Copo atrás de copo.
Sam observava Dean tentando abrir a cápsula de bambu. O homem estava claramente fazendo força - que era em vão, diga-se de passagem. Ele grunhiu e jogou o objeto para Sam, que o pegou ainda no ar.
— Eu desisto. — Abiu os braços em desistência. — Essa coisa nem se mexe!
— Talvez você só esteja fora de forma. — Sam riu do irmão, que lhe lançou uma sobrancelha arqueada e um olhar de indignação.
— Pois tenta abrir, pra você ver!
Sam e Dean trocaram olhares contundentes o homem mais novo deu de ombros, aceitando o desafio. Sam não tardou em agarrar a tampa da cápsula e tentar abrí-la. Ele franziu o cenho quando a tampa nem sequer se mexeu.
— Ok, uhm-
— Fala de mim agora, Zé Bonitinho!
— Castiel. — Sam chamou o anjo, que brincava de Monopoly com Eden. Ambos estavam sentados no chão como crianças, e Eden claramente se aproveitava da falta de conhecimento sobre jogos humanos de Castiel para ganhar uma fodendo prefeitura encima do anjo. O de olhos azuis levantou o olhar até Sam, questionador.
— Sim?
— Abre isso aqui. — Sam jogou o bambu para Castiel, que o pegou com uma mão. — Contamos com você.
Castiel observou os símbolos queimados na extensão da cápsula, franzino.
— Eu não posso.
Dean franziu o cenho. — Você nem tentou.
— Eu não posso. — Castiel repetiu. Jogou a cápsula de volta para Dean. — Há símbolos enoquianos de afastamento de anjos aqui.
— Era só o que faltava... — Dean suspirou. — Oh, Eden, onde você conseguiu essa bomba mesmo?
— Num templo perdido no bosque de bambu de Arashiyama. — Eden jogou os dados no tabuleiro. — Castiel, você acaba de ser preso.
— Mas eu não cometi nenhum crime. — Castiel rebateu, confuso. Eden suspirou.
— É no jogo, seu imbecil. Você sonegou imposto.
— Não sabia que era crime.
— Vocês foram lá sozinhos? — Dean sorriu desacreditado. — Tem ideia de quantos monstros existem no Japão, Eden?
— Sim! — Eden sorriu na direção do homem como uma criança animada. — E eu matei um bakemono com a faca do Cassie!
— Castiel! — Dean olhou o anjo com olhar de reprovação.
— Ele foi mais rápido do que eu. — Castiel admitiu e desviou o olhar, numa linha tênue entre desinteressado e constrangido.
— Eden, você consegue abrir? — Sam questionou, com os olhos no notebook, procurando um caso. O menino deu de ombros.
— Eu não sei. Não tentei até agora.
Dean suspirou pesadamente. — Tá de brincadeira, né?
— O que? — Eden se voltou ao jogo de tabuleiro no chão. — Eu gosto do elemento da surpresa.
— Eu deveria tacar isso aqui na sua cabeça. — Bravo, Dean apontou para a cápsula de bambu na mesa. O menino suspirou e estendeu a mão na direção do homem.
— Dá aqui. Vamos abrir. — Anunciou, e Dean pegou o objeto e o jogou para Eden. O menino afastou o tabuleiro de Monopoly entre ele e Castiel, suspirando como se estivesse se preparando. Agarrou a tampa da cápsula, a girou com facilidade, e Dean soltou um som frustrado.
— Fala sério... — Resmungou, se aproximando. Eden olhou para Castiel, surpreso, e o anjo o encarou como se o encorajasse. O garoto deu de ombros e retirou a tampa, virando a cápsula, e um pergaminho velho caiu no chão.
Sam se levantou e se aproximou, pegando o pergaminho e o abrindo. O papel era craquelado e amarelado, e ele suspirou ao bater os olhos no conteúdo.
— O que foi? — Dean questionou, ansioso.
— Tá em japonês. — Disse, decepcionado. — Vai levar umas belas horas pra traduzir isso aqui.
— Ou... — Eden começou, se levantando. — Eu e Castiel podemos traduzir. — Sugeriu. Dean o olhou estranho.
