Capítulo 01

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Olá pessoal,  seja bem vindos a minha história
Boa leitura!
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Acordo com a luz do sol queimando meu rosto. Essa é uma das coisas ruins de morar em apartamentos com janela em frente a cama.
Rolei sonolenta na cama e me pus de pé.
Você quer trocar de lugar comigo?
Aposto que não.
Visto minha calça jeans cotidiana e uma das minhas muitas blusas largas que escondia um pouco minha gordura à mais.
Eu tinha uma hora, depois eu tinha que ir ao meu trabalho de secretária.
Amarrei meu cabelo em um coque e saí.
O corredor estava silencioso como eu sabia que estaria, as pessoas em São Paulo dormem até as 10:00. E eu tinha acordado as sete.
Pego o elevador. O sol quente aquece minha pele. O ar tem um cheiro leve de orvalho e o vento esta suave quase como uma carícia.
Me dirijo para a padaria de um dos meus poucos amigos. O Sr. Phill.
Não sei qual é o seu nome verdadeiro, ele nunca disse. Deve ser feio demais, ou bonito demais para ele fazer todo esse suspense. Mas tudo bem, eu não queria saber mesmo. Mentira! Eu quero saber muito,mas desisti de convencer ele.
__Oi Sr. Phill.
Ele sai de uma porta a direita e seu olhar se ilumina quando me vê. Por baixo da pele enrugada de 80 anos ainda havia resquícios da beleza óbvia dele. Seu cabelo agora era totalmente branco e liso. O que na minha opinião o deixa mais lindo ainda.
Ei calma ai! Não é isso que você está pensando!
Eu considero o Sr. Phill como um pai e sei que bem no fundo ele me considera como filha. E isso me deixa feliz.
__Oi querida! Como vai indo a vida?
Me apoio sobre a bancada de leve. Não sei porque mais sempre tive medo de quebrar o vidro com o peso dos meus braços, é algo intuitivo pra mim. Eu fazia isso desde.... Desde de sempre.
__Estou bem Sr. Phill. Alguma novidade?
Sem perceber ele passa a língua no espaço entre os dentes da frente.
__Marry vai ficar internada. Teimosa que nem uma mula.
Minha gargalhada soa alta na rua milagrosamente silenciosa.
E para constar Marry é neta dele.
__Ela ainda se recusa a fazer os exames?
__Éeee, igual a mãe,a pirralha.
Passo a mão no pescoço (que graças a Deus não tem papa) e o encaro diretamente nos olhos.
__Não fale assim Sr. Phill. Estou muito ocupada hoje.
Ele cai na real e começa a se movimentar.
__Então Lu algum livro novo na área? Talvez um romance?
Começo a roer a unha sem perceber. É um hábito terrível que estou tentando largar mais é difícil.
Aliás todo mundo tem hábitos, então não me olhe assim.
__Não. Estou lendo um livro de terror. É muito bom, recomendo.
__E qual seria?
__Ja ouviu falar de Stephen King?
Ele mexe na máquina de fazer café e não se vira.
__Não querida.
__Bem, estou lendo uma obra dele. Uma história arrepiante.
Ele solta uma gargalhada que pareceu mais um motor de um carro velho que está quase desistindo de rodar.
__Qual é o nome?
__Se chama... Aaaa Coisa!!__respondo tentando imitar uma voz fantasmagórica e falhando miseravelmente.
__Ai menina, nem parece que você tem 21 anos. Às vezes haje como se tivesse seis.
Ele coloca meu capuccino de creme no balcão. Quando ele ia acrescentar o bolinho eu o impeço.
__Não. Obrigado senhor Phill mais os bolinhos estão proibidos pra mim agora.
__Não me diga que está com a idéia idiota do regime.__ameaça com a voz implacável. Era quase impossível discutir quando ele estava assim.
__É__sussurro.
__Eu já disse...
__Não precisa completar. Eu quero, mais do que nunca agora. Cansei de olhar roupas na vitrine e não puder comprar porque eles não tem o tamanho GGG. É humilhante Sr. Phill.
Meu olhos ardem com lágrimas.
__Tudo bem menina. O corpo é seu, a mente é sua, só preciso desejar boa sorte.
__Obrigado Sr. Phill.
Ele conhecia minha lista de regimes fracassados, e sabia também que cada um que não funcionou acabou comigo.
Eu passei dias deprimida pensando em como seria minha vida rodeada de gatos e tentando aceitar a minha realidade. Mas sempre surgiam as minhas amigas.
Amanda e Jascileia. São uns anjos pra mim, Deus teve piedade e me deu elas como amigas. Eu agradeço muito a Deus por elas serem o meu ponto forte quando eu desabava.
Me despeço do Sr. Phill e retorno. Quando estava pelo corredor meu celular toca. Era uma mensagem da Jass.
Oh Lu! Estou muito triste. Vou terminar com meu Will. :(

