê-lo se desconcentrar.

— Não vou a um encontro, Tae. E por favor, para de bater na mesa com o seu pé. Você sabe que isso me irrita.

— Oh, Sorry. — Deu risada levantando as mãos e assumindo uma posição defensiva. — Será que você pode falar comigo olhando para mim?

Jungkook passa as mãos pelo cabelo e puxa-os com certa força. Ele só queria resolver logo o problema com ele.

Levantando-se rapidamente de sua cadeira, ele recolheu suas coisas de cima da mesa: carteira e chaves do carro.

Taehyung o acompanhou com o olhar, estudando os movimentos do irmão mais novo tentando adivinhar qual era o compromisso importante inadiável dele, tão importante que ele não podia adiar nem mesmo em seu aniversário.

A verdade é que o moreno tinha tempo o suficiente para ir até a casa de sua mãe, só não queria dar satisfações de sua vida ao seu irmão. Jungkook com o passar dos anos tornou-se alguém sociável, ao ponto de se enturma facilmente, principalmente com pessoas desconhecidas.

Mesmo com seu déficit de atenção, ele cursou administração e matemática, se preparou o máximo possível e durante todo esse tempo ele trabalhou duro com seu tio Jin em sua clínica veterinária.

Com o seu grau de TEA, todo o apoio familiar que recebe e o tratamento, você crescerá e viverá de maneira independente, Jungkook. Continue se esforçando.

Jungkook sabia de todas as suas dificuldades e limitações, mas não deixou que isso fosse um grande problema e empecilho em sua vida.

Na época em que Seokjin concluiu os estudos abriu a própria clínica e juntamente com seu sobrinho que investia seu tempo e conhecimento para administrar o negócio, cresceram consideravelmente. Logo após a formação de Jungkook, aos 24 anos, os dois se juntaram e o rapaz se tornou acionista com 50% das ações sob sua posse e os outros 50% em nome de seu tio.

O garoto de dez anos, agora com vinte e seis, ainda gostaria de realizar o sonho de ter a melhor e maior empresa para todos os tipos de animais de todo o mundo. Acreditava que estava no caminho certo, sua empresa e de seu tio estava em um patamar consideravelmente alto, abrangia não somente a grande clínica onde Seokjin atuava, mas também a empresa onde Jungkook exercia a função de administrar toda a fábrica industrial onde desenvolvia produtos tanto alimentares quanto produtos de uso básico para animais.

Foram anos difíceis e duros, Jungkook desenvolveu bem o seu TEA, porém ainda tinha suas crises, inseguranças e medos. Nunca deixou de fazer o tratamento com seu terapeuta Yoongi, que acabou se tornando um amigo e tanto para ele.

E bom, além da terapia que o ajudava em quase 90% de seu transtorno, ele tinha a Fé. Sua porquinha da índia que ainda estava viva, claro, sem quase conseguir andar e com a visão ruim. Ela ainda vivia e nunca deixava de lhe acorrer.

— Espera aí. — Taehyung parou o irmão, tocando em seus ombros a sua frente, barrando a sua saída.

— Não me toque, hyung. Por favor. — Pediu e deu alguns passos, se afastando de seu irmão.

— Jungkook, você... — franziu as sobrancelhas e deixou um riso escapar dos lábios. Cruzou os braços e ficou olhando para o rosto inexpressivo do irmão. — Você está indo ver os porquinhos da índia, quer dizer você está indo encontrar o Jimin.

Jungkook sentiu a pele arrepiar só de ouvir o nome dele. Céus, Jimin... Sentiu as sensações novamente, as mesmas que o acompanhavam há 15 anos. Ele sentiu seu estômago revirar e jurou que aquele médico louco estava mentindo quando disse que o moreno não tinha nada de grave no estômago, muito pelo contrário, com a sua alimentação saudável seu estômago estava longe de estar doente. O médico havia lhe dito que essas sensações poderiam ser de outros efeitos. Efeitos esses que Jungkook não entendia ou talvez não quisesse entender. 

— Eu estou indo levar meu porquinho da índia para... Na verdade, Hyung eu não te devo explicações!

— Uau! Certo, certo. — Taehyung abaixou a cabeça apenas concordando com um sorriso no rosto — Huh, eu poderia ir com você? Quero mesmo rever Jimin. Ele é tão lindo. E você sabe que eu tenho uma queda grande por ele né, isso não é segredo para ninguém.

— Jimin não é lindo. Quer dizer, ele é, mas... — Jungkook tocou em seus cabelos na nuca e puxou-os de leve para descontar o nervosismo. — Só que você não pode ficar falando essas coisas, hyung. Entendeu? E não, você não vai comigo.

— Tudo bem, Jungkook. Não é como se você fosse deixar mesmo. Bom, feliz aniversário. — Taehyung abriu os braços e deu passos largos até o irmão agarrando-o, ele o apertou e o soltou.

Jungkook se tremelicou todo e passou as mãos pelas mangas do terno preto, como se tentasse tirar o abraço que lhe foi dado. Puxou novamente os fios de cabelo em sua nuca até doer.

