Em Outra Vida, Talvez?

By onlybgirl

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Talvez sejamos a pessoa certa, na hora errada. Um romance adolescente. Um término indefinido. Um amor interro... More

Notas da Autora
Capitulo 01 - Briga.
Capítulo 02 - Memory Board
Capitulo 03 - 10 anos.
Capitulo 04 - Sentimento de culpa.
Capitulo 05 - Exposição de fotografia.
Capítulo 06 - Ponto-virgula
Capítulo 07 - Alcoólatra.
Capítulo 08 - Área privada.
Capitulo 09 - Eu odeio você.
Capítulo 10 - Disputa.
Capítulo 11 - "vocês passaram a noite aqui"
Capitulo 12 - Câmera Fotográfica.
Capítulo 13 - Criatura atordoada por amores passados.
Capítulo 14 - Rompimento e recomeço.
Capítulo 15 - Fotos.
Capítulo 16 - Admiração
Capítulo 17 - Saudades Salgada
Capítulo 18 - Closet.
Capítulo 19 - "eu posso ser sua outra vez"
Capítulo 20 - Orgasmos e carícias.
Capítulo 21 - "eu quero você"
Capítulo 22 - Convenção.
Capítulo 23 - Dança.
Capítulo 24 - Fetiches
Capítulo 25 - "não quero tentar de novo"
Capítulo 27 - Rosa.
Capítulo 28 - Reunião.
Capítulo 29 - Quarto de hospital.
Capítulo 30 - Tormenta.
Capítulo 31 - Cartas (Parte I)
Capítulo 32 - Cartas (Parte II)
Capítulo 33 - Cartas (Parte III)
Capítulo 34 - Cartas (Parte IV)
Capítulo 35 - Cartas (Parte V)
Capítulo 36 - Aceitação.
Capítulo 37 - Nova York
Capítulo 38 - Marjorie.
Capítulo 39 - Thalia.
Capítulo 40 - Profecia (final parte I)
Capitulo 41 - Em Outra vida, Talvez? (final parte II)
Agradecimentos

Capítulo 26 - A forma sólida da palavra "casa".

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By onlybgirl

"Porque todas as pequenas coisas que você faz
São o que me lembra por que me apaixonei por você
E quando estamos separados e eu sinto sua falta
Eu fecho meus olhos e tudo que vejo é você
E as pequenas coisas que você faz
— New West".

— Como assim? – Eu tiro o celular da orelha para conferir as horas. – São oito da noite.

— Ele me ligou a cinco minutos, avisando que vai ter que adiantar o vôo para Nova York, e que amanhã ele ia estar sem tempo. Você consegue pegar Sofia?

— Consigo... – eu digo, olhando pela janela do seu quarto. Estava acesa. – Ela estava no banho, vou chama-la. O que precisa levar?

— Estou levando o cartão de memória dela, mas, se ela tiver algum outro, peça a ela para levar – eu concordo com a cabeça, como se ela pudesse me ver.

— Ok – retiro meu cinto. – Você vai?

— Estou a caminho, amor. Eu já estava perto, então não vou demorar muito a chegar, te mando o endereço por mensagem – ela estala um beijo. – Até daqui a pouco.

— Até, beijos – eu desligo a chamada em seguida.

Abro a porta do carro, e assim que salto para fora, sinto minha pressão ir ao chão. Eu apoio a mão no carro, sentindo aquele pesar na cabeça, como se algo tivesse despencado encima dela. Meu olhar roda por uns quatro segundos, e eu balanço a cabeça, piscando pesadamente para conseguir voltar ao normal.
Não era muito comum essas quedas de pressão, já que eu sou perfeitamente saudável, exceto quando eu não comia direito.

Não me lembro de ter deixado de me alimentar hoje, mas acabo deixando esse motivo como explicação para não ter que me preocupar com isso agora, e, assim que minha pressão começa a se estabilizar, e me sinto segura para atravessar a rua outra vez, o faço, já discando o número de Sofia.

Eu aguardo na porta, e é necessário cerca de quarto toques para que ela me atenda.

— Sofi?