— Fala japonês?
— Você acha que eu fazia o que na faculdade de línguas? — Questionou, pegando o papel das mãos de Sam e colocando-o sobre a mesa. — Castiel, vem cá.
Castiel obedeceu, andando até o menino como um cachorrinho atrás do dono. Apoiou as mãos na mesa, e Sam e Dean se aproximaram juntos. Os 4 fizeram um círculo ao redor da pequena mesa do quarto de hotel.
Eden apontou para o primeiro kanji. — Celestial. — Traduziu, e apontou para os próximos. — Anjo caído. Batalha. Demônio. Controle. As aulas de história do Japão realmente caíram bem.
Castiel tocou o papel, como se estivesse sentindo a textura. — Tem kanjis aqui que eu não reconheço. — Disse, franzino. Seus olhos azuis se voltaram para Eden. — Devem ser kanjis únicos. Talvez de múltipla interpretação.
— Uhm, eu posso fazer uma base, e podemos pesquisar o resto depois do caso. — Eden arqueou as sobrancelhas. — Vai demorar, mas vai valer a pena.
— Beleza. — Dean deu dois tapinhas no ombro de Eden. — Mão na massa, garoto.
Eden suspirou e se concentrou no papel gasto.
— Anjo caído... ser celestial, ocidente, oriente, eu- eu não tenho certeza. — Começou, pensativo. — Humano, demônio, anjo, ceifador, eu acho. — Listou, apontando para cada kanji. Castiel balançou a cabeça em concordância, como se aprovasse a tradução em partes do menino.
— Poder, demônio, controle, praga, família, asas, esquecimento. — O anjo continuou. — Se traduz como "Com poder, o demônio do controle ultilizará sua praga com sua família. Suas asas baterá, e o... demônio retornará ao esquecimento."
Eden soltou um suspiro frágil e descompassado.
— Acham que... tá falando de mim?
— Possivelmente sim. — Castiel anunciou, sem perceber que Eden tensionou os ombros diante da afirmação. — Achamos isto nas suas memórias, e só você pode abrir, afinal.
— Quanta responsabilidade. — Rápido, o albino enrolou o pergaminho e o enfiou de volta na cápsula. — Vamos, uhm, esquecer disso por um tempo.
— Nervoso? — Sam arqueou as sobrancelhas. — Nem sabemos se fala mesmo de você. Fica tranquilo.
— Ei, uhm, o caso. — Eden rapidamente mudou de assunto. — É no Alasca, né? Vamos lá.
O caso era simples; três pessoas de alto escalão de uma fábrica de produção de sakê foram mortas, e as câmeras de segurança de cada casa denunciavam alguém de capa preta entrando e saindo da fábrica tarde da noite carregando uma pequena caixa com aspecto antigo. Eden suspeitava ser uma Shojo, um espírito japonês que você pode usar para matar pessoas por você, e que só podia ser visto se você estivesse embriagado.
E era por isso que se encontravam num bar neste exato momento.
Eden já bebia da sua terceira cerveja. Antes disso, havia bebido 2 shots de vodka e 3 de licor de amora. Sam e Dean não ficavam para trás; estavam enchendo a cara tanto quanto o garoto. Ele bebeu mais um gole da bebida, suspirando.
— Quem é o nosso suspeito? — Perguntou, as palavras saindo um pouco embaralhadas. Dean começou a rir.
— Vai com calma aí, garotão.
— Me mama, gatinho.
— Me chamou de gatinho? — Dean arqueou as sobrancelhas. — Eu não sou gay, não, hein.
— O que você acha da minha bunda? — Eden disparou. — A verdade. Agora.
— Redondinha, firme, bonita, queria pegar- — Dean se interrompeu, percebendo que caiu na Voz do Comando. — Droga!
— Haha!
— Uhm, gente, o suspeito, Phill Jones. — Sam desconfortavelmente virou o notebook para Eden, exibindo a ficha criminal e a foto do homem. Eden soltou ar pelo nariz ao perceber que o homem era negro, tinha o formato do rosto quadrado e, em sua opinião, era feio.