Céus, Taehyung... Jungkook não o odiava, mas também não o amava.
Na verdade, era um misto dos dois sentimentos.

Quando tinha 11 anos, sua mãe havia decidido adotar Taehyung. Um garoto que era filho de sua melhor amiga desde a infância que acabou morrendo em um acidente grave na estrada. Tae estava com a sua mãe enquanto voltavam de um passeio na cidade de Busan, seu pai havia falecido ainda jovem de um problema de saúde e então como filho único, o que lhe restou foi a família de Jungkook que lhe acolheu tão bem quanto sua mãe o acolhia.

Taehyung tinha 12 anos na época e sua convivência com a nova família foi fácil, ele sempre foi um rapaz responsável e precisou amadurecer rápido. Durante a adolescência ele teve muitos atritos com Jungkook, pois não entendia que seu irmão precisava de atenção e cuidados a mais, não entendia o porquê de Jungkook ser tão recluso e nunca ter brincado com ele.

Por ver sua família adotiva tão afetuosa com Jeon, Taehyung criou um certo conflito dentro de si como se estivesse atrapalhando. Tudo piorou quando aos 17 anos, Jungkook teve uma crise, talvez a pior que ele havia presenciado durante todo o tempo em que conviveram juntos. E o pior é que ele havia sido o causador da crise. Tae havia entrado no quarto do irmão e mexido no cercadinho onde ficava a fé, sua porquinha da índia que tinha acabado de dar cria, tocou nela e além dela tocou nos recentes filhotes que nem pelugem tinham ainda. Curioso pegou um filhotinho na mão, mas acabou derrubando no chão por puro descuido o que causou a morte de um filhote. Céus, só de pensar nesse dia seu corpo todo se arrepiava de arrependimento por ter mexido onde não devia.

Jungkook surtou, gritou, chorou, se debateu, puxou várias vezes os fios do próprio cabelo que ao olhar em suas mãos era possível ver os fios arrancados. Ele chamou por seu tio Jin incontáveis vezes, até mesmo quando ia dormir a base de calmantes o chamava.

Com o passar do tempo, ao crescerem e se entenderem sem tantos conflitos, o mais velho olhou para seu irmão de uma forma diferente. E nesse mesmo dia ele havia conhecido Jimin. E Taehyung, desde que o conhecera, sabia que Jungkook só tinha olhos para ele. Nenhum outro ou outra, sempre foi ele.

[...]

Jungkook chegou na clínica de seu tio Jin já com seu porquinho da índia dentro da pequena gaiola. Seu peludo mesclado, na cor preta e branca, estava pronto para o seu primeiro cruzamento. Depois de anos eles mantinham a tradição de cruzar os filhotes. Quando Fé cruzou com o porquinho de Jimin, o Amor, nasceram quatro novos porquinhos. Um havia ficado com Jimin e outro com Jungkook, os outros dois tinham ficado na clínica de Seokjin para receberem cuidados e serem possíveis adoções. E então sempre foi assim, a cada cruzamento eles ficavam com um filhote, atualmente eles tinham 4 filhotes cada um.

— Oh, trouxe Yng Yang! Ele é tão fofo, Gu. — Jin que estava na recepção se aproximou sorrindo para seu sobrinho que lhe devolveu o sorriso.

— Sim, tio Jin. Eu realmente estava ansioso, mas quero te dizer que dessa vez eu não vou ficar com um porquinho a mais, os 4 é o máximo que eu consigo cuidar e dar muita atenção, porque bem, eles merecem né? Então queria saber se o senhor acha que teria algum problema se ele não ficar também com nenhum outro porquinho. — disse rapidamente com um bico nos lábios.

Jungkook com seu tio se tornava outra pessoa, falava tanto que às vezes cansava e precisava dar um tempo. Ele se sentia confortável e por esse motivo tinha vontade de estar na presença do mesmo toda hora e em suas crises era ele a quem o garoto recorria.

— Você não quer que eu fique com mais nenhum porquinho? Você não pode, Jungkook!

Jimin cruzou os braços segurando sua porquinha e fez um bico enorme.

Céus, Jungkook odiava tanto esse garoto que não sabia como havia convivido com ele todo esse tempo. 

— Cale a boca, por favor. — Jungkook rebateu.

— É agora que o Jimin começa a chorar? É sério, vocês dois não perdem o costume nunca né. — Jin riu com a mão na boca olhando para os dois que se encaravam emburrados.

— Eu só quelo... Quero que ele não fique com os outros porquinhos por que eu não vou ficar e se ele ficar vai quebrar a tradição, só isso. — Jungkook explicou e caminhou até o cercadinho e depositou Yng Yang lá.

— Huh... — Jimin olhou para o rosto do moreno agachado na frente do cercadinho passando a mão na longa pelugem do porquinho. — Hoje é seu aniversário, neném? Eu vou te dar isso de presente então. 

