𝗧𝗲𝗿𝗺𝗶𝗻𝗮 𝗻𝗼 "𝗲𝘂 𝘁�...

By i4mbrave

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Em milésimos de segundos é possível mudar toda a trajetória da sua vida... para melhor ou para pior. Mas não... More

➪𝗔𝗻𝘁𝗲𝘀 𝗱𝗲 𝗰𝗼𝗺𝗲𝗰̧𝗮𝗿 𝗮 𝗹𝗲𝗶𝘁𝘂𝗿𝗮...
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Capítulo 6: Cosimo Gatti

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••••••

Ligo meu carro rapidamente e saio em alta velocidade pelas ruas de Londres, escutando diversas buzinas e pessoas me xingando no trânsito por estar simplesmente cortando todos os carros em minha frente. São 17 horas, ou seja, horário de pico, mas eu não consigo medir minhas atitudes ao dirigir de maneira errônea. São tantas dúvidas rodeando minha cabeça que me sinto irracional. Quando chego no prédio de Louis, desço rapidamente batendo a porta do meu carro com força, nem me preocupando com os estragos. Como o prédio é muito humilde não tem porteiro, então apenas entro e subo. Bato em diversas portas sendo atendido, principalmente, por senhorinhas assustadas pela força que eu espanco a porta. Pergunto qual é o apartamento de Louis e nenhuma delas sabe responder, até que, em um dos apartamentos, uma garota que eu suponho ter uns quinze anos atendeu a porta e disse:

─ Louis? O esquisitão de olhos azuis que nunca está em casa e fica carregando aqueles livros para cima e para baixo?

─ Sim! Espera, ele não é esquisito!

─ Ah, mas é com certeza. ─ Ela debocha, me olhando de cima a baixo enquanto masca um chiclete e faz um barulho irritante. Minhas narinas dilatam e dou um passo para frente com o peito estufado, a olhando por cima, já que parece ter metade da minha altura, mas não pereço intimidá-la. Ela apenas continua mascando seu chiclete e me olhando com uma face entediada.

Ai, adolescentes.

─ Apartamento 228, segundo andar ─ responde e bate na minha cara com a porta, machucando a pontinha do meu nariz.

Eu ainda estou no primeiro andar. Então subo as escadas correndo até parar em frente à porta 228. Começo a bater muito forte e chamar pelo seu nome, eu não chego a gritar, mas minha voz é alta recheada de raiva.

─ Louis! Abre essa porra agora se não eu vou entrar a força ─ vocifero ao não receber resposta.

Eu preciso de respostas. Preciso saber porque Cosimo quer Louis morto.

─ Harry? ─ Escuto uma voz doce com uma entonação confusa atrás de mim.

Viro para trás bruscamente o encontrando com o rosto confuso e segurando um saco de papel recheado de compras.

─ O que você está fazendo a- ─ Interrompo sua fala o prensando contra a parede.

Seu corpo vai de encontro à parede em um baque forte que com certeza o machuca, já que escuto um gemido de dor. Minha mandíbula está cerrada analisando seu rosto assustado. A sacola de compras cai no chão fazendo um barulho estrondoso e as compras rolam pelo corredor. Meu braço esquerdo está pressionando sua barriga contra a parede e minha mão direita segurando o seu pescoço. Ele me olha amedrontado com os lábios tremendo, como se eu fosse um monstro a sua frente, mas eu não sinto dó, só me faz ficar mais intrigado e furioso. Nem sei o motivo da minha raiva, talvez seja porque eu não quero que ele estrague a sua vida se envolvendo com coisas erradas igual eu.

─ Em que merda você se meteu? ─ grito a centímetro dos seus lábios e gotículas de saliva caem em seu rosto. Ele fecha os olhos com força enquanto minhas palavras ecoam por seus ouvidos.

