Capítulo Vinte E Sete.

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Bom drama! :v.

Foram agonizantes dois dias, o câncer tomou os pulmões dela e parou o coração. Dois agonizantes dias de tortura, mas agora está tudo acabado e me sinto um trapo.
Se não fosse a sua cabeça careca ela parecia estar dormindo. O padre fazia a oração, mas eu não ouvia nada, me sinto anestesiada, como se todo sentimento tivesse sido banido do meu peito. Acho que é uma sensação boa.
Eu não queria ver o caixão cor vinho descer, de certa forma isso pareceria consumar o fato de que minha mãe nunca mais ia voltar.
Wesley chorava, a carapuça de arrogante se acabou, eu sei que tem muitas pessoas olhando pra mim e achando egoísta eu não estar derramando uma lágrima, isso é porque estou sem forças, sem reação.
__Deus amou o mundo de tal maneira....
É a única coisa que escuto.
Quando chega a hora de descer o caixão algo dentro de mim desencadeia um reação totalmente destruidora. Acho que vou desmaiar, não tenho certeza, aliás eu não comi nada. Mas nada acontece, continuo em pé, o tempo congelado, coração disparado e o suor empapando meu cabelo. Tudo do mesmo jeito e terrivelmente diferente.
O coveiro começa a jogar terra e posso ouvir o Bap constante da terra caindo no caixão.
Sinto alguém colocar a mão no meu ombros e depois tirar, será que disse algo? Estou surda aqui, surda mesmo não escuto nada.
Mais tudo bem, acabou.
__Luana?
Pisco, era como se eu tivesse fugido para outro lugar e só agora tivesse voltado.
__Sim?
__Precisamos ir.
__Ir à onde?
__Pra casa.
__Mas eu não moro aqui.
__Eu sei disso, sou seu irmão Wesley.
__Wesley?
Quem?
__Olha pra mim.
Faço o que ele fala.
__O que foi Lu? Você está pálida.
__Estou bem.
Mentira.
__Vamos.
Ele abraço meus ombros e me puxa, acho que vou desmoronar, é uma sensação esquisita.
__Aonde?
__Vou levar você pra casa da ma...mamãe, depois vou marcar seu vôo de volta pra São Paulo.
__Tudo bem.
Entramos em um sedã preto e vamos,não me importo muito pra onde vamos, nem quem sou agora, só noto a dor que eu achei que seria menor, mas que consequentemente é maior.

Me jogo na cama assim que me vejo sozinha e choro, toda gota de água que devia sair encharcava meu travesseiro agora, e não consigo parar, é como uma torneira quebrada. Eu sentia muito, sentia por não ter perdoado ela, por ter perdido esses anos de amor e muito mais.
Oh Deus.
Mas do que adiantava se lamentar agora?
Me levanto e vou na cozinha, não estou com fome, mas tenho que comer, se não vou morrer desnutrida.
Faço uma comida básica, arroz, feijão, e carne.
E ali comendo solitária estava eu, quero voltar pra casa, sair daqui. Deixo o prato pela metade e pego meu Not.
Vou reservar um vôo agora de ida, não quero nunca voltar aqui, nunca.
Nunca é tempo demais.
Cala boca voz maliciosa da minha mente.
O.k.
Tinha um vôo para 20h da noite, será que aguento ficar aqui nesse purgatório? Espero que eu sobreviva. Ligo pra agência e arranjo tudo, as 20h eu estarei voltando pra casa, e olha que beleza, nem vou ter que me preocupar em arrumar as malas eu nem as desfiz.
Talvez eu deva dormir, aliás o que eu venho fazendo a não ser isso? Então lá vou eu.
~~~°~~~
Acordo mais cansada que dormi , e adivinha? Estou atrasada para o vôo, meu Jeová do céu. Visto um vestido que está um bagaço e pego minha mala.
Não tenho tempo para despedidas, meu foco agora é voltar para meu apartamento confortador.
~~~°~~~
Meu apartamento fede mofo, não me importa muito, o vôo foi cansativo apesar de eu ter dormido todo o trajeto, teve até alguém que achou que eu estava morta. Hum, foi um pouco divertido ver a sua cara de espanto quando levantei pra desembarcar. Otário.
Deixo tudo escuro e corro para a minha cama. Que delícia, me sinto em casa. Durmo..
~~~°~~~
Sinto-me sendo balançada, não sei, mas quero sair desse sonho ruim onde minha mãe puxa meus pés dizendo que eu sou um nada,enquanto eu inutilmente grito "não mãe" sem parar, quero que ela pare de me oprimir, volte para seu túmulo maldito.
__Luana!!
Acordo. Olhos familiares me encaram com horror, minha mente conturbada não consegue associar um nome ao rosto, isso é estranho, esse rosto me traz uma pontada de tristeza.
__Luana?
Não consigo responder, sinto que vou desmoronar e chorar se tentar falar, então só balanço a cabeça.
__Você está bem?
Concordo.
__Pelo amor de Deus Luana, fala alguma coisa.
__Si..m__sussurro, minha voz quase inaudível.
__Luana não está me reconhecendo?
Pisco, eu sabia que ele era importante pra mim, mas minha mente estava anestesiada.
__Sou eu Teo.
Minha mente faz Click, o que ele está fazendo aqui? Ele não estava em Nova York?
__Vem, levanta.
Ele me puxa pelos cotovelos, não quero sair daqui, droga, me solte.
__Luana, por favor você não está bem.
Eu me sinto bem.
__Vem Luana, vou te levar em um médico.
Não! Eu não quero ir a um médico tão cedo.
__Escute você está mais magra do que nunca, mais do que considero saudável.
Isso é bom, estou finalmente magra, agora qualquer roupa serve em mim.
__Por favor Luana.
Vejo uma lágrima deslizar pelo rosto dele, Teo nunca chorava.
O que foi dessa vez?
Mas não posso sair daqui, será que ele não entende? Estou cansada e preciso dormir.
__Luana, você está acabando comigo aqui.
Me viro de lado ignorando ele, se ele não entendia é porque não é meu amigo de verdade.
Escuto ele sair e finalmente me libero da minha bolha, porque eu realmente me sentia dentro de uma bolha, presa e sem saída.
Me dobro em posição fetal, minha barriga doía, que isso Deus.

Durante as próximas horas ou até mesmo os próximos dias, não sei dizer, muitas pessoas vêm aqui.
Amanda, Jass,Phill e até a Emile. Todos entram, tentam conversar e saem frustrados por não conseguirem me fazer falar, é difícil entender que eu quero ficar sozinha? Eles são teimosos.
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Ui depressão aflorando. Kkk, até pessoas. <3








Luana.Where stories live. Discover now