— Não me chama assim, já lhe pedi isso, eu sou seu Hyung. — Jungkook resmungou levantando e arrumando seu terno. — E obrigado por entender.

— Entender eu não entendi né, mas eu aceito. — O loiro depositou sua porquinha no cercadinho e também acariciou os pelos pretinhos da mesma.

A porta da frente foi aberta e Namjoon entrou por ela sorridente e com uma caixa de tamanho médio na mão.

— Boa tarde a vocês. — Caminhou ainda sorrindo até Seokjin e lhe deu um beijinho na boca, em seguida no seu nariz.

Bem, aquela visita há 15 anos atrás realmente havia rendido coisas boas, e com certeza uma delas havia sido o relacionamento de Jin e Namjoon. 

— Feliz aniversário, Jun. Toda vez que vejo vocês juntos, eu me lembro de 15 anos atrás e Jungkook... você cresceu tão bem. — Se aproximou do rapaz que o olhava com um pequeno sorriso no rosto. — Você é um homem e tanto, Gu.

— Ah... obrigado. — Jungkook sentiu seu rosto esquentar com o elogio, não que ele não tivesse ouvido elogios de outras pessoas, mas ouvir de Namjoon era diferente.

Namjoon era diferente para ele.

— Bem, eu tenho algo para vocês dois. — Nam apontou para Jimin e Jungkook.

— Primeiro de tudo, antes do Nam começar. Por favor, sem gritos — olhou para Jimin que lhe devolveu um mini sorriso sapeca. — e sem negar antes de entender tudo direitinho. — terminou olhando para seu sobrinho que assentiu devagar.

— Bom, vocês sabem que eu e o Jin estamos juntos a 14 anos... nós namoramos muito nesse tempo, fizemos de tudo e...

— Certo, pode nos privar dessa parte. — Jimin pediu com a bochecha vermelha.

— Tudo bem. — O casal gargalhou. — Bom, como eu estava dizendo, Jin e eu nos amamos todo esse tempo e de uns dias pra cá eu e ele percebemos que algumas coisas mudaram entre a gente...

— Não! — Jungkook disse alto, o que normalmente não fazia. — Não é possível que vocês...

- O que eu disse sobre negar antes de entender tudo, olhudo? - Jin cruzou os braços e franziu a sobrancelha dando-lhe um sermão. 

— Gente, o que mudou foi que... foi que a gente se ama mais, muito mais. Muito mais do que vocês possam imaginar. — Jungkook engoliu em seco e piscou algumas vezes.

Falar sobre amor e essas outras coisas deixava-o se sentindo estranho, seu olhar e seus pensamentos lhe trairam todas as vezes em que essa palavra era citada em algum momento. Seus olhos sempre buscavam os dele e seus pensamentos buscavam a ele.

— E então, decidimos eternizar nosso amor em um casamento. Vamos nos casar daqui a três meses!

Jimin sorriu e bateu palmas animadas, mas não tão altas. Deu pulos e correu para abraçar Jin e Namjoonie ao mesmo tempo. O loiro chorou e chorou, era um chorão mesmo. Jungkook ficou olhando com os olhos cheios de lágrimas. Era um chorão também.

— Gu, você está feliz? — Jin perguntou caminhando até o sobrinho. Jungkook acenou e engoliu as lágrimas que queriam escapar de seus olhos.

— Quero que seja muito feliz, tio Jin. Muito mesmo. — Seu tio limpou as lágrimas olhando para o rapaz alto a sua frente.

Seokjin amava tanto Jungkook que não cabia no peito e saber que seu sobrinho além de apoiar, lhe amava e também amava Namjoon.

— E nós queremos convidar vocês dois para serem nossos padrinhos. — Namjoon estendeu a caixinha que estava em sua mão, Jimin a segurou limpando as lágrimas do rosto.

— Huh, padrinho com ele? — Jungkook perguntou receoso.

— Sim.. é que bem, vocês dois foram quem viveram isso conosco desde o início. Sentimos que deveríamos dar isso a vocês. — Jin comentou indo até o futuro marido, abraçando sua cintura.

— É claro que eu aceito, se Jungkook se sentir confortável.

Jungkook levou sua mão direita até a nuca e puxou alguns fiozinhos de cabelo. Sua maior angústia desde que descobriu o transtorno era o fato de que as pessoas sempre pensavam nele em primeiro lugar, sempre que tomavam alguma decisão, como se tudo fosse difícil para ele, como se ele não pudesse lidar com certas coisas.

Jungkook tinha consciência de seu transtorno e até onde ele poderia ir, e sabia que tinha que enfrentar algumas coisas e tomar decisões também. Poxa, ele era um adulto agora e tinha uma empresa que administrava, sabia o que lhe era confortável ou não.

O que faz você pensar que eu não estaria confortável com isso? pensou.

— Eu aceito. — disse por fim e sorriu abertamente para o casal.

Depois disso houve mais alguns choros e risadas vindo dos outros três.

