Suginami, Japão - 19 de agosto de 2007.
Shinichiro continuou com movimentos duros, não precisava olhar para Takemichi e Wakasa para saber as expressões orgulhosas que ambos ostentavam nesse momento. A mesma que ele teria se fosse qualquer outra pessoa. Era hipócrita da parte dele ansiar por um destino diferente quando ele sempre foi o mais inflexível quanto a essa regra especifica da realeza, sempre defendendo o quanto o abusador deveria sofrer e até mesmo sendo responsável por comandar várias torturas.
— Existem muitas formas de matar alguém e não falo isso apenas no sentido de violência. Podemos o privar de comida, de luz do sol e interações sociais. Quebrar seus sonhos e motivações, destruir seu espírito. Tirar tudo que lhe é querido, impedir de conquistar o que deseja. Tornar sua existência miserável, o levar a exaustão e muitos mais — Takemichi tinha a voz estranhamente neutra — Você leu nossos protocolos, a vítima ou seus responsáveis, dependendo do contexto, escolhem o que acontece com o abusador.
— Haruki Hayashida queria que Osanai fosse morto, preferencialmente por ele — Wakasa citou — Mas os pais da garota queriam apenas que Nobutaka pagasse por seus atos e vivesse para sempre uma vida miserável com o peso do que fez em seus ombros.
— Osanai não passa de um coitado no presente — Chifuyu confidenciou para os amigos — Eu não sei o que o parceiro fez, mas na primeira vez que fui o visitar ele tentou suicídio e eu não consegui conversar com ele. Quando fui novamente ele não parava de murmurar que não tentaria tirar sua vida nunca mais, que Takemichi conseguiria tornar sua estadia no inferno ainda pior se sua morte não fosse autorizada.
— Se Genko matar Mikey eu acho que seria um destino misericordioso — Shinichiro choramingou antes de se encaminhar para a poltrona livre — Vocês não têm noção do poder que Black Dragons tem. A gangue tem cerca de dois mil aliados. Imperador tem mais de cinco mil seguidores de suas regras e ideologias por todo o Japão — Shinichiro suspirou, esses números eram da luz, Hanagaki em específico possuía muito mais — Mesmo que Genko decida que não quer que Mikey tenha alguma consequência, nem mesmo se ele tomar o topo da nossa gangue ele estaria em paz. O melhor para ele é sumir do mapa, que todos esqueçam que o Invencível existiu algum dia.
— Tenho a impressão de que Takemichi não deixará isso acontecer — Mitsuya suspirou. Estava em conflito.
— Se algo assim acontecesse com uma de suas irmãs? Ou com sua mãe? O que você faria? — A pergunta de Wakasa era retorica, todos sabiam o que fariam.
Nenhum deles havia reclamado de Pah-chin de bradar que mataria Osanai. E com exceção de Draken nenhum deles repreendeu ou se importou por ter deixado o homem a beira da morte. Nem pensaram uma segunda vez sobre a morte que só não aconteceu por Emma ter chegado na reunião – por sabe-se lá qual motivo – e ficado assustada o suficiente para que Mikey obrigasse Haruki a parar.
— Takemichy? Você conversou com a Kawaragi sobre aquilo? — Hakkai chamou após um tempo em silencio, todos perdidos em pensamentos.
— Se você estiver pronto para isso, para perdoar e seguir seus irmãos verdadeiramente.
— Eu estou. Levei muito tempo para uma decisão, mas após os acontecimentos de hoje não tenho mais nenhuma dúvida – O Shiba estava confiante, o que fez Mitsuya se questionar internamente sobre o que estavam falando.
— Nesse caso, Senju deixou na sua mão se quer entrar na decima divisão ou se quer seguir Yuzuha e Taiju e ficar sob meu comando — Wakasa piscou lentamente, a face já com o desinteresse habitual.
— A primeira divisão é um peso muito grande né? — Hakkai sorriu nervoso, Draken e Mitsuya o olhando desacreditados.
— Seriam 24 homens contando com você — Takemichi apontou — Vocês têm a obrigação de dar conta de toda a gangue sozinhos se necessário, mas eu acredito que você tem o que é preciso para entrar.
— Não é um exagero? — Takashi argumentou — Black Dragons está com mais ou menos setecentos homens!
— O que daria cerca de vinte para cada, meus homens são os melhores, isso nem os faria suar — E ali estava o sorriso sádico de Wakasa.
Delicioso, Takemichi se apaixonava novamente sempre que o mais velho sorria.
— Aproveitando que entramos nesse assunto, o que acha de entrar na oitava Chifuyu? Shikaru vai sair de seu posto e não consigo pensar em ninguém melhor do que você para substituir — Takemichi propôs com certa animação.
— Uh, isso me lembra que temos que chamar o Kawata para uma conversa também — Wakasa murmurou contra a pele do mais novo em seu colo.
— Vão chamar ele para a Black Dragons também? Nem sabem se ele saiu que nem a gente — Mistuya observou, ponderando se pedia para entrar seguindo Hakkai ou apenas se afastava do mundo das gangues enquanto tinha alguma chance.
— Não, para vocês três nossas propostas são a trabalho mesmo — Shinichiro se recompôs e olhou para o mais alto — Estávamos discutindo anteriormente sobre algumas vagas que precisamos preencher e como Genko tem certo apreço por vocês gostaríamos que as ocupassem.