─ Do q-que você está f-falando? ─ gagueja ainda com os olhos fechados e o rosto virado para o lado contrário, tentando se afastar minimamente de mim, mesmo nós estando tão próximos que nossos corpos podem se fundir.

─ Cosimo Gatti ─ digo e ele abre os olhos. ─ Esse nome é familiar, não é? ─ Debocho com um sorriso abusado e o vejo engolir em seco. ─ Que merda você fez para Gatti te querer morto?

─ E-ele quer me que m-morto? ─ Sinto ele tremer contra meus dígitos.

Quero gritar com ele, quero assustá-lo, para ver se assim ele vê com a merda de pessoa que ele está se envolvendo e talvez consiga se afastar desse mundo antes que seja tarde demais. Contudo, ao ver seus olhos marejando rapidamente e começando a soluçar enquanto as lágrimas que se acumulavam rolam freneticamente pelo seu rosto, eu não aguento e o puxo para um abraço.

─ Ei, calma ─ sussurro contra seu pescoço sentindo o seu peito subindo e descendo com os soluços.

─ Eu não quero morrer, por favor não me mata. Por favor, por favor... ─ implora por sua vida com a voz tão suplicante e dolorosa que eu sinto uma ardência pelo meu peito.

─ Shh... eu não vou fazer nada. Louis, se acalme, por favor. ─ sussurro com voz doce tentando transparecer segurança para ele.

Consigo sentir perfeitamente o cheiro de desespero. Ele treme e soluça, rodeando os braços fortemente em minha cintura enquanto súplica pela sua vida. Minhas palavras parecem não ter efeito sobre si, porque mesmo reforçando que está tudo bem, ele continua assustado. Por isso eu apenas continuo aqui, parado enquanto faço um carinho singelo em seu cabelo e sussurro palavras reconfortantes assegurando-lhe que tudo está bem e que ele não precisa me temer.

Nesse momento enquanto sinto sua vulnerabilidade, volto a me questionar o que levou Gatti a querer a morte de um ser tão inofensivo como Louis. O tempo foi passando e ele foi se acalmando. Em algum momento que não sei reconhecer, paramos sentados no corredor desse prédio com cheiro de mofo entrando pelas narinas e ele encostado em meu peito com os últimos resquícios de soluços saindo pela sua garganta ao mesmo tempo que ele se recupera suavemente.

─ Desculpe ─ sussurro depois de alguns momentos, quebrando o silêncio. Eu devia reaprender a controlar minha raiva, situações como essa jamais aconteceriam meses atrás. Sempre consegui conter minhas emoções. ─ Não foi minha intenção te assustar desse jeito, eu apenas me alterei preocupado em que merda vocês tinham se metido para um homem como aquele querer sua cabeça. Me diga, Louis, por favor. Eu posso te proteger do que quer que seja, só preciso que confie em mim. ─ Seguro sua mão e faço um carinho com o polegar tentando dizer em palavras mudas que a partir daquele momento no bar eu estou aqui para o que ele precisar, que a conexão que a gente desenvolveu não vai ser fácil ser quebrada.

Louis olha para as nossas mãos juntas com os lábios tremendo, depois olha para o meu rosto e desvia olhar para o chão antes de falar:

─ Eu fiz uma merda muito grande. Eu me meti nessa situação, você não precisa fazer nada a respeito disso, eu me viro.

─ Não, você não precisa e sabe por quê? ─ Delicadamente, com o indicador, viro seu queixo em minha direção o forçando a olhar novamente em meus olhos e ele nega com a cabeça. ─ Porque eu me importo com você. Não me pergunte o porquê, mas sinto uma conexão forte como se já te conhecesse há muito tempo, você deve ser alguma espécie de bruxo me enfeitiçou, é a única explicação que justifique minha empatia repentina por você. Me sinto bem perto de você e me sinto bem cuidando de você. Então, por favor, me conte o que aconteceu que prometo que resolverei a situação.