Um tempo depois, Seokjin e Namjoon saíram para ir até o mercado e deixaram a clínica nas mãos dos dois quase amigos. Jungkook sentou-se no sofá da recepção e retirou o celular do bolso. Abriu o YouTube e colocou um vídeo qualquer de animais na selva em imagem 4k. Esse com certeza era seu passatempo preferido.

Alguns minutos depois sentiu o sofá ao seu lado ser afundado e acabou olhando de soslaio percebendo que Jimin também o olhava..

— Jung, como está a Fé? 

— Ela está bem. — respondeu sem tirar os olhos do celular.

— Huh... Amor não está nada bem, estou preocupado. — Jimin passou as mãos pelos cabelos loiros que estavam um pouco grande demais.

— Peça para tio Jin vê-lo. — murmurou, sem olhá-lo.

— Sim, vou pedir.

Ouviu um suspiro soar do seu lado e outra movimentação, até que então seu celular foi retirado de sua mão devagar.

— Quero conversar com você um tiquinho, será que podemos? — Jimin perguntou manhoso e sorrindo.

Jimin... Ah, Jimin... céus ele havia crescido tão bem, seus cabelos loiros agora estavam mais loiros ainda, sua pela branca e leitosa, sua boca vermelhinha e sempre tão nutrida e volumosa. Jungkook às vezes se perdia pensando nela. E também tinha todo o resto. Jeon não entendia, ele nunca conseguiu olhar para outra pessoa como olha para Jimin, não consegue desejar outro alguém como deseja Jimin. Ele não sabia nem dizer qual era a sua orientação sexual, mas sabia que quando olhava para o garoto ele sentia tudo e todas aquelas coisas.

— Sim... — Sussurrou olhando para os olhos amendoados, quase invisíveis pelas pálpebras, fechando por causa do sorriso.

— Bem, é que eu terminei a escola ano passado e esse ano estou fazendo faculdade de administração... — Coçou o canto da sua sobrancelha. — e aí, estou a procura de um estágio para poder colocar em prática o que eu estou aprendendo, você sabe como é né? — Sorriu novamente e de novo Jungkook sentiu seu estômago o atrapalhar.

— E o que eu tenho haver com isso?

— Tem por que eu queria saber se... — Jimin falou baixinho, quase inaudível. O que infernos o garoto estava tentando fazer agindo daquele jeito? — Huh, se você deixaria eu estagiar na sua empresa.

— Não.

— Olha aqui, seu narigudo! -
— Jimin exclamou e se afastou do mesmo, sua voz manhosa tinha sumido rapidamente. — Você nem ao menos pensou, Jungkook!

O moreno olhou novamente para o loiro que olhava-o incrédulo. 

Mas poxa ele é tão bonito, pensou.

Tão bonito que doía, doía a sua pele, suas veias, seu sangue, sua cabeça e seu coração. Não havia laudos médicos no mundo que poderiam diagnosticar quais eram as causas daquelas dores.

E isso lhe irritava.

— Com uma condição. — apontou o dedo indicador para Jimin. — Você será meu secretário. Meio período, pela manhã.

Jimin deu um sorriso enorme que doeu as suas bochechas grandes.

— Seu secretário, é? — Questionou travesso ainda sorrindo. — E por que não à tarde, hum?

— Jimin...

— Está bem, eu aceito. — Jungkook levantou-se do sofá e Jimin o acompanhou.

O rapaz olhou para o loiro que também lhe olhava nos olhos e tudo aconteceu tão rápido que ele não teve tempo de pensar ou de se mover. Quando viu e sentiu, Jimin já estava com os braços rodeados ao redor do seu pescoço e a cabeça apoiada em seu ombro.

— Obrigado, neném. Mesmo, mesmo. — Jungkook respirou fundo e engoliu em seco.

Céus, Jimin estava lhe abraçando e ele estava deixando. Deixando ele lhe tocar.

— Jimin...

— Jun, você tem um jeito tão... céus. — sentiu o garoto loiro se mover um pouco e se aconchegar mais no abraço.

Abraço esse que era unilateral. Ele queria lhe abraçar de voltar, meu Deus como ele queria, mas não conseguia nem mesmo respirar direito com o garoto tão perto como estava. Seu corpo todo estava rígido e suado, sua cabeça dava voltas e voltas tentando assimilar o que estava acontecendo. Nem mesmo seu tio Jin e sua mãe tinham tamanha intimidade com o rapaz. Mas Jimin, céus, ele era diferente, muito diferente.

E tinha o fato de que ele, mesmo depois de adulto, nunca tinha sido abraçado por alguém, nem mesmo por parentesco. Diferente de qualquer outro contato de qualquer outra pessoa nesse momento ele estaria repudiando e odiando.

O transtorno desenvolve no autista a hipersensibilidade e sensibilidade a sons altos ou ruídos. E para Jeon tudo parecia que iria lhe domar quando qualquer um desses fatores acontecesse. Mas sempre, assim como em qualquer coisa na vida, haviam suas exceções.

E naquele momento ele talvez tenha descoberto a sua.

— Jimin... — sussurrou.

