26 de agosto de 2007.
Arfares e gemidos podiam ser escutados acompanhados do barulho de algo molhado se movendo.
— Vamos Mitchy, abra seus olhos para mim — A voz de Manjiro soou um pouco manhosa, mas também autoritária.
Se eu abrir os olhos, isso vai se tornar mais real.
— Se não abrir os olhos para mim, vou ser obrigado a pegar pesado!
Takemichi abriu os olhos vendo um Manjiro nu em cima do seu corpo, se movimentando indecentemente.
O único que pode ser bruto comigo é o Wamai.
A cada nova palavra um pouco mais de sangue podia ser visto.
— Bom menino — Mikey ronronou e então se afastou um pouco, Takemichi tentou controlar seu corpo, se forçar a sair dali, mas estava mole demais. O Sano agarrou o pau de Takemichi, o rosto próximo demais da intimidade — Você está tão molhado para mim.
— Você me drogou. Não estou excitado por você. Jamais seria por você — Takemichi rosnou. Mikey lhe deu um tapa na cara.
— Não é a resposta que eu queria — Mikey reclamou.
— Manjiro, é a última chance de não fazer uma grande merda — A frase foi cortada por um gemido, Mikey começou a movimentar a mão em seu falo — Porra. Por favor Manjiro. Me solta.
— Não, não, está implorando errado — Mikey continuou com os movimentos lentos — Você tem que implorar para que eu te foda.
Takemichi fechou os olhos. Os sons continuaram vindo de Mikey, mas o Hanagaki apenas tinha a respiração pesada.
Eu me recuso.
Eu sou do Wamai.
Meu corpo, coração, minha alma é dele.
Com afrodisíaco ou não, Manjiro jamais terá meu corpo como quer.
Faça seu pior Manjiro. No final, o único que me tem é ele, não você.
Nunca você.
— Essa vai ser a melhor noite da sua vida. Vou te fazer enxergar que somos apenas um do outro.
Essa vai ser a pior noite da minha vida.
Takemichi abriu os olhos com rapidez, piscando algumas vezes para se situar. Estava em casa, em seu banheiro. Sozinho. Manjiro Sano não estava com ele, era só uma lembrança, um pesadelo. Ligou o chuveiro deixando os pensamentos vaguearem, o que ultimamente só resultava em uma coisa.
— Você é só um garoto. Um garoto que usa fantasia de homem. Um garoto que está quebrado — Takemichi socou o azulejo, vendo-o quebrar, a dor de cacos entrando em sua pele — Ele te quebrou. Ele te usou. Mas tudo bem, você também vai quebrar ele. Osso por osso. Desejo por desejo. Você vai pegar cada caco que ele quebrou em você e enfiar fundo — Outro soco — Fundo — Outro soco — Tão fundo que eles serão apenas um.
Takemichi deixou lágrimas se misturarem a água que caiu em abundância do chuveiro, as pernas cedendo e o corpo escorregando para o chão, o punho na parede se arrastando com cacos e sangue, sujando e rasgando a pele da mão. Odiava ficar sozinho. Odiava não estar ao lado de seu noivo já que assim ele se afastava das lembranças da noite em que Mikey o abusou que retornavam para lhe atormentar. Alguns dias piores que outros.
Na noite de ontem Wakasa e ele não conseguiram dormir juntos e quando chegou já próximo ao dia amanhecer no quarto Wakasa se afastou quando foi se deitar com ele.
Será que Wakasa havia lembrado do ocorrido e não quisesse se sujar com ele? Será que era agora que ele não teria mais o noivo para si? Wakasa havia notado que ele não o merecia?
O que fosse, Takemichi merecia esse pedaço de azulejo perfurando sua mão, atravessando-a. Até mais do que isso.
Nojento.
Tão nojento.
Ele foi tocado por alguém nojento e agora era também.