Ele passa a língua nos lábios ressecados e suspira tão profundamente que escuto com clareza, mas cede e diz:

─ Você sabe que eu estou na faculdade, não é? ─ Aceno positivamente. ─ Acontece que eu sou bolsista e por isso eu preciso ter uma conduta muito exemplar. Ter 80% de presença nas aulas, nunca ter notas baixas, não ter ficha criminal e para dar conta de tudo isso, principalmente manter minhas notas boas, me requer muito tempo e fiquei alguns meses trabalhando só na biblioteca, mas o dinheiro não era suficiente para me manter aqui em Londres. Eu recebi um aviso de despejo e entrei em desespero, eu estava em época de prova com muita coisa na cabeça e não pensei direito. ─ Suspira pesado. ─ Aqui nesse bairro a maioria das pessoas é envolvida com coisas erradas e em um momento no elevador escutei alguém falando desse cara, dizendo que ele emprestava dinheiro quando as pessoas precisavam. No desespero fui atrás dele.

Fico desacreditado com tudo isso, não é justo. Não é justo que uma pessoa como ele que só quer se dedicar na faculdade precise procurar um agiota para solucionar seus problemas porque não tem condições de se manter sozinho. Eu consigo ver através de seus olhos como ele está decepcionado com si mesmo por ter que tomar essas medidas, mas continua contando a história.

─ Eu não pedi muito dinheiro, só cinco mil libras que seria o suficiente para pagar minhas dívidas do aluguel e me manter bem por um tempinho. Só que eu não consegui esse dinheiro depois para pagá-lo. Fui burro, devia ter investido em alguma coisa. ─ Coloca a mão na cabeça e fecha os olhos com força como se aquelas lembranças o ferissem. ─ Ele veio aqui em casa e me ameaçou de morte se eu não pagasse o que devia em uma semana. Então, me desesperei novamente. Era impossível eu conseguir aquela quantia de dinheiro tão rápido, nem se eu trabalhasse por muitas horas seguidas em todos os meus empregos seria possível. Por isso... eu perguntei se tinha alguma outra forma de pagar sem ser com dinheiro... ─ Suspira fundo olhando para o chão e brincando nervosamente com os seus dedos. ─ Bom, eu consegui quitar minha dívida. ─ Sorriu tristemente e me olhou com os olhos cheios d'água.

Não é possível.

─ Louis, me diz que eu entendi errado e que você não precisou fazer isso? ─ Sinto um aperto no coração e uma vontade de quebrar a cara de Gatti.

─ Era o único jeito, Harry. ─ Sua voz sai cortada.

─ Mas se você pagou a dívida porque ele ainda está te perseguindo?

Louis apoia a cabeça na parede e tomba o pescoço para trás, fechando os olhos antes de continuar:

─ O problema é que ele ficou obcecado por mim, queria me encontrar mais vezes, mas eu não queria, tinha- tenho nojo dele. ─ Se corrige. ─ Tentei ser racional pela a primeira vez e não sair fazendo o que me der na cabeça por puro desespero. Enquanto ele dormia tranquilamente me levantei e fui explorar sua casa. Acabei encontrando a minha salvação ou o que eu achei ser ela. Enviei para o meu e-mail uma lista de contatos muito importantes para ele e depois fiz diversas cópias e o ameacei que se não me deixasse em paz eu entregaria aquilo para a polícia e todo o seu esquema seria arruinado. Isso faz dois meses, eu achei que tinha conseguido me safar, mas pelo visto ele está tentando me matar.

Estou encarando o mofo que sobe na parede na minha frente com os lábios franzidos, assim como minha testa, enquanto meu coração bate rapidamente bombeando todo o sangue de meu corpo. Sinto ódio puro, aquele primitivo que te faz perder qualquer raciocínio e traz suas características animais que ficaram sufocadas pelos milhões de anos de evolução. Minha raiva só se dissipa quando uma outra dúvida surge em minha mente e não êxito em perguntar porque eu ainda preciso de respostas.