Mesmo querendo abraçá-lo de volta, tinha uma parte dentro dele, aquela obscura que se sentia odioso por ser tocado, mesmo que a razão estivesse lhe dizendo que era melhor se afastar, sua emoção implorava para que Jimin lhe tocasse mais.

— Eu sei que você não gosta de mim e muito menos de contato físico, mas é que... a gente se conhece há tanto tempo, nos vimos crescer, compartilhamos do mesmo animalzinho, você sempre... você sempre me ajudou quando eu tive crises aqui. E hoje é o seu aniversário, neném. E eu...

— Jimin...

— Meninos, voltamos. Acreditam qu-... — O momento dos dois jovens foi cortado pela voz de Jin que adentrou a clínica juntamente com Namjoon.

Seus olhos arregalados encaravam a cena que a seguir foi totalmente cômica. Jungkook se assustou e empurrou Jimin para longe, ficou vermelho e puxou fortemente os fios de cabelo de sua nuca. Sentia seu coração acelerado e muita vergonha, como se estivesse sendo pego em flagrante fazendo algo absurdamente errado.

— Errr... — Namjoon gaguejou ainda sem acreditar no que havia visto. — Nós... bem, nós voltamos por que o mercado aqui perto estava fechado e então...

— Bom, se quiserem nós podemos sair e deixar vocês e-... — murmurou  Jin, olhando-os incrédulo.

— Não! — Jungkook exclamou alto. — Não. Quer dizer, não precisa. Não estava acontecendo nada, Jimin só estava me dando parabéns.

— É. — Jimin disse, sentindo-se constrangido pelo ocorrido.

Em seu rosto não havia mais nem um resquício de sorrisos ou expressões travessas e Jungkook percebeu que ele estava chateado.

Mas com o quê?

— Certo. — Seokjin respirou fundo tentando dissipar o clima pesado que havia ficado. — Gu, sua mãe preparou um jantar para o seu aniversário e pensei em irmos todos juntos, o que acham?

— Eu não vou, tenho prova amanhã à tarde e preciso estudar.

— Vai ser rápido, Ji. Preciso anunciar o nosso casamento a família do Jin e queria que você estivesse presente. — Namjoon com seu sorriso e sua covinha tornava impossível recusar qualquer pedido. Jimin nem pestanejou, aceitou rapidamente, totalmente enfeitiçado pelo sorriso. Namjoonie tinha esse poder...

— Então, vamos. Eu estou de moto com o Joonie. Gu, você está de carro hoje?

— Não, estou de moto.

— Então Jimin vai com você na moto, pode ser? — Jin perguntou ao sobrinho.

Jungkook olhou para Jimin rapidamente e o garoto fez o mesmo, os dois ainda estavam totalmente constrangidos pelo o que tinha ocorrido há alguns minutos.

— Tudo bem.

Eles organizaram toda a clínica, deixaram alimentos o suficiente para os bichinhos que já estavam acostumados um com o outro dentro do cercadinho. Jimin e Jungkook se despediram dos bichanos e caminharam todos para fora do local. Eles se despediram brevemente de seus Hyungs.

A verdade é que Jungkook odiava comemorar seu aniversário. Não porque odiava fazer aniversário, mas o barulho das palmas, as pessoas falavam alto demais, as vezes o som de alguma música alta demais lhe dava agonia, ou simplesmente pelo fato de ter pessoas demais. E isso o incomodava por que sua família e seus amigos não podiam comemorar o seu aniversário como o de qualquer  pessoa normal, tudo por que ele era sensível demais. Por isso que por amar demais sua família, todo ano ele fazia um esforço e comparecia em todas as festas de seus aniversários.

— Eu sei que já pedi demais e ultrapassei limites demais com você em menos de 2h, mas será que pode me levar em casa antes? Quero tomar um banho, eu ajudei seu tio hoje com alguns cachorros.

— Sim. — O moreno apenas concordou.

Caminhando até sua moto preta montou nela, colocou o capacete e entregou o outro para o loiro. Esperou o mesmo colocar o equipamento de proteção, mas Jimin ficou alguns minutos tentando colocar. Seus dedos pequenos e sua falta de habilidade o impossibilitaram de realizar tal ação.

— Me ajuda? — pediu baixinho.

Jungkook respirou fundo três vezes e levou suas mãos até as pequenas alças do capacete debaixo do queixo de Jimin, o mesmo se aproximou mais do moreno ficando tão próximo quanto estavam há alguns minutos. Todas aquelas sensações voltaram novamente, reboliços no estômago como sempre, sua pele arrepiada, mente e coração acelerados, pulmões presos fazendo-o sentir dificuldade de respirar... tudo. Realmente o loiro mexia com todos os seus órgãos e ele temia por um dia ter falência deles por causa de Park Jimin.

— Pronto. — Prendeu o capacete do loirinho e ajustou ao seu tamanho.

— Obrigado, neném. — Sorriu até seus olhos fecharem e suas bochechas apertarem dentro do capacete.

