A Esperança - Peeta Mellark

By NicolyFaustino

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Esta é uma fanfiction do livro "A esperança", pela perspectiva do personagem Peeta Mellark. More

Capítulo 1
Capítulo 2
Capítulo 3
Capítulo 4
Capítulo 5
Capítulo 6
Capítulo 7
Capítulo 8
Capítulo 9
Capítulo 10
Capítulo 11
Capítulo 12
Capítulo 13
Capítulo 14
Capítulo 15
Capítulo 16
Capítulo 17
Capítulo 18
Capítulo 19
Capítulo 20
Capítulo 21
Capítulo 22
Capítulo 23
Capítulo 24
Capítulo 25
Capítulo 26
Capítulo 27
Capítulo 28
Capítulo 29
Capítulo 30
Capítulo 32
capítulo 33
Capítulo 34
Capítulo 35
Capítulo 36
Capítulo 37
Capítulo 38
Capítulo 39
Capítulo 40
Capítulo 41
Capítulo 42
Capítulo 43
Capítulo 44
Epílogo

Capítulo 31

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By NicolyFaustino

Pollux é quem me acorda. Abro os olhos, e olho ao redor, mas dessa vez, não há confusão, pois eu me recordo onde estou. Me recordo de tudo, inclusive do que aconteceu antes que eu adormecesse. Percebo que estou sorrindo. Mas o sorriso logo desaparece quando vejo Katniss acordando Gale. Não quero me sentir com raiva, mas é quase inevitável, vendo as mãos dela tocando o ombro dele... Sacudo a cabeça, e me levanto, disposto a não me importar com isso. Minhas mãos tremem levemente, enquanto eu tento me afastar desse sentimento de raiva. O que parece impossível. Katniss faz sinal para que fiquemos em silencio, apesar de ninguém estar de fato conversando. Eu respiro com dificuldades. Algo me diz que o que estou sentindo não tem a ver apenas com o fato de Katniss tocar Gale, daquela maneira... O sangue em minhas veias parece queimar, me consumir como lavas. Então eu escuto. Um sussurro. Um chamado. E com assombro, e descontrole percebo que é a voz de Moira ecoando pelos tubos, chamando por Katniss. Olho para a frente, e vejo Katniss, de costas, tão próxima de mim. Minhas mãos tremem violentamente, enquanto eu sinto o fogo dentro de mim me consumir, atingindo meu coração, meu cérebro, me fazendo querer gritar de dor. Tento segurar um pouco da razão que ainda me resta, me apego as lembranças de poucas horas atrás... As mãos de Katniss em mim... Nós protegemos um ao outro.... A voz de Moira ainda ecoa num sussurro pelos tubos, e sem conseguir resistir, eu me junto a ela, e chamo por Katniss. Eu tenho que vingar todas as mortes que Katniss causou. Quando dou um passo à frente pronto para atacar, Katniss se vira para mim. Encontro seus olhos cinzentos, alarmados. Katniss tem que morrer... Mas, nós protegemos um ao outro. Com um resquício de força, avanço para fora do fogo que toma conta de mim. E isso parece exaurir todas as minhas forças, quando me dou conta, estou caído no chão, ofegante. Mas ao menos estou lúcido. Porém sei, que isso que está chamando Katniss, quer matá-la. E também sei, que Snow fez com que tivesse a voz de Moira, para me atingir.

— Katniss! Katniss! Saia daqui! – digo, sentindo um medo infindável do que se aproxima de nós.

— Por quê? O que está fazendo esse som?

— Eu não sei. Somente sei que quer matar você. Corra! Saia! Vá!

Ela me olha por um momento, franze o cenho, e baixa seu arco, que só agora percebo estar apontado para mim. Será que Katniss teria mesmo coragem de me matar, se fosse preciso?

— O que quer que isso seja, está atrás de mim. Pode ser uma boa hora para nos separarmos – ela decide. Estou prestes a protestar, mas vejo que todos já farão isso. Me concentro em apenas ficar no controle da minha situação, e não deixar que os sussurros com a voz de Moira, faça com que eu entre naquele estado terrível, onde tudo o que eu quero, é matar a garota que amo.

— Mas nós somos seus guardas — diz Jackson.

— E sua equipe — adiciona Cressida.

— Eu não vou deixar você — Gale responde.

