✧ e se você voltasse ✧

By flouwerscent

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Graças ao divórcio dos seus pais e a má relação com parte da sua família, você foi emancipada aos 16 anos e... More

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By flouwerscent

Bonjour (Mesmo sendo noite). Dps q eu tiver aula de francês com a Yna_Boreal eu vou parar de passar vergonha juro kskske

Vcs tão bem? Espero q sim pq talvez esse capítulo deixem vcs piores<3 bjinhos da anitta

.

.

.

Você dormiu na casa de Juliet naquela noite, ou melhor, tentou dormir, mas a cama do quarto de hóspedes parecia dura como pedra, então você foi para a sala. Acendeu um abajur, andou de um lado para o outro, mexeu nos livros, foi até a janela. Nunca esteve tão inquieta. Nunca se sentiu tão perdida.

Já deviam passar das duas da manhã quando você ouviu os passos na varanda. Ficou em silêncio, tentando ouvir o máximo que podia; a pessoa andou até a porta, parou ali por quase um minuto inteiro e isso seria extremamente aterrorizante se você não imaginasse quem era. Se você não tivesse certeza.

Seu celular vibrou com a mensagem.

Está acordada?

Você ignorou, olhando para a porta. Era difícil pensar que ele estava logo ali, há centímetros de distância. Era difícil imaginar que agora o que os separava era bem maior. Porque você não queria mais vê-lo, estava brava - furiosa, magoada, despedaçada - e não queria olhar para a cara dele. Sentia que até mesmo sua respiração mudou, se tornando baixa, silenciosa o suficiente para Robert não saber que você estava ali, perto, morrendo de ansiedade. Que ele era a causa disso.

A causa para muita coisa em você ter mudado repentinamente e sem motivo.

Mais mensagens.

A gente pode conversar?

Me desculpa por mais cedo, eu só tava tão

Confuso

Uma névoa densa e pesada tomou conta do seu peito. Você quis chorar. Não. Querer era um verbo distante do seu estado no momento, porque não seria de escolha mútua tanto da sua racionalidade quanto do seu sentimentalismo chorar uma lágrima a mais por ele naquela noite. Você foi condenada a chorar, porque seu coração explodia em solavancos duros contra o seu peito, forte demais, violentos demais, a cada segundo que você se esforçava em segurar e manter do lado de dentro aquele desespero desenfreado que te faria ceder em ruínas quando finalmente se deixasse perceber.

Ele havia te traído. Te trocado na primeira oportunidade. Te enganado como se você - como se vocês - não tivesse significado nada.

Caramba, como doía. E como as mensagens chegando aos montes no seu telefone deixavam a dor mais real. Mais crua. Brutalizando você de dentro para fora.

Me desculpa, mesmo

Eu queria tanto te ver e falar com você e te tocar que

Não sei

Eu desabei um pouco

Mas me deixa consertar as coisas

Por favor

Você ouviu as botas dele na madeira da varanda, ansiosamente, de um lado para o outro. Podia jurar que também havia ouvido o suspiro cansado. E seu âmago afetado e ferido gritava que sentira o cheiro das mentiras que sairia da boca dele assim que vocês se vissem. Ou, pior: da verdade que você não queria ouvir.

Por isso você não abriu a porta naquela noite, por isso você ficou ali, chorando em silêncio, até ouvi-lo ir embora. Por isso você fugiu dele até que chegasse a sua vez de ir embora, decidida que, depois da madrugada no sofá de Juliet, chorando no colo da mulher que - como se sentisse em seu sono o desespero te tomando por todos os cantos da sala - apareceu poucos minutos depois com o som dos chinelos de pano pelo corredor, que nunca mais se sujeitaria a isso. Às dores que ele insistia em te causar.

E por isso ignorou, por dias, as mensagens insistentes que faziam eco nas suas noites mais vazias a partir daquela madrugada.

Vamos conversar, por favor

Eu sei que agi errado, mas me diz o que está acontecendo

Eu te amo tanto

Por favor

[...]

Você antecipou sua ida para a França, afinal depois de rever seus amigos concluiu que não tinha mais nada para fazer ali. Depois da decepção com Robert se tornou um peso continuar naquela cidade por mais muito tempo, então logo você fazia suas malas mais uma vez e comprava as passagens de trem.

Se se sentiu culpada por ter o ignorado tanto? Talvez. Mas sempre que pensava nisso era acometida por um pensamento maior: de que quem deveria se sentir culpado por alguma coisa ali, era ele. Então mesmo indo embora sem nem dar a ele o benefício da dúvida, sem ao menos uma chance de confissão, você nunca sentiu culpa. Porque estava com o coração tão partido que não sobrou espaço para mais nada. Mas, para não dizer que foi tão cruel, você cogitou que se vocês por um acaso se encontrassem antes da sua partida, se ele fosse atrás de você, você o ouviria. Não diria nada e o ouviria e, depois, de acordo com a sua reação e os seus sentimentos, o responderia ou daria as costas e iria embora.

Mas nunca existiu nada para ouvir porque, naquela manhã na estação de trem, quando Juliet, Lana e os seus amigos te acompanharam para se despedir, ele estava ali também. De longe, parecendo tão abatido que você quase sentiu pena, te observando com expectativa. Como se você fosse falar com ele. Mas você não foi e ele também não. Mal se despediram. Quando Robert abriu a boca para dizer algo, a metros, quilômetros, oceanos de distância, seu trem já estava ali e você já havia esperado demais. Havia esperado uma vida. Por isso virou as costas e foi embora.

Chegou na França pior do que deixou a Inglaterra. Naquela época Lauren ainda não morava em Paris, e sim no interior junto com o pai. Já era quase noite e ela te esperava na estação, dentro de um sobretudo que acomodou as duas quando a garota te abraçou e te manteve grudada a ela de forma protetora até chegarem na casa de esquina de tintura branca e janelas grandes. O Sr. Lewis estava vibrando com uma partida de futebol do PSG e só desviou a atenção para te cumprimentar e dizer que por serviria o jantar.

- Até parece que nessa casa tem jantar - A filha retrucou, já subindo as escadas.

- Pão e queijo é o que pra você??

Mas Lauren ignorou o protesto do pai fechando a porta do quarto e revirando os olhos. Colocou sua mala no chão e te olhou como quem vê cada milímetro dentro de cada centímetro de cada pedaço solto da sua alma.

- Agora me conta o que aconteceu.

Vocês não desceram para comer: passaram a noite toda ali, ela colhendo com o polegar cada lágrima que traçava sua bochecha, acariciando seu cabelo, te ouvindo. Não disse nada, não precisava dizer nada e era quase um alívio isso. Que ela tenha segurado e mantido a raiva para si, que tenha te dado somente o lado acolhedor e reconfortante. Que tenha segurado seu rosto e beijado cada bochecha sua.

- Eu sinto muito, amor - A garota acariciou seu cabelo.

- Eu não sei o que fazer.

Então, quando viu, ela empurrava seu celular na sua direção.

- Talvez responder às mensagens.

Você chorou mais depois de o fazer. Porque tudo dói depois do ponto final. Porque não há nada depois do ponto final. O livro acaba. A história termina. É vazio.

Mas seu vazio naquela noite foi preenchido por Lauren. Lauren por cada parte sua. Lauren te abraçando e te confortando. Lauren com as mãos macias pelo seu rosto. Lauren com os beijos macios nas suas bochechas.

Lauren.

Lauren.

Lauren.

Uma das suas melhores amigas, uma das pessoas que você mais confiava no mundo, a única que você tinha naquele momento. Falando baixo com você e te prendendo em um abraço do qual você não queria sair. Em uma cama que você desejou não sair nunca mais. E quando você viu, tinha Lauren por tudo quanto era você.

Por baixo da sua roupa, por cada canto da sua pele. Lauren e mais Lauren. Na sua boca e no seu pescoço, nas suas mãos, no seu peito, na sua barriga, nos quadris, nas explosões dentro de você. Te consumindo, te afogando, te amando. E você também a consumiu, em cada nervo dela, em cada pedaço, em cada nó dentro dela.

Lauren e mais Lauren, nos seus melhores dias na França. A única coisa concreta entre uma e duas vezes por ano, nos próximos cinco anos da sua vida.

[...]

Você caminha para casa mesmo sabendo que deveria pegar um táxi ou um trem porque é Paris, você está bêbada e é perigoso andar sozinha neste horário, mas em sua defesa: você está bêbada e isso é argumento suficiente para perdoar algumas coisas idiotas e impensadas.

Não sabe como chega, mas chega. Imagina que Lauren já esteja dormindo mas, ao entrar, ela está te esperando como naquela manhã. Porém desta vez não está dormindo e não está brava. Anda de um lado pelo outro na sala, fumando um cigarro, e quando ouve a porta se abrir se vira rapidamente. Deixa o fumo no cinzeiro, corre até você.

- Eu estava preocupada.

Lewis segura seu rosto com as duas mãos, te beija demoradamente, com medo, com alívio. Desce as mãos pelos seus ombros e braços.

- Você está gelada. E está um lixo. Vem, eu vou te colocar na banheira.

Submersa na água quente, você se deixa relaxar, e é tão bom ouvir a voz dela sem o tom ríspido e magoado. Tão bom sentir as mãos te tocando com carinho. Você olha para o rosto concentrado dela e talvez a comoção causada pelo álcool te faz sentir vontade de chorar.

- Eu sinto... me des...

- Eu sei, chérrie. Eu sei - Os lábios dela pressionam os seus, te calando. A mão dela vai até sua nuca para massagear a área tensionada. - Sinto muito por ter sido tão dura com você sem nem saber o que tinha acontecido. Sem nem ter perguntado. Eu vi como você chegou. Não precisa me contar agora se não quiser, mas eu estou aqui, tudo bem?

Você ainda quer chorar. Ela gruda o nariz ao seu e dá um sorriso impossível de não retribuir.

- Te prometo que nosso dia amanhã vai ser magnific! - Ela pisca, ainda sorrindo, descendo a esponja cheia de sabão pelas suas costas. - Já perdemos tempo demais, não é?

Você fecha os olhos por um última vez naquela noite.

.

.

.

Boykkkkjk espero que tenha dado pra entender tudo oq rolou no capítulo. Adoro escrever com a linha do tempo bagunçada assim mas as vezes os leitores ficam o john travolta naquele meme 🤡 mas enfim, acho que deu pra notar. Se ta em itálico, narrando o passado.

E espero q ngm venha lacrar sobre a amizade colorida com a lauren pq eu não preciso nem explicar a razão disso, lê quem tem olhos 🙏🏼

Até outro dia<3

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