— Eu ouvi sua voz na sala quando sai do banho, mas quando cheguei da escada, você já tinha ido embora – ela reclama. – Que tipo de irmã é você?

— Você pode discutir comigo depois, preciso que se arrume, Rogério remarcou a reunião para agora.

— O quê?! – Ela quase grita no telefone. – Onde você está?

— Na porta da sua casa – eu digo, e não é preciso mais que cinco segundos para que eu veja uma Sofia de toalha e cabelos molhados se debruçando na janela. Eu aceno pra ela. – Se arruma e desce logo.

— Meu Deus, ok! – Ela some da minha vista. – O que preciso levar?

— Lauren disse para você levar outros cartões de memória, caso tiver.

— Ok, me dê dez minutos – eu concordo, e encerramos a chamada em seguida. Volto a me apoiar no carro, enquanto procuro no GPS o endereço que Lauren havia me encaminhado. Não era muito distante, embora também não seja muito perto. Uns vinte minutos, talvez.

Busco algumas rotas alternativas, e, após oito minutos, Sofia está saindo da porta de casa, com uma blusa de moletom preta, sem estampas ou detalhes e uma calça jeans de lavagem escura. Seu cabelo ainda estava molhado, porém, agora, bem penteado e repartido para o lado. Ela tinha uma mochila pequena nas costas, e um sorriso enorme no rosto enquanto quase saltitava ao atravessar a rua.

— Estou tão animada! – Ela deixa um beijo rápido na minha bochecha, e já começa a contornar o carro. – Vamos!

Eu rio de seu entusiasmo, e adentro o carro em seguida. Sofia não parecia estar nervosa, como quando foi apresentada a Rogério na noite da convenção. Suas mãos não tremiam ou aparentavam soar, seu lábio não era torcido e sua perna tão pouco estava inquieta. Ela apenas digitava algo freneticamente no celular, bom um meio sorriso nos lábios que eu conseguia ver toda vez que achava seguro desgrudar os olhos das ruas para olha-la de soslaio.

— Com quem você tanto conversa, hein? – Eu pergunto o que quero a mais de uma semana, visto que esses sorrisinhos começaram nesse período.

— Você prefere rosas ou tulipas? – Sofia pergunta, aleatória, como se nem tivesse escutado o que eu havia dito. Ou só ignorado.

— Rosas ou tulipas? – Eu repito, para ter certeza, e a vejo concordando com a cabeça por soslaio. – Acho que Rosas. Mas não entendi a pergunta.

— Fiquei curiosa – ela da de ombros, digitando algo em seu telefone antes de bloquea-lo. – Estava conversando com sua namoradinha.

Eu emito um resmungo nasal, voltando a prestar atenção no trânsito e no som da mulher do GPS, que me mandava virar à esquerda.

— Pare de falar isso – não que eu não estivesse gostando, claro. Mas me deixava sem graça.

Nunca tive conversas sobre os meus relacionamentos com Sofia, logo, nunca alcançamos a fase em que ela brinca chamando alguém que estou me envolvendo de "namoradinho", e Dinah está velha demais para fazer esse tipo de piada. Não é uma novidade dizer que Sofia detestava todos os meus outros envolvimentos, sejam eles homens ou mulheres, então, não discutiamos sobre eles –a não ser as vezes que ela me dava motivos sem nexo para terminar. E, quando eu estava Lauren, ela era muito nova para se interessar.

— Estou curiosa sobre outra coisa, Kaki – ela apoia a cabeça na janela do carro, me olhando.

— Sobre o quê?

— Como anda você e a Laur? Sei que as coisas estão bem quentes porque me lembro de você usando essas blusas de gola alta quando voltava da casa dela para esconder os chupões – minhas bochechas coram violentamente quase que de imediato, e eu a olho por um segundo ou depois. – Mas não é isso que estou perguntando.

— Sofia, pelo amor de Deus – limpo a garganta, sem graça. – O que você está perguntando, então?

Ela não se abala com meu constrangimento, e inspira fundo, pensativa.

— Quero saber como anda a relação de vocês – ela diz, por fim. – Eu digo, você ainda gosta dela o suficiente para voltar a ter um relacionamento?