Encaro a tela abismada tentando fazer meu cérebro capitar a mensagem. Jascileia e Will? Separados? Não, não podia ser. Leio a mensagem de novo, e de novo, e de novo. Mas as letras pareciam irreais.
Então se ouve um.... BAP! ...e.... SPLACH! ... e... TUM!
Desorientada olho em volta e pro meu horror eu bati em alguém.
__Que por** é essa?!__grita um homem enorme e furioso na minha frente. Seu terno! Sua camisa branca! Estavam todos manchados com cappuccinos.
Me ajudem!
Encaro seus olhos azuis escuros. Droga, ele estava furioso mesmo. Não ia dar nem pra ter uma conversa amigável.
__Eu.. Eu..__porque as palavras não saiam?__Sin... To muito.
Olho em volta e está um caos. Cacos de vidro da xícara , café por todos os lados e me celular que vibrava no meio do mar de café e creme. Pego meu celular, é mensagem da Amanda. Quero responder mais não posso, deixo pra depois.
Olho minhas roupas. Há não! Estavam todas sujas, se eu olhasse pra onde ia seria melhor, tudo por culpa do celular. Aumento o aperto em volta do aparelho com ódio .
__Porque você não olha por onde anda?!
Sinto meu rosto aquecer, ele não precisava gritar assim. Daqui a pouco os vizinhos acordam.
Não seria pra menos.
__Me desculpe moço. Eu estava distraída mexendo com o celular.__ minha voz saiu fria e controlada. Por incrível que pareça. Eu estava morrendo de vergonha, tudo o que eu queria era abrir um buraco e me infiar dentro dele.
__Merda! Merda!!__murmurou olhando a parte da frente do terno.
Começo a morder o lábio inferior sucessivamente.
Outro hábito!
Eu quero ir pra casa. É só correr e entrar no elevador que está quase na sua frente, deixe ele aí cuidando da roupa distraído e fuja. Era tentador, mas eu não sou desumana. A culpa foi minha e por mais que eu ache que seja inútil continuar aqui, eu tinha que fazer.
__Senhor, precisa de ajuda?
Ele me lança um olhar assassino, acho que teria me matado se o celular não tivesse tocado. Ele atende e percebo que sua mão treme de raiva e adrenalina, acho melhor eu dar o fora.
Não! Eu tenho que ficar. Se fosse você o que faria?
__Alô?!__sua voz é extremamente estridente.
__Não....cancele.... Gisele eu não posso.... Não me importa.... Eu que mando.... Eu realmente não posso ir... aconteceu um imprevisto.
E seu olhar me perfura de novo.
Eu devia ter corrido, fugido.
__Tudo bem.... Segunda....Gisele... Certo.... Adeus.
E novamente sua atenção está em mim. E por Deus isso é constrangedor.
__Eu já pedi desculpas__sussurro.
Ele da um passo na minha direção e seus sapatos chiques esmagam os cacos de vidro. Clrack, clrack...
__Desculpas?
__É.
__E você acha o suficiente?
Minha postura é desafiadora. E rígida.
__É claro que sim. Está óbvio que não é culpa minha o que aconteceu aqui.
Sua risada sarcástica enche o ar.
__Imagine a culpa foi minha. Eu que estava com uma xícara de cappuccino andando sem olhar por onde, mexendo no celular.
__Eu... Eu...
__Eu que derrubei acidentalmente em uma pessoa que estava a caminho de uma reunião importante, mas teve que cancelar porque a roupa dele ficou suja de cappuccino.
__Eu...
__E tudo o que eu peço para essa pessoa é um simples pedido de desculpas. Bem simples. Acabou. Não é o suficiente?!
Meus olhos se arregalam com sua explosão momentânea. E depois vem a raiva.
__Você não tem o direito de falar assim comigo! Bem eu sujei a sua roupa?! E daí? Foi um acidente Sr. Arrogante. Tchau!!
E dou as costas para ele, furiosa demais para a timidez me assaltar. Furiosa demais para me importar. Furiosa demais para me ligar.
Entro no elevador e peço o 3° andar e não olho para ele, eu sei que se eu olhar a coragem vai pro ralo. Então olho para as minhas mãos sujas e grudentas.
Quando a porta se fecha é um alívio, solto o ar lentamente. Eu consegui! Tomei o controle da situação e não apenas acatei e aceitei.
Mandei ver né?

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Não esqueçam das queridas estrelas e se quiserem comentários. Bijum.

Luana.Onde as histórias ganham vida. Descobre agora