─ Por que você estaria no H Night Club essa noite? ─ A expressão de Louis não oscila nem por um segundo e me responde simples:

─ Eu trabalho lá nos finais de semana para conseguir uma renda extra.

─ Louis ─ digo respirando fundo para manter a raiva dentro de mim e não estourar com ele novamente. ─, sabe que aquele lugar é comandado por criminosos, não é? ─ Agora sim ele desvia seu olhar de mim e coça a nuca. ─ Que merda! Você sabe e mesmo assim continua lá?

─ Eu preciso do dinheiro.

─ Me escute. Os Hill's não são brincadeira, é uma família antiga e tradicional que tem pura sede de sangue e um ódio profundo por mim, ou seja, se eles souberem que a gente se conhece minimamente você é um homem morto! Ou melhor, eles não vão te matar, vão te torturar por qualquer mínima informação sobre mim e você vai desejar morrer do que continuar sendo torturado e vai me entregar para tentar parar com a dor, mas adivinha, mesmo assim eles não vão conseguir me capturar. Aí vão voltar até você e achar que você deu uma informação falsa, depois disso você vai tem uma morte lenta e dolorosa porque vai ser inútil para eles. ─ Vejo seus olhos se arregalando a cada palavra que eu digo, mas é esse o objetivo: amedrontá-lo. Porque já como dizia Maquiavel: é muito mais confiável ter o controle em suas mãos pelo medo do que pelo respeito.

─ O que você fez para eles? ─ Me pergunta com o rosto franzido e engole em seco, mas sei que ele não está com medo de mim e sim da situação, pelo menos assim eu espero.

─ O que eu sei fazer de melhor, levei a morte até eles

─ Eu não vou mais até lá, te juro. ─ Seus lábios tremem. ─ Você acha que eles... ─ Engole em seco. ─ Será que eles vão querer me matar?

─ Se descobrirem sobre nosso contato, com certeza. E agora, eu vou cumprir minha promessa, mas antes, Louis, eu preciso que você me prometa algo também. Me prometa que vai estar meia-noite onde tudo começou me esperando e em troca você nunca mais vai precisar ter medo de algo ou alguém.

.......

Adrenalina corre pelas veias enquanto o vento congela meu rosto ao bater em uma velocidade altíssima pelo tanto que o carro corre na estrada escutando o som do acelerador ao ir em direção à casa de Gatti.

Ah, eu o conhecia muito bem.

Ele tem seus cinquenta anos, mas com aparência de trinta e cinco. Corpo invejável, sorriso cafajeste e olhos azuis penetrantes, sempre andando arrumado com uma postura exemplar, conhecido por dar as melhores festas que obviamente frequento muito. Suas festas são peculiares, sempre terminam com corpos suado se gemidos. Por isso, é tão difícil o acesso, apenas aqueles que ele quer podem participar. Nunca me deitei com ele, mas já o vi com outras pessoas e só de imaginá-lo com o Louis me enjoava.

Estaciono na frente da mansão e seus guardas logo me barram. São dois homens com o dobro da minha altura, armados até os dentes. Ao descer do carro e encostar a porta minha mão começa a tremer e eu estranho tal coisa, mas antes que eu pudesse me preocupar, ela para e eu fico aliviado.

─ O que faz aqui, Styles? ─ Um dos homens pergunta com voz autoritária, parando em minha frente e me olhando com certa ameaça.

─ Olha, sabe quem eu sou ─ digo com um sorriso falso. ─ Quer um autógrafo?

─ Ele perguntou o que você está fazendo aqui. ─ O outro reafirma atrás de mim. Ambos me encurralam, mas eu não temo nem por um segundo e continuo com o sorriso cínico no rosto, vendo-os se enfurecerem cada vez mais.

─ Ora, não é claro? Vim visitar meu amigo. ─ Forço uma carinha inocente.