— Que cara feio. — Anunciou.
— É, mas a cara dele não é a única coisa feia aqui. — Sam arqueou as sobrancelhas. — Parece que ele, uhm, tinha brigas frequentes com os caras que morreram dentro da fábrica, e chegou até a ser transferido de unidade depois de uma briga física entre ele e um dos mortos, uh, Mark Shines.
— Estamos lidando com um vingativo, então. — Dean arqueou as sobrancelhas, tomando mais um gole de sua cerveja.
— Como vamos matar a shojo? — Eden questionou, a voz baixa. — Alguém tem uma ideia de onde arranjar uma katana batizada por um monge?
— Eu já investiguei o rastro do cartão de crédito do Phill. — Sam anunciou, sorrindo, exibindo suas covinhas. — E ele comprou uma katana uma semana antes das mortes começarem.
— Ah, ele mesmo tem um jeito de matar a shojo? — Eden arrotou em meio a sentença. — Que maravilha, bem precavido, e deixa nosso trabalho mais fácil.
— Então nos embebedamos, roubamos a katana e matamos a shojo. — Dean disse, as palavras arrastadas. — Que trabalho magnífico.
— É, mas vamos devolver a katana até o amanhecer. — Sam lembrou, e Eden estalou a língua no céu da boca.
— Não posso ficar com a katana? — Eden fez um biquinho. Seu rosto estava vermelho pelo álcool. — Todo asiático esteriotipado tem que ter uma katana.
— Misericórdia. — Dramático, Dean rolou os olhos. — Só deus sabe o que você faria com ela.
— Eu não vou te matar enquanto você dorme, lindo.
— Isso não me conforta, Eden.
Eden rolou os olhos, porém gargalhou. Tapou a boca quando Dean também começou a gargalhar. Sam franziu o cenho.
— Vocês estão... muito bêbados. — Ele soluçou em meio a frase, o que fez os dois companheiros rirem ainda mais.
— Olha quem fala! — Dean deu um empurrão fraco no ombro do irmão. — Curtindo tanto quanto a gente, não é, Sammy?
— Corta essa, Dean.
Eden se levantou de repente, batendo as mãos na mesa, sorrindo e encarando algo no canto do bar. Era um pequeno palco com uma TV, um banco que parecia ser confortável e um microfone preso em um tripé.
— Eu vou cantar. — Anunciou, começando a contornar a mesa para andar até o pequeno palco. Dean rapidamente agarrou seu braço e o puxou para si, Eden tropeçando e caindo em seu colo.
— Wow, wow, wow! Você vai cantar? — O homem o olhava estranho. — Com essa voz de demônio aí?
Sam encarou a cena, sorrindo. Assistiu Eden levantar uma das sobrancelhas na direção de Dean.
— Wow, look at him! — Sarcástico, o menino agarrou o rosto de Dean e forçadamente colou suas testas. — Is that a gay pride flag?
— Que?
— É uma bandeira... LGBTQIA mais? — Eden sorriu maligno. — Aparentemente alguém gosta de um baseball bat!
— Baseball- — Dean engasgou, tentando empurrar Eden para que ele saísse de seu colo, porém o menino estava colado em seu pescoço. — Sai fora!
— Awn, você quer um beijinho?
— Tu é novo demais, e tem algum transtorno de personalidade, e eu não vou me envolver, não! — Dean sentiu as bochechas vermelhas. — Me deixa, vai, garoto!
— Cê quer dar, cê fala. — Eden se levantou e saiu dando estrelinhas na direção do palco, atraindo olhares estranhos das outras pessoas na mesa.
Como ninguém estava usando o palco, Eden foi rápido em escolher a música; Duvet, da banda Bôa. Roubou o violão de uma musicista perto do palco e tocou o microfone, uma estática fina ecoando por todo o bar.
— Olá. — Cumprimentou, ajeitando o violão sobre a perna.
— Sai daí, seu bichinha! — Um homem bêbado xingou, e Eden apenas lhe lançou o dedo médio.