— Sim, são nas áreas que cada um pretende ingressar profissionalmente — Takemichi concordou animado — Como puderam notar estamos não apenas mudando de casa como ela se tornará a residência do clã, precisamos de vários empregados, seguranças e etecetera. Souya comentou como gostaria de ser tornar um chefe e precisamos de alguns cozinheiros, é uma boa oportunidade para que ele aprenda.
— S.S. Motors está em fase de expansão e estou abrindo uma filial em outro distrito. Mais especificamente duas. Gostaria que se juntasse a Inui para cuidarem de uma por mim — Shinichiro contou a Draken.
— E para o Mitsuya o estilista da minha família está próximo da aposentadoria e não possui nenhum estagiário ou sucessor. Pensei em te indicar para um período de experiencia, quem sabe não se de bem — Takemichi assoprou, os olhos brilhando pelas reações que esperava.
E conseguiu.
Tanto Draken quanto Mitsuya deixaram os queixos caírem formando em suas bocas um 'o' perfeito, os olhos saltando levemente e dando um formato arredondado a eles. Chifuyu – que também estava animado com sua própria oportunidade, quase deixou baba escorrer de sua boca de tamanha excitação que sentiu.
— Caso precisem de tempo para pensar, podemos conversar melhor em um mê...
— Nem fodendo, to dentro! — Chifuyu pulou em direção a Takemichi e Wakasa, se jogando sobre os dois com animação. Não precisou perguntar sobre o que a comandante e capitão achavam disso, sabia que o Hanagaki não faria essa proposta sem ter conversado com ambos anteriormente.
— Estagiar com um estilista profissional? Muito bem-vindo! — Takashi também saiu do torpor, o sorriso se espalhando em seu rosto quase dolorosamente.
— Também não preciso pensar, estava querendo arrumar um emprego a algum tempo — Draken foi mais contido em sua resposta e reação, mas os olhos brilhando entregavam sua felicidade e gratidão.
— Ótimo, entrarei em contato com o Elio, ele deve estar disponível em uma semana para acertarmos os detalhes — Takemichi queria dizer que não entendeu o motivo de Takasahi travar, como se nem respirasse, mas se ele reconheceu o nome então não há muito o que fazer.
— Elio? Tipo, Elio Armani? — A voz de Mitsuya saiu arrastada e baixa.
— A família Hanagaki é descendente direta da casa de Saboia, mesmo que a monarquia tenha sido abolida na Itália vestir a linhagem real é uma honra que apenas designers prestigiados tem, principalmente pelo clã Hanagaki ter mantido seu poder político no país — Wakasa contou – Giorgio Armani tinha um contrato que incluía seu filho, então ele deve estar procurando alguém para ser seu aprendiz e continuar com o contrato. Muito burro na minha opinião, procurar um sucessor para o império nos últimos cinco anos de serviço.
— Nem fodendo!
— Acho que só confirmar era o suficiente Wamai.
— Ele precisa saber no que vai trabalhar — O bicolor deu de ombros.
— Nem fodendo!
— Acho que quebraram — Shinichiro estalou os dedos em frente a Chifuyu que estava mais próximo.
— Você é a porra de um príncipe? Eu entendi direito? — Draken perguntou com uma calma tirada da bunda.
— Sim e não. Se a monarquia fosse a política vigente eu seria algo entre duque e príncipe imperial. Consanguineamente seria o atual duque, mama sendo a princesa. Hierarquicamente sou o príncipe por ser o herdeiro — Takemichi olhou para Shinichiro — Deu pra entender do jeito que eu expliquei?
— Se fosse o Mikey ele não teria entendido, mas para eles está fácil — O clima pesou novamente pela menção do sano mais novo.
— Ele disse que vocês se amavam — Hakkai sussurrou, já que o assunto ressurgiu.
— Sabem o que é amor? — Takemichi disse com uma careta de amargura, mas a uma voz amena contrastando — Amor é você ler um livro que a pessoa ama, mesmo você odiando ler, apenas porque ela gosta. É saber sobre as peculiaridades da pessoa simplesmente porque saber sobre ela te deixa feliz. É cercá-la de carinho e cuidar dela enquanto a deixa livre para viver. É chegar ao paraíso com um simples sorriso. Amar é saber que você não pode forçar alguém a ser seu. Se ele me amasse de verdade ele tentaria me conquistar, não me tomar. E me respeitaria ao saber que eu não o amo. O que Mikey tem é uma doença.
— O amor é o que comemoraremos essa noite — Wakasa completou — Ele é incondicional e compreensível. Se você não prioriza o bem-estar do alvo de seus sentimentos, você pode realmente dizer que a ama?
— To levando surra atras de surra hoje — Hakkai resmungou — E as marcas nem vão ser no meu corpo.
— Bem, eu ainda tenho algumas vezes coisas a fazer então nos vemos mais tarde — Takemichi se levantou — Estão convidados a participar da festa na redin pelo meu noivado. São meus amigos afinal.
— Eu vou ficar aqui e conversar melhor com eles — Shinichiro avisou. Wakasa e Takemichi saíram em seguida.
Caralho, olha o Ran que gostosoo 🛐🛐