─ Cosimo não avisou isso a gente e não é possível já que ele já tem companhia para hoje.

Faço um biquinho triste e gemo tristemente.

─ Ah... Não acredito! Como ele conseguiu se esquecer de mim? Assim me magoa...

Sinto eles perdendo a paciência comigo e se preparando para atacar. Por sorte sinta vibração em meu bolso e faço o sinal com a cabeça. Logo os dois homens estão caindo no chão com facas cravadas na nuca revelando Zayn com um sorriso no rosto.

─ Você demorou, já estava começando a achar que teria que ficar enrolando eles até amanhã. ─ Reviro meus olhos enquanto puxo um dos cadáveres até o canto e Zayn puxa o outro ao meu lado.

─ Você me ligou tem cinco minutos. Não sei se você sabe, mas teletransporte ainda não foi inventado! ─ diz bravo, como sempre.

─ Mas obrigado de qualquer forma. ─ Complemento.

Por isso que eu amo tanto Zayn, não importa a hora do dia que eu ligue, ele larga tudo o que está fazendo para vir me ajudar.

E também foi por isso que nossa briga não durou muito tempo. Ontem, depois de procurar Louis, fui até a casa de Zayn para nos acertarmos. Eu queria conversar com ele, mas ele não queria conversar, mas também não queria brigar, já foi atacando meus lábios e me prensando na parede. Quando acordei de madrugada fui embora, sabia que estávamos bem novamente, mesmo que não tivesse nenhum pedido de desculpas oficial.

─ Tem certeza que não vai querer minha ajuda lá dentro? ─ diz limpando o sangue de suas mãos na camisa.

─ Absoluta, valeu por me ajudar a entrar, mas quero resolver isso sozinho. ─ Agradeço com um abraço e começo a escalar as paredes de pedra até chegar na sacada do segundo andar, onde sabia que era exatamente o quarto de Cosimo e como seu segurança falou que ele já tinha companhia imaginei que estaria lá.

Para a minha surpresa o quarto está vazio. Entro pela porta da sacada com um olhar desconfiado enquanto ando pelo quarto até escutar gritos de uma terceira pessoa e a voz ameaçadora de Gatti. Com passos sorrateiros e com a arma em minha mão pronta para atirar, vou seguindo os gritos suplicantes. A grande mansão com as luzes todas apagadas e com corredores gigantescos faz um frio percorrerer a espinha da coluna. Minha visão está quase totalmente debilitada e eu esbarro vez ou outra em alguma coisa que me faz conter gritos assustados. Os gritos parecem aumentar o volume conforme vou me aproximando de uma porta que irradiava luz pelas frestas iluminando levemente o corredor. Coloco meu ouvido na madeira conseguindo escutar perfeitamente o que acontecia ali dentro.

─ Me diz onde está! ─ Eu reconheceria aquela voz até entre um milhão de outras, é Cosimo.

─ Eu não sei. ─ A voz está ofegante e falhando. Escuto barulho de algo se chocando contra um corpo e um gemido de dor seguido de barulho de eletricidade e suponho o que está acontecendo dentro desse cômodo. ─ Eu te juro, eu não sei de nada, eu parei com essa vida.

Chegou a hora de acabar com essa palhaçada, seja lá o que ele estiver procurando e quem estiver sendo torturado não me importa, eu tenho um objetivo e vou cumpri-lo.

Abro a porta bruscamente e Gatti olha em minha direção assustado não esperando que fosse aparecer alguém naquele momento. Sua feição parece ficar ainda mais confusa quando repara minha presença. Ao adentrar o cômodo consigo ter clareza dos acontecimentos. Há um homem amarrado completamente ensanguentado e com hematomas por todo o seu corpo. Na mão de Gatti tem um bastão conectado a aparelhos que sei que servem para dar choque. Mas a situação não era tão simples igual imaginava, o homem que estava sendo torturado era o mesmo que eu procurava a meses.

