Autora:on
Já faziam três dias desde que Aleksander tinha visto Amélia e desde que ela o tinha atacado.
Ele admitiu que se surpreendeu com a audácia dela, com a coragem.
Ainda mais quando ela realmente tentou mata-lo.
Ele também tem que admitir que algo ruim se apoderou de seu peito quando a viu chorar.
Mas Aleksander sabia que não poderia fazer nada para impedir.
Amélia sofreria, isso era um fato.
Por que Aleksander faria qualquer coisa para recuperar seus poderes, e para isso ele teria que machucar muita gente.
E consequentemente, Amélia se machucaria no processo.
Ele não poderia impedir.
Por isso, após três dias, de muita agonia, ele sentia como se algo estivesse errado.
Mesmo dizendo que só reapareceria em cinco dias, Aleksander não conseguiu esperar tanto.
Então, após falar com o seu novo servo, cujo ele tinha libertado da prisão, o macho atravessou.
Ele iria para a corte noturna.
{...}
Amélia:on
Três dias.
Faziam exatos três dias que eu tinha pedido ajuda a Helion com o feitiço.
No dia seguinte à aquilo, eu tinha desabado assim que tentei me erguer da cama.
Quando soube do acontecido, minha mãe chorou, muito.
Meu pai também tinha chorado, mesmo que escondido.
Eles ficaram arrasados e com muita raiva, não de mim, mas do que eu tinha feito.
Minha família tinha se surpreendido e tia Elain se sentiu muito culpada.
Agora todos estavam no escritório do meu pai, em uma reunião.
Acreditavam que eu estava dormindo, mas eu não estava.
Minha mãe, meu pai e o resto da família não tinham me deixado sozinha em momento algum.
Helion ficou arrasado quando soube da minha mentira, ele se culpava por ter tomado uma decisão tão precipitada.
Meus pais o culpavam.
Eu sentia dores, por todo o corpo e a todo o momento.
Era como se meu sangue estivesse em chamas.
Eu acordava gritando a noite.
Eu tinha pesadelos.
Meu corpo estava fraco e minha aparência estava pior do que nunca.
Eu estava mesmo morrendo.
Mas, mesmo com todo o sofrimento que o feitiço trazia, eu não me arrependia.
Me odiaria se tia Elain estivesse passando por isso.
Ela era tão gentil, tão doce e estava grávida, ela era uma das pessoas a quem deveríamos proteger.
Me ergui da cama, a todo momento sentindo como se meu corpo estivesse falhando, mas consegui sentar.
Apoio as mãos ao lado do corpo para me equilibrar.
Eu estava horrível.
Tinha olheiras e estava pálida.
Suspirei, me sentindo cansada.
Eu não comia direito.
E quando o fazia, vomitava na mesma hora.
Baixei a cabeça, meus cabelos caindo em meu rosto.
Senti um cheiro familiar, era ele.
Não ergui a cabeça quando ele entrou no quarto.
Não consegui.
Seus passos eram lentos e mesmo sem olhar, sabia que ele tinha um sorrisinho no rosto.
Ele tinha vindo ver o estrago que tinha causado em Elain?
Bom, mesmo o feitiço tendo passado para mim, eu sabia que ele ficaria satisfeito da mesma forma.
- Amy querida, devo dizer que esses três dias sem ver você foram... infernais - A voz dele, como sempre com uma leve entonação de zombaria.
Ele sempre falava assim, ou quase sempre.
É como se ele odiasse ou sentisse escárnio por qualquer coisa.
Menos quando sua voz ficava sombria.
ergui o olhar levemente, não muito, mas vi um vislumbre do macho.
Ele vestia o couro com a qual eu quase sempre o via.
Os cabelos estavam soltos, a cortina platinada caindo pelas costas e ombros dele.
Ele tinha a pose arrogante.
O macho arqueou uma sobrancelha.
- Não vai me atacar? Me esfaquear ou me xingar? - Ele estala a língua - Que decepcionante, eu já estava me acostumando com a forma que você recepciona os convidados, especialmente a mim.
- Me deixa em paz - Digo, a voz fraca.
O silêncio se prolonga por alguns segundos.
A voz dele é cautelosa.
- O que aconteceu? - Pergunta.
Sorrio, erguendo o olhar para ele.
Ele deveria rir ou usar a expressão de escárnio de novo.
Mas o que vejo me surpreende.
A expressão de Aleksander muda, primeiro, seu cenho se franze em confusão.
Mas ele inspira lentamente e congela.
- O que você fez? - diz lentamente, a voz se tornando sombria.
- Achou mesmo que eu deixaria você pôr minha família em risco sem fazer nada? - Pergunto, abrindo um sorriso.
Os olhos dele escurecem e a expressão fica sombria.
Parece que isso não o agradou, ele não parecia feliz com isso.
- O que você fez, Amélia? - É sua pergunta.
Uma risada irrompe do fundo da minha garganta, vendo a expressão de raiva dele.
O macho fecha a mão em punho e trinca a mandíbula.
Quando minha risada cessa, eu uso as minhas forças para me erguer.
Cambaleio para a frente e uso o apoio da parede para não cair de cara no chão.
Aleksander avança um passo em minha direção, como se... pudesse me segurar, os olhos levemente arregalados.
Se eu não o conhecesse, diria que ele parecia até um pouco preocupado, mas a raiva permanece.
- Por quê você fez isso!? - ele rosna.
Raiva me invade e avanço, me aproximando, usando o apoio de uma cadeira próxima, que minha mãe geralmente usava.
Aleksander observa cada passo meu.
- Você acha mesmo que eu deixaria...que matasse minha tia? - Rosno - Você é um canalha.
