Lauren Jauregui Intersexual
Aqueles números, eram aqueles malditos zeros que me faziam ter que aceitar aquele tipo de trabalho infeliz, mas que era extremamente necessário.
— E então senhorita Jauregui, você aceita a proposta? - Kordei me perguntou impaciente e eu concordei assinando os documentos necessários para a minha contratação.
— Você sabe como funciona. Tem direito a ter dois membros na equipe e outro veículo além do seu. - Eu concordei já ciente de todo aquele trâmite. Era sempre a mesma coisa.
— Você começa amanhã às seis. Essas são suas. - Ela me entregou um molho contendo várias chaves. — Porta da sua casa, portão da frente, portão lateral, saída de emergência....
Ela continuou falando e eu decorei todas as chaves que apenas mudavam o pequeno formato do encaixe.
— Pode se mudar hoje mesmo.
— Obrigada senhora Kordei. - Agradeci e a negra alta me deu um sorriso sem dentes e eu me retirei.
Quando eu fiz o curso minha intenção era ser vigilante escolar, mas após minha irmãzinha Taylor se adoentar, precisei de mais e mais dinheiro para o tratamento e agora, após extensões no curso trabalhava com V.I.P.'s. Mais conhecida como segurança particular, e para meu martírio acabava de ser contratada para ser a segurança de uma cantora chamada Camila Cabello.
Cheguei em casa e antes que pudesse abrir a porta conseguia escutar a voz de Taylor cantando o refrão de Shameless. Eu abri a porta e vi o corpo da minha irmã de 11 anos na frente da televisão segurando uma escova de cabelo e usando o pijama enquanto cantava em plenos pulmões.
Right now I'm shameless
Screamin' my lungs out for ya
Not afraid to face it
I need you more than I want to
Need you more than I want to
Show me you're shameless
Write it on my neck, why don't ya?
And I won't erase it
I need you more than I want to
Need you mor...
Eu assistia toda a cena encostada no batente da porta fechada enquanto ela esticava os braços e balançava os cabelos trançados como se estivesse se apresentando para uma grande plateia mas de repende colocou a mão no peito e começou a tossir me fazendo correr em sua direção.
— Calma Tay, eu tô aqui. - Falei passando a mão por suas costas e vi a pele branca se tornar vermelha devido ao esforço e os olhos lacrimejarem.
Após a crise diminuir ela me olhou e sorriu me fazendo sorrir sem mostrar os dentes.
— Você viu Lo? Eu ainda vou cantar junto com a Camila. - Ela falou confiante e eu sorri passando a mão nos cabelos loiros. — Eu já disse que você vai fazer tudo o que quiser TayTay.
Ela sorriu largo e me abraçou, eu segurei seu corpo e a levantei levando de volta para o quarto me deparando com um pôster enorme de Camila autografado colado na parede próximo ao guarda-roupa.
— TAYLORRR.... - Eu grunhi e ela se ajeitou na cama sorrindo calmamente.
— Ela é linda, não é? - Taylor suspirou ajeitando o edredom no corpo olhando fixamente para o pôster.
— Você sabe bem que esses artistas usam photoshop em fotos e duvido muito que ela seja assim. - Falei encarando a imagem morena.
— A DJ é bonita nas fotos e pessoalmente. - Ela falou e eu dei ombros.
— Dinah é exceção. Mas sinceramente eu tô mais preocupada em ter que pintar a parede quando for tirar esse papel daí.
Ela me olhou com os olhos arregalados e negou. — Por favor, deixe aqui. Você sabe que a Camila é minha cantora favorita desde sempre.
Eu suspirei e me aproximei para beijar sua testa. — Eu vou trabalhar e você vai precisar ficar na casa da Madison. Eu já falei com ela.
Taylor assentiu e seus olhos logo estavam fechados.