Noah Evans.

Um americano aparentemente inofensivo com os seus olhos verdes gentis e covinhas na bochecha, mas que carrega uma ficha criminal invejável com diferentes tipos de furto, contrabando e morte de pessoas importantes. Mas claramente Evans não seria capaz de tudo isso sozinho. Conseguiu esse currículo graças ao seu irmão de consideração: Ivan Volk. Depois que eu o matei, tentei ir atrás de seus mais fiéis soldados e consegui matar a maioria, mas Evans simplesmente pareceu sumir da Terra, até agora.

Parece que hoje os fantasmas de meu passado tiraram o dia para me assombrar.

Hill, agora Volk.

─ Meu amigo, quanto tempo que eu não te vejo em uma das minhas festas. ─ Um sorriso nojento surge nos lábios de Gatti.

Não meço esforços, nem enrolo. Avanço em sua direção, o prensando contra a parede e colocando uma faca em seu pescoço. Normalmente utilizo armas de precisão para matar porque assim consigo ser discreto e preciso com minhas vítimas, mas isso é se tratando de negócios, quando é pessoal muda completamente a narrativa. Gosto de usar facas ou até mesmo minhas próprias mãos para ver a vida indo embora em meus dedos. É tão gratificante.

─ Seu filho da puta. ─ Cuspo em sua face. ─ Você vai se arrepender de ter tocado em um fio de cabelo de Louis Tomlinson. ─ Com a minha mão esquerda pego outra faca em meu coldre e enfio em seus testículos, sentindo o sangue quente molhar minhas mãos e o seu grito de dor. ─ Você nunca mais vai ameaçá-lo.

O asqueroso começa a rir e dou um soco tão forte em seu rosto que rompo os vasos do nariz e boca. Seus dentes se tornam vermelhos devido ao sangue que corre pela sua boca, assim como no nariz, mas ele continua a rir como se visse um filme de comédia, debochando da minha cara.

─ Não sabia que agora você se envolvia com putinhas como Louis. Tão patético Harry, abaixou o seu nível?

─ Não fale assim dele! ─ Com a faca da mão direita faço pressão em seu pescoço que começa a sangrar levemente, mas não o suficiente para ser letal, ainda.

Diversas formas de matá-lo passam na minha cabeça e fico em dúvidas de qual seria mais gratificante, para mim, no caso, porque para ele qualquer uma delas vai ser doloroso. Então meu cérebro se ilumina. Isso! Rio de canto com malícia. Pego uma das cordas que está no cômodo e prendo suas mãos e pés. Depois, com minhas facas, começo a fazer diversos cortes profundos em seu corpo escutando seus gritos de dor que são como música para meus ouvidos. Cada súplica para eu parar me traz uma sensação de conforto e felicidade. Seu corpo parece uma obra de arte com esses diversos cortes e sangue escorrendo em abundância. Isso o mataria em poucos minutos, mas não é o suficiente, pode melhorar.

Pego o mesmo aparelho que ele estava usando para torturar Evans com choque e ligo no máximo, colocando em contato direto com sua pele. Noah ainda está aqui do lado tremendo e gemendo baixinho de dor por tudo o que já tinha sofrido até esse momento. Puxo uma cadeira velha que tem aqui e me sento cruzando as pernas e assistindo Cosimo se contorcer de dor, sendo bem cauteloso para não me sujar, afinal, eu teria um encontro com Louis após isso.

É cruel e sujo, o que torna ainda mais lindo a cena de sua vida indo embora aos poucos dolorosamente. Eu assisto cada segundo gravando em minha memória perfeitamente. Cada lágrima, cada lamúria, cada súplica para eu salvá-lo, até que seu coração para de bater e seu pulmão para de respirar e me sinto satisfeito.

─ Hoje é o seu dia de sorte ─ digo a Evans. ─ Tenho horário para voltar e sua cabeça não é tão importante nesse momento para mim. Mas eu irei te encontrar novamente, até lá, viva sua vida medíocre.