— Vai se foder, seu porra! — Respondeu, se acalmando em seguida. — Quero que todos calem a boca, por favor.
Os murmúrios e conversas misturadas cessaram imediatamente, se tranformando em silêncio. Os olhos cor de mel fitaram Sam e Dean na mesa mais afastada, e Sam sorriu, falando um "Canta" silencioso, em encorajamento.
Tocou 3 acordes, o som saindo esganiçado. Afinou o violão de casca preta, suspirando, testou o microfone mais uma vez e começou a tocar. Os olhos fechados como se estivesse sentindo a música em suas veias, e sua voz, ao contrário do que Dean achou, era melódica e etérea, bonita.
Todos o encaravam em silêncio, alguns apreciando a música, outros se perguntando por quê não falavam nada.
Sam e Dean nunca ouviram esta música na vida, mas com certeza não estavam reclamando. A voz de Eden era apaixonante da forma mais bonita possível; a platônica. Seus dedos hábeis puxavam as cordas e faziam acordes com velocidade, o violão cantando junto de sua voz. Os homens se entreolharam, surpresos. Dean realmente esperava que o menino cantasse mal.
"I am falling, I am fading, I am drowning, help me to breathe."
Parecia até um pedido de socorro.
Assim que Eden terminou, suspirou, de olhos marejados, e sorriu largo.
— Ok. — Resmungou contra o microfone. — Aplausos, mortais, me aplaudam!
Diante da sua ordem, o bar inteiro aplaudiu. Eden apoiou o violão na mesa da musicista e foi tropeçando até a mesa de Dean e Sam, se sentando entre eles novamente, sorrindo.
— E então? — Questionou, arqueando as sobrancelhas.
— Uh, foi, uh, incrível, Eden. — Sam sorriu, exibindo suas covinhas. — Onde aprendeu a tocar?
— É, e a cantar. — Dean adicionou, trazendo a cadeira para mais perto de Eden.
— Charles, ele, uhm; ele me ensinou. — O menino sorriu, as bochechas vermelhas com a lembrança. — Costumávamos subir no telhado da casa e tocar e cantar juntos.
— E a música? Onde você aprendeu? — Sam apoiou os cotovelos na mesa.
— Ah, eu vi em um anime. — Deu de ombros. Dean arqueou as sobrancelhas. — Não, Dean, anime normal, não erótico.
— Sem graça. — Dean resmungou.
Sam abriu a boca para falar algo, apenas para se interromper quando uma sombra grande se elevou sobre Eden. O menino pareceu não perceber, bebendo mais um gole de sua cerveja.
— Ei, garota. — A voz do homem de pelo menos 2 metros era grossa e profunda, rouca e intimidante. Eden se virou na cadeira, cruzando as pernas, uma sobre a outra.
— Garoto. — O albino estalou a língua no céu da boca, bebendo mais da cerveja, o gosto amargo descendo pela língua e arranhando a sua garganta. — Sou um garoto.
— Você é um daqueles bichinhas? — O homem cruzou os braços, seus olhos castanhos passando pelos dois caçadores mais velhos e seus cabelos pretos bagunçados. Ele parecia um daqueles delinquentes velhos e ultrapassados. — Você é a putinha desses dois viados?
— Olha aqui, cara- — Dean franziu o cenho. Sam lhe deu um empurrão. Não havia maneira alguma deles vencerem uma luta contra um cara de 2 metros cheio de bomba, bêbados ou não.
— Olha aqui, você, vadio. — O homem rosnou, apontando o dedo na cara de Dean. — Não aceitamos gente da sua laia aqui.
— Vocês são homofóbicos? — Eden riu.
— Somos cidadãos de bem. — O homem corrigiu, e Eden explodiu em risadas. O desconhecido arqueou uma das sobrancelhas claras em sua direção, passando a mão na barba cheia. — O que é tão engraçado?
— Você é calvo e quer cuidar de pra quem eu dou? — Eden bateu na própria perna, rindo e deixando o copo de cerveja encima da mesa. — Qual o problema se eu e eles namorarmos? Você se sente ameaçado? Um trisal te assusta?