- Você foi inocente demais, Amélia.
- E você não tem honra alguma.
Ele avança rapidamente, e me afasto o mais rápido que consigo, batendo contra a parede.
Arfo quando ele chega perto, meus olhos levemente arregalados.
As mãos dele se espalmam uma de cada lado da minha cabeça, seu corpo próximo.
Aleksander fica perto, tão perto que nossos corpos quase encostam, sinto a respiração acelerada dele em meu rosto, mas não baixo o olhar, vendo suas íris vermelhas raivosas.
Mesmo que meu corpo implore para que eu me sente, eu me forço a ficar de pé.
Os cabelos dele caem ao lado do seu rosto, e de perto, consigo ver que parecem macios.
Mas a proximidade de Aleksander me desconcerta.
Ele estava perto, demais.
Sua voz é quase um sussurro quando diz.
- Eu sou um canalha? Sem honra? Você não viu nada, amor, agora você não faz ideia do quanto estragou meus planos.
Eu também respirava rapidamente, se era pela proximidade dele ou pelo feitiço, eu não sabia.
- Eu disse que faria de tudo para estragar seus planos, agora, mesmo que eu morra, não me importo, mas não machuque minha família novamente - Falo.
- Morrer? Acha que vai morrer?
- Não tente me enganar - exijo.
Aleksander ri e se afasta, me dando as costas e caminhando alguns passos.
Ele parecia estar contendo a frustração.
- Amélia amor, eu realmente não sei o que imaginou fazendo isso, acha mesmo que eu não posso matar ninguém? Acha que não posso fazer mais nada? - ele se vira, olhando para mim, raiva em cada palavra - Eu deveria te deixar morrer.
- Você fala como se não fosse fazer isso - Digo, respirando fundo e fechando os olhos, sentindo minha visão escurecer por um instante - Eu vou morrer, e você continuará a busca pelos tesouros até que cada pessoa de Prythian morra?
- Eu deveria fazer isso - Diz arqueando uma sobrancelha.
- Você governará um cemitério - Rosno.
O chão some sob meus pés e sinto meu corpo tombar para a frente.
Meus joelhos cedem e se dobram.
Aleksander se move e antes que eu caia, sinto seus braços em minha cintura, meu corpo se chocando contra o dele.
Aleksander me segura contra ele.
Minha cabeça repousou em seu peito, se eu tivesse forças, o socaria, mas eu não tenho.
Estava fraca, demais.
O silêncio se prolonga por alguns segundos enquanto Aleksander me segura com firmeza, sua respiração acelerada.
Ele parecia tenso e estava silencioso, como se estivesse pensando.
Arfo baixinho quando sinto dificuldade de respirar.
Ele xinga.
- Merda Amélia, merda!
Antes que eu possa entender o motivo dele ter falado isso, sinto um braço passar por baixo das minhas coxas e sou suspensa no ar.
Aleksander me pegou no colo.
Minha cabeça cai contra seu ombro e fecho os olhos.
Eu estava prestes a desmaiar, a essa altura já sabia.
Ele caminha, e segundos depois sinto a cama macia quando ele me deita nela, a delicadeza com a qual ele faz isso me surpreende.
Não abro os olhos, mas ouço a voz baixa dele quando diz.
- Pela primeira vez eu cedi dessa forma, amor, espero que considere isso, da próxima vez, não serei tão misericordioso - Ele diz baixinho, pondo a mão em meu ombro.
- Vai pro inferno - sussurro e ouço sua risadinha.
- Sua forma de falar comigo é encantadora.
Sinto uma energia passar por meu corpo e o cheiro de magia inunda o ar.
Arfo, sentindo cada parte do meu corpo repleto dessa anergia, dessa magia.
A última coisa que ouço antes de apagar é a voz de Aleksander.
- Nos vemos em breve, Amélia.
{...}
Escuridão.
É só o que eu consigo ver.
Sei que estou acordada por quê ouço vozes próximas, mas ainda não consigo distinguir de quem são.
Por algum motivo não consigo abrir os olhos, estão pesados, meu corpo esta cansado, não consigo falar.
Sinto como se todas as minhas energias estivessem esgotadas.
Com esforço, consigo distinguir algumas das vozes.
Eram meus pais e tios, pareciam preocupados.
- Acha que ele veio até aqui? - Cassian pergunta.
- É provável, só ele conseguiria retirar o feitiço - É Azriel quem responde
- Mesmo com todos os feitiços ele ainda conseguiu entrar na cidade sem despertar qualquer suspeita - a voz do meu pai parecia sombria.
- Pela mãe, como vamos conseguir vencer ele se Aleksander está sempre um passo a frente? - É tia Mor quem diz.
As vozes continuam, mas dessa vez não consigo mais distinguir de quem são.
- Precisamos proteger Amélia.
- Acredito que Aleksander não quer fazer mal a ela, pelo menos não no momento, ou ele não teria curado ela.
- Nós ainda não sabemos o que exatamente Aleksander quer conosco, precisamos começar a procurar a tal faca que pode prender Aleksander.
- Iniciaremos as buscas assim que Amélia acordar, até lá, convocarei outra reunião, dessa vez íntima com os grão-senhores.
Tento me manter alerta e acordada, mesmo que não consiga abrir os olhos, mas não tenho forças para impedir que a escuridão me leve.
Caio na inconsciência.
* Só vou dizer uma coisa, Aleksander vai tomar providências ein, o que Amélia fez vai fazer acelerar seus planos.
Algum palpite sobre o que acham que ele vai fazer?
Aproveitando que sumi por uns dias, postei logo três capítulos.
Espero que gostem.
Bjs.