O deixo amarrado e sangrando, se continuar assim por muito tempo morrerá, mas ele não é qualquer pessoa, é um soldado muito bem treinado e sei que vai conseguir escapar. Apesar das circunstancias, agora não estou pensando em minha vingança, meus pensamentos são tomados apenas por um garoto de olhos azuis que eu espero que esteja me esperando. Já do lado de fora da casa retiro um lenço de pano de meu bolso e limpo minha mão com o sangue ainda fresco para encontrar Louis, porque vejo que já estou levemente atrasado.

Entro no meu carro me sentindo vitorioso e parto em direção aonde tudo começou.

A adrenalina que o sangue em minhas mãos deixou misturado com a felicidade de estar indo encontrar Louis, cria uma sensação que eu não quero que suma nunca. É um prazer que sobe desde as pontinhas do meu pé até o alto da minha cabeça, inundando meu corpo com a euforia.

Meu carro acelera tanto que em poucos minutos já estou entrando pela porta da frente do bar olhando em volta tentando ver esse Louis tá lá e torcendo muito internamente para isso. Olho o horário em meu celular e vejo que é meia-noite e treze, espero que não seja tarde demais.

Um sorriso genuíno e um frio na barriga estão presentes quando avisto Louis sentado em um bistrô com a feição entediada enquanto brinca com a barra de sua manga comprida. Respiro fundo ajeitando minha postura e minhas roupas e vou em sua direção. Sua feição se ilumina e um sorriso leve brota em seus lábios quanto mais eu me aproximo.

─ Oi ─ digo suspirando, ele está tão lindo.

─ Oi ─ responde sorrindo largo tanto quanto eu e encarando meus olhos até que desvia seu olhar e começa a encarar a parte inferior da minha camisa.

Fico confuso com que ele tanto olha e olho para a minha roupa, encontrando uma mancha de sangue que não tinha prestado atenção. Achei que tinha conseguido executar tudo sem me sujar.

─ Você não precisa mais se preocupar com ele ─ digo apreensivo com a reação de Louis que continua encarando a mancha de sangue.

Os segundos vão passando e ele continua sem falar nada, parecendo em transe com a mancha avermelhada, cada milissegundo parece uma tortura. Porém, nos próximos segundos que vão passando, sua feição se torna mas suave, até se transformar em um sutil sorriso e respiro aliviado, soltando um ar que eu nem sabia que prendia.

Acontece tão rápido que eu não consigo nem raciocinar quando reparo estou sentindo os lábios dele juntos do meu. É tão macio, é tão certo, como se eles fossem feitos para ficar juntos.

Nossos corpos se aproximaram involuntariamente em simultâneo que suas mãos emolduraram meu rosto, me puxando para mais perto e mordiscando meus lábios. Louis está faminto. Nossas línguas se entrelaçam lentamente e só consigo escutar o estalar de nossas salivas e seus suspiros, mesmo estando em um local extremamente barulhento. Me sinto bêbado em seu gosto mentolado e sua barba por fazer que arranha meu rosto conforme nos movimentamos, cada vez mais inertes em nosso beijo.

─ Você me deu a liberdade ─ sussurra desgrudando nossos lábios minimamente para depois voltar a me beijar com fome.

─ Isso é uma segunda chance? ─ pergunto ofegante separando os nossos lábios por um misero segundo, mas que já parece uma eternidade.

─ Não ficou claro? ─ pergunta sorrindo contra meus lábios e eu nego com a cabeça. ─ Vou precisar fazer de novo? ─ Sua voz sai provocadora, o que faz arrepiar todos os pelos do meu corpo e minha boca ficar dormente necessitando novamente de seus lábios. Por isso, afirmo com a cabeça e nossos lábios estão tocando novamente.



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Início: 18 de julho de 2023 Final: