ONESHOT! ➵ CAMREN

By triangulumcamren

194K 6K 2.9K

Contos eróticos Camren. More

S8ter Girl
Pet Sitting
Templation
Confissões Na Casa Do Lago
V.I.P
PhysioteraDise
Fucking Crazzy Chicken
My Favorite Boss
Catfish - Parte I
Catfish - Final
The Karma Of Love
Secret Love
True Love
Sex Call - Parte I
Sex Call - Final
Love At First Sight - Parte I
Love At First Sight - Final
Crossed Lives - Parte I
Crossed Lives - Final
Nightmare - Parte I
Nightmare - Parte II
Nightmare - Final
Soulmate
Devils
Fly Higth - Parte I
Fly Higth - Final
After Party
After / The End
Decisions
From Virtual To Real
Criando Pornô - Parte I
Criando Pornô - Final
My Best Friend's Mother - Parte I
Consequences - Parte I
Consequences - Final
Perfect Choice
Sex With The Plumber
I Can't Forget You
Perfect Vacation
Waterfall X ...
Latin Damon - Parte I
Latin Damon - Final
First Time
Querido Diário...
Querido Diário... Parte II
Querido Diário... Final
A Autora - Parte I
A Autora - Final
AVISO ⚠
Motel Afrodite
Cilada
A Outra
Açaí's Day
My Best Friend's Mother - Final
Sobre: My Best Friend's Mother
Surprise!
A Queda
Oi Da Sumida 🔮
Lances Da Vida

about Time and Love

3.3K 91 17
By triangulumcamren

Lauren Jauregui Intersexual

                     
Eu estava cansada. Cansada e cheia de dor em cada parte do meu corpo. Retirei as chaves cuidadosamente da mochila e a encaixei na fechadura tentando fazer no mínimo barulho possível.

Keana tinha trabalhado durante toda a madrugada, e minha rotina não foi diferente, o bufê em que eu trabalhava havia estendido o horário me fazendo chegar em casa por volta das quatro da amanhã depois de um evento, ao invés do horário habitual que seria entre onze horas ou duas da manhã.

Como nossos horários estavam divergente e não nos vimos pessoalmente durante a semana inteira, eu decidi fazer uma surpresa, nada melhor do que acordar o amor da sua vida com uma boa rodada de carinhos após um dia cheio de trabalho, certo...?!

                     
Errado!

Se eu soubesse o que aconteceria,  aquela cópia de chave seria a última coisa que eu gostaria de ter nas mãos. Maldito seja o dia em que fiz a cópia para fazer a surpresa de um ano de namoro!

Retirei meus sapatos os deixando ao lado da porta, coloquei a bolsa e meu casaco em cima do sofá. Andei até o quarto e abri a porta vendo o rosto dela em um sono tranquilo. Retirei a blusa deixando em cima da poltrona que ficava próximo a porta e me aproximei pronta para selar os lábios de Keana, mas fiz uma parada brusca ao ver um chumaço de cabelo loiro atrás dela.

Eu senti um aperto no estômago e me aproximei da cama, apenas os cabelos estavam visíveis então eu puxei a coberta fazendo o rosto de uma mulher surgir. Meus olhos desceram até os braços que prendiam Keana em um abraço possessivo.

A moça atrás dela grunhiu e moveu a mão em busca do cobertor ainda de olhos fechados. Eu senti as lágrimas embaçarem meus olhos e automaticamente escorrer por minhas bochechas. Meu pés foram para trás e com isso esbarrei na cômoda fazendo um baque por ela ter sido arrastada no piso.

Keana abriu os olhos e eles duplicaram de tamanho ao me ver ali, parada.

— Camila... - Ela murmurou e a mulher atrás dela se levantou assustada, me encarando antes de gritar fazendo minha garganta se apertar.

— QUE CARALHOS É VOCÊ, E O QUE ESTÁ FAZENDO NO NOSSO QUARTO?! - A loira gritou e eu neguei com a cabeça.

Nosso quarto?!

— Que merda é essa Keana, você está me traindo? - Eu perguntei ciente da resposta e ela fez uma cara de culpa

. A loira se levantou, ainda nua e eu senti como se meu mundo estivesse desabando.

— KEANA MARIE QUEM É ESSA VAGABUNDA? - A loira gritou enquanto Keana continuava na cama me olhando com pena.

— Se acalma Allyson! Ela... Ela é... - Keana negou com a cabeça e passou a mão nos cabelos.  — Amor ela é um erro, Camila não foi nada! Me perdoa, perdoa sua esposa, por favor. - Ela finalizou e a loira partiu pra cima dela destilando tapas e xingamentos enquanto Keana tentava segurar a mãos da sua esposa.

Eu me afastei ainda mais, vendo toda a cena na minha frente. Antes que pudesse sair do quarto escutei Keana murmurar um pedido de desculpa em minha direção.

A partir dali, só me lembro de estar no meio da calçada tropeçando em meus sapatos e sentindo frio por estar usando apenas a calça jeans e o sutiã.

Eu queria morrer. Eu só pensava em sumir e acordar daquele pesadelos...

Dois Anos Depois


— Chaan, se anima vai! Você prometeu que iria sair comigo hoje. - Minha amiga falava de forma manhosa ao mesmo tempo em que tentava me convencer a sair com ela pela terceira vez naquele mês.

— Eu prometo que vou no próximo final de semana Dinah.

— Você tem me prometido isso nos últimos seis meses Mila. Por favor, por mim? Dessa vez? Huh? - Eu revirei meus olhos vendo aquele bico grande em seus lábios.

— Você joga baixo. - Respondi jogando uma das almofadas do sofá, ela agarrou no ar jogando de volta acertando meu rosto em cheio.

— Só porque eu te amo. - Ela fez língua e esticou a mão para que eu pudesse me levantar.

— Você é uma vaca, mas eu te amo também. - Me deixei ser levantada e seguimos em direção ao quarto dela para nos vestir.

Nós estávamos a caminho do quiosque que era o point favorito de Dinah. A brisa gelada batia contra nosso rosto e eu prendi o cabelo evitando deixar os fios rebeldes.

— Ali olha, tem uma mesa livre. - Ela falou apontando para a mesa com duas cadeiras próximo a areia da praia.

Nós caminhamos até lá e nos sentamos  sendo rapidamente atendidas.

— Boa noite meninas. - A garota com o coque alto, de blusa regata e short jeans nos saudou.

— Boa noite. - Falei forçando animação.

— Boa noite Normani. - Dinah falou sorrindo de forma abobalhada.

— Vai o de sempre? - Ela perguntou olhando diretamente para Dinah que assentiu. — E você, o que deseja? - Ela perguntou e eu mordi meu lábio segurando o riso.

— Uma cerveja. - Falei recebendo seu aceno de cabeça e vi quando ela se afastou balançando exageradamente o quadril enquanto andava em direção ao quiosque.

— Então...?

Dinah suspirou e se virou colocando a mão na mesa para apoiar o rosto. — Ah Chan... - Ela falou com aquele tom que eu conhecia bem. — Eu tô apaixonada. - Ela suspirou novamente e eu neguei com a cabeça sorrindo.

— Você não toma jeito Cheechee. Quantas vezes no mês você consegue se apaixonar? - Eu perguntei debochada e ela me olhou com a sobrancelha arqueada.

— Calma lá, senhorita "nunca mais me apaixono", eu não tenho culpa se você ficou com o coração de pedra. - Ela falou mas rapidamente fez uma careta e meu sorriso se transformou em uma linha fina. — Merda, desculpa.

— Eu também não tenho culpa de ter sido feita de idiota por um ano, então... Sem paixões, obrigada. Prefiro me manter assim, protegida do que passar por tudo aquilo de novo. - Respondi vendo Normani se aproximar com as bebidas e logo paramos o assunto.

Ela trocava sorrisos com Dinah e por alguns segundos eu imaginei como minha vida estaria hoje em dia se Keana e eu... NÃO CAMILA, PARA! Não existe "Keana e eu", nunca existiu.

Balancei minha cabeça freneticamente enviando aqueles pensamentos para o mais longe possível.

Dinah me segurou no quiosque até praticamente o fechamento, era visível a tensão sexual que vinha delas, eu me senti uma intrusa naquele momento.

— Dinah, eu vou ali dar uma volta. - Falei vendo gratidão nos olhos da minha amiga, dei um pequeno aceno para Normani e segui em direção a praia.

Fazia muito tempo que eu não sentia a areia nos pés, não pensei duas vezes antes de retirar a rasteirinha e caminhar lentamente até próximo ao mar. As ondas quebravam cada vez mais perto, e eu sorri com vontade pela primeira vez em meses ao sentir a onda contra meu joelho, e logo em seguida meus pés se afundando cada vez mais na areia enquanto a onda se distanciava, para outra quebrar em seguida.

Eu fechei meus olhos sentido a maresia e respirei fundo. Por mais que tentasse evitar ter os pensamentos em Keana, era difícil. Até hoje não consigo entender como pude ser tão idiota.

Eu nunca pude postar uma foto nossa, não podíamos sair em público, ela sempre alegava ter receio por ser uma pessoa pública e não queria que sua vida privada sendo vigiada por lentes curiosas. O apartamento em que nos encontrávamos tinha uma mobília tão vaga do que seria se aquele apartamento fosse realmente o dela.
Nós ficamos juntas um ano, um ano dela levando uma vida dupla, eu pensava que ela seria o meu único amor enquanto ela estava ocupada demais sendo o amor de outra pessoa enquanto me fazia de amante. Eu não posso acreditar que eu me deixei levar de uma maneira tão estúpida. Tantos eu te amos falsos, tanto tempo perdido...

Outra onda quebrou me fazendo desequilibrar por ter os pés tão fundos na areia e eu forcei cada um deles a se moverem em direção ao calçadão, eu abracei meu corpo tendo o vento gelado contra meus braços e pernas e a medida em que me aproximava do quiosque em que passamos parte da noite, pude ver os beijos demorados que Dinah e Normani trocavam. Eu sorri com cena. Mordi meu lábio e conhecendo minha amiga saquei meu telefone do bolso traseiro e mandei uma mensagem rápida informando que iria pra casa, desejando divertimento pra elas.

Alguns quarteirões depois eu já estava descendo do carro em frente ao prédio em que morávamos. Acenei para o porteiro enquanto passava pela entrada e acionei o botão do elevador. As portas se fecharam e eu apertei o botão número 5 esperando pacientemente chegar ao meu andar. As portas se abriram e eu mexi na pequena bolsa lateral retirando a chave.

Tranquei a casa e segui para o quarto perdendo a hora enquanto tomava um banho quente.

Não demorei para me enfiar embaixo das cobertas e ouvi o som baixo de mensagem no celular. Abri vendo uma mensagem de Dinah falando que não viria para casa hoje, e que nos veríamos pela manhã. Eu enviei alguns emojis e pedi para que ela tivesse cuidado.

Bloqueei o telefone e me virei para o outro lado e não demorei a dormir.

No dia seguinte acordei o cheiro forte de café.

Eu amava aquilo.

Me espreguicei e fui em direção ao banheiro depois, caminhei preguiçosamente para a cozinha vendo Dinah rebolando, cantarolando enquanto terminava de passar o café.

Eu ri com a cena chamando a atenção dela, minha amiga tinha as bochechas coradas, e uma grande marca arroxeada no pescoço.

— Uau. Tivemos uma ótima noite. - Falei dando um pequeno pulo na cadeira da bancada da cozinha.

— Tivemos uma noite maravilhosa! - Ela respondeu e mordeu a boca suspirando em seguida.

— Dá pra ver, e eu espero de verdade que sua chefe também esteja feliz com sua maravilhosa noite e esse chupão gigante marcado aí no seu pescoço. - Debochei apontando para o local e ela arregalou os olhos correndo em direção ao banheiro e grunhido depois.

— Eu não acredito que não senti isso ontem! - Ela reclamou enquanto voltava pressionando o lugar como se aquilo fosse fazer a marca desaparecer.

— Óbvio que não sentiu, você devia tá sentindo outra coisa na hora. - Eu brinquei e ela corou de novo. — Mas nada melhor do que eu uma boa maquiagem pra esconder os resquícios da sua noite pervertida. - Falei e escutei a gargalhada alta dela.

— Adorei isso, vai querer torrada ou frutas? - Ela perguntou colocando o café nas xícaras e eu tombei a cabeça.

— Os dois? - Perguntei e minha amiga riu mais uma vez colocando a torrada com geleia, a salada de frutas na minha frente e pegando a própria xícara para bebericar o líquido quente.

— Você já decidiu o que vai fazer hoje? - Ela perguntou sorvendo mais um pouco do líquido e eu me forcei a engolir o pedaço de torrada que mastigava pra responder.

— Eu vou. - Falei séria. — Eu preciso me ocupar e também preciso ganhar dinheiro.

— Vai ser fazendo uma coisa que você gosta que é trabalhar com pessoas, então vale a pena. - Ela respondeu dando de ombros e eu assenti.

Na parte da tarde eu me encontrava pronta para minha entrevista. Eu usava uma calça preta, blusa branca com manga até o cotovelo e por cima um colete na cor cáqui e nos pés um tênis com salto também preto. Optei por fazer um coque alto deixando algumas mexas soltas e uma maquiagem básica, abusei do rímel e passei um batom vermelho para finalizar.

- Garota, essa vaga já é sua! Não se esqueça que nós vamos comemorar sua contratação e se prepare para sair a noite.

Dinah falou assim que enviei uma foto na frente do espelho.

Meu deus, se fosse pra acompanhar as saídas dela eu provavelmente ficaria sem salário antes mesmo de começar a receber.

Eu vou mentir se disser que não estava ansiosa, assim que cheguei ao estúdio fotográfico senti meu estômago revirar em nervoso. Eu trabalhei por muitos anos com eventos e essa seria minha primeira entrevista depois de ter pedido demissão do meu último emprego. Eu havia escolhido uma área completamente fora da minha zona de conforto e agora estava prestes a ser entrevistada para trabalhar como secretária daquele lugar.

— Camila Cabello. - A voz chamou meu nome e eu respirei fundo antes de atravessar o corredor e entrar na sala.

O lugar era pintado em tonalidades claras, havia uma janela grande que pegava meia parede dando a vista de parte da praia e do outro lado, uma estante com livros e câmeras fotográficas antigas completavam os lugares vagos. A mulher estava de cabeça baixa fazendo alguma anotação e eu me aproximei da cadeira esperando seu consentimento para me sentar.

— Boa tarde. - Forcei minha voz a sair firme.

— Boa tarde, sente-se por favor.

A entrevista ocorreu tranquilamente e diferente de alguns minutos anteriores eu me senti completamente a vontade enquanto era entrevistada pela dona da agência. É óbvio que aquela ser a minha primeira experiência como secretária foi um impasse momentâneo, mas acredito que a firmeza com que eu me impus sobre ser esforçada e não ter medo de desafios tenham feito a senhora Jauregui repensar sobre me dar uma chance.

Quando cheguei em casa recebi uma ligação informando que eu havia conseguido aquela vaga. Não tardei a mandar uma mensagem para Dinah informando minha conquista e recebi vários emojis de bebidas alcoólicas junto com felicitações pelo novo emprego.

A noite após Dinah chegar do serviço, avisei que não poderia sair para comemorar, afinal de contas eu precisaria fazer o exame admissional e já começaria a trabalhar no dia seguinte, então ao invés de bebidas resolvemos pedir uma pizza e fizemos nossa comemoração em casa mesmo.

Assim que cheguei da clínica onde havia feito o exame, me deparei com um caminhão de mudança.

— Morador novo seu Roberto? - Perguntei ao porteiro e ele assentiu.

— Sim, a senhora Silvana se mudou pra casa da filha.

Eu fiz um estalo com a língua e resolvi subir para o apartamento, a dona Silvana era uma senhorinha gente boa que morava no apartamento da frente, mas que frequentemente ficava doente. Ela havia comentado comigo que iria falar com a filha sobre morar com ela, mas não acreditei que fosse acontecer tão rápido.

Bem, pelo menos ela seria cuidada.

Cheguei ao meu apartamento e haviam algumas caixas empilhadas, a porta do apartamento da frente estava fechada. Então eu não me preocupei em me apresentar ao vizinho novo naquele momento.

— Você já viu a espécime que se mudou pra para o apartamento da frente? - Dinah abriu a porta perguntando e eu me virei ainda com a colher na boca negando com a cabeça.

— Só vi caixas quando cheguei. - Respondi e ela se jogou ao meu lado no sofá.

— Cara, se meu coração não fosse da Mani, com certeza seria daquela mulher ali. - Ela apontou para fora e eu mordi meu lábio.

— A gente deve fazer alguma sobremesa pra levar pra ela? - Perguntei e Dinah estalou a língua.

— É uma boa, mas ela acabou de sair. - Dinah respondeu eu dei de ombros. — Falando nisso.... - Dinah continuou me assustando no momento em que se jogou no meu colo. — Me fala como foi hoje, deu tudo certo nos exames?

— Deu sim. Levei os resultados, documentos e já começo amanhã. - Respondi sorrindo com a língua entre os dentes e senti o abraço apertado da minha amiga me esmagando.

No dia seguinte acordei cedo, tomei um banho demorado e vesti a roupa que havia separado na noite anterior.
Coloquei o vestido de manga longa com algumas estampas, e o colar que batia um pouco abaixo dos meus seios que combinava perfeitamente com a bota de cano curto marrom escura que calçava. Decidi deixar meus cabelos soltos e passei um batom nude, destacando naquele dia os meus olhos.

Coloquei o que seria necessário dentro da bolsa preta e segui em direção a saída, visto que Dinah ainda dormia.

O trânsito não me atrapalhou em nada, e menos de vinte minutos depois eu já estava entrando dentro da agência. A senhora Jauregui estava próxima a mesa da recepção segurando alguns papéis enquanto procurava algo na gaveta. Havia uma garota, de cabelos curtos loiros com cara de tédio parada na frente dela.

— Camila?! - Ela me chamou e eu sorri desejando um bom dia que não foi respondido pela loira. — Eu preciso que você encontre um contrato, ela começou a eu rapidamente me coloquei atrás da mesa deixando minha bolsa na cadeira enquanto procurava o papel com as especificações que ela havia dito.

Menos de dez minutos depois encontrei a pasta com vários contratos que estava praticamente escondida embaixo de um monte de papel amassado na última gaveta. Eu recebi um sorriso da chefe, em seguida ela pediu que a garota a acompanhasse para uma das salas.

— Bom dia, você é a nova secretária? - Uma mulher com cabelo preso em um rabo de cavalo perguntou.

— Bom dia, sim, posso ajudar? - Perguntei e ela esticou a mão em minha direção.

— Meu nome é Lucy, sou uma das fotógrafas.

— Ah, então, prazer em te conhecer. - Respondi sentindo a palma quente contra minha mão.

O sorriso de Lucy aumentou e ela abriu a boca para falar alguma coisa mas mudou de ideia assim que a voz rouca soou.

— Está atrasada Vives! - A senhora Jauregui falou e ela fez uma careta desfazendo nosso aperto.

— Nos vemos por aí, linda. - Ela piscou em minha direção e seguiu para o corredor onde a chefe a esperava em pé enquanto o olhar se alternava entre ela e eu.

Voltei para a mesa e a organizei, haviam vários contratos soltos, misturado com fotos e papeis de bala por dentro das gavetas. Fiz o meu melhor para a mesa ficar mais apresentável e fiquei satisfeita com o resultado final.

Assim que me sentei a senhora Jauregui passou com a garota com cara de tédio e ambas saíram pela porta principal.
Eu fiz uma careta interna e ignorei totalmente meu horário de almoço, eu precisava aprender a lidar com o programa de agendamento que era instalado no computador antes que pudesse pensar em comida.

Minhas tentativas eram quase falhas, pois o telefone da agência começou a tocar de forma insistente. Na primeira ligação eu tentei fazer tudo pelo computador, a partir da segunda eu já estava anotando no papel para depois jogar no sistema com mais calma.

A senhora Jauregui retornou sozinha dessa vez e eu já havia conseguido enviar todas as anotações para o programa. Assim que ela entrou eu cliquei na aba para compartilhar a agenda com as anotações que eu havia feito para o computador dela, pedindo para todas as divindades conhecidas que eu não tenha feito nenhuma merda.

O dia seguiu na mesma velocidade, várias ligações, mais alguns sistemas para entender e várias, várias mulheres passeando pela agência ou aguardando o horário para o ensaio na antessala.
No final do expediente eu sentia meus ombros doloridos e um buraco sem fim no estômago.

Os fotógrafos iam se despedido de acordo com a finalização do trabalho, mas assim que a senhora Jauregui passou pela porta me desejando uma boa noite eu senti a áurea pesada sair de cima da minha cabeça.

Eu estava exausta, mas feliz, muito feliz por ter dado conta do meu primeiro dia. Guardei minhas coisas, fechei tudo e conferi antes de sair da agência.

Peguei o celular clicando no link do aplicativo para finalmente conseguir ir embora e mordi minha bochecha. Eu precisava do meu carro de volta com urgência.

Assim que desci na frente do prédio, acenei rapidamente para o seu Roberto e chamei o elevador. Quando o bip soou e a porta se abriu no meu andar, escutei um xingamento vindo do corredor. Coloquei meus pés pra fora e vi de três caixas tamanho médio sendo erguidas por alguém próximo a porta.

Eu encaixei a chave na minha porta e a abri, quando ouvi outro xingamento mais alto e a caixa de cima tombando em direção ao chão.

Dei três passos rápidos e consegui pegar a caixa no ar e segurá-la contra a parede.

— Obrig...Camila? - A voz rouca perguntou e eu me vi surpresa por rever minha chefe naquele andar.

— Oi, a senhora que está de mudança? - Perguntei ajeitando a caixa para que conseguisse segurá-la melhor.

— Só Lauren, por favor. Estamos fora do expediente. - Ela falou enquanto rodava a chave na fechadura e empurrava a porta com o pé.

Ela entrou e eu fiz o mesmo caminho colocando a caixa que segurava ao lado das outras duas que estavam com ela.

— Está gostando do apartamento? - Perguntei dando uma rápida olhada em volta mas tudo ainda estava em caixas.

— É um bom lugar, mas só vou me sentir confortável realmente quando conseguir deixar isso com cara de casa. - Ela respondeu apontando para as caixas que estavam espalhadas pela sala.

— Se você quiser ajuda, bom, eu moro aqui na frente. - Falei dando de ombros e ela sorriu de lado.

— Vou manter isso em mente, Camila, obrigada. - Ela falou e eu tomei aquilo como uma deixa para voltar ao meu próprio apartamento.

Retirei a chave da porta que estava aberta e a fechei novamente, indo direto para o quarto. Deixei minha bolsa no pequeno sofá que ficava embaixo da janela e separei uma muda de roupa para colocar depois do banho.

Depois de devidamente vestida fui até a cozinha. Eu estava morrendo de vontade de comer doce e estava próximo a hora de Dinah chegar, então resolvi preparar alguma sobremesa. Olhei na geladeira e haviam três caixas de morango, na dispensa haviam os outros ingredientes que eu iria precisar.

Coloquei na mesa tudo o que seria necessário para fazer a massa e o recheio da torta de morango. Uma hora depois eu estava na frente do fogão misturando a gelatina de morango, o amido de milho e a água. Assim que deu ponto desliguei o fogo e despejei todo o recheio por cima dos morangos e levei a forma para a geladeira.

Dinah chegou cerca de meia hora depois.

— A vizinha gostosa parece precisar de ajuda. - Ela falou colocando a bolsa pendurada na estante de livros que ficava próximo a porta e eu arqueei a sobrancelha.

Dinah deu um sorriso amarelo e pegou a bolsa jogando de qualquer jeito em cima do sofá.

— Sério?! - Perguntei e ela acenou.

— Ela estava apanhando no elevador, segurando algumas caixas enquanto subia.

— A vizinha gostosa, no caso, é minha chefe, acredita?! - Rebati terminando de limpar a sujeira que eu havia feito. — E eu avisei sobre ela pedir ajuda caso precisasse.

Dinah parou no meio da sala e mordeu o lábio de forma safada.

— Huuummmmm, sei. - Ela debochou e respirou fundo.

— Porque a casa tá com cheiro de morango? - Ela perguntou confusa e eu andei em direção a geladeira.

— Tcharan! - Abri a porta mostrando a torta para ela que correu em direção a geladeira mas eu consegui fechá-la antes.

— Nem pensar Chan, eu vou comer agora! - Ela falou tentando me tirar da frente da geladeira e eu ri.

— Nós vamos ajudar a Lauren primeiro, depois nós comemos. - Eu falei e ela bufou.

— Me deixa pelo menos trocar de roupa. - Ela murmurou e eu assenti.

— Eu vou indo até lá enquanto isso e Chee... - Eu chamei e ela parou no corredor para se virar pra mim. — É sério, nada de tirar um pedaço da torta antes da hora.

— Ah droga, tá bom. - Ela fez um muxoxo e entrou para o quarto.

Eu dei uma checada na sala e cozinha, tudo organizado. Sai do apartamento e atravessei o corredor indo em direção a porta encostada e bati.

Soltei meu cabelo que até no momento estava preso, e o prendi em um coque frouxo.

Lauren apareceu na porta com as bochechas avermelhadas e não pude deixar de notar a olhada que ela me deu.

Seus olhos varreram minhas pernas desnudas pelo short curto e subiram em direção ao meu decote, expondo boa parte do vão dos meus seios. Os olhos permaneceram fixos em minha boca, logo depois subiram se fixando nos meus meus, ela tossiu e eu neguei com a cabeça.

— Precisa de ajuda? - Perguntei e ela maneou a cabeça para que eu entrasse.

— Está tudo tão desorganizado que não sei sequer por onde começar, e no meu carro ainda tem três ou quatro caixas.

Eu olhei em volta e vi que as caixas estavam nomeadas.

— Nós podemos levar as caixas para cada cômodo, sei lá, acho melhor começar pelo quarto, normalmente é onde você quer ficar depois de um dia cansativo. - Dei de ombros e ela demorou alguns segundos para responder.

— Ah, claro, com certeza. — Ela tossiu concordando.

Eu comecei a separar as caixas retirando uma de cima da outra e me virei para ela que naquele momento estava olhando de forma descarada para minha bunda.

— Onde fica seu quarto? - Perguntei e ela saiu na frente se desviando das caixas espalhadas no corredor e parou na porta do quarto.

— Aqui. - Ela apontou para dentro e eu assenti.

Me levantei e andei até lá segurando uma caixa tamanho médio e deixei próximo a parede. Dei uma olhada no lugar amplo pela falta de móveis e percebi que havia somente um colchão de casal encostado do outro lado da parede que além de desarrumado, contava com algumas peças de roupa em cima.

Me virei e Lauren coçou a cabeça com um sorriso amarelo depois, começou a me ajudar a levar caixa por caixa até lá.

Em caixas grandes nós duas segurávamos juntas para dividir o peso e alguns minutos depois as caixas do quarto e da cozinha já estavam em seus devidos cômodos.

Na sala ficaram apenas as caixas destinadas aquele cômodo e uma destinada ao banheiro.

— Demorei? - Dinah chegou com os cabelos úmidos e eu revirei meus olhos.

— Agora, princesa?! - Perguntei e vi Lauren travar o maxilar.

— Lauren, essa é Dinah. - Apresentei e minha amiga já foi entrando dando um beijo na bochecha da minha chefe que mantinha o semblante sério, diferente de alguns segundos atrás.

— Prazer em te conhecer vizinha. Eu vim ajudar vocês. - Dinah falou dando uma olhada em volta.

— Vizinha? - Lauren perguntou e me olhou.

— Sim, Camila e eu moramos juntas. - Dinah respondeu e andou até uma caixa grande escrito "livros". — Olha Chan, ela gosta de livros igual a você. - Dinah debochou e eu revirei meus olhos.

Eu conhecia Dinah bem demais para saber o que ela estava fazendo.

— Então, vocês estão a quanto tempo juntas? - Lauren perguntou a Dinah que abria a caixa de forma descarada e retirava alguns livros de lá.

— Ah, não sei, bastante tempo. Talvez uns cinco? - Ela respondeu e eu mordi meu lábio.

— Cinco? - Lauren arqueou a sobrancelha. — Cinco dias, cinco meses? - Ela perguntou a Dinah que continuava a fuçar as caixas.

— Não Lauren, cinco anos. É isso não é Mila? - Ela perguntou deixando a caixa de livros de lado e ergueu o olhar para Lauren que estava visivelmente desconfortável.

Dinah olhou para ela, depois para mim. E fez uma careta.

— Não girl. Por Deus, não desse jeito. Eu não curto incesto. - Ela gargalhou e Lauren me encarou.

— Nós moramos juntas a praticamente cinco anos, mas somos amigas. - Eu falei vendo o semblante se tornar mais brando e suas bochechas corarem rapidamente.

— Não só amigas, somos MELHORES amigas Camila. - Dinah falou e revirou os olhos.

— Aahhh.. Entendi. - Lauren murmurou foi em direção a cozinha.

— Vamos terminar com essas caixas e deixar esse apartamento com cara de casa. - Eu falei e as duas concordaram.

Pouco a pouco conseguimos organizar tudo. Dinah me ajudou a organizar a cozinha como era possível enquanto Lauren ficava no quarto.

Quando terminamos, nós três estavamos suadas e cansadas.

— Os móveis chegam amanhã. Não vejo a hora de ter um sofá pra sentar. - Lauren murmurou e eu soltei o cabelo para prendê-lo de novo.

— Gente tô com fome. - Dinah falou fazendo bico.

— Chee, você sempre está. - Respondi e Lauren riu me fazendo prestar atenção no som, mas rapidamente ignorá-lo.

— Que tal comermos agora? Lauren, Camila fez uma torta de morango, e ela é muito boa nisso. - Dinah falou mexendo as sobrancelhas me fazendo gargalhar pela idiotice.

— Ah, claro, quer dizer se vocês não se importarem de dividi-la comigo, eu chego lá em quinze minutos, só preciso de um banho primeiro. - Lauren falou fazendo uma careta.

— Você já é de casa, garota. Chega lá depois. - Dinah se levantou e eu me levantei em seguida.

— Então até daqui a pouco. - Falei seguindo Dinah em direção a saída.

Nós fomos para o nosso apartamento e Dinah começou a rir antes mesmo que eu pudesse fechar a porta.

— Deus, Chaan, ela tá caidinha por você! - Dinah falou retirando a blusa e me deu um empurrãozinho no ombro.

— Ai Dinah, cala a boca. - Revirei meus olhos e andei até o banheiro escutando minha amiga xingar por eu ter passado na frente dela na hora do banho.

Eu estava terminando de secar o cabelo quando ouvi a batida na porta. Dinah já havia saído do banho a algum tempo então não me preocupei em deixá-la atender. Quando meus fios estavam totalmente secos, fiz um coque alto e fui em direção a sala. Dinah e Lauren riam enquanto Lauren contava alguns coisa engraçada e assim que entrei em seu campo de visão, pude ver os verdes me checarem completamente.

Eu ignorei aquele sentimento de curiosidade e caminhei até a cozinha.

Abri a geladeira enquanto as duas voltavam a conversar e encarei Dinah de forma mortal.

— Foi só uma colherada, eu juro! - Ela falou com as mãos para o alto em rendição e eu neguei com a cabeça.

Desenformei a torta com um pedaço faltando e cortei em triângulo, colocando em três pratos de sobremesa.

Coloquei os talheres nos pratos e deixei a torta ao lado em cima da bancada da cozinha.

— Eu tô falando Lauren, essa torta que a Mila faz é dos deuses!- Dinah falou se aproximando com Lauren em direção a cozinha e se sentou ao seu lado.

Eu permaneci do outro lado, sentada de frente para as duas.

Dinah deu uma garfada grande e enfiou um pedaço quase fisicamente impossível na boca, gemendo em seguida enquanto Lauren fazia o mesmo, mas com um pedaço menor. Muito menor.

— Por mim comeria todo dia. - Dinah falou soltando outro gemido, colocando mais um pedaço grande na boca.

— Eu também. - Lauren falou dando outra garfada sem quebrar o contato comigo. — Realmente é uma delícia.

— O-obrigada. - Respondi sentindo um calor repentino tomar meu rosto, então abaixei minha cabeça como se a torta fosse a melhor visão e comecei a comê-la.

Ao final da noite já não havia mais torta. Dinah comeu boa parte e de certo modo fiquei feliz quando Lauren repetiu também.

Era bom saber que haviam gostado da sobremesa. Era bom saber que Lauren havia gostado, porque Dinah, bom, ela tomaria até sopa de pedra se eu colocasse na frente dela.

Levei Lauren até a porta e ela parou ao lado de fora.

— Hn, Camila obrigada por hoje, pela ajuda e pela torta também. - Ela mordeu o lábio e eu suspirei subindo rapidamente o olhar.

— Por nada, se quiser ajuda para organizar os móveis, bate aqui. - Brinquei e ela sorriu assentindo.

— Pode deixar, obrigada novamente.

— Boa noite Lauren. - Respondi e quando ela se virou eu aproveitei para fechar a porta.

Encostei na madeira fria e suspirei.

Mas que merda foi essa?

No dia seguinte optei por uma calça jeans rasgada nos joelhos e uma blusa lisa na cor vermelha. Prendi meu cabelo rabo de cavalo alto e fiz uma maquiagem rápida para não me atrasar.

Dinah estava de folga, então quando passei pela cozinha ela estava enrolada em uma coberta, comendo sucrilhos enquanto assistia alguma temporada de Irmão do Jorel. Eu neguei com a cabeça após dar bom dia, deixei um beijo em sua bochecha e saí do apartamento.

Chamei o carro pelo aplicativo (feliz porque não demoraria a pegar meu carro na oficina) e minutos depois ele estacionou em frente ao estúdio.

Lauren já estava dando algumas ordens, a pose séria que combinava perfeitamente com o jeans e o terninho preto feito sob medida contrastava com a pele branca. Os cabelos estavam soltos, uma bagunça linda e eu suspirei com aquela visão.

Tudo bem, eu não queria ninguém na minha vida, mas eu não poderia negar que aquela mulher fazia o tipo de qualquer um que tivesse dois olhos e respirasse, certo?!

Eu forcei meus pés a se moverem em direção a minha mesa e quando ela me viu, a pose séria se desfez por alguns segundos. O sorriso ladino apareceu e ela piscou lentamente, o que fez meu estômago dar um loop e logo em seguida a pose séria retornou e ela voltou a falar com as pessoas que estavam no corredor.

Respirei tentando controlar meus hormônios ao mesmo tempo em que tento colocar minha mente no lugar.

Não Camila, você não vai se machucar de novo.

Sendo assim, foquei no computador a minha frente dando início a mais um dia de trabalho.

Quando voltei para casa, havia uma movimentação na entrada e no elevador. Deduzi ser a entrega dos móveis de Lauren, então para evitar a demora no elevador, resolvi subir os cinco lances de escada.

Péssima ideia por sinal.

Cheguei ao meu andar com falta de ar e me segurando em absolutamente tudo o que via pela frente forçando meu corpo a se manter de pé.

Subi o último degrau vendo Lauren segurando a própria porta do apartamento e segui em direção ao meu. Ela me olhou e arqueou uma sobrancelha enquanto um cara grandão saia do elevador com outro segurando o sofá.

— Sem comen...tários! - Falei afoita assim que ela abriu a boca e ela deu aquele sorriso ladino me dando vontade de dar um tapa nela.

Ai que droga, Deus, por que tão perfeita?!

Assim que abri a porta da sala dei de cara com Normani e Dinah se pegando no sofá. Fiz um barulho de nojo e recebi um olhar feio de Dinah enquanto Normani tentava inutilmente ajeitar o próprio vestido que estava quase na cintura.

— Você tá se sentindo bem? - Dinah mudou a feição para preocupada e eu neguei com a mão.

— Eu sub...bi.. — Parei para respirar fundo e continuei a falar. — Pela escada. — Finalizei e ela negou com a cabeça.

Fui em direção ao quarto e ela voltou a se agarrar com Normani.

— Você quer ir no quiosque? Mani está de folga hoje. - Dinah falou e eu neguei.

— Dinah, a gente ficou de ajudar Lauren com os móveis. - Falei e minha amiga mordeu o lábio com cara de cachorro que caiu do caminhão de mudança.

— Tá, vai lá curtir sua noite. Deixa que eu ajudo ela. - Falei depois de bufar e Dinah se jogou em cima de mim me apertando em um abraço.

— Por isso que eu te amo!

— Interesse puro! - Rebati e ela fez uma careta enquanto saía pela porta com Normani.

— Tchau Camila. - A outra se despediu e eu dei um tchauzinho, sorvendo um grande gole de água gelada.

Não passou dez minutos e eu já estava fechando minha porta para ir até o apartamento de Lauren.

O cara grandão tinha acabado de montar a estante junto com um outro rapaz. Lauren fez o pagamento e logo em seguida eles saíram.

— Agora eu tenho um sofá. - Ela falou divertida e apontou.

— Definitivamente você tem um belo sofá. Essa cor é isabela? - Perguntei e ela arqueou a sobrancelha.

— Pra mim é cinza amarelado, ou cor de burro quando foge como minha mãe costumava chamar. - Ela fez uma careta e eu ri.

— Essa é nova.

Ela deu de ombros e olhou para as caixas. — Pronta pra mais trabalho?

Eu concordei e começamos a tirar os objetos das caixas colocando nos devidos lugares.

Duas horas mais tarde a cozinha (que havia ficado com algumas coisas para guardar do dia anterior) estava tão organizada quando a sala e o banheiro.

O último cômodo ficou sendo o quarto de Lauren, eu fiquei um pouco receosa por ser o cômodo mais íntimo da casa mas Lauren parecia não ter a mesma preocupação que eu.

A cama (agora completa) estava repleta de roupas variadas. Ela ajeitava tudo de forma ágil nos cabides e guardava as peças no guarda-roupa seguindo uma sequência de paleta.

Não vou mentir se disser que não fiquei abismada com a organização dela, então enquanto eu ajeitava os objetos de maquiagem tentei seguir aquele mesmo padrão, mas fiz uma careta ao terminar.

Ok, não estava tão organizado mas pelo menos estava tudo fora da caixa, não é?!

Nós finalizamos e faltava apenas mudar a roupa de cama. Mas ela falou que faria isso depois, então seguimos em direção a sala desabando no sofá.

— Sério Camila, eu não sei o que seria de mim sem sua ajuda pra organizar tudo hoje. O apartamento já estava me deixando aflita. - Ela falou fazendo um coque no cabelo e eu estalei a língua.

— Você pode agradecer em forma de comida. Uma pizza seria ótimo agora. - Falei vendo o sorriso ladino aparecer rapidamente e ela assentiu.

— Eu sou nova no bairro, então a escolha da pizzaria fica por sua conta.

Eu puxei meu celular animada do bolso e disque rapidamente para a pizzaria da tia Jô, aquela era a melhor pizza da cidade sem dúvida nenhuma.

Meia hora mais tarde Lauren abria a porta com a pizza em uma das mãos e o refrigerante na outra. Eu ajudei a fechar a porta e servi dois pratos. Nós iríamos comer na cozinha mas depois mudamos para a sala. Aquele sofá era uma delícia, e parecia fazer uma massagem na coluna toda vez que eu me sentava nele.

Dois pedaços de pizza mais tarde eu já me sentia a ponto de explodir. Lauren mastigava o terceiro pedaço tranquilamente.

— Eu queria conseguir comer tanta pizza assim. - Falei e ela arqueou a sobrancelha puxando mais um pedaço de pizza para o prato.

— É uma habilidade que poucos conseguem, querida Camila. - Ela falou galante e eu ri. — Além do mais, essa é apenas uma das minhas várias habilidades.

Senti um calor se espalhar por todo meu corpo e respirei fundo.

A forma com que ela falou e depois mordeu o lábio enquanto o olhar descia para minha boca me fez arrepiar ao mesmo tempo em que minha cabeça trabalhava imaginando quais seriam as outras habilidades dela. Eu perdi alguns segundos encarando o rosto bem marcado, a sobrancelha grossa, o maxilar travado e os olhos verdes penetrantes.

Lauren se aproximou e era possível sentir a respiração contra minha boca.

Eu mordi minha boca em nervoso. Fazia tempo eu não tinha um contato com outra pessoa nessa intensidade, os lábios avermelhados estavam a ponto de roçar no meu quando me lembrei do motivo de não deixava ninguém se aproximar o suficiente.

Eu me levantei rápido fazendo Lauren tomar um pequeno susto e se ajeitar no sofá.

— Eu vou pra casa, tá tarde. - Falei quase correndo em direção a porta e não esperei resposta alguma para sair e me enfiar no meu apartamento.

Eu sentia meu coração acelerado, merda, eu não podia sentir isso!

Eu não podia deixar ninguém quebrar as barreiras que eu havia levantado a dois anos. O perfume de Lauren parecia impregnado em mim, retirei toda minha roupa jogando no cesto e fui até o banheiro tomar banho.

Após me secar e colocar minha roupa de dormir, me enfiei embaixo da coberta e por mais que não quisesse pensar, minha mente sempre jogava flashs do que poderia ter acontecido caso eu me deixa-se ser beijada.

No dia seguinte acordei de mal humor e sem aroma de café pairando pelo ar. O que significava que Dinah estaria dormindo ou o mais provável, não estaria em casa.

Fui até a cozinha me arrastando e tudo estava em pleno silêncio. Preparei o café rapidamente sentindo meu humor melhorar ao bebericar o líquido quente. Me sentei na frente da tv e liguei no canal que Dinah costumava assistir apenas para a casa não ficar no completo silêncio.

Após terminar o café, segui pra o quarto separando minhas roupas rapidamente e demorando um pouco mais na maquiagem. O tempo estava frio, então escolhi usar a bota de cano longo e retirei o casaco creme colocando por cima das outras peças que eu vestia. Como estava com tempo, decidi buscar o carro na parte da manhã, pelo menos teria a parte da tarde livre.

Desliguei a televisão e sai do apartamento ao mesmo tempo em que Lauren saía do dela.

Ela estava toda de preto, e usava uma jaqueta da mesma cor junto com uma boina branca fazendo um contraste incrível. Ela me encarou por alguns minutos e eu fui a primeira a falar.

— Bom dia Lauren.

— Bom dia Camila, quer carona? - Ela perguntou fechando a porta e eu segui pelo corredor para chamar o elevador.

— Não obrigada, eu não vou pro estúdio agora, eu preciso pegar meu carro antes. - Falei e ela assentiu.

— Se quiser posso te deixar lá.

Eu pressionei meus lábios surpresa com a atitude dela e neguei.

— Agradeço muito Lauren, mas realmente não precisa. - Falei apertando o botão e a descida para o térreo foi em completo silêncio.

— Nos vemos mais tarde então. - Ela respondeu assim que eu pisei para fora do elevador, ela permaneceu parada aguardando ele descer para a garagem.

Fiz um aceno com a mão e mexi no telefone para chamar o carro do aplicativo. Saudei o senhor Roberto enquanto esperava e poucos segundos depois escutei duas buzinadas vinda de um Audi preto, o vidro se abaixou e foi possível ver Lauren no banco do motorista.

— Tem certeza que não quer uma carona?- Ela perguntou alto devido a nossa distância.

— Tenho, obrigada! - Respondi vendo ela assentir, os vidros se abaixarem e logo o carro deu partida.

Eu olhei para o lado mordendo a parte interna da bochecha e encontrei o seu Roberto me encarando.

— Filha, eu não sei pra onde você vai. Mas se eu fosse você, eu teria aceitado aquela carona.

Eu neguei com a cabeça rindo e escutei uma outra buzina, comparei com a placa do carro do aplicativo e me despedi do porteiro.

Faltando cinco minutos para o meu horário, estacionei em uma das vagas do estúdio. Assim que entrei vi Lucy apoiada na minha mesa. Me apressei e guardei minha bolsa e me pus para trás da mesa.

— Bom dia Lucy.

— Bom dia Mila, quase não nos vimos, como tem passado? - Ela perguntou ajeitando o cabelo e eu aproveitei para ligar o computador.

— Bem e você? - Ela perguntou e eu sorri em resposta.

— Eu posso te pedir uma coisa? - Ela perguntou e eu arqueei uma das sobrancelhas.

— Você pode pedir o que quiser, a questão é se eu vou concordar. - Brinquei e ela gargalhou de forma escandalosa.

Minutos depois pude ver a cabeleira escura de Lauren apontar pelo corredor.

— Eu gostaria de saber se você me daria o prazer de te fotografar. - Ela falou como se aquilo fosse a coisa mais banal do mundo.

— Eu, ser fotografada? Nem na próxima encarnação, Lucy. - Eu ri e Lauren se aproximou fazendo Lucy arrumar a postura e se desapoiar da mesa.

— Chefe, eu acabei de propor a Camila algumas fotos, ela daria uma ótima modelo, não é?! - Ela perguntou e Lauren me olhou fixamente enquanto concordava.

Mas logo depois ela suspirou e encarou Lucy. — Como anda o book da Ash?

— Quase tudo pronto, só preciso editar algumas coisas e já vai tá finalizado. Tudo dentro do prazo.

— Ótimo, tudo o que não precisamos é de mais atrasos por aqui, certo? - Lauren perguntou e Lucy coçou a cabeça sem graça.

— Certo chefe. Preciso ir agora, tenho que levar Juju pra regular. - Ela falou enquanto batia levemente na maquina que estava em sua mão. — Tchau chefe, até mais Mila. - Ela se despediu e eu continuei meu trabalho ignorando o corpo que continuava imóvel na frente da minha mesa.

— Tudo bem por aqui, você precisa de ajuda com algo? - Ela perguntou e eu rapidamente neguei.

— Tudo sob controle, obrigada. - Respondi e ela assentiu.

— Ok então, qualquer coisa pode ligar, vou estar no escritório.

Ela falou e caminhou para o corredor saindo do meu campo de visão, só então pude soltar o ar que nem percebi que estava prendendo.

°

Um mês havia se passado, eu fazia de tudo para não me encontrar com Lauren. Seja no serviço (o que era mais difícil) ou quando chegava no apartamento. Mesmo com todos os motivos, minha mente se negava a esquecer aquela noite do quase beijo na casa dela.

Hoje eu marquei de me encontrar com Dinah e Normani para comemorarmos meu primeiro salário e não havia outro lugar em que gostaríamos de passar se não no quiosque próximo a praia.

Eu já havia tomado banho e trocado de roupa por uma mais fresca, coloquei o short jeans desfiado, a regata branca com alguns babados deixando meus seios parecerem maiores e livre de qualquer sutiã. Prendi o cabelo em um rabo de cavalo desleixado e calcei a rasteirinha. Resolvi usar somente um gloss e deixar minha pele respirar sem nenhum outro tipo de maquiagem.

Chamei um carro pelo aplicativo, pois eu não tinha a mínima intenção de dirigir bêbada e aguardei alguns minutos.

Assim que desci no quiosque pude ver Dinah dando beijos no pescoço de Normani. A garota estava avermelhada e a respiração ofegante. Eu ri andando de longe, mas as pessoas que estavam nas mesas próximas pareciam completamente alheias em suas bolhas para se preocupar com o que o casal fazia.

— Oi. - Cheguei abraçando minha amiga e logo depois vi Normani se ajeitar para vir me abraçar.

— Chegou cedo... - Dinah falou ajeitando o cabelo.

— Sério? Achei que demorei até. - Eu arqueei a sobrancelha e ela quebrou o contato.

— Dinah...

— O que você quer beber Mila? - Normani perguntou e eu dei atenção a ela que levantava a mão para chamar o garçom que andava por ali.

— Uma caipirinha de maracujá. - Falei com o rapaz e me sentei do outro lado da mesa.

— Pode trazer mais desses por favor? - Dinah falou apontando para os copos que eram enfeitados com frutas e o garçom assentiu se retirando. — Foi tudo bem no serviço hoje? - Dinah perguntou.

— Tudo normal. - Respondi fechando os olhos enquanto a brisa leve tocava meu rosto e balançava meus cabelos. — Vocês já pediram alguma coisa pra comer?

— Porção de fritas, anéis de lula, camarão, espetinho de queijo assado e algumas ostras com limão. - Ela falou levantando os dedos e eu já senti meu estômago roncar só de imaginar tudo aquilo na minha frente.

— Senhoritas... - O rapaz deixou a caipirinha na mesa e a bebidas delas do outro lado e minutos depois voltou colocando a bandeja enorme no meio da mesa me fazendo gemer com aquele aroma.

Eu sorvi um pouco da bebida e fiz uma careta.

— Muito forte? - Dinah perguntou enquanto sorvia o líquido do próprio copo.

— Não, tá ótima. Amém por amanhã ser domingo. Se não ia trabalhar com ressaca. - Brinquei e senti um perfume conhecido vindo por trás de mim.

— Esse é um péssimo jeito de se trabalhar. Desculpa a demora, Oi DJ. Oi Mani, Camila. - A voz rouca invadiu meus tímpanos e eu não sabia se matava Dinah ou se me permitia escutar mais aquele som.

Lauren se sentou ao meu lado e sorriu. Eu sorri de volta, afinal de contas ela não havia feito nada de ruim.

Me virei para frente e Dinah me encarava com aquele sorriso culpado que ela sempre dava quando aprontava alguma.

— Aproveitei o final de semana e chamei Lauren pra curtir com a gente, ela também não conhece muita coisa por aqui, não é Lauren?! - Dinah perguntou e Lauren assentiu freneticamente.

— Dinah levantou a mão chamando o garçom e ele anotou o pedido de Lauren, não demorando a voltar, deixando a bebida ao lado dela na mesa.

— Então, ao que estamos brindando? - Lauren perguntou quando elevamos os copos ao alto.

— Ao primeiro salário da Mila! - Normani falou alto e depois riu. Fazendo Dinah sorrir abobalhada.

— Ao seu salário então. - Lauren falou e bebericou o mojito.

E todas nós seguimos o mesmo ato.

Eu já me sentia tonta, estava rindo atoa enquanto Dinah contava as coisas bizarras do que acontecia no trabalho de depiladora.

— Eu vou ao banheiro. - Eu falei sorvendo um pouco mais de água, me levantei apoiando na mesa para não cair e andei rindo até chegar o local que estava com uma pequena fila.

Assim que sai de lá, uma sensação de nostalgia me tomou, eu olhei para o lado e no fundo, conseguia ver Dinah, Normani e Lauren rindo de alguma coisa. Eu suspirei e segui a direção contrária pisando na areia e quase caindo.

Me abaixei com um pouco de dificuldade e consegui retirar uma sandália, quando fui retirar a outra quase caí de novo.

Ai que se dane!

Andei em passos trôpegos até a descida, onde as ondas começavam a quebrar com uma rasteirinha no pé, e segurando a outra na mão.

Deixei a onda bater até minha panturrilha e ri vendo o pé com a rasteirinha afundando mais rápido do que o pé descalço.

Cada vez que a onda batia eu ria mais vendo meus pés serem tomados pela areia.

— Tá sozinha? - Ouvi uma voz atrás de mim e logo depois um rapaz loiro, com uma blusa apertada marcando os músculos ficou ao meu lado. — Meu nome é Alex.

Eu encarei o cara por alguns minutos vendo o nariz dele se mover para cima e depois em círculo e ri.

— Você é do tipo engraçadinha então. - Ele falou se aproximando e colocou a mão na minha cintura.

— Ei, tira a mão de mim. - Eu falei meio embolado tentando puxar a mão dele mas ele permaneceu com ela imóvel.

— Por que? Nós estamos nos dando bem aqui.

— Eu tenho namorada tira a mão de mim!

Eu tentei mais uma vez e ao mesmo tempo tentei me afastar mas meus pés estavam atolados na areia.

— Calma gata. Vamos conversar...

— Você não ouviu?! Tire as mãos dela! - Aquela voz que eu gostava tanto se aproximou e o rapaz apertou mais minha cintura me fazendo dar um grunhido de dor e logo depois ele estava no chão.

— Você está bem Camila? Ele te machucou? - Ela perguntou apressada me olhando e eu segurei o rosto dela sem parar de sorrir.

— Você tem olhos de bolinha de gude! - Eu apertei as bochechas dela e apaguei.
 

°

Acordei sentindo como se minha cabeça estivesse sendo martelada. Estava muito claro, o que fazia minha cabeça doer mais mesmo sem estar com os olhos abertos.

Eu me virei e puxei o cobertor para me esconder daquela claridade mas alguma coisa estava prendendo a coberta. Eu tentei abrir os olhos e vi o rosto de Lauren na minha frente.

Eu senti meu coração errar uma batida. Merda porque não conseguia lembrar do que aconteceu ontem? Minha cabeça começou a doer mais e eu tentei puxar novamente o cobertor para cima, e me mantive totalmente estática quando Lauren me puxou para mais perto de seu corpo.

Nossas cabeças estavam quase coladas e tinha um emaranhado de cobertas entre nós. As mãos dela haviam invadido o cobertor e estavam na minha cintura. Eu comecei a sentir meu coração acelerar e tudo piorou quando ela moveu a mão como se fizesse um carinho. Eu fechei os olhos como se pudesse sentir melhor palma dela contra minha pele e suspirei com o contato.

Ah qual é, eu estava sem sexo a dois anos, era óbvio que qualquer contato mais íntimo iria me acender...

— Camz? - A voz dela pela manhã era mais rouca. Eu suspirei de novo. — Camila, eu sei que você está acordada. Você está piscando. - Eu pensei em dar um tapa nela, mas só de pensar minha cabeça já voltou a doer então eu apenas abri os olhos.

— Bom dia. - Ela falou ainda baixo.

— Bom dia. O que você está fazendo na minha cama? - Eu queria soar indignada, ao invés disso minha voz soou calma.

— Fiquei com medo de você precisar de ajuda durante a madrugada, nós trouxemos você desmaiada e depois você falou algumas coisas e pegou no sono. Então eu fiquei aqui.

Eu suspirei e tentei olhar para outro lugar sem ser o rosto pálido dela, mas aqueles verdes estavam tão mais claros devido a claridade do quarto que eu simplesmente não consegui.

— Obrigada. - Agradeci e continuamos ali, paradas uma olhando a outra.

— Eu vou preparar o café pra você. - Lauren falou e se moveu, eu tentei me sentar mas minha cabeça pareceu dar uma sacolejada e eu me deitei novamente colocando a mão na testa como se fosse aliviar a dor.

— Droga! - Xinguei e senti a dor piorar ainda mais.

