Capítulo 41

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Ao contrário do que eu esperava, a coisa toda demora bastante a ser feita. Cressida justifica que não tem os aparelhos necessários para agilizar o trabalho de Pollux. E conseguir certas gravações, e documentos, também se mostra bastante trabalhoso. Mas todos tem feito o máximo que podem, e eu reconheço isso. Delly, que é a única a não ter muito o que oferecer, nos mantem alimentados. Ás vezes ela até sai com Johanna em busca de mais comida. Não me preocupo com as duas, pois de alguma maneira, Johanna conseguiu várias armas. Haymitch sempre vai até o grandioso edifício da justiça da capital, e tenta descobrir informações acerca do julgamento, geralmente voltando sem nenhuma notícia útil. No momento, me sinto como se um caminhão tivesse me atropelado. Dias e dias sem dormir, praticamente sem comer... Apenas juntando e juntando as peças, formando a trilha que poderá ser a diferença entre a morte e a liberdade de Katniss. Todos parecem extremamente cansados. Espero que todo esse esforço valha a pena no fim das contas. Um estrondo chama minha atenção. Percebo que Haymitch acaba de adentrar, chutando a porta. Está visivelmente bêbado, depois de todos esses dias de sobriedade. Céus, o que aconteceu?

- Haymitch! – grito. – O que aconteceu com você? Descobriu algo?

- Está acabado – ele murmura e se joga na cadeira mais próxima. Todos param o que estão fazendo e olham para ele.

- Do que você está falando? – tento, novamente.

- A droga do julgamento acabou! – ele explode. – Katniss vai ser condenada. Amanhã sua sentença será dada oficialmente. É isso o que aconteceu.

- Mas...como você sabe... – Carolynn começa...

- Eu encontrei, aquele médico... aquele... – Haymitch grunhi, todos o fitam, sem saber onde ele quer chegar. – Ah, aquele médico da cabeça. Ele disse que testemunhou a favor de Katniss... Mas que foi o único... E acha que não vão engolir que ela é louca, como ele tentou provar...

- Ela não vai ser condenada – a voz de Cressida se sobrepõe ao murmurinho de desespero. – Peeta, acabamos as edições. Vamos invadir aquele tribunal.

Uma nova determinação me invade. Estou indo em direção a porta, mal conseguindo esperar para ter a minha chance de ajudar Katniss nem que seja uma ultima vez. É quando sinto uma mão ossuda segurando meu ombro.

- Melhor tomar um banho e dar um jeito nisso aí – Johanna diz, me puxando de volta e gesticulando em direção ao meu rosto. – Ou o júri sequer vai querer te ouvir, você parece um louco. Podem até começar um julgamento contra você, se você chegar lá desse jeito.

Relutante, sinto que ela tem razão. O restante me olha, como se esperassem instruções. Haymitch parece um pouco mais desperto, e arrependido de ter bebido.

- Certo. Hum... Já está tarde de qualquer forma. Vamos tentar ter uma boa noite de sono, e amanhã partiremos – digo. Todos parecem aliviados, logo não há uma só pessoa acordada, a não ser eu. Sem esperanças de dormir, eu saio, tomando cuidado para não acordar ninguém, e fecho a porta atrás de mim. Fico tão absorto olhando para o brilho da lua, que mal percebo quando alguém se junta a mim.

- Hey, pequena – sussurro.

- Está nervoso? – Carolynn pergunta, sem rodeios.

- Não. Estou com medo – admito. – Medo de não conseguir que isso que fizemos seja suficiente.

- Tem que ser. Vê se não esquece de nada importante.

Sorrio.

- Tudo aquilo está gravado em mim, mais profundamente que minhas próprias memórias. Não esquecerei de nada.

- Eu queria poder ter tido a chance de salvar Cinna... – ela sussurra, parecendo se esquecer momentaneamente de que eu estou aqui.

Engulo em seco.

A Esperança - Peeta MellarkWhere stories live. Discover now