•Capitulo Um - Objeto de Desejo•
O orvalho cobria todo o campo além da campina até onde os olhos podiam enxergar. Lys colheu todas as ervas que pôde antes do vento frio lhe obrigar a retornar para a cidade. Ela poderia ter se abrigado em uma capa grossa, mas eram caras e ela certamente não podia pagar por algo tão dispendioso.
Seus olhos estavam irritados pelo vento e suas mãos ardiam por conta das plantas diversas com as quais fora obrigada a lidar. Seus grossos cabelos cacheados estavam presos em tranças bagunçadas no topo da cabeça de onde alguns fios rebeldes insistam em se soltar.
Lys não era considerada bela. No auge do décimo oitavo dia de seu nome ainda não tinha pretendentes e não parecia que os teria em breve. Sua tia por vezes se lamentava de ter que alimentá-la e vestí-la por tanto tempo sem que esta lhe retornasse nada, por isso sempre que podia, Lys tentava se fazer útil e oferecia-se para os trabalhos difíceis e tediosos como se isso pudesse pagar sua dívida.
Ela havia nascido em Dorne, mas ainda pequena tinha sido trazida em uma carroça de feno por um fazendeiro amável que se compadeceu da pequena órfã quando os pais morreram de uma doença qualquer que assolou a parte pobre da cidade.
O homem era vizinho da pequena e soube que uma tia da criança morava em Kings Landing e trabalhava com ervas e curas, não ia ser difícil achá-la. Aproveitando o fato de ter que vender sua colheita para alguns membros da coroa, ele trouxe a menina e a deixou sob os cuidados de sua parente.
Lys era agradecida pela bondade do desconhecido, às vezes se pegava pensando se algum dia poderia agradecê-lo pessoalmente, mas quando verbalizava seu desejo, sua tia tendia a dizer que ele provavelmente já estava morto o isso a entristecia.
Lys era doce e amável, não se passava um dia sem que seu sorriso sincero desse o ar da sua graça. Todos que a rodeavam amavam sua presença e seu carisma, mesmo que ela não se enxergasse assim.
A garota tratou de cobrir as plantas com o tecido que trouxera para protegê-las, fechou seu livro de desenhos que havia trago consigo para registrar novas espécies, o guardou na cesta e começou a fazer seu caminho de volta para a cidade.
Porém, mal a garota dera alguns passos um rugido ensurdecedor a assustou fazendo-a soltar um grito agudo de medo. Ela jamais tinha se acostumado com os dragões dos Targaryen, principalmente Caraxes, o dragão montado pelo príncipe Daemon.
A fera gigantesca a assustava quase tanto quanto sua tia em dias ruins, embora a velha fosse um pouco pior.
De repente o dragão deu a volta no céu e retornou baixando seu voo e crescendo cada vez mais na visão de Lys. Seu coração quase parou quando percebeu que o animal vinha direto para si e não conseguiu mais dar um único passo adiante sequer.
Através da forte luz laranja do por do sol que lhe ofuscava, ela conseguiu distinguir o corpo do príncipe sobre o animal e soube naquele momento que ele a havia notado também.
Ficou paralisada. Daemon era alguém que, de fato, todos de fato tinham medo. Era o Comandante dos mantos dourados e uma figura pouco presente nos eventos da coroa. Muita gente dizia que ele se ressentia por seu irmão ter lhe dado uma terra e esposa num lugar distante, quase como um banimento por seu comportamento difícil.
O dragão pousou ao longe e Lys pode ver quando o príncipe desmontou e acariciou Caraxes antes de vir caminhando em sua direção. Ela teria corrido, fugido pra um lugar que considerasse seguro, mas estava fincada no chão como a estaca de uma cerca.
O homem se aproximou com um sorriso no rosto, o olhar baixo e por um momento a garota podia jurar que havia algo implícito naquele gesto.
— O que faz uma dama sozinha tão ao sul da cidade? – Falou ele, fazendo com que Lys estremecesse ao som de sua voz. Ela sabia que não era nenhuma dama, mas não conseguiu notar nenhum tom de zombaria na sua voz.
Ela desejou responder, abriu a boca para isso, realmente queria, mas estava congelada de pavor.
— Eu lhe fiz uma pergunta! – Insistiu Daemon um pouco impaciente.
— Precisava colher algumas ervas Vossa Alteza. – Lys encontrou coragem e um fiapo de voz para responder.
— É algum tipo de bruxa? – Ele parecia curioso e não acusatório.
— Não meu príncipe! – Retrucou Lys afoita em se justificar – Cuidamos dos doentes da Baixada das Pulgas, os que não podem pagar por tratamentos caros com Meistres.
Parecia uma alfinetada, mas Lys não tivera a intenção de ofender e logo rezou aos deuses que ele não se irritasse.
— Então é uma benfeitora. – Perguntou o príncipe dando alguns passos na direção da garota que recuou. – Tem medo de mim?
— Não Alteza, me desculpe. – Disse olhando de esguelha para o dragão além de Daemon.
— Então de Caraxes? – Ele perguntou voltando seu olhar para seu bicho de estimação e voltando-o em seguida para Lys.
— Sinto muito Alteza, nunca tinha visto um dragão tão de perto. – Lys estava sendo sincera, nem dragão nem um príncipe.
A menina não podia negar, o príncipe Daemon era assustadoramente belo. Tinha um olhar que gritava perigo e mesmo assim um charme magnético que fazia com que ela não conseguisse desviar de seu seus olhos incisivos e lilases.
Daemon sorriu ladino que fez com que o coração dela desse um salto no peito descarregando uma onda de excitação por todo seu corpo. O homem estendeu sua mão na direção de Lys e disse:
— Vem comigo.
— O que? – Ela estava sem acreditar que aquilo estava acontecendo.
— Vamos dar uma volta em Caraxes e assim você poderá perder o medo de príncipes e dragões.
— Eu fico muito lisonjeada meu príncipe, mas não sei...
— Eu não pedi, é uma ordem!
Ela estremeceu quando ele levantou a voz para lhe ordenar que o acompanhasse e arregalou os olhos com medo, o temperamento de Daemon o precedia e ela sabia que ele não gostava de ser contrariado em hipótese alguma e dando dois passos vacilantes na direção do homem ela aceitou seu pedido, pois não tinha outra opção.
Ele lançou um olhar na direção do dragão que pareceu lhe compreender e se aproximou devagar. A garota sentiu as pernas tremerem como tortinhas de limão e por um segundo achou que elas não lhe suportariam, mas o calor da mão firme de Daemon na sua própria a manteve sã.
A criatura era tão bela quanto apavorante. Tinha couro vermelho com nuances douradas, olhos amarelados e enormes narinas que usou para sentir o cheiro de Lys, além de um longo pescoço magro. Ela podia jurar que o animal a julgava indigna de lhe tocar.
— Suba. – Ordenou Daemon puxando Lys para si e com um movimento ousado tocou sua cintura para ajudá-la a montar.
— Meu príncipe eu...
— Chega! Não quero ouvir reclamações, sou o seu príncipe e estou mandando que suba agora! – Ele quase gritou, mas ela sabia que Daemon controlava a voz.
Porque aquilo estava acontecendo? Quem era era Lys para merecer a atenção de um príncipe, principalmente de Daemon? Ela já havia visto ele à distância somente, quando serviu de copeira no palácio por um curto período de tempo, mas jamais tinham trocado palavras ou sequer estado no mesmo ambiente por mais que alguns minutos. Uma garota como ela não tinha o direito se estar na presença de tão alto escalão.
Durante seu tempo em Red Keep ela não havia interagido com ninguém da realeza além da princesa Rhaenyra e de sua amiga, filha da Mão, Lady Alicent. Ambas sempre estavam pela cozinha tentando conseguir algum doce para seus piqueniques às escondidas junto ao represeiro.
Por esse motivo ela não sabia como acabara ali, montada em um dragão com Daemon Targaryen e seguindo para um lugar qualquer e possivelmente desconhecido.
Assim que Caraxes levantou voo, Lys sentiu que tudo dentro de si se revirava. Seu corpo de repente não parecia pesar mais do que uma pluma no vento e suas palmas e solas formigavam pela aflição de estar voando. Os braços e mãos firmes do príncipe Daemon a ladeavam segurando na sela protegendo-os para que ambos não despencassem céu abaixo.
Ela tremia tanto que os dentes rangiam e isso parecia divertir o príncipe que gargalhava hora ou outra. Num rápido movimento ele arrancou a cesta das mãos da garota e a jogou fora, ela queria protestar, mas não conseguiu dizer nada quando ele o fez, apenas abraçou o próprio corpo obrigando-se a acalmar a crescente agonia em seu peito.
— Muitas putas e meretrizes dariam tudo que tem para estar no seu lugar. Aproveite! – Comentou Daemon.
Lys sentiu-se ofendida, mas não era dada a conflitos. Pessoas diriam o que quisessem dela e ainda assim agradeceria e se retiraria polidamente para evitar qualquer possível problema. Tinha crescido em meio a lar conturbado e sabia como ninguém fingir que nada de ruim acontecia, as marcas em seu corpo eram a prova concreta disso.
Quando Daemon a obrigou a erguer a cabeça e contemplar o horizonte, pela primeira vez em toda sua vida ela conseguiu ter uma sensação de liberdade. Abrindo os olhos que permaneceram durante quase todo o trajeto semicerrados, Lys respirou profundamente e sem perceber estendeu os os braços sorrindo deixando o ar passar por si.