Suspiro. É claro que Gale nunca a deixaria. Eu tenho que aprender a conviver com isso. É óbvio que eu nunca poderei ter Katniss da maneira que desejo, não enquanto eu não acabar com esse monstro que há dentro de mim. E mesmo que eu consiga isso, não tenho garantias de que ela ainda me ame. Ou de que ela já me amou. Enquanto isso, tenho que assistir impotente essa proximidade entre ela e Gale.

Minhas mãos estremecem novamente.  Katniss começa então a distribuir armas para todos, e no fim eu sou o único desarmado. A equipe de filmagem e os membros restantes da esquadra tem pistolas, Gale e Katniss tem arcos, Finnick tem um tridente. Seguimos em frente em meio a canos transbordando com aguas esverdeadas, trilhos de trens abandonados, e presumo que pegamos uma boa distância das criaturas. Porém volta e meia eu escuto um sussurro, o que faz meus pelos arrepiarem.

Então, de repente, gritos estrondosos, e guturais nos assustam.

— Avoxes — Castor grita.

— As mutações devem tê-los achado — diz Cressida.

— Então eles não estão somente atrás de Katniss — Leeg fala.

— Eles provavelmente matarão qualquer um. Só que não vão parar até a pegarem —diz Gale.

Porém, enquanto eles discutem o som de gritos vai diminuindo. Até haver um silencio assustador novamente. E a voz de Moira chamando Katniss, extremamente perto de nós.

— Ouçam — murmuro, paralisado pelo terror.

Todos escutam, atônitos o chamado, que parece estar abaixo de nós. Então, começamos a correr. Eu não faço ideia para onde estamos indo. Apenas corro com eles, sentindo os sussurros se aproximando cada vez mais. Em determinado momento, há uma confusão acerca do caminho, então percebo o quanto Katniss está amarela, antes de ela vomitar. Apesar da ordem de Jackson para colocarmos máscaras, não sinto cheiro algum, além do de rosas, misturado ao fedor do esgoto. Mas, rosas? Aqui?

Sou distraído desse pensamento, quando Katniss acha outro caminho, e então chegamos a um lugar quase parecido com a superfície. Ruas azulejadas lisas, com cores claras, e margeadas com paredes de tijolos brancos em vez de casas.

Katniss habilmente começa a disparar contra as armadilhas que nos aguardam. Começo a suar, e cerro os dentes, relembrando o que fiz a Mitchell, e o que aconteceu com Boggs. É impossível não se sentir numa arena. Preciso de todas as minhas forças para não perder minha consciência. E de repente, Katniss e Finnick olham para trás, e em suas expressões, sei que algo ruim aconteceu. Acompanho seus olhares e me deparo com Messalla esticado numa espécie de luz dourada, a boca escancarada, como num pedido de ajuda, totalmente em vão. Assistimos sua carne derretendo, como cera de vela. Engulo em seco, e percebo o choque no rosto de Katniss. Algo perdido dentro de mim parece se acender, e eu me vejo tomando a frente da situação.

— Não podemos ajudá-lo! — digo, empurrando Castor, Cressida e Pollux, para frente. — Não podemos!

Todos parecem atordoados demais para se mover, olhando o que restou de Messalla, mas então saem de seus choques para outro maior ainda, ao perceberem que eu estou calmo, e dando ordens a eles. Mas essa calma comedida está numa luta interna gigantesca com outro sentimento. O desespero. Mas tenho consciência de que tenho que oferecer mais a Katniss. Meu autocontrole pode ser um bom começo. Num impulso, eu avanço até onde ela está, ainda imóvel, e aperto seu ombro, forte o suficiente para ela saber que eu estou aqui, ao seu lado, apesar de tudo. E leve o suficiente para não a machucar. Isso a tira do seu estado de estupor, e logo todos estamos avançando, abandonando mais um membro de nossa equipe. Olho para minhas mãos que ainda formigam com a sensação de tocar ela.

Mal nos recuperamos da armadilha traumatizante que levou Messalla, somos recebidos por uma chuva de balas. E dessa vez, não temos como correr, ou nos esconder. Pois nossos inimigos são de carne e osso. Uma dúzia de pacificadores marcha em nossa direção. Atirando. Eu me encolho junto a parede, sabendo que não posso fazer nada a não ser tentar não levar um tiro. O restante ataca, e quase todos os pacificadores estão no chão. Quando penso que talvez possamos escapar, mais deles saem do túnel. Porém enquanto se aproximam, eu vejo que aquilo não são pacificadores. Tampouco humanos. A palavra ecoa em minha mente. Bestantes.