— Olha aqui, seu bichinha-
— Você acha que eu vou destruir a família tradicional americana? — Eden sorriu, cínico. — Acha que o sonho americano está morrendo? Que os gays vão arrancar seus braços e enfiar pela sua bunda? Me poupe!
O homem agarrou Eden pela jaqueta, e Dean e Sam se levantaram abruptamente, prontos para levar ou dar porrada. Eden, apesar de ter sido levantado até apenas as pontas das solas de seus coturnos estarem tocando o chão, continuou rindo.
— Olha como fala comigo, seu filhinho de uma puta. — O homem rosnou. — Eu posso te quebrar ao meio se eu quiser.
— Oooohh! Que medo! — Eden soltou uma risada fina, como uma menininha do ensino médio. O sarcasmo em sua voz era tão presente que era quase palpável. — Você não encosta um dedo em mim, seu desgraçado!
— Como tem tanta certeza?!
Alguns homens que sentavam em outras mesas se levantaram também, observando a cena. O bar estava em silêncio agora.
— Eden. — Sam chamou, como se avisasse que ele estava passando dos limites. Ele engoliu em seco, tenso.
— Eu gostaria de me divertir um pouco. — A voz do garoto era baixa e tranquila, rouca, até. — Está no inferno, abrace o capeta, eles dizem.
— Do que você tá falando?!
Eden levantou o joelho e acertou a pelve do homem alto com tudo. Os homens levantados fizeram um "Oooh!" em sintonia, chocados e imaginando a dor. O homem caiu de joelhos, suas mãos tapando o local dolorido, grunhindo alto. Olhou para cima.
A luz passava por cima dos ombros de Eden, escurecendo sua imagem. O menino olhava para baixo, seus cabelos bagunçados, um sorriso cínico nos lábios e as mãos apertadas em punhos. Dean gargalhou, batendo na mesa com uma das mãos, e Sam desviou o olhar, tenso.
— Esses — Eden colocou a mão no ombro do homem enquanto apontava para os dois caçadores. — São meus amigos. E não são vadios. Mas eu sou.
— E-eu vou te matar!
Eden sorriu. — Durma. — Estalou os dedos. Os olhos do homem se reviraram e seu corpo amoleceu; caiu no chão, roncando alto. — E aí? Quem vai encarar?
Os homens lentamente voltaram a se sentar, encarando Eden com olhos pesados e questionadores. O menino gargalhou, abrindo os braços.
— Eu sou o rei do mundo!
— Ai... meu... deus.
— Shhh!
Eden ficou nas pontas dos pés para pegar a katana suspensa na parede. Observou o objeto com olhos brilhantes, se virando para Dean e Sam.
— É uma katana. — Sussurrou.
— Nós sabemos.
— É uma katana! — Repetiu, sorrindo largo. Andou até os dois, tropeçando. — Ai. Meu. Deus!
— Eden, cala a boca! — No escuro, Dean jogou a luz da lanterna no rosto do asiático, que sibilou, colocando a mão na frente do rosto para impedir a luz forte de atacar suas retinas.
— Mas- — Se interrompeu quando a luz da sala se ascendeu. Os três caçadores olharam para a entrada da sala; Phill estava lá, de pijama azul, com uma caixa nas mãos.
— Quem são vocês? — O homem questionou, raivoso. — O que vocês querem?!
— Opa, calma aí. — Dean levantou as mãos. — Faça o que quiser, mas não abra essa caixa.
O semblante do homem se tornou assustado.
— Ai, deus, você sabe!
— N-não sabemos de nada! — Sam gaguejou, tentando impedir o homem de entrar em pânico.
— Não posso deixar pessoas que sabem que eu matei aqueles três vivos! — Ele deu alguns passos para trás, a mão esquerda agarrando a tampa da caixa de madeira. — V-vocês vão contar pra todo mundo!
— Solta essa caixa! — Eden ordenou. O homem deixou a caixa cair, porém a mesma se abriu, e a figura de uma mulher pálida de cabelos negros longos e lisos no rosto e uma camisola branca apareceu diante deles. O homem gritou algo como "Pegue eles!", agarrou a caixa e subiu as escadas correndo, antes que eles pudessem se mover.
