O Gêmeo Maligno - Pausado

By Vivo_Enquanto_Posso

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Em algum lugar, escondido por entre as montanhas da Colômbia, uma pequena vila chamada Encanto vive feliz e t... More

Prólogo - A pior cerimônia de todas
Capítulo 1 - Uma nova manhã, dez anos depois
Capítulo 2 - Um encontro na praça
Capítulo 3 - Carlos, Mirabel e as Crianças
Capítulo 4 - A Madrigal mais chata
Capítulo 5 - Um momento entre irmãos
Capítulo 7 - A melhor cerimônia de todas - Parte 2
Capítulo 8 - Um papo entre primos
Capítulo 9 - Mesmo problema, soluções diferentes
Capítulo 10 - Gêmeos, arepas, café e Tia Julieta
Capítulo 11 - O caco que brilha em vermelho
Capítulo 12 - Um plano é um plano
Capítulo 13 - Madrugada no telhado
Capítulo 14 - Operação Madrigal
Isso é importante. Leia, por favor.

Capítulo 6 - A melhor cerimônia de todas - Parte 1

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By Vivo_Enquanto_Posso

- Fora do quarto do Carlos -

- Carlos POV -

- É claro que já tá cheio de gente. -

Eu disse levemente aborrecido enquanto saía do meu quarto, vendo a Casita lotada de aldeões enquanto mais e mais gente chegava. Camilo, que saiu depois de mim e fechou a porta do meu quarto, respondeu rapidamente.

- Pelo menos você não teve que receber quem chegou primeiro, te fiz esse favor hoje. -

- Não pense que vou te agradecer por isso, você me devia uma depois deu ter trabalhado no seu lugar semana passada. -

Camilo me encarou com olhos semicerrados, obviamente frustrado por não ter recebido meu agradecimento, mas eu lhe dei um sorriso largo e vitorioso por ter consigo irritar o meu irmão como resposta. Camilo apenas bufou irritado e disse:

- Eu devia ter pulado em cima de você enquanto você dormia. -

- Haha, eu queria ver você tentar. Mas mudando de pau pra cavaco, aproveitando que eu tô de bom-humor... -

- NOSSA!! O Carlos de bom-humor?! Eu não acredito!! -

Camilo me interrompeu com falsa surpresa e ceticismo, fazendo meu sorriso ir embora rapidamente. Apesar de tudo, ele tá certo, é bem raro me ver de bom-humor, principalmente com tanta gente por perto.

A cacofonia de vozes preenchendo o ar é irritante e a música é repetitiva, mesmo sendo boa.

Eu olhei pra multidão no pátio da Casita e comecei a ver quem estava lá, vendo Osvaldo conversando com outros adultos, Cecilia, Juancho, Alejandra e as outras crianças brincando ou ficando juntos dos pais. Eu também vi Juan e Pedro discutindo, por algum motivo idiota provavelmente, e vi Manoel atrás deles assistindo a discussão enquanto comia milho assado. Camilo, percebendo que eu tava olhando as pessoas no pátio, olhou pra mim com um sorriso atrevido e perguntou:

- Tá procurando Luz, é? -

Eu encarei Camilo com olhos semicerrados e me segurei pra não bater nele. Ele realmente quer acabar com o meu bom-humor, né? Eu suspirei e então respondi:

- Eu já fiz é achar ela. -

- Sério? Aonde? -

Camilo perguntou curioso, e eu rapidamente apontei pra onde ele não tava olhando e então dei um peteleco no nariz dele quando ele olhou pra onde apontei, e então eu comecei a rir enquanto Camilo checava o próprio nariz, que ficou um pouco dolorido por causa do peteleco inofensivo.

- Muito engraçando. -

Ele disse irritando enquanto eu continuava rindo por mais alguns segundos, encarando meu irmão mais velho com um sorriso satisfeito e então dizendo:

- Com certeza é.  Só pelo jeito que cê olhou pra onde eu apontei já sei que Luz ainda não chegou, ou você que não viu ela, mas eu nem me preocupo com isso. Que alma viva não vem pra Cerimônia do Dom? -

- O Ross. -

Meu sorriso desapareceu e foi rapidamente substituído por uma expressão confusa, e minha confusão deixou o Camilo feliz e agora ele era quem tinha o sorriso satisfeito no rosto.