As pessoas a sua volta não mereciam isso. Não mereciam estar ao lado dele. Ele não podia estar contaminando Wamai e Shiro. E nenhum de seus outros amigos.
Socou a parede novamente, vendo a carne ser rasgada ainda mais. Essa dor não era prazerosa do jeito que lhe excitaria, mas era prazerosa porque ele a merecia.
— Você consegue ser tão idiota as vezes — A voz cansada chegou a Takemichi ao mesmo tempo que sua mão foi puxada bruscamente. O caco em sua mão foi retirado sem delicadeza alguma e então levado para baixo do chuveiro. Wakasa não se preocupou com a calça de pijama que se molhou, a maleta de primeiros socorros do lado do box, os olhos chorosos de Takemichi que não deixando seus movimentos — Eu já disse que não deve pensar assim. Eu quero você, eu amo você. Você não é nojento, jamais vai ser. E puta que pariu, você tentou explodir a estátua da liberdade porque eu disse que não gostava dela, onde caralhos isso não é me merecer?
— Isso não tem nada a ver.
— Você aceitou ser meu sub.
— Qualquer um aceitaria.
— Tenho certeza que não. Você me cobriu quando eu matei dois líderes políticos em países islâmicos.
— Você os matou por minha culpa.
— Você me deu uma fazenda de caça — Wakasa apertou a mão de Takemichi — Você me deu amor, atenção, carinho. Você me deu felicidade. Você sempre me deu tudo que eu quero e não há nada que eu deseje mais do que você. Então cala a merda da boca, ok?
— Mas Wamai...
— Eu vou te socar Genko. Eu vou te socar tanto que nem se você me implorar eu vou parar. Você não quer isso, quer?
— Na verdade...
— Na verdade o caralho. Não estamos na porra de uma sessão, é um assunto sério! Eu não quero você pensando isso Genko, por favor. Eu te amo.
— Eu também te amo, mais do que a mim mesmo — Takemichi admitiu.
— Você é louco. E idiota — Wakasa bufou — Pensar que está sujo, que não merece ficar próximo a nós. Shin ia ter te dado um soco antes de falar qualquer coisa.
— Mas Wamai...
— Só cala a boca Genko, não quero ficar irritado contigo.
Wakasa agradeceu que Takemichi se calou e deixou que ele cuidasse de sua mão, não iria admitir que não ficaria irritado com ele, não tinha essa capacidade. Terminou de enfaixar a mão e começou a arrumar a bagunça, parou ao sentir um toque em seu pescoço com delicadeza.
— Foi mal.
— Por?
— Acho que te enforquei com muita força, geralmente já teria saída a marca — Wakasa olhou para a parede espelhada vendo que Takemichi estava falando da marca de sua mão causada pela última sessão.
— Bem, sua mão ainda está bem delineada na minha bunda também, mas eu não reclamei na hora e nem depois — Wakasa deu de ombros — Eu gosto quando usa força, sabe disso.
— Não gosto de te ver machucado — Takemichi esfregou os olhos, a água ainda caindo nele, agora também em Wakasa que se juntou no chão junto a ele.
Nada mais foi dito, Wakasa abraçando o noivo com força. Foram muitos anos juntos mas o Hanagaki não deixava que ninguém o visse em momentos de fraqueza, ele até mesmo duvidava que elas aconteciam já que antes dos últimos acontecimentos o momento mais fragilizado de Takemichi foi na morte de sua avó pouco depois que se conheceram. Era importante para ele que Takemichi se deixasse chorar a sua frente, se permitindo ser apenas outro jovem que passou por tanto em tão pouco tempo e não o líder inquebrável, o temido Imperador.
O Imaushi se sentiu amado, porque nesse momento Takemichi estava ali, sendo consolado por ele, o que ninguém poderia fazer, não deixaria ninguém fazer.
Eles passariam por isso. Nem que fosse necessário destruir tudo a sua frente e reconstruir. Wakasa garantiria isso.
71/80.
O que estão esperando?