Boa leitura!
Acordei cedo como sempre, fui ao Phill como sempre e voltei com dois cappuccinos e um bolinho.
Calma! É para o Teo.
Aliás depois da saída triunfante do senhor Ross eu e ele nos entendemos, eu reconheci que estava errada e comemos alguns doces Lights de comemoração.
Voltando ao tempo real, paro quando avisto uma coisa no chão. Perai, aquilo no chão era uma blusa? Pego a blusa masculina e levemente rasgada do chão e enrolo no pescoço. Ando mais um pouco, talvez uns vinte passos até o elevador e ali estava. Je-sus! Um sutiã?
O que houve aqui? Um festa de striptse?
Entro no elevador um pouco perturbada, uma festa de striptse e ninguém notou?
Quando entro no meu apartamento os pensamentos ruins somem, eu sempre soube que Teo odiava acordar cedo, mas ver ele de pernas abertas, roncando, de barriga pra cima e quase babando foi o fim da picada pra mim. Eu gargalhei, meu Deus e como. Aquela cena, eu podia tirar um foto e guardar para rir nos tempos tristes. E foi exatamente isso que eu fiz. E mais curioso é que ele não mexeu nenhum músculo, sono profundo.
Deve ser a bebedeira de ontem, eu não queria, era sério, mas eu não era a mãe resmungona de Teo e tive que deixar ele ir, o milagre foi grande por ele não ter chegado com uma mulher, vamos ser sinceras, entre mim e você, certo?
Ele é um gato!
Eu posso afirmar isso, mas eu nunca vi o Teo com outros olhos, e isso era bom.
Andei de leve até a cozinha e fiz uma panqueca para ele, provavelmente eu estaria no trabalho quando ele acordasse, e queria deixar tudo pronto para ele. Teo era produtor de eventos, então ele viajava muito, creio que isso foi o fato que fortaleceu nossa amizade e nos transformou em um pacote. Sim um pacote grande e gostoso.
Me tranco no quarto e visto minhas roupas de sempre, jeans, blusa larga, e coque, depois desço e pego o ônibus que, Graças a Jeová, estava vazio.
Eu sei, talvez eu esteja sendo dramática, mas hoje o dia seria longo, depois da forma que eu tratei o senhor Ross, provavelmente ele estava com a forca pronta para mim.
Que Deus me ajude.
Logo, logo, eu já estava de frente da porta do meu escritório. Opa! Do meu antigo escritório.
Porque eu não entrava de uma vez? Não estou com medo. Está bem,talvez só um pouquinho, mas era compreensível. Bato na porta.
__Entre__ai que horror, a voz dele estava extremamente cansada, parecia de velho. Se a voz estava assim, imagina a aparência. Mordo o lábio para não rir, e finalmente entro. E lá estava, como eu imaginava, talvez não como eu tivesse imaginado porque era um pouco triste olhar para ele.
__Bom dia senhor Ross.
__O que tem de bom?
Nossa, eu não era a culpada pelo mal humor dele, então era melhor ele nem começar a me encher o saco, porque minha paciência estava curta hoje. E meu pavio também.
__Tudo__respondo e sinto vontade de mostrar a língua como uma criança teimosa.
__Tudo__resmunga.
No canto em um espaço pouco chamativo havia uma escrivaninha pequena, talvez seja para mim. Não vou me preocupar de ter que trabalhar na mesma sala que o Ross, não, eu vou ficar relaxada e deixar tudo fluir.
__Hã.. Aquela escrivaninha é pra mim?
Ele me encara como se fosse óbvio, era óbvio, mas com ele era bom ter certeza.
__Eu só quis perguntar__sussurro para mim mesma.
Me sento e tento ignorar sua aparência abatida, pelo jeito ele não dormiu bem hoje, ao contrário de mim que dormi deliciosamente. Mas porque estou pensando nestas coisas? Deixa isso pra lá. Vou é me concentrar em encaminhar e-mais, ordenar a agenda do meu chefe, e verificar as finanças de todo mês, isso sim era trabalho.
Abro o e-mail dele e vejo aquela bagunça, spam e lixo eletrônico por acaso estavam de greve? Jesus!
Eu não gostava muito de notebook, mas como eu tinha o meu foi fácil mexer neste, havia todo tipo de e-mais aqui.
Todo tipo mesmo.
Por exemplo um era assim:
De:LeonardoCamargo13@gmail. Com
Para:OtavioRossExecutivo@gmail. Com
Senhor Ross estamos felizes em fechar este negócio com você, é muito lucrativo para ambos os lados e espero sinceramente que agrade ao senhor.
A resposta dele foi curta e grossa.
Eu tambem espero.
Ross.
Pelo jeito essa era sua marca registrada. Arrogância.
Solto um suspiro indignado na sala silenciosa, levanto o olhar e ele olha seu notebook também, talvez verificando se eu estava fuçando suas mensagens, e eu estava mesmo, claro que ele só saberia se eu excluisse um e-mail, ou respondesse algum. Mas eu não era tão burra.
Chega uma remessa de e-mais e encaminho tudo para ele, se fosse só isso meu trabalho seria mamão com açúcar. Mas não era.
Um e-mail em especial chamou minha atenção.
De:CarlaAlmeida123@gmail.com
Para:OtavioRossExecutivo@gmail.com
Data:01 de julho de 2015
Assunto : Você e eu
Só o assunto me deixou remoendo de curiosidade, eu queria abrir e ler, mas não seria invasão de privacidade? Eu não queria dar motivos a ele para me processar, ou pior, me despedir. Mas a curiosidade foi maior e meu dedo ganhou vida própria e abriu o e-mail.