Eden desembainhou a katana com maestria, girando-a pelo cabo e abrindo uma base perfeita, que logo começou a fraquejar devido ás suas pernas dormentes pelo álcool.
— Vão atrás do cara. — Ele disse, sorrindo. — Eu aguento o trampo.
Dean e Sam não questionaram, e subiram as escadas rapidamente. Eden e a shojo continuaram se encarando e o menino saiu de seu torpor quando tiros soaram do andar de cima.
— Pode vir! — Balançou a katana na própria direção.
A shojo soltou um grito alto e esganiçado e levantou a mão. Eden rolou para o lado, desviando de uma cadeira voadora que lhe atingiria se estivesse no mesmo lugar. Correu na direção da shojo e subiu no sofá, pulando em sua direção com a lâmina levantada. Mais um grito, e desta vez Eden foi lançado ao outro lado da sala. Suas costas atingiram a parede e um quadro caiu em sua cabeça, e ele grunhiu, apertando o cabo da katana.
— Ai! — Resmungou alto. — Sua filha da puta!
A shojo se teletransportou para a frente de Eden, e o menino rolou para o lado. Assistiu as grandes garras do espírito se enfiarem na parede com facilidade, e arregalou os olhos.
— Otária! — Exclamou, balançando a lâmina na direção da shojo. O espírito sumiu e reapareceu longe. — Ah, qual é! Não é justo!
A shojo pareceu se irritar com a insistência do garoto bêbado em continuar falando. Avançou contra Eden, tentando acertá-lo com suas garras, e Eden deu uma pirueta para trás, como se estivesse dançando tango. O menino tropeçou e sorriu, balançando a lâmina e atingindo o braço do espírito, abrindo um grande corte ali; a shojo sibilou de dor.
— E o grand finalle!
Com um rodopio, Eden rodou a lâmina ao redor do corpo e a jogou para cima, pegando-na pelo cabo e a enfiando no peito da shojo. A ferida brilhou em dourado e sangue negro deixou a boca do espírito. Só então, Eden também cuspiu sangue.
Olhou para baixo. As garras da shojo enfiadas em seu estômago, fundo o suficiente para doer como o inferno. A shojo desapareceu por completo e os tiros do lado de cima pararam. Eden levantou a camisa cinza, passando a mão pelo machucado sangrento.
Não era nada demais, iria se recuperar em pouco tempo.
Se jogou no sofá, o mundo girando ao seu redor, e Dean e Sam desceram as escadas ás pressas, tropeçando nos degraus. Sam foi o primeiro a correr na direção de Eden, se ajoelhando na sua frente.
— Eden! — Chamou, preocupado. — Você tá bem?
— Tô, tô, é-
— Tem um buraco na tua barriga e você diz que tá bem? — Dean arqueou as sobrancelhas, checando as balas no pente de sua pistola.
— É. — Eden deu de ombros, se levantando com a ajuda de Sam. — Podemos ficar com a katana? Por favooor!
— Eden, não. — Sam negou, pegando o menino bêbado no colo. — Vamos te levar pra um hospital.
— Aff, chatooo! — Eden cruzou os braços, porém não protestou quando Sam o carregou pela porta e Dean fechou-a atrás de si.
— Vamos dar o fora antes que alguém chame os tiras. — Dean sugeriu.
— Eu posso sempre nos tirar da prisão.
— Eu preferiria não ser preso, pra começo de conversa.
— Vadio sem graça.
— Olha a boca, Eden.
— "Olha a boca, Eden." — O Taylor remedou Sam.
O homem apenas revirou os olhos e abriu a porta traseira do Impala, gentilmente colocando Eden deitado no banco. Colocou uma das mãos grandes no ombro direito do menino, o olhando nos olhos.
— Vê se não morre. — Pediu.
Eden sorriu, fazendo uma saudação desajeitada. — Aye aye, captain!
ooiii
quase que eu esqueço de postar slk
perguntinha: se eu postar uma história original vcs leriam será?