Assisto enquanto as criaturas do tamanho de um adulto, brancas e com caudas, avançam sobre os pacificadores, fazendo um extermínio. Cabeças rolam, sangue esguicha. Não iremos vencer estas coisas. Não posso permitir que Katniss morra, aqui, nesse subsolo fedido, nas mãos dessas criaturas nojentas.

— Por aqui! — Katniss grita, se grudando a parede e ganhando uma distância de toda a cena horrível que se desenrola. Quando repetimos seus movimentos e nos juntamos a ela, ela atira em algo que ativa uma armadilha. Dentes mecânicos começam a mastigar a rua, abrindo uma cratera entre nós e as aberrações.

Estou tão desnorteado, tão exaurido, que permaneço apenas observando tudo, como se eu não estivesse ali. A luta interna entre meu lado bom e mal, tira todas as minhas forças, e eu penso com tristeza, que eu posso acabar me matando se continuar lutando com essa coisa dentro de mim.

Sigo a equipe, ainda ouvindo alguns ruídos estranhos das criaturas, e com alívio observo a mudança no chão. Estamos indo para a superfície. Nos arrastamos por um cano estreito, até chegarmos numa base que dá para o esgoto principal. Andamos pela borda do rio tóxico de imundícies, cientes de que qualquer deslize resultará em morte. Avançamos rápido ainda temendo as criaturas. Percebo que Katniss ainda está pálida. Eu tenho alguns espasmos ocasionalmente, mas acho que ficarei bem. Ao menos desta vez. A certa altura Pollux puxa uma escada, e eu quase sorrio. Vamos sair daqui, finalmente. Olho para trás, querendo ver se todos estão tão aliviados quanto eu, mas tudo o que encontro é escuridão. Não há ninguém atrás de mim. Olho para a frente. E para trás mais uma vez. Mas... Onde Jackson e Leeg estão? Katniss parece perceber isso no mesmo momento que eu, mas a resposta de Homes, não é apaziguadora. Elas ficaram para trás. Para distrair as criaturas. Para nos dar mais tempo. Essa é a explicação de Homes. Mas a verdade é que, droga, elas ficaram para serem mortas, serem estranguladas, rasgadas, pelas malditas mutações da capital.

Eu sei que Katniss vai voltar antes mesmo de ela fazer isso, passando por nós com uma determinação voraz, mas é tarde, penso, quando me deparo com o primeiro vestígio de que as criaturas nos alcançaram. O cheiro de rosas. Elas que possuem esse cheiro. Gale começa a atirar, tentando atrasar as aberrações que logo ficam visíveis. Katniss também atira, mas agora eu percebo que ela não está agindo com sanidade. Ela atira furiosamente, porém sem mirar em algum lugar específico. De repente me lembro, de que ela sempre vendia esquilos para meu pai... e ela sempre os matava com uma única flechada, um tiro certeiro. No entanto, agora, ela apenas dispara, flechas de fogo, explosivas, furiosamente, sem sequer notar, que outras criaturas se aproximam dela. Finnick e Cressida começam a gritar para ela correr. Ela vai morrer, se não a tirarmos daqui. Agora. Então eu abro caminho entre Gale e Finnick, que estão conseguindo matar algumas criaturas, e tomo Katniss em meus braços. Tento não pensar na nossa proximidade, e no meu desejo de jogá-la no rio borbulhante do esgoto. Tento controlar meus espasmos. Tento não prestar atenção no seu cabelo roçando meu rosto. Na sua respiração acelerada, perfeitamente sincronizada com a minha. Enterro meu rosto em seu pescoço enquanto a arrasto até a escada onde Pollux nos espera, aflito. Eu empurro seu corpo, para cima, minhas mãos parecem queimar enquanto a toco.

- Vá Katniss – eu imploro. – Suba!

Pollux consegue puxá-la, então eu subo também. Porém, apenas Cressida sobe atrás de mim. Será que estão... todos... mortos?