Caro senhor Ross.
Sério? Eu tenho que começar com essa saudação formal quando eu conheço o pior de você? Bem Otávio eu não começarei assim, porque sou diferente. A gente andou brigando, sim eu sei, e sei que você não queria dizer aquilo que diz, por favor volta pra mim, sinto saudade. Estou carente do seu amor, e se você não me responder, eu juro que vou perseguir você aonde você se esconder, porque eu te amo, e te perdôo por tudo.
De sua querida Carla.
O que foi isso? Essa mulher era louca. Primeiro faz um declaração boba depois ameaça. Bem que o senhor Ross merecia uma mulher dessas, quero ver ele se livrar dela, ele não podia despedir ela, e nem ameaçar sua posição.
Minha gargalhada escapuliu antes que eu pudesse impedir e daí pra frente não consigo parar mais, nem quanto o senhor Ross me olha consternado por ser interrompido, e muito menos quando ele se levanta e para a pouco metros do notebook, perto o bastante para ler a mensagem que eu tinha lido.
__O que é tão engraçado senhorita Silva?
Como eu odiava ser chamada de senhorita Silva.
__Na-ao, é nad-a-a__ofego.
__Não minta, deve ser algo muito engraçado para você rir na minha presença.
Bem, foi bom te conhecer leitor, espero te ver na outra vida.
__Hum, eu estava lendo umas coisas aqui.
Ele sorri com ameaça naquele sorriso e me encara sem piscar, e vou desmoronar, vou contar tudo. Não, eu não posso.
__Que tipo de coisas?
Meus dedos procuram como lesmas a tecla de desligar, mas olhando para aqueles olhos intimidadores não era fácil.
__Para falar a verdade eu estava pensando e lembrei de uma piada.
Ele se inclina um pouco para frente, não o suficiente, que bom. Eu tinha ainda uma chance.
__Que bom, porque não me conta? Adoraria rir um pouco.
Ai meu Jeová! Socorro! Ele vai ver, aonde está aquele bendito botão?
__Hu-mm, a piada?
__É.
Não encontro, e em desespero bato a tela do notebook e desligo, eu sei, um erro,mas um erro necessário.
__Eu-u não me le-m-m-bro.
Ele se inclina e coloca a mão na mesa para ganhar apoio, agora estávamos rosto a rosto, sem mentiras, sem disfarces. Olho, no olho.
__Você disse está pensando na piada.
Morri, serio. Bela estratégia Luana. Sua burra.
__Bem é que... Eu esqueci.
Ele inclina a cabeça em fingida curiosidade.
__Sério? Nossa que cabecinha oca é essa sua.
Juro por Deus que quase pude ver seu punho se levantar e bater de leve na minha cabeça para acompanhar a frase.
__Né?
__Mas porque fechou o notebook?
Caramba ele não deixava passar nada.
__É que vou no banheiro.
__Não precisava, só tem eu e você aqui nesta sala.
Estremeço quando seu hálito queima minha narina e sinto cheiro de menta, menta fresca.
__Eu-eu sei.
Eu vou chorar, era muita pressão estar assim face a face, eu sabia que ele analisava meu rosto e qualquer mudança me entregaria, por isso que eu só ousava respirar.
__Será mesmo que sabe?
__Sei__choramingo.
Por favor...
Assim face a face dava para perceber as olheiras que eram quase invisíveis, a barba escuro por fazer, e os vincos em volta da boca. Meus dedos com vontade própria se levantam ansiosos para sentir aquela barba, posso ver minha mão subir, lenta demais para ele notar, isso era bom, mas não tão inteligente.
O que aconteceu com essa mão? Por favor,pare mão! Você não quer me despedir ne?
Pronto, ele conseguiu eu estava louca, estava tão louca que falava com a mão que eu comandava e podia mandar ela parar aquele movimento perigoso. E é isso que eu faço, e com alívio vejo minha mão descer. Graças a Deus.
Com esse momento de pânico não vi que ele estava bem próximo, próximo demais.
__E..__sussurro, mais não havia voz, nem razão. Certo,eu tinha um pouco de razão se não não estaria pensando agora. Eu não sei o que estava acontecendo aqui, só sei que o ar de arrogância e sarcasmo sumiu, preferia quando estava aqui. E aquele brilho no olhar escuro dele?
__Lu?
Tudo aconteceu rápido demais, de repente o senhor Ross estava em pé e empertigado, encarando frio e arrogante a porta. E eu? Bem, fiquei um pouco na posição de antes, depois desabei de vez na cadeira.
__Oi Emile. Como vai?
Então ela entra e encara nos dois, como se fôssemos bandidos pego no flagrante. Pelo menos era assim que eu me sentia.
__Ótima, e posso dizer o mesmo de você.
Meu rosto esquenta, quero morrer. Aqui e agora, sei que o senhor Ross enfrentava a situação muito bem, mas eu não. E a situação não se resolveria.
__E você senhor Ross, como vai?
E agora começou, isso ia ser bem constrangedor. Vou tentar me preparar de qualquer jeito, pelo menos mentalmente.
Mas quando olho e vejo que o senhor Ross estava sorrindo me arrependo do suspiro de alívio que eu dera dias atrás.
Esse seria o pior ano da minha vida.
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