— Tenta não se mexer, me fala onde pego os remédios. — Lauren pediu e eu apontei para o guarda-roupa.

Ela abriu e puxou a caixinha de primeiros socorros que eu deixava logo na frente e retirou duas aspirinas. Me entregou, foi até a cozinha e trouxe um copo com água..

Eu agradeci e voltei a me deitar quando ela saiu do quarto.

Alguns minutos depois Lauren voltou com a bandeja e eu me sentei da melhor forma que eu pude, ela colocou entre nós duas na cama e eu agradeci por ter café.

Sorvi uma grande quantidade e quase cuspi na mesma hora pela falta de açúcar.

— Puta merda Lauren. - Eu murmurei e ela sorriu sem mostrar os dentes sorvendo o líquido da própria xícara.

Nós comemos as torradas com geleia em silêncio, trocávamos alguns olhares mas nenhuma de nós iniciava conversa alguma, era um silêncio confortável.

Após terminar o café eu já me sentia um pouco melhor, enquanto Lauren foi até a cozinha eu aproveitei para tomar um banho rápido e fazer minha higiene. Quando voltei apenas com a toalha em volta do corpo Lauren tossiu e se virou para a janela, eu peguei uma peça de roupa confortável e voltei para o banheiro para me trocar.

Devidamente vestida, saí do quarto e Lauren já não estava no cômodo. Andei até a cozinha e nada, somente Normani e Dinah dormiam no quarto o restante da casa estava vazio.

Eu me senti triste, tinha expectativa de que ela fosse me esperar e não ir embora.

Merda o que estava acontecendo comigo? Eu evito que ela fique próxima, mas quando ela se afasta eu me sinto mal? Mas porra...

Eu me sentei no sofá e olhei para  frente, a tv desligada refletia meu rosto.

Eu bufei pela quinta vez e fiz menção de me levantar quando ouvi um barulho da porta e em seguida o corpo de Lauren atravessando por ali.

— Não era pra você estar na cama? - Ela perguntou e se sentou ao meu lado.

— Achei que você não fosse voltar. - Respondi séria sem conseguir esconder minha chateação e ela me encarou por algum tempo.

Ela negou com cabeça e sorriu sem mostrar os dentes.

— Eu não tinha muitos motivos para voltar, por mais que eu tente, você me afasta, pensei na possibilidade de você ser hetero. - Ela fez uma careta e eu mordi o lábio. — Mas então, você me olha desse jeito... Eu não consigo me afastar Camila. - Ela se aproximou, e eu que estava sentada em meus próprios joelhos permaneci imóvel. — Você quer que eu fique? - Lauren perguntou e eu suspirei.

— Eu quero que fique, mas ao mesmo tempo eu tenho medo de me machucar de novo. - Tentei ser o mais sincera possível e senti a palma de Lauren acariciar meu rosto.

— Nós vamos no seu tempo, com calma. Eu não tenho pressa Camz. - Ela se aproximou e quando eu pensei que ela fosse selar nossos lábios, ela deixou um beijo demorado em minha testa.

— Quer assistir alguma coisa? - Eu perguntei e ela concordou.

— Vamos ver seu gosto pra seriados. - Ela brincou e fomos em direção ao quarto.

Nós estávamos deitadas, enroladas assistindo Elite, algumas cenas aconteciam e eu sentia Lauren se mover ao meu lado.

— Tudo bem? - Perguntei levantando o rosto e ela concordou.

Então eu voltei minha atenção na série enquanto continuava abraçada com Lauren. Em um certo momento, começaram as cenas de sexo, eu senti meu centro úmido e o quarto de repente ficou quente como o inferno.

Eu olhei para cima e Lauren mantinha a atenção na televisão, quando olhei para baixo, uma ereção grande era visível. Ela fez literalmente meu cobertor de barraca. Eu suspirei pesado e mordi meu lábio sentindo o gosto metálico invadir minha boca.

Nossa eu precisava de sexo, precisava de um bom sexo com uma mulher incrível como Lauren se mostrava ser. Mas Keana também era uma boa mulher quando a conheci.

Eu senti novamente aquele incômodo dentro de mim.

— Camz, está tud... Merda, desculpa. - Ela falou olhando para baixo tentando soar calma — Acho melhor eu ir. - Ela falou e eu assenti.

Não pela ereção, mas pelo sentimento que me tomava naquele momento. Lauren me deu um beijo na testa e desejou boa noite antes de sair do apartamento.

Eu fechei a porta, já que Dinah estava com a própria chave e não tinha horário pra voltar e me enfiei novamente embaixo do cobertor.

Desliguei a televisão e deixei as lágrimas rolarem com as imagens de Keana ao mesmo tempo em que sentia o perfume de Lauren no travesseiro.

Acordei no dia seguinte e escolhi um vestido leve para trabalhar. Demorei bons minutos na maquiagem para esconder minhas olheiras e saí de frente ao espelho quando me dei por satisfeita.

Tomei uma xícara de café e peguei minha bolsa para sair.

Quando cheguei ao estúdio fui abordada por Lucy que ainda insistia em tirar fotos minhas. Ela era uma garota legal, mas minha atenção foi para trás dela assim que Lauren apareceu no meu campo de visão.

Hoje ela estava com um jeans branco, blusa preta e coturno. Os cabelos estavam em uma trança embutida lateral, e por um momento eu só queria enfiar meus dedos ali e bagunçar todos aqueles fios.

— Bom dia Camila. - Ela falou em indo em direção a porta principal.

— Bom dia senhora Jauregui. - Respondi e vi Lucy olhar Lauren até a saída da porta.

— Ela está de bom humor. Que milagre. - Lucy debochou e eu não gostei da forma que ela falou.

— Acho melhor voltar para o trabalho Lucy. - Falei vendo a confusão nos olhos da garota a minha frente.

Ela se despediu e se afastou andando em direção ao corredor me deixando sozinha na recepção.

O dia passou normalmente, Lauren ia e vinha nos corredores acompanhada de algumas modelos ou falando ao telefone, mas sempre que nós trocávamos olhares ela sorria daquele jeito que fazia meu estômago revirar.

No final do dia ela me esperou para fecharmos o estúdio, mesmo que fossemos para o prédio em carros diferentes e eu gostei disso.

 

      11 Meses Depois
 

Os meses haviam se passado e Lauren continuava ainda mais próxima a mim como nos primeiros dias.

Eu havia contado em uma das minhas crises de choro sobre a história com Keana, ela me ouviu sem me interromper em momento algum e depois quando eu havia terminado de falar tudo, ela me puxou para seu colo e ficou abraçada comigo, como se eu fosse um bebê indefeso por horas.

Eu tinha um sentimento muito forte por ela, que crescia cada dia a mais, mas sempre que eu tentava dar um passo a frente, meus medos voltavam e eu retrocedia.

Eu passei horas conversando seriamente com Normani sobre isso, ela se tornou uma grande amiga com o passar dos meses e já havia passado por uma situação tão ruim quanto a minha, e uma frase que ela falou ficou gravada na minha mente.

"O amor não prende, não aperta, não sufoca. Porque quando vira nó, já deixou de ser laço".

Repassando tudo na cabeça várias e várias vezes eu percebi finalmente que eu não podia me punir por querer amar de novo.

Eu havia passado por uma situação um tanto quanto ruim, mas não poderia abrir mão do meu sentimento por Lauren por uma experiência que me deixou marcas.

Afinal, a vida é sobre isso. Sobre lutas, vitórias, quedas, derrotas, cicatrizes e no final o que você tirou de construtivo de cada situação.

Quando eu entendi isso, foi como se minha mente pegasse todos os sentimentos ruins, os medos, receios guardados dentro de uma caixinha que estava trancada a sete chaves e abrisse, fazendo-os evaporarem.

Eu me senti livre, livre para falar pro mundo que eu podia amar de novo, que eu estava apaixonada por Lauren Jauregui e que eu não tinha mais medo.

                                 °          

Eu esperei ansiosamente pelo final de semana. Lauren e eu ficamos até mais tarde no sábado por conta de um contrato que precisava ser refeito, e acabamos saindo do estúdio tarde da noite.

Eu vi o semblante triste quando falei que não iria para a casa dela naquela noite, mas guardei meu segredo comigo porque toda aquela espera valeria a pena.

Assim que cheguei em casa fui direto para um banho, eu precisava me acalmar. Fiz uma depilação completa, usei meus óleos e hidratei meu cabelo. Saí do banheiro cerca de duas horas depois me sentindo incrível.

Coloquei minha roupa de dormir e me virei várias vezes na cama. Desistindo peguei meu telefone e mandei uma mensagem.

- Lo, tá acordada?

Menos de cinco minutos recebi uma de volta.

- Acabei de sair do banho Camz, não estava conseguindo dormir... Está tudo bem por aí?

Eu ignorei a mensagem e nem me preocupei em colocar outra peça de roupa. Calcei minha pantufa de bananas e segui para a sala abrindo a porta e trancando em seguida.

Atravessei o corredor e bati na porta dela.

— Camz, o que aconteceu? - Ela perguntou preocupada assim que se deparou comigo parada em frente a sua porta.

— Eu quero te beijar. - Respondi vendo ela engolir em seco. — E antes que você pergunte... Sim, eu tenho certeza do que eu quero Lo.

Dei um passo cruzando a porta e minhas mãos foram direto para seus ombros.