Jimin subiu na moto e ficou indeciso de onde segurar, pensou e Jungkook ainda nem havia ligado a moto. Decidiu segurar atrás mesmo, talvez o moreno não se sentisse confortável com um contato tão longo. Jeon ligou a moto e seguiu o caminho até a casa de Park que ficava a alguns minutos dali.

Durante todo o percurso ficaram em silêncio, mas a mente de Jeon estava barulhenta. Ele conhecia tanta gente, tantas pessoas. Trabalhava e fechava negócios todos os dias, era difícil por si só, mas com o transtorno tudo piorava. Aliás viver com Espectro autista, mesmo em um nível leve/médio, era abstruso. Seu escape eram as terapias em todas as quartas feiras e seus medicamentos contínuos. No entanto, mesmo com tudo ao seu redor, as pessoas que ele não conhecia e que não sabiam que ele tinha algo diferente e não lhe entendiam, as pessoas que às vezes eram invasivas demais, a ele mesmo que por muitas vezes se excluiu das pessoas e do mundo.  Contudo, diante de tudo isso, nada o atingia tão fortemente de tal forma como ele o atingia.

Jimin o tocava e ele reagia bem.

Jimin era um intruso, ele permitia.

Jimin falava alto e gritava demais, e ele não ligava.

Jimin talvez era a sua exceção.

Ele queria entender, queria mesmo. Queria olhar para o loiro e não precisar sentir seu corpo pegar fogo, seu coração acelerar como se estivesse próximo a um infarto. Queria não falar dele na terapia, queria tantas coisas relacionadas a Jimin...

Mas talvez Jimin fosse a sua exceção.

Assim que chegaram a casa do loiro, ele esperou pacientemente sentado na moto estacionada, sacou o celular do bolso e voltou ao vídeo que estava assistindo na clínica. Talvez assim conseguisse distrair a sua mente. Passaram-se bons minutos, esses que Jungkook fez questão de cronometrar. Jimin voltou e quando o moreno olhou para ele, aconteceu tudo de novo, mas pior. Achou que realmente precisaria de um hospital agora.

Jimin estava com uma embalagem pequena nas mãos, os cabelos recém lavados, já secos e penteados com uma breve separação no meio. Uma leve maquiagem em seus olhos e um gloss rosinha igual aos seus lábios quando naturais. Sua blusa de lã felpuda e rosa claro dando um contraste a sua pele que aos olhos de Jungkook era totalmente macia. Nem percebeu o quanto olhava sem piscar para o loiro que agora estava totalmente envergonhado e com um sorriso sapeca nos lábios.

— Oi, neném. Podemos ir agora, desculpa ter demorado tanto.

Jungkook piscou algumas vezes tentando voltar para a realidade.

— Certo. — engoliu em seco pela vigésima vez só hoje. — O amor está melhor?

— Hum, mais ou menos... demorei porque estava ajudando ele a comer. Você sabe, eles estão bem velhinhos e é difícil de cuidar deles... —ele disse e Jungkook apenas assentiu.

Os dois compartilhavam o casal de porquinhos da índia, Amor e Fé. Os dois depois de um ano se viram novamente e Seokjin e Namjoon riram quando descobriram os nomes dados aos animaizinhos pois eram de suas respectivas características. Depois do encontro em um ano depois, isso passou a ser mais frequente, passou a acontecer de meses e depois semanas e então dias. Jimin e Jungkook cresceram juntos naquela clínica, viram Namjoon e Jin se aproximarem e se apaixonarem, viram seus filhotes procriarem e seus outros filhotes procriarem também.

E então o tempo passou, Jungkook começou a estudar e quase não via mais Jimin pelos horários que não batiam tanto. E também por que, bom, não é como se Jungkook entendesse o que seu corpo e mente sentiam quando via Jimin. Antes ele não entendia e se sentia assustado.

Hoje ele não queria entender.

Ajudou Jimin novamente com o capacete agora mais rapidamente, pois se o olhasse demais talvez ficasse por horas e horas ali apenas o admirando.

[...]

Ao chegarem, quase uma hora depois de Jin e Namjoon, todos já estavam na casa de sua mãe aguardando os dois para iniciarem o jantar.

Na sala de estar todos conversavam animadamente, Jungkook embora não estava tão festivo por motivos óbvios. Ele amava a sua família, amava estar reunido com ela e com as pessoas que ele amava. Isso fazia-o se sentir inteiro.

— Boa noite, pessoal. — Jimin disse dando um sorriso enorme.

Na sala estavam Hisoo, Seokjin, Namjoon, Taehyung, Jung Hoseok e Min Yoongi.

— Yoongi Hyung! - Jungkook exclamou sorrindo abertamente e chamando a atenção do mesmo que retribuiu com um sorriso de gatinho.

Mesmo lhe dando tratamento não tão contínuo como antes pelo avanço do tratamento, Yoongi passou a participar de algumas coisas da vida de Jungkook como seus aniversários, sua formatura na escola e na faculdade.