Eu tento me concentrar apenas naquela pergunta e esquecer o fato recém-descoberto de que minha irmã sabe o motivo de eu estar usando essa blusa.

— Claro que gosto – sou honesta. – E sobre a questão de voltar a ter um relacionamento, isso não me assusta mais. Digo, voltar para ela visto a forma que terminamos. Ela mudou demais.

— Mesmo com a término recente? – Eu concordo com a cabeça.

— Eu não sei se você vai entender, Sofi – eu a olho de soslaio. – Mas acho que sempre há uma pessoa que você sempre vai amar mais do que todas as outras em sua vida. Aquela que, não importa quanto tempo passe, você sabe que, se ela regressasse, você abandonaria qualquer pessoa para voltar pra ela, sabe? Eu fingia que não, e até sentia que não, mas foi só ver ela de novo para que tudo voltasse. Eu estive completamente apaixonada uma vez, e sei que o que eu sentia por Austin não era isso. Tive certeza que não era quando eu olhei pra ela de novo, e percebi que ninguém nunca me fez sentir nem metade do que ela fazia. Ninguém chegava aos pés, mesmo com o que aconteceu no final. Todas as outras pessoas foram apenas... – busco uma palavra certa para definir – pessoas. Não amores.

— E mesmo assim, você não fica insegura por pensar que pode acontecer o mesmo? – Imagino que ela esteja se referindo ao meu término, então, suspiro fundo, enquanto nego.

— Não – eu sorrio comigo mesma enquanto penso nos momemtos em que Lauren e eu estávamos tendo ultimamente, e me faz tão feliz saber que aquele "não" era verdade. – Isso faz dez anos, não consigo olhar pra ela mais e a relacionar com a mesma Lauren do término.

— Posso fazer outra pergunta? – Eu concordo, sem olha-la. – O que você acha dela? O que você gosta nela?

Sei que Sofia ama Lauren, logo, deve estar amando eu deferindo essa sequência de elogios ao que estamos construindo agora. E eu gosto de poder falar dela, de poder colocar pra fora o que estou sentindo.
Eu suspiro, com um sorriso no rosto enquanto viajo nas memórias.

— Eu ficaria por horas respondendo a essa pergunta – tenho vontade de rir espontaneamente de tanto que as borboletas no meu estômago estão agitadas. Não tive uma oportunidade de falar sobre esse assunto desde que ela retornou. – Lauren é incrível, Sofi, em todos os sentidos dessa palavra. Não sei como, mas ela consegue me fazer sentir tão segura, tão bem e tão confortável. É como se ela fosse a forma sólida da palavra "casa". E vendo como ela está hoje, eu sinto tanto orgulho de quem se tornou, sabe? Amo o jeito que sua mente funciona, amo o respeito que ela adquiriu para com as pessoas, principalmente no seu trabalho. Amo o jeito que os olhos dela brilham quando ela fala sobre a profissão dela, como o sorriso se abre quando a elogiam. Amo o jeito que ela cuida de mim, como se eu fosse algo que merecesse todo cuidado do mundo. Amo como os olhos dela parece me enjaular e reconfortar. E agora, sendo mais superficial, amo seu sorriso, os dentinhos da frente que são maiores que os outros. Amo seu cabelo, sua sobrancelha que é irritantemente perfeita, amo sua voz, amo quando ela me chama de Camz, amo seu corpo, amo até aquele piercing no nariz. Amo tudo.

Sofia fica calada por alguns segundos, e, quando a olho, vejo que ela sorrindo. Aqueles sorrisos sem mostrar os dentes, meio abobado, quando você olha para o nada e o abre.

— O que foi?

— Eu queria encontrar alguém que fale de mim como você fala dela.

Eu sorrio quando Sofia diz isso, e só então percebo o quão sortuda fui. Eu não tinha muitas sortes na vida, mas acho que reencontrar Lauren foi a maior delas. E eu me sentia feliz por essa sorte.

— Eu também espero que você encontre, Sofi – eu jogo o olhar nela por um instante, abrindo um sorriso. – E se um dia encontrar, não tenha medo de deixar ir caso precise. Se aquela pessoa for pra ser sua, ela vai voltar, não importa se precisar de 10 anos para acontecer.