Eu passei a mão novamente em seus cabelos, afastando dos olhos e suspirei, éramos só nos duas depois que Clara arrumou um namorado e sumiu sem dar notícias e desde então, eu me viro para cuidar da minha irmã. E tudo ia bem até Taylor adoecer. Nós não temos plano de saúde e os remédios são caros. Os que eu arrumava era suficiente para cuidar dela, mas quem ficaria com uma funcionária que precisava faltar sempre que a irmã se adoentava? E foi quando conheci Madison Beer. Ela era me ajudou uma noite em uma dessas crises de Taylor, eu estava desesperada com minha irmã desmaiada dentro do carro e ele simplesmente havia parado de pegar. Ela veio, nos deu carona ao hospital e esperou pacientemente até sairmos de lá para nos trazer para casa, além se de oferecer para comprar os remédios.
Taylor aparentou uma pequena melhora e eu comecei a me relacionar com a Medison. Ela era uma boa pessoa, mas estávamos em páginas diferentes e continuamos apenas sendo grandes amigas. E agora, quando eu precisava dormir em algum emprego, ela ficava com Taylor, minha irmã a adorava e ainda por cima, fazia Madison passar a metade do dia cantando e imitando apresentações com ela, coisa que alegravam as duas.
Puxei meu notebook para o colo e digitei seu nome enquanto mordia um sanduíche de queijo. Logo a página cheia de fotos de Camila Cabello carregou, haviam várias informações sobre vídeos no YouTube, sites de fofoca e notícias relacionados ao namoro.
Pior do que ser babá de celebridade, era ser babá de celebridade com namorado. A parte boa? Definitivamente o salário. A ruim? A dor de cabeça era tão grande quanto a quantidades de zero que cairiam na minha conta no final do mês.
No dia seguinte me despedi de Taylor e agradeci novamente a Madison deixando mesmo sob protestos uma boa quantia para cuidar da minha irmã. Não mencionei a menor que trabalharia com a sua cantora favorita por motivos óbvios de "ela não me deixaria em paz" mas faria o possível para conseguir uma foto que seja, autografada com seu nome.
Cheguei na casa que era reservada a mim e Keana, e minha colega de trabalho já havia se acomodado.
— Ei Keks. - Falei dando um beijo demorado em seu rosto e coloquei a mala em cima da cama antes de abri-la para organizar meus pertences no armário.
— Oi Lern. Obrigada novamente pela indicação. - Ela falou e piscou. — A Kordei vai nos reunir às 10:00 horas. - Ela falou enquanto separava a roupa social preta e eu aproveitei para fazer o mesmo.
Nós nos conhecemos quando fizemos a segurança da família Hansen. Sem dúvidas trabalhar com Dinah Jane foi a experiência mais incrível que já tive e o que me abriu várias portas graças as suas indicações no meio musical e não consegui pensar em outra pessoa quando Kordei me autorizou a chamar um suporte.
Me olhei no espelho e ajeitei meu cinto o deixando fixo. O uniforme totalmente preto passava seriedade, coloquei o fone de ouvido e ajeitei a arma em minha cintura.
— Quinze minutos. - Keana falou e eu assenti saindo com ela em direção a mansão.
Quando chegamos algumas pessoas já estavam posicionadas pela sala em círculo. Kordei falava ao celular e aos poucos outros funcionários chegaram e ela desligou olhando seriamente para todos que estavam ali.
— Bom dia. - Ela comprimento e todos respondemos em uníssono.
— Desejo boas vindas aos seguranças novos e a partir de agora vou apresentar cada um que trabalha dentro da mansão. - Ela falou e começou a falar o nome da cozinheira, motorista, jardineiro, os rapazes que trabalhavam na manutenção, faxineiras, apresentou os outros dois seguranças que trabalhariam em nossa folga e outros quatro que ficavam pelo local mas apenas dois estavam presentes no momento. — Acredito que todos vocês já tenham visto a senhorita Cabello, seja pessoalmente ou pela mídia. - Ela olhou para Keana e eu e nós respondemos de forma afirmativa. — Ela chega às 15:00 horas no aeroporto, Lauren e Keana vocês irão buscá-la. Austin e Selena, vocês estão dispensados. - Eles assentiram e após algumas outras informações fomos dispensados.
— Caralho que demora. - Keana falou comendo uma barrinha de chocolate enquanto esperamos dentro do carro.
Concordei e olhei novamente o relógio. Dez minutos para o pouso.
— Você quer um pedaço? - Ela ofereceu com a boca cheia eu me afastei negando.
— Você não deveria comer isso, ela vai pousar em poucos minutos.
— Voos atrasam. - Keana falou e eu vi ao longe o avião pousar e ri negando. Keana mastigava calmamente quando vi a cabeleira castanha sair de dentro do avião.
— Esse pelo jeito é bem pontual. - Falei me levantando rapidamente enquanto Keana ficava para trás limpando a boca e jogando a metade do chocolate na lixeira mais próxima.
— Senhorita Cabello. - Keana se apressou a chamar e eu parei atrás dela reparando na morena que a encarou antes de abrir um sorriso. — Keana Issartel. - Ela apertou a mão de forma firme e seus olhos encontraram os meus e... uau.
— Jauregui. - Falei repetindo o movimento de Keana e senti sua mão em um aperto firme.
— Vamos?! - Keana chamou e seguimos em direção ao carro.
Avisei ao motorista sobre nossa chegada pelo ponto e ele estava a postos quando nos aproximamos. Acenou com a cabeça para Camila e entramos, eu fui ao lado do motorista enquanto Keana acompanhava Camila no banco do passageiro.
Segui atenta por todo o caminho e cerca de quarenta minutos estávamos chegando a mansão. Acompanhamos Camila até a entrada e fizemos uma última varredura pelo local antes de sermos dispensadas por Kordei, já que de acordo com ela, Camila ficaria o resto da tarde no quarto descansando da viagem.
Aproveitei para tomar um banho e ligar para Taylor. Ela não havia tido nenhuma crise, o que me deixava mais calma, mas logo Keana saiu do banheiro e eu decidi desligar o telefone.
— Você viu aquela mulher? - Keana perguntou enquanto se jogava na cama e se esticava para pegar uma garrafa de água na pequena geladeira que havia ali.
— Claro que vi, eu não faço segurança para fantasmas Keks. - Brinquei e ela revirou os olhos jogando uma garrafa em minha direção.
— Nossa, eu tô rindo, muito mesmo, só que você não pode ver por ser internamente. - Eu fiz uma careta e sorvi o líquido gelado sentindo meu corpo relaxar levemente.
— A minha afilhada é apaixonada pela Cabello. - Keana falou e meus pensamentos foram direto para Taylor dançando as coreografias, dançando as músicas de forma ritmada e me deixando louca para comprar cada revista que o nome de Camila saísse. — Você entende não é? - Ela riu e eu concordei como se estivesse escutado todas as palavras.
No dia seguinte fomos chamadas por Kordei para levar Camila ao shopping, ela teria uma sessão de fotos para publicidade de uma loja junto com o namorado. Saimos com o motorista e em poucos minutos estávamos no estacionamento.
Eu saí rapidamente fazendo uma varredura e logo em seguida Camila e Keana saíram.
Camila andava normalmente, mexia em alguma coisa no celular e via seus olhos no meu em alguns momentos até que escutamos um grito alto. Minha mão estava em meu coldre e eu fiz menção de puxar a arma quando o segundo grito agudo veio, mas saíram detrás da pilastras duas garotas com uma blusa que tinha o rosto de Camila estampado.
— Porra! - Keana sussurrou e a cor de Camila voltou ao rosto.
Ela sorriu para as meninas que se aproximaram e tiraram fotos, ela assinou alguns CDs e continuamos andando para a área lateral reservada que estava livre.
Keana passou na frente para verificar a passagem e voltou.
— Sem chance de passarmos aqui. - Ela falou e eu me afastei para abrir a porta e verificar por onde teríamos que sair e o local estava lotado, não teria possibilidade nenhuma de somente duas pessoas fazerem a segurança dela naquela situação.
— O que foi? - Camila perguntou de forma assustada.
— Está lotado. - Respondi e puxei meu celular do bolso e risquei rapidamente o número da chefe de segurança.
- Kordei, é a Jauregui. Sim chegamos, mas precisamos de reforços para passar, publicaram o local. Ok, estamos aguardando.
— Nós vamos aguardar a chegada de Austin e Selena para passarmos. - Eu falei e ela assentiu.
— Aqui, olha. Acabou de sair a matéria. - Keana me mostrou a rede social que havia notas de um perfil anônimo falando sobre a tarde de fotos que Camila teria na loja do shopping. — Por isso que está lotado assim. - Keana finalizou.
Quando Austin e Selena chegaram, o local ja havia triplicado de cabeças, pessoas na porta gritavam por ela e cantavam músicas segurando cartazes liguei novamente para Kordei explicando a situação e ela me retornou dez minutos depois passando a coordenada de um estúdio para onde iríamos.
Seguimos para o endereço e fomos recebidos pela equipe que fazia parte da loja. Camila se trocava enquanto ficávamos olhando todos os lugares tendo o retorno de Austin e Selena pelo ponto a cada verificada no primeiro andar.
Camila sorria e fazia várias poses, o fotógrafo trabalhava de maneira rápida, a parte demorada era a troca de roupa, e algum tempo depois Shawn Mendes apareceu.
Camila deu uma leve repuxada no lábio, que pude perceber por estar olhando fixamente para o seu rosto assim que ele passou pela porta. Ele selou os lábios dela de forma demorada e se posicionou atrás dela como foi solicitado para a sessão continuar.
— Olá, eu sou a Allyson, faço a segurança do Mendes. - Ela falou sorrindo e esticou a mão em minha direção.
— Jauregui. - falei apertando a sua mão e vi quando seus olhos se focaram rapidamente para trás de mim, onde aconteciam as fotos.
Cerca de duas horas depois estávamos saindo, diferente do que eu imaginava os dois andavam lado a lado, mas cada um focado em seu próprio celular.
— Tem um grupo de paparazzi na saída. - Escutei a voz de Austin no ponto.
— Entendido. - Respondi olhando para Keana que havia escutado a mesma mensagem.
— Senhorita Cabello, senhor Mendes, tem um grupo de paparazzi na saída. - Eu falei e vi Camila suspirar. Camila ajeitou o cabelo e Shawn jogou a cabeça para o lado o deixando o cabelo de forma bagunçada. As mãos de Shawn foram para a cintura de Camila. Os corpo se aproximaram a medida que chegávamos próximo a saída.
Quando abrimos a porta, vários flashs piscaram em nossa direção, tentei meu melhor para conseguir continuar andando e afastando os fotógrafos que tentavam se aproximar demais.
Keana era um pouco mais bruta e chegava a empurrar alguns sutilmente forçando um distanciamento. Shawn segurou Camila e a beijou de forma apaixonada antes dela entrar no carro, outras três pessoas apareceram no carro de trás e ele seguiu com os próprios seguranças para lá.
Assim que entramos no veículo a chuva de flash continuou, e Camila estava com o pescoço avermelhado,
— Tudo bem senhorita Cabello? - Eu perguntei.
Ela respirou fundo e me olhou novamente. Eu sei que os olhos castanhos são normais, mas os dela tinham algumas nuances mais claras, que me lembravam chocolate e ainda tinha aquele misto de intensidade e curiosidade.
— Eu estou bem.
E naquele momento eu soube que não estava nada bem.
Eu cheguei a levantar um pouco a mão para acariciar seu rosto, mas me lembrei da minha posição e assenti, ficando séria novamente.
Mas que merda? Eu quase acaricio minha cliente, eu nunca tinha feito nada disso