— Oi grandão. — Yoon se aproximou sorrindo com um presente nas mãos. — Feliz aniversário. Eu trouxe uma lembrancinha para você, espero que goste. — Entregou a caixa média nas mãos de Jungkook que sorriu grande.

Jungkook realmente amava seus amigos e sua família, amava ganhar presentes deles também. Seu coração estava acelerado de um jeito bom e que o deixou quentinho.

Acho que é amor. — pensou.

— Obrigado, Hyung. Eu amei. — falou sem parar de sorrir.

— Você ainda nem viu, como pode falar que gostou? — Olhou para ver de onde vinha a voz e era de seu irmão mais velho Taehyung.

— Não seja chato, Taehyung. — Jimin disse, revirando os olhos.

— Olá, loiro. Você está muito lindo hoje. — comentou indo até o mesmo o abraçando e sendo retribuído com um Jimin sorrindo.

— Então, grandão. Você está bem? Não foi na consulta de quarta-feira. — Yoon perguntou fazendo Jungkook tirar os olhos da cena que acontecia ao seu lado.

O moreno puxou os fios da nuca devagar enquanto olhava mais um pouquinho para o irmão e o loiro conversando abertamente com toques e sorrisos.

Mas você estava sorrindo para mim também. pensou.

Sentiu seu coração comprimir um pouco e sua ansiedade começar a dar sinais.

— Eu estive com um fornecedor o dia todo na quarta-feira e precisei viajar no fim do dia. — respondeu ao terapeuta.

— Certo. Vem cá. Vamos lá com Seokjin e Namjoonie, eles vão se casar e eu soube que você será o padrinho. — Yoon sorriu e caminhou junto com o moreno até o restante dos familiares.

Deixou para trás Jimin e Taehyung que conversavam animadamente.

— Oi, meu amorzinho. Eu estava com tantas saudades de você. — Sua mãe se aproximou um tantinho de Jungkook, mas não lhe tocou.

Ele sorriu carinhosamente para sua mãe. Jungkook amava sua mãe, amava muito mesmo. Ele nunca teve conflitos com ela, nem mesmo quando decidiu adotar Taehyung. Ele sempre tentou compreender e tornar as coisas fáceis para ela, pois sabia que a mesma sempre trabalhou muito para lhe dar o melhor cuidado possível.

— Eu senti sua falta também, Omma. Eu trabalhei muito esses dias, me desculpe por desaparecer assim.

— Sem problemas, meu amor. E a Fé? Ela está bem?

— Sim. Ela está velhinha, mas está bem. Os outros porquinhos se alimentam tanto, mamãe. Eu fico louco, queria ensiná-los a não devorar tudo tão rápido. — disse feliz.

Sua peculiaridade era que sempre que citava animais ele falava bastante e quando era sua mãe ou Jin seu nível de entusiasmo aumentava mais ainda.

A pequena festa/jantar aconteceu, conversaram, beberam e comeram muito. Riram das piadas bobas de Hoseok e ouviram algumas histórias incríveis de Yoongi. Jin e Namjoonie falaram sobre o casamento e a festa que já estava sendo elaborada, Taehyung contou sobre seu novo projeto no trabalho, e Jimin... bem ele contou sobre o novo emprego. Todos ficaram surpresos e esperaram até alguma resposta de Jungkook sobre, mas o mesmo se manteve em silêncio.

A verdade é que depois de ver Jimin tão à vontade com Taehyung, ele sentiu-se um pouco abatido e magoado, olhar ou pensar no loiro diferente de algumas horas atrás o deixava ansioso. Durante todo o jantar observou seu irmão o olhar algumas vezes, e por essas vezes desviava o olhar para Jimin.

Jeon se sentiu incomodado, pois sabia que desde quando eram jovens Tae gostava de Jimin e ele já havia tido diversas oportunidades para se abrir e tentar algo com o loiro. Os dois se davam bem e não tinham conflitos internos, ou algo que impedisse eles de ficarem juntos. Então o moreno não entendia o porquê de seu irmão adotivo nunca ter tomado uma iniciativa. Mas também só de pensar nos dois juntos sua cabeça doía.

Jungkook estava sentado no canto da sala sozinho em uma poltrona assistindo seu canal preferido no YouTube, o qual havia postado um novo vídeo.

— Jungkookie, o que você está vendo aí, hein? — Hobi curioso seguiu por trás do amigo e viu que era sobre os animais no safari na África do Sul. — Está tudo bem, Jungkookie?

— Sim. — respondeu sem olhá-lo.

— Eu sei que não está, eu conheço você há tantos anos que é impossível você mentir para mim. Por que está aqui quietinho?

— Eu sou assim, Hyung.

— Eu sei que sim, mas tem algo incomodando você. É o trabalho?

Antes que pudesse responder, Jin e Namjoon se aproximaram e se sentaram nos sofás ao lado.

— Jun, deixamos seu presente de aniversário e seu convite de padrinho juntos na mesa de presentes, ok? — Jin comentou sorrindo.