__*__

Eu passo o caminho inteiro querendo sorrir pelo o que Sofia e eu conversamos, porém, me controlo para que minha irmã não note –ou note mais– o quão caída estou por aquela mulher outra vez. E assim que chegamos no endereço marcado, é o único momento em que eu começo a abandonar esses pensamentos por hora e focar no que estava acontecendo.

Se tratava de um prédio grande, próximo ao litoral, e, pelo o que o porteiro nos indica, era um hotel, e deveríamos ir para o último andar, onde a cobertura que Rogério alugou ficava. Tento ignorar todo o luxo que aquele lugar ostentava, para focar mais no meu nervosismo por Sofia –que, pasmem, estava bem mais calma que eu, como se ela estivesse totalmente preparada e confiante.

— Você não está nervosa? – Eu pergunto, enquanto aguardamos o elevador nos deixar no andar correto.

— Não, a Laur me acalmou pelo telefone, e me deu algumas dicas – ela diz, e eu imagino que seja o que tanto ela conversava no telefone. – Harry também me disse que o Rogério é bem gente boa, ele só precisa gostar de mim. Eles me disseram para seu eu mesma.

— Não pensei que você ia Harry iam ficar tão próximos – Sofia da de ombros.

— Ele é legal – ela se vira para encarar seu reflexo no espelho, e ajeitar seu cabelo. – Ele e Ashley, na verdade. Ela é muito engraçada, e acho que combina muito com a sua vibe e da Lauren.

— Como assim?

— Sei lá, ela fala igualzinho a vocês duas. Converso com ela r parece que estou falando com vocês duas.

Eu franzo o cenho, embora concorde com poucas partes. Achava Ashley e Lauren parecidas, mas não diria que eu me enfiaria nessa comparação. Porém, antes de conseguir verbalizar isso para Sofia, e questiona-la mais a fundo, a porta do elevador se abre, nos deixando em um pequeno corredor, com apenas uma porta entreaberta no final dele.

Lauren disse que poderíamos entrar quando chegassemos, então, não espero ser atendida antes. Abro o restante da porta com cuidado, espiando o externo do hotel para enxergar algum dos rostos conhecidos. Uma música clássica tocava ao fundo, e ela fica mais alta quando dou o primeiro passo para dentro do lugar.

— Podem entrar! – Reconheço a voz de Rogério, e eu me sinto mais aliviada para poder entrar de vez no apartamento.

Ele estava trajado com um terno, e tinha um charuto em mãos. O hotel era como eu imaginava; uma sala enorme com uma sacada com vista para o litoral. Os móveis e decorações passavam o ar de riqueza, e posso até dizer que ainda mais que o hotel onde Lauren estava.

— Boa noite – Sofia e eu dizemos em conjunto, com um sorriso receptivo nos lábios.

— Peço perdão pela correria, mas vocês ficariam loucas se vissem minha agenda – Rogério gargalha, nos cumprimentando com um aperto de mão. – Podem ficar à vontade.

Eu espio os cantos do hotel discretamente, tentando encontrar Lauren.

— Minha irmã precisa estar comigo durante a reunião? – Sofia pergunta, e eu volto a atenção aos dois, vendo Rogério negar com a cabeça.

— Não a princípio, como você é nossa fotógrafa, eu desejo conversar com você primeiramente, descobrir suas paixões, seu estilo, suas ambições. Se estiver tudo bem para sua irmã, claro.

— Oh, claro, sem problemas! – Eu digo rapidamente, negando com as mãos. – Eu posso a esperar aqui, não estou com pressa.

— Ótimo! Vamos agilizar para não cobrirmos demais o tempo um do outro – Rogério faz um gesto para um corredor à esquerda. – Estaremos no meu escritório, Camila. E Lauren está logo ali na sacada.

Eu agradeço Rogério pelas coordenadas, e aguardo que eles adentrem aquele corredor enquanto o empresário pergunta Sofia o que ela trouxe para poder ir de encontro com a sacada.

Estou disposta a ser honesta com Lauren sobre algumas coisas que eu disse na minha conversa com Sofia.

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