- Quem é Ross? -

Camilo não me respondeu e apenas me encarou silenciosamente enquanto dava algumas risadas da minha confusão, ainda com seu sorriso no rosto.

- É sério, quem é Ross? Como é que eu vou saber que ele não veio se nem sei quem ele é? -

- Exatamente. -

Eu olhei ainda mais confuso pro Camilo, não entendendo nada do que tava acontecendo enquanto ele simplesmente se virava e caminhava pras escadas. Ainda extremamente confuso, eu voltei a perguntar:

- O quê? Camilo, quem é Ross? Camilo? -

Eu chamei por meu irmão enquanto andava atrás dele, mas ele simplesmente me ignorou e desceu as escadas, e eu fui atrás dele.

- Tá bom! Eu posso descobrir quem é Ross outro dia! -

Eu disse já um tanto quanto irritado enquanto chegávamos no final da escada, papá e mamá já nos esperando do lado da cortina de flores onde eu e o Camilo ficamos quando esperamos a nossa vez de abrirmos nossas portas. Eu odeio admitir isso, mas apenas a visão daquela maldita cortina já me trouxe algumas memórias ruins que adoraria esquecer, e isso me deixou um pouco ansioso. Ouvindo apenas o final da minha frase, papá perguntou curioso:

- Quem é Ross? -

- Eu bem que queria saber, pai... Ué? Cadê a Dolores? -

Eu perguntei ao perceber que Dolores não tava com a gente, e logo Camilo olhou ao redor ao também perceber isso, mas papá foi rápido e disse:

- Ela deve tá no quarto dela por causa do barulho. Camilo, vai lá ver se a Dolores tá no quarto dela. -

- O quê?! Por que eu? O Carlos que é super-rápido, manda ele! -

Camilo exclamou indignado, provavelmente por ter que subir as escadas de novo, e sua indignação me fez rir um pouco.

- Vai logo. -

Papá disse com um tom de voz um pouco mais firme pra fazer o Camilo obedecer, apontando pra mim com os olhos pra sinalizar que ele mamá queriam falar comigo. Camilo ficou com uma carranca irritada no rosto, talvez por querer ouvir a conversa, mas resolveu obedecer e então subiu as escadas de novo pra ir buscar a Dolores enquanto eu o observava com um sorriso.

- Eu sei que cês querem falar comigo, mas o Camilo tem um ponto. -

Eu disse enquanto me virava pra encarar os meus pais, mas os dois ignoraram completamente meu comentário e me encararam preocupados. Mamá foi a primeira a falar:

- Carlito, você tá bem? -

- Eu tô, mamá. -

- Não tá sentindo náusea nem nada? Tá com febre? -

Mamá perguntou preocupada enquanto colocava as costas da mão na minha testa pra checar a minha temperatura, o papá deve ter contado pra ela também.

- No, mamá. Yo estoy bien. -

- E o que foi aquilo mais cedo? -

Papá perguntou rapidamente, e eu fiquei um pouco nervoso de responder. Não sei como posso dizer que a minha porta tava se apagando mais cedo sem deixar esses dois morrendo de preocupação, e isso me preocupa principalmente por causa da mamá, pois ela pode criar um temporal sem querer se ficar preocupada demais comigo e com a minha porta.

- E então? -

Meu pai insistiu na pergunta, e eu tive que pensar em uma mentira plausível pra convencer eles a me deixarem em paz. Se eles se preocuparem demais comigo, vão acabar esquecendo do Antonio, e a última coisa que eu quero é que o meu hermanito passe pela mesma coisa que eu passei na minha Cerimônia do Dom.

- Acho que foi só um ataque de tosse, só isso. Eu só fui pro quarto depois porque tava un poquito ansioso com a cerimônia e aí acabei dormindo. -

- Todo mundo, Carlito, todo mundo. Mas tem certeza de que você tá bem mesmo? -

Mamá perguntou preocupada enquanto segurava meu com preocupação e me encarava com preocupação. É muita preocupação por meu gosto e isso já tá me aborrecendo.

