✧ e se você voltasse ✧

By flouwerscent

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Graças ao divórcio dos seus pais e a má relação com parte da sua família, você foi emancipada aos 16 anos e... More

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By flouwerscent

Hj eu entro muda e saio calada.

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Depois de mais um tempo arremessando miseravelmente aquela bola e aguentando os gritos fervorosos de Lucy cada vez que ela fazia um strike, você se despede dos seus amigos, dizendo que está cansada e precisa ir embora.

- Você já aguentou melhor as noitadas - Matt diz no meio de um abraço, te apertando com carinho. - A idade está chegando, não é?

🦋 O que você diz? 🦋

O rapaz se afasta e te olha, um sorriso repuxando os lábios. Te dá um peteleco na testa e ri quando você tenta devolver.

- Quando você vai me visitar em Londres?

- Pra você me deixar sozinha e ir atrás de mulher?

- Eu nunca faria isso.

- Toda sua estada em Bournemouth se baseou em você atrás de mulher, Matthew.

Ele revira os olhos teatralmente.

- Ok, você está certa. Mas eu juro que da próxima vez vou dedicar um tempo a essa minha amiga de longa data, tão querida, ela - Duncan provoca, segurando sua mão e beijando seus dedos de forma exagerada. Você ri. - Mas sério, aparece lá em um fim de semana. Tem muita coisa que você adoraria ver. Mas agora eu vou soltar sua mão antes que o Rob me olhe daquele jeito mais uma vez.

- Que jeito? - Você olha para trás, encontrando Pryce encostado em um pilar, no meio de uma conversa com River. Quando ele percebe que foi flagrado, desvia o olhar e leva o copo à boca, envergonhado.

- Todo mundo percebe o climinha entre vocês.

Você olha para Matt, olhos levemente arregalados. É do seu conhecimento que ele sabia do tempo que você e Rob passaram juntos na Itália, já que Duncan te viu chegar à mansão dos Elliot na noite da discussão, mas você não havia contado nada a ele sobre você e Pryce estarem juntos agora. E você sabe que Rob também não falaria nada.

Talvez fosse óbvio demais.

- Climinha?

- Que vocês estão trepando, Y/N - Matt ri, mas então conserta. - Dormindo juntos, desculpe. Vocês não disfarçam nada. Já viu o jeito que ele te olha? A cara de idiota? E você não fica muito atrás.

Você está com as bochechas quentes.

- Quem exatamente sabe?

- Todo mundo desconfia, mas é uma desconfiança quase certa. E ninguém liga muito também, todo mundo sabia que isso ia acontecer alguma hora; vocês claramente não superaram um ao outro e olha, eu torço muito pra vocês ficarem juntos logo. Você tem noção de como foi aguentar a fase depressiva do Rob depois que vocês terminaram? Ele literalmente definhou por mais de um ano. E talvez tenha sido ainda pior depois da Itália, ele nunca esteve tão insuportável. Mas enfim... deu pra sacar. Fora que eu vi vocês transando no drive cinema.

Nesse momento você sente seus olhos quase pularem das órbitas.

- Oi????

- É. A não ser que um casal tenha roubado o seu carro pra dar uma foda e depois devolver para a garagem, claro. Mas acho que eram vocês, sim.

Você poderia engasgar com a própria saliva. Mal acredita naquilo que ele está dizendo e, se pudesse, faria um buraco no chão e entraria dentro. Você pensou que o lugar onde havia estacionado não fosse muito visível a olhos alheios, mas pelo visto estava enganada.

Meu Deus, quantas pessoas viram aquilo???

- Não é pra tanto - Matt faz um sinal com a mão. - Eu também não fiquei olhando, óbvio. E acho que mais ninguém percebeu, tava escuro e os vidros embaçados, também. Só vi um carro muito parecido com o seu estacionado em um lugar estranho, prestei mais um pouquinho de atenção e vi um movimento suspeito lá dentro. Pensando bem, algumas pessoas devem ter percebido sim, mas com sorte nenhuma conhece vocês. Relaxa, acontece.

Você sente ânsia de vômito. Acontece. Claro. Todos os dias você fica sabendo que pode ter sido vista fazendo sexo dentro de um carro. Super normal.

Nem sabe como saiu do boliche e muito menos como dirigiu até em casa, se sentindo aérea o tempo todo. Além da nova bomba que caiu no seu colo, uma onda grande de melancolía se apossa de você conforme as horas passam e você sabe que está cada vez mais próxima de uma decisão definitiva. Você fica no sofá, vendo TV mas sem realmente ver. Vê quando Marco e Camila chegam, levemente bêbados, e sobem as escadas abraçados e aos risos, mal percebendo você ali. Vê as horas se arrastarem lentamente, te agoniando cada vez mais.

Porém é ainda mais agoniante quando a mensagem chega.

Rob: estou aqui.

Quando abre a porta, ele entra rapidamente, em silêncio. A casa está escura e você sinaliza para Pryce não dizer nada, fecha a porta e então estão subindo as escadas até o seu quarto. Deixa ele entrar primeiro, fecha a porta e então ali estão vocês dois, parados sob uma meia luz de um abajur, se encarando.