Katniss parece voltar a si, e quando olha ao redor e só vê apenas nossos rostos, faz menção em descer as escadas novamente, porém se depara com Gale, e por sua expressão eu sei que só restamos nós. Me agacho contra a parede, enquanto choro, porém um choro sem lágrimas. Escuto gritos vindo de baixo. E reconheço a voz de Finnick. Tampo os ouvidos, incapaz de ouvi-lo agonizar. Katniss profere as palavras, que acabarão com o sofrimento dele. Amora cadeado, amora cadeado, amora cadeado. Há uma explosão, e em seguida uma chuva de sangue, destroços, carne de bestantes e carne humana, nos cobre. Me desculpe Finnick. Não serei capaz de cumprir minha promessa. Não serei capaz de confortar Annie, fazê-la ficar bem. Pois eu me rendo. Para que, lutar tanto, me dilacerar por dentro, quando tudo que eu tenho ao meu redor é a morte? Para que se agarrar tanto assim a minha lucidez? Para ver Katniss morrer? Cerro os punhos, aguentando firme a dor do veneno me dominando. Se eu me deixar levar desta vez, eu sei que não terá volta. Mas tudo ficará bem. Gale irá me matar. E talvez Katniss até sobreviva a tudo isso.

- Peeta – ouço Katniss me chamar. Mas não me mecho. Não sairei daqui. Morrerei aqui. Com Finnick.

- Peeta? – ela chama mais uma vez, com cautela. Sinto sua aproximação, mas só me dou conta de como ela está perto, quando suas mãos envolvem meus pulsos, fazendo-me olhar em seus olhos.

— Me deixe aqui — murmuro em súplica. — Eu não posso persistir.

— Sim. Você pode! – ela retruca, seus olhos se arregalam. Como são lindos.

Sacudo a cabeça. Ela precisa se afastar de mim. A coisa sombria, está me engolindo, ouço os gritos de Finnick, junto aos de Moira sussurrando o nome de Katniss.  

— Eu estou perdendo. Eu vou enlouquecer. Como eles – digo, desesperado.

Katniss me fita, pesarosa, e antes que eu possa compreender o que ela pretende se aproximando tanto de mim, seus lábios estão pressionados contra os meus. Uma explosão de fogo, ódio e raiva ocorre dentro de mim. Meu corpo todo treme, suplicando para que isso pare, pois a dor é descomunal. Mas então, aos poucos, todas essas sensações ruins e dores, vão passando. Meu coração bate acelerado, enquanto um desejo novo toma conta de mim. Eu quero Katniss, mas do que quis qualquer coisa em minha vida. Uma lufada de força me invade, e eu começo novamente minha luta entre o bem e o mal dentro de mim. Katniss afasta seus lábios dos meus. Eu os desejo, mais. Ao mesmo tempo que penso nisso, o ar me falta. Como uma pessoa pode te fazer tão bem e tão mal ao mesmo tempo? Ela segura meus pulsos. O ar quente que sai de sua boca enquanto ela respira paira suavemente sobre meus lábios, de tão próximos que estamos.

— Não permita que ele tome você de mim – ela sussurra.

Snow. Imagens de tudo o que vivi, me assaltam. Quero me livrar delas, quero ficar com Katniss, longe daqui, quero seus lábios, seu amor. Mas intercalado a essa vontade, ouço em minha cabeça os gritos agonizantes de todos que se foram, por culpa indiretamente dela. Cinna, Moira, Finnick.... Não quero pensar nisso. Eu preciso de ajuda. Não quero que o monstro me consuma.

— Não. Eu não quero... – sussurro, minha voz falhando.

Ela aperta forte minhas mãos, como se precisasse de mim, tanto quanto eu preciso dela.

— Fique comigo – ela suplica.

Duas palavras. E um jorro de memórias. Um nó se forma em minha garganta. Nosso primeiro beijo, os sacrifícios feitos um pelo outro na arena... Pensamentos contraditórios ainda tentam fazer com que eu me esqueça destas coisas, mas eu consigo empurrá-los, para longe. Foco apenas no rosto dela, a centímetros do meu. Eu consigo sentir.... No aperto das suas mãos nas minhas, no seu olhar suplicante.... Eu consigo sentir seu amor por mim. Isso é tudo que eu precisava saber.

De qualquer forma, a resposta sempre foi, e sempre será única.

— Sempre — murmuro.

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