— Certo, tio Jin. — Jungkook colocou-se de pé e ajeitou sua roupa. — Obrigado pelo presente e pelo convite. Obrigado por vir, Hobi. — sorriu para os três. — Eu preciso ir, Fé deve estar com fome e eu estou cansado.

— Está tudo bem, Jun? — Nam perguntou.

— O que deu em vocês hoje? Eu estou bem. — respondeu exasperado.

Os três ficaram em silêncio estranhando o comportamento do rapaz.

— Certo, eu também já estou indo. — Hoseok retirou as chaves de seu carro do bolso e se colocou ao lado de Jungkook que já caminhava para fora da casa.

Se despediram de todos, ou quase todos. Hobi foi parado por sua mãe no meio do caminho, essa que questionava sobre alguns reparos que precisava em sua casa. O mesmo tinha uma empresa de consertos domiciliares e os dois discutiam um orçamento para os consertos em alguns pontos da casa. Pela demora do amigo, Jeon apenas caminhou para fora de casa e montou na moto.

— Ei, espere. — olhou para o lado e viu seu tio caminhando rapidamente até ele.

— Eu esqueci algo? — perguntou tocando nos bolsos frontais da calça social tentando lembrar.

— Seus presentes, seu bobo. — sorriu. — Mas tudo bem, você está de moto, quando estiver de carro você vem buscar.

— Foi o que eu pensei. — murmurou balançando a cabeça afirmando

— Jungkook... o que houve? — o sorriso do mais velho se esvaiu. Ele havia percebido o sobrinho abatido há algumas horas e estranhou a mudança de humor repentina. — Eu e o Namjoon vimos vocês dois hoje... você e Jimin bem próximos e...

— Ah... — coçou a nuca e aproveitou para puxar alguns fios de cabelo. — Jimin me pediu o estágio e eu aceitei, então acho que ele só me abraçou por isso mesmo. Foi rápido, não foi nada demais sabe, tio Jin? E também, Jimin tem esse jeito dele que me deixa assim, mas eu estou bem, estou mesmo bem.

— Deixa você assim? Assim como, Gu?

— Você sabe, tio Jin. Eu falei sobre isso com você. Ele... eu não sei. Ele só... — tentou e tentou dizer, mas nada saía. A imagem de Taehyung abraçando Jimin e o mesmo retribuindo e sorrindo em seguida, ainda circulava em sua mente.

Puxou um pouco mais os fios da nuca tentando amenizar a ansiedade.

— Jungkook! — ouviu o grito vindo da porta da casa de sua mãe. Era Jimin que acenava pedindo para ele esperar. O loiro olhou para trás e também acenou dando tchau e mandando beijos sorrindo, se despedindo dos amigos.

Ele ama mesmo sorrir.

— Você não precisa levar ele, Jungkook. Taehyung pode levá-lo embora e... — começou Jin.

— Não! — exclamou um tanto alto. — Quer dizer, não tem problema levá-lo. Eu o trouxe e o levarei.

— Certo...

— Neném, você não ia me esperar? — Jimin perguntou próximo do moreno, esse que lhe estendeu o capacete.

— Já falei para não me chamar assim, Jimin. — pediu retórico.

— Desculpe, Narigudo. — colocou o capacete na cabeça e parou bem em frente a Jungkook esperando o mesmo abotoá-lo para ele.

Enquanto Jungkook prendia o capacete em Jimin, Jin observava toda a cena em silêncio. Observar seu sobrinho era seu passatempo favorito, Jun tinha tantos lados, mas esse carinhoso, apaixonado e ciumento era um tanto novo para o tio.

A verdade é que quando viu os dois abraçados na recepção foi a coisa mais inédita da sua vida, sabia da queda de seu sobrinho pelo loiro, mas não imaginava que ele permitiria que Jimin se aproximasse tanto assim. Ele viu como ficaram desconcertados com toda a situação e quando chegaram a casa de sua irmã para o jantar, Jungkook estava sorrindo, mas só foi Taehyung se aproximar de Jimin que tudo mudou. Jun fechou a feição e ficou um tiquinho emburrado, seus olhos sempre distantes e diversas vezes o viu puxando os fios do cabelo distraído no mundinho dele.

Sabia que Jungkook estava desconfortável com a aproximação de Taehyung, mas não havia nada que ele pudesse fazer, Jeon era alguém com TEA e lutava todos os dias com seus problemas e dificuldades, todo dia lidando contra as próprias barreiras que a sua própria mente criava. E também tinha Jimin com Borderline, que mesmo fazendo tratamento desde cedo, o mesmo sofria muito internamente e sabia que todos aqueles sorrisos muitas vezes eram falsos.

Céus, os dois não poderiam dar certo, os dois são cheios de inseguranças e dificuldades internas.

Apesar disso, Jin os olhou novamente e viu que mesmo com tudo isso, com todos os transtornos e crises, os dois se olhavam com sinceridade e com carinho, com cuidado e esperança.

Com amor e fé.

A verdade é que seja lá o que estivesse crescendo dentro deles, era algo grande demais para ser evitado.

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