- Você não vai sentar? - Você pergunta.

Rob assente e se senta em sua cama, em seguida você se senta na frente dele.

- Então - Ele começa - o que você quer conversar?

- Temos muito o que conversar, Rob. Você sabe disso.

Ele esfrega o rosto e solta um suspiro.

- Eu sei - O inglês diz. - Eu sei. Achei que poderia ignorar isso e continuar vivendo normalmente, mas é impossível, não é? Eu só queria aproveitar ao máximo todos os segundos, porque eu sinto que talvez não tenhamos mais nada depois dessa conversa.

Seu coração vacila. Ele sabe que, dependendo do que for dito, talvez acabe de vez. Porque era isso o que faltava, não é? Robert admitir com as próprias palavras que te traiu, que arrumou outra assim que você pisou fora da Inglaterra. E você ouvir com os próprios ouvidos.

Não sabe se aguentaria isso.

- Estou tentando por muito tempo - Ele continua. - Juro que estou. Mas não sei se posso deixar tudo pra trás, entende? Mesmo que a gente tivesse só dezoito anos e que já tenha se passado tanto tempo...

Você franze a testa. Não entende o que ele está querendo dizer.

- Você está tentando deixar algo para trás?

O rapaz paralisa. Mesmo com o quarto quase totalmente escuro, o rosto dele é banhado pela luz fraca do abajur, os olhos não saindo de você e por um segundo eles são tudo o que você vê. Aqueles olhos que te dão vontade de chorar, mas que no momento te irritam. Por que ele está falando como se você tivesse magoado ele?

- O quê?

É hora de dizer em voz alta.

- Robert, você me traiu. Se tem alguém que precisaria deixar algo para trás, esse alguém sou eu.

Ele te encara por segundos infinitos, estático, sem piscar. Abre e fecha a boca, mas não sai palavra alguma. Então Pryce franze o cenho e balança a cabeça, como se mal pudesse acreditar no que você está dizendo.

- Espera... o quê??

Seus olhos já estão cheios. Você esperou tempo demais para dizer isso. Trancou tudo demais dentro de si. Seis anos enterrando tudo o mais fundo possível e mais meses tentando não revirar a terra. Agora está transbordando.

🦋 O confronte 🦋

Pryce te olha sem reação por muito tempo, mas então tudo parece desabar em cima dele. Todos os tijolos de uma casa inteira. Ele olha para outra direção, os olhos se enchendo de lágrimas, uma expressão de quem sente uma dor física. Dói em você também.

- Eu... - Ele apoia o cotovelo no próprio joelho e enterra o rosto na mão. - Eu não traí você, Y/N. Nunca nem pensei nisso, acredite ou não.

Cada palavra que sai da boca dele sai afogada em um poço de dor lancinante. Como se fosse doloroso precisar te dizer aquilo.

- Então o que eu vi naquela noite, Pryce? Por que você me ignorou o tempo todo? Por que estava sendo tão carinhoso com uma garota que eu nunca vi na vida?

- Você provavelmente viu a Emory, Y/N. Uma versão bêbada da Emory. Ela teria adorado te conhecer se você não tivesse ido embora antes achando que eu estava te traindo com ela.

- Quem é Emory?

- Amiga, não amante. Ex amiga, que seja. Ela é lésbica, aliás. Mas isso não significa muita coisa, não é? Se eu fui capaz de te trair com uma lésbica, seria capaz de te trair com qualquer uma.

Ele ri. Sem humor. Algo se aperta no seu peito e você deixa o choro escapar de você. Já segurou por muito tempo.

- Não foi o que pareceu.

- Bem, sinto muito. Mas eu teria te explicado se você tivesse ao menos aceitado falar comigo.

- Você não falou comigo a noite toda.

- Porque eu era um adolescente extremamente triste pela namorada morar do outro lado do oceano, talvez? E que não suportou nem olhar na cara dela por ter pensando em terminar uma vez por não aguentar um relacionamento a distância. Posso te dar uma lista dos motivos pelos quais eu agi feito um babaca, Y/N. Nenhum me faz parecer mais inocente, menos idiota. Mas se tem uma coisa que eu não sou, é traidor.

- Como eu ia adivinhar, Rob? Se vocês estavam agindo daquele jeito...

- E você esse tempo todo pensou que eu estava te traindo e nunca conversou comigo sobre? Nunca ao menos me deu o benefício da dúvida?

- Eu vi aquela garota pular no seu pescoço!

- Sem ofensa, Y/N, mas muitas garotas pulam no meu pescoço. Não é por isso que eu esteja dormindo com elas.

Você sente vontade de puxar os cabelos. Não é possível que ele esteja jogando a culpa em você.

- Não foi só isso, Rob. Qualquer um que visse de longe pensaria o mesmo.