— Assim está melhor. – O príncipe parecia satisfeito.
Ela se assustou porque por um instante parecia que estava sozinha no mundo, ela tinha brevemente esquecido da presença do homem atrás de si. Retornando à sua posição inicial ela se obrigou a falar.
— Porquê está fazendo isso? – Não desejava parecer petulante, mas a questão a incomodava desde o momento em que ele tinha desmontado do dragão.
— Porque eu quero. – Ele retrucou muito sério – E meus desejos eu realizo.
— Mas...
— Sem mais!
Com um movimento brusco Daemon guiou o dragão num rasante que fez a garota gritar apavorada. Suas tranças soltaram do alto da cabeça fazendo seus cabelos cacheados ricochetearam, provavelmente no rosto do príncipe. Ela queria protegê-lo dos fios, mas não ousava se mexer.
Daemon ria com o pavor da menina, divertia-se com seu medo. Tinha feito aquilo para calá-la, odiava admitir para si mesmo que tinha perseguido uma serva no meio do nada, odiava saber que ela tinha lhe chamado tanto atenção desde o dia em que servira seu vinho e odiava mais ainda o fato de estar excitado somente por sua presença.
Era baixo demais, até mesmo para ele de quem esperavam qualquer coisa, ter desejos por uma garota da ralé, mas estando ali e sentindo o cheiro doce que emanava dos seus cabelos ele não conseguia evitar pensar como seria possuí-la com desejo e força sobre a grama enquanto a lua nascia no céu.
Ele era a porra de um príncipe, podia ter a vadia que quisesse, mas sempre que deitava com qualquer uma no puteiro só conseguia imaginar o corpo magro e a pele escura daquela maldita serva abaixo de si.
Foder com as prostitutas já não tinha o mesmo prazer de antes, querer aquela garota o estava enlouquecendo. Ela parecia tão doce e ingênua e ele adoraria arrancar aquela pureza de dentro dela, trazê-la para vida real, fazê-la sua e somente sua. Ele queria cobrí-la de tecidos caros e lhe ensinar as artes do sexo que somente uma concubina experiente saberia. Desejava moldá-la para satisfazê-lo a hora que quisesse, lhe mostrar o mundo do alto e foder com ela enquanto voavam em Caraxes até não mais poder, Daemon queria servir-se de seu corpo de sua mente e tê-la quando e como bem quisesse.
Tentou afastar esses pensamentos enquanto se deliciava com os prazeres que a vida lhe oferecia, mas quando por um acaso imaginava aquela garota na cama de outro homem seu corpo fervia como o fogo de dragão tragando o ferro, o rubor subia em suas faces muito brancas manchando-lhe as bochechas e lhe fazia quase perder os sentidos.
Ele não conseguia mais negar a enorme vontade que tinha de tê-la e fora por isso, somente movido por esse desejo, que naquela tarde ele a tinha seguido até os campos que rodeavam Kings Landing, havia retornado para buscar Caraxes e feito sua entrada triunfal.
Daemon nem sabia o nome dela e tampouco lhe importava, o que pretendia com aquela garota não precisava de formalidades, quando ele a possuísse o único nome que ouviria seria o seu, saindo frouxo e aos gritos pelos lábios grossos e carnudos daquela que ele tanto desejava.
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Eis o motivo do meu bloqueio e O Rugido do Leão! To completamente obcecada por Daemon, eu li o livro ha algum tempo e não me empolguei tanto quanto agora com a série.
Então teremos mais uma fic Targaryen nesse perfil 🥲
Beijos, May.
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Olá, espero que estejam curtindo e gostando de O Príncipe Rebelde.
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O Rugido do Leão
uma fanfic de Game Of Thrones
SINOPSE
Adara é uma jovem de verão. Nascida N'As Ilhas e criada em Jardim de Cima. Ela é "vendida" sem cerimônia por seu tio e oferecida em casamento a Jaime Lannister.
Quando Walder Frey lhe toma tudo num piscar de olhos, Adara se vê perdida em terras nortenhas e com a ajuda de amigos e aliados a garota se tornará não somente rainha do norte, mas um fio de esperança na guerra entre o dia e a noite que se aproxima.
Obs: A história é somente baseada em eventos de Game Of Thrones, não segue a mesma linha do tempo e alguns acontecimentos foram reajustados para melhor acomodar o roteiro de O Rugido do Leão.
🥇1º Lugar em #JaimeLannister 12/08/21
🥇1º Lugar em #GuerraDosTronos 26/10/21
🥉3º Lugar em #GameOfThrones 03/01/22
🥇1º Lugar em #JonSnow 18/01/22