- Ya dije que sí, mamá. -

Eu respondi com o máximo de controle possível, a última coisa de que precisamos é de uma discussão entre mim e minha mãe sobre um motivo desses, principalmente numa noite como essa.

- Tá certo então, Carlito, se você diz. -

Mamá disse um pouco cética e ainda um pouco preocupada, mas só dela ter deixado esse assunto de lado já me deixa mais aliviado.

- Mas se você sentir qualquer coisa é pra nos contar, tá certo? -

Papá perguntou logo em seguida, e eu respondi com: "Si, papá.", recebendo um sorriso gentil dos meus pais logo em seguida. E então eu notei como Camilo tava demorando;

- E cadê o Camilo agora? -

- Chegamos! -

Camilo avisou enquanto descia a escada com Dolores vindo logo atrás dele. Logo todos estávamos reunidos na frente da cortina de flores, mas Dolores logo percebeu que Antonio estava faltando.

- Cadê o Antonio? -

Ela perguntou com sua quase voz de sussurro de sempre, mas antes que qualquer um de nós pudéssemos responder sua pergunta, Mirabel aparece descendo as escadas junto com o Antonio, que já tava vestindo o terninho branco da tradição da família, mas parecia um pouco nervoso.

- Hahaha, te encontrei! -

Papá exclamou enquanto abria os braços com animação e ia de encontro com Antonio junto com o restante de nós.

- Você? -

Eu perguntei sarcasticamente, olhando de canto de olho pra Mirabel e fazendo um joinha com a mão pra ela, que ela respondeu com um aceno fraco de mão e um sorriso pequeno, mas já serve pra mim.

- Olha só pra você. Todo crescido. -

Mamá disse com um sorriso orgulho no rosto enquanto se curvava pra ficar mais perto de Antonio, uma nuvem se formando acima da sua cabeça e então começando a chover em cima dela e de Antonio.

- Pepi, amor, vai deixar ele todo molhado. -

Papá disse enxotando a nuvem acima de mamá com os braços, segurando os braços dela e então a puxando pra perto logo em seguida. Camilo então se transformou em uma versão em miniatura do nosso pai, apenas alguns centímetros mais alto que o Antonio, e segurou o rosto do Antonio o encarando de perto e dizendo:

- Você é o orgulho do papai, mocinho. -

Um sorriso leve se formou no rosto do Antonio.

- Eu não falo assim. -

- "Eu não falo assim.". -

Camilo repetiu a frase de papá copiando sua voz em uma versão mais aguda pra zombar dele, e isso foi bom pra aliviar o clima.

- A Abuela disse que tá na hora. - (Quase sussurrando)

Dolores avisou, e logo em seguida mamá se abaixou um pouco pra encarrar Antonio mais de perto e disse:

- Estaremos esperando você na sua porta. -

Antonio simplesmente acenou com a cabeça e então papá nos chamou pra sairmos daqui:

- Tá bom, tá bom, vamo, vamo, vamo. -

- "Tá bom, tá bom, vamo, vamo, vamo.". -

Camilo repetiu a frase com a voz aguda de novo pra fazer Antonio sorrir outra vez, mas papá simplesmente segurou Camilo pelos baços e o puxou enquanto meu irmão dizia: "Tá, já parei.". Papá e mamá subiram a escada no pátio e ficaram esperando ao lado da porta do Antonio enquanto eu, Camilo e Dolores ficávamos ao lado da tia Julieta e do tio Augustin, todos olhando pra Abuela, que estava na metade da escada e com a Vela do Milagre já em mãos. É agora, vai começar a melhor cerimônia de todas.


Olá. Então, eu finalmente voltei depois de muito, MUITO tempo. Como presente de retorno, trouxe a primeira parte da cerimônia do Antonio. Eu avisei que eu poderia dividir, né? De qualquer forma, eu voltei e já vou trazer o próximo capítulo amanhã. Não é nenhuma promessa, até porque a vida é imprevisível, mas eu vou tentar trazer a parte dois o mais rápido possível. Por você que lê essa história, por mim que escrevo e pela própria história em si. Comentário serão apreciados. Dito tudo, passar bem, caro leitor.

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