- Exatamente! Mas você só se prestou a ver de longe e já tirou todas as conclusões que você precisava pra ir embora de vez, não é? Como se quisesse isso o tempo todo e só precisasse de um empurrãozinho.

- Você está errado pra caralho, Pryce.

- Estou te falando que ela era minha amiga, conheci meses depois que você foi embora, em um dos nossos shows. Naquela noite ela estava bêbada e triste pra caralho porque levou um bolo da namorada. Não nos falamos mais, mas eu poderia ligar para ela agora e ela te confirmaria a história, se ao menos se lembra disso. Mas não seria o suficiente porque eu posso contar a história que for e você ainda não acreditaria em mim, não é? Então qual é o sentido de estar comigo se você pensa que, assim que você virar as costas, eu vou trepar com outra?

Agora ele está com raiva. E magoado. O chão se abre sob os seus pés e todos os anos em que você passou acreditando firmemente no que viu viram uma névoa escura diante dos seus olhos. E você ainda ao menos sabe no que acreditar.

- Não estou dizendo que não acredito em você agora, mas naquela época... Robert, eu estava desestabilizada pra cacete também, com medo das coisas não serem mais as mesmas entre nós. Você estava me ignorando o tempo todo, e depois aquilo... o jeito que você olhava para ela, ela tocando o seu rosto...

- Do mesmo jeito que você e a Lauren se olham?

Ele levanta a cabeça e te encara agora, irredutível. Seu emocional sofre mais um solavanco na noite. Você não acredita que ele está voltando a esse assunto.

- A Lauren é minha amiga. Há anos. Achei que você já tivesse se acostumado com isso.

- Amigas se beijam? - O inglês franze a testa, cínico. - Eu fui atrás de você, sabia? Na França. Te vi com ela. Você foi embora, me expulsou da sua vida e no dia seguinte já estava beijando a pessoa que sempre teve sentimentos por você e que você sempre disse ser "só amizade", e é você que se sente traída?

É muita informação de uma vez só e você precisa fechar os olhos, enterrando o rosto nas mãos. Sente as lágrimas escorrerem pela sua pele.

🦋 O que você diz? 🦋

Robert solta um grunhido.

- Eu não sei, Y/N. Não sei mais de porra nenhuma - Ele está esfregando o rosto. - O pior foi você ter pensado isso de mim por tanto tempo. Caralho, por seis anos! Você foi embora e eu nem sabia o por quê. Pensei que era por você finalmente ter descoberto que amava ela. Eu entendo, eu estava estranho e você me viu abraçando uma garota e sentiu ciúmes. Eu sentiria o mesmo. Mas eu deixaria você se explicar. Quando eu fui te procurar na casa da Fig você nem me deixou entrar. E eu nem sabia o por quê.

Agora Rob está chorando. Chorando de verdade. Ele leva a mão a cabeça e puxa o próprio cabelo. Algo dentro de você desmancha, quebra, desmorona. Seus soluços fazem seu corpo tremer e, antes que você perceba, está deitada e encolhida na cama, o rosto enterrado em um travesseiro.

Agora sabe por que adiou por tanto tempo.

Está aceitando que a qualquer momento Robert vai se levantar e ir embora quando sente a mão dele procurar seu rosto. O rapaz tira o travesseiro que você está abraçando, afasta seu cabelo das bochechas encharcadas e te traz para perto do corpo dele. Você chora mais quando encontra o peito do inglês, deitando a bochecha ali. Ele passa a mão pelas suas costas, sua nuca e te abraça forte. Tão forte que é doloroso. E você sente o quanto dói nele também.

Tudo porque perderam anos simplesmente por deixarem de conversar.

Os dois ficam deitados até a manhã começar a entrar pela sua janela. Você não sabe se ficou acordada o tempo todo ou se cochilou em algum momento, mas passa um pouco das cinco quando Rob sussurra no seu ouvido que precisa ir.

- Combinamos de pegar a estrada às seis - Ele diz, acariciando calmamente o seu cabelo. - Não posso me atrasar.

Você balança a cabeça, mas ele ainda não se afasta. Segura seu rosto e dá um beijo suave na sua testa, então se sentando na cama e calçando os sapatos. Você observa a silhueta dele no quarto semi escuro, o formato das costas e o cabelo despenteado. Estende a mão e a coloca na cintura dele, por baixo da camisa, querendo sentir pelo menos mais um pouco da pele quente sob seus dedos. O rapaz se vira e se inclina para beijar seus lábios.

- Você volta?

Ele hesita.

- Sim. Mas não sei quando. Acho que precisamos de um tempo para pensar em tudo que descobrimos hoje.

Você assente. Pryce enterra o rosto no seu pescoço e respira fundo, sentindo o cheiro da sua pele. Ele parece não querer se levantar, com a testa na curva do seu pescoço e a mão na sua cintura. Enrola por minutos, até se afastar de uma vez.

- Eu volto.

Ele fecha a porta devagar ao sair e seu coração se despedaça tanto que o cansaço te consome. Você fecha os olhos.

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Pelo menos n foi triste pique fleabag e padre né?

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