Eu sentia Lauren tensa, acho que nós duas esperamos tanto por isso que agora parecia tudo surreal demais. Ela colocou as mãos em minha cintura e se aproximou ficando a centímetros da minha boca. Eu quebrei a distância e pela primeira vez em todos aqueles meses juntas pude sentir o gosto do seu beijo. Era como se fogos de artifício explodissem por todos os lados. Nossas línguas se tocando e nossos gemidos trocados de forma sôfrega, aumentavam ainda mais o desejo que já havia em mim.

Nós fomos andando em direção ao quarto sem quebrar o beijo e quando passamos pela porta, Lauren se afastou em busca de ar.

— Camz... Camila.. - Ela tentou falar e eu puxei sua cabeça contra a minha deixando meus dedos se afundarem nos fios grossos e iniciamos outra sequência de beijos.

— Eu quero você Lauren, eu quero um "nós". - Falei assim que me afastei e vi um brilho diferente junto com um sorriso largo crescer em seus lábios.

— Você me faz tão feliz Camz. - Ela sussurrou contra minha boca e voltamos a nos beijar.

No momento seguinte já estávamos na cama, apesar de termos ficado juntas diversas vezes, nos nunca passamos dos limites e ver o corpo de Lauren nu, era um desejo que eu mantinha guardado.

Lauren se sentou nas próprias pernas e retirou a blusa ficando apenas com o short de dormir. Eu passei meus olhos por toda a pele branca desnuda e contornei os seios com a ponta dos meus dedos escutando um suspiro vindo dela.

Eu me aproximei ficando no meio de suas pernas e deixei um beijo casto em sua boca descendo pelo queixo, pescoço e entre os seios.

Era possível ouvir a respiração ofegante de Lauren. Ela segurava minha cintura e apertava de forma possessiva de um jeito que me acendia a cada beijo que eu deixava em seu corpo. Ela se ajoelhou e retirou o short deixando o membro completamente ereto a vista.

Eu resfoleguei e passei a ponta dos dedos contornando o membro com veias grossas e glande rosada.

— Camz.. - Lauren gemeu meu nome que mais pareceu um ronronar e segurou minhas mãos, levando até os lábios e beijando cada palma docemente. — Me deixa te ver. - Ela pediu e eu ergui meus braços para que ela mesma retirasse minha blusa.

Ela o fez com calma, como se aproveitasse cada segundo em que descobria minha pele. Assim que colocou minha blusa na cama ela se aproximou deixando beijos em cada ombro e me olhou daquele jeito amoroso que me fazia derreter.

— Você é a visão mais linda que já pus os olhos, Camila. - Ela sussurrou próximo a minha boca e selou me deixando sentir sua língua.

Os beijos desceram pela minha garganta, colo e mamilos, eu me deitei e levantei o quadril para que ela pudesse se livrar do meu short de pijama. Ela suspirou e passou a mão contornando as curvas da minha cintura até minhas coxas.

Eu me afastei o suficiente para que ela pudesse se ajeitar entre minhas pernas e quando ela se inclinou, pude sentir o membro ereto pressionando minha barriga.

Ofeguei por antecipação e ela desceu, me fazendo arrepiar ao sentir os cabelos escuros percorreram meu corpo. Quando se ajeitou entre minhas pernas, ela deixou um beijo demorado antes de me lamber. Eu arquei a coluna ao primeiro toque de sua língua em meu nervo. Eu ansiava tanto por nisso, que sentia meu corpo se mover sozinho contra sua boca enquanto ela beijava meus lábios maiores e menores da mesma forma em que havia beijado minha boca.

Quando ela prendeu meu nervo fazendo pressão e passou a língua em forma de oito, eu senti meu corpo explodir. Gozei de forma demorada sentindo seus movimentos ainda frenéticos contra mim.

Minhas pernas se fecharam prendendo sua cabeça e ela em momento algum diminuiu as investidas em minha boceta.

Senti uma nova onda percorrer meu corpo e arqueei minha cintura, sentido a pressão em meu clitóris e gozei ainda mais forte em sua boca.

Lauren parou os movimentos lentamente com um sorriso estampado no rosto enquanto eu tentava puxar a maior quantidade de ar que meus pulmões permitiam.

Tudo bem que eu estava sem sexo a muito tempo, mas mesmo quando fazia, nunca havia recebido um oral tão incrível como esse.

Lauren escalou meu corpo e levantou o rosto deixando o queixo molhado com meu gozo próximo a minha boca, eu coloquei a língua para fora e lambi até sua boca, chupei sua língua sentindo meu próprio gosto.

— Eu vou pegar camisinha. - Ela falou fazendo menção de se levantar, mas eu a prendi entre minhas pernas.

— Eu coloquei o implante. - Falei e afastei meu braço mostrando a pequena cicatriz do contraceptivo que havia ali. — Eu nunca transei sem camisinha antes, eu... Eu confio em você também.

— Camz... Eu também confio em você. Essa também é a minha primeira vez sem usar proteção. - Ela murmurou contra minha boca, e deixou um beijo no local que havia o implante, voltando para meus lábios puxando o inferior, o chupando em seguida.

Afastei minhas pernas ficando de uma maneira confortável e Lauren se ajeitou em cima de mim sem quebrar nosso beijo que agora era calmo.

— Pronta? - Ela murmurou contra meus lábios e eu assenti.

Lauren se posicionou em minha entrada e empurrou.

Eu gemi sentindo os centímetro dela cada vez mais fundo em mim. Assim que ela parou de se mover, pude sentir seu corpo tremendo em cima do meu pela força que ela fazia para se controlar.

A ardência inicial estava menos incômoda, e eu me sentia pronta para tê-la se movendo contra mim.

Eu me mexi embaixo dela e ela tomou como uma afirmativa, saindo lentamente e voltando, acertando vários pontos me fazendo gemer alto. Lauren prendeu meu lábio e moveu o quadril saindo e entrando em uma sequência lenta que estava me fazendo sofrer pela ânsia de tê-la mais rápido.

— Lo...

Eu gemi e ela soltou meu lábio preso entre os dentes, dando um beijo em meu pescoço.

Ela mordeu o próprio lábio e o verde se fixou em mim.

— Você quer assim, Camz?

Ela perguntou voltando a se movimentar de forma lenta e eu neguei rapidamente.

Ela sorriu parando de se mover por completo e me deu um beijo de tirar o fôlego e quando voltou a se mover as investidas passaram para rápidas e fortes.

— A-assi-immm!

Eu gemi recebendo Lauren cada vez mais fundo escutando os gemidos roucos em meu ouvido e a respiração forte contra minha pele. Minhas unhas arranhavam suas costas e eu ajudava com os movimentos puxando seu quadril com meus pés que estavam em volta dela.

Nossos movimentos se tornaram erráticos e eu revirei meus olhos no momento em que sentia meu corpo explodir no orgasmo mais intenso que eu já havia tido na vida. No momento seguinte, Lauren gemeu de forma arrastada e seu corpo tensionou em cima de mim enquanto ela gozava.

Nós passamos o restante da madrugada aproveitando cada momento, nos conhecendo ainda mais daquela forma tão íntima.

°

Eu sentia meu corpo dolorido de um jeito bom e ao mesmo tempo estava completamente relaxada, forcei meus olhos a se abrirem e tive um pouco de dificuldade devido a claridade que entrava no cômodo.

— Bom dia Camz. - Lauren sussurrou próximo ao meu ouvido e deixou um beijo demorado em minha bochecha.

— Bom dia Lolo. - Respondi me virando completamente para ficar de frente a ela.

Os olhos claros me encaravam de forma intensa, senti seus dedos colocarem uma mecha de cabelo pra trás da minha orelha.

— Eu amo você Camila, não porque você se entregou pra mim ontem, eu já amava antes disso. Acho que te amei desde a primeira vez que te vi, mesmo sem saber naquele momento. Eu não sou de me declarar assim tão fácil, mas eu preciso que você saiba que você tem todo meu coração.

Eu senti meus olhos marejados, ouvir uma declaração daquelas feita logo pela manhã era mais do que eu sonhei um dia.

— Obrigada por salvar meu coração e por me ensinar o que é amar de verdade Lo, eu nunca pensei que um sentimento pudesse ser tão intenso dessa forma, e você também tem meu coração. Eu te entrego porque sei que você irá cuidar dele como eu vou cuidar do seu. Eu amo você.

Lauren me puxou com os olhos tão marejados quanto os meus e selou nossos lábios de forma demorada. Aproveitamos aquele primeiro final de semana da forma certa, como deveria ser.

           

Continue Reading

You'll Also Like

175K 5.8K 116
Uma menina de 17 anos engravida do dono do morro e eles acabaram c apaixonando
956K 101K 54
Com ela eu caso, construo família, dispenso todas e morro casadão.
921K 47.8K 140
Nós dois não tem medo de nada Pique boladão, que se foda o mundão, hoje é eu e você Nóis foi do hotel baratinho pra 100K no mês Nóis já foi amante lo...
210K 15.4K 92
"To ficando 𝘃𝗶𝗰𝗶𝗮𝗱𝗼 nesse beijo teu" - 𝗟𝗲𝗻𝗻𝗼𝗻 lembro quando nós nem tava junto, mas se falava direto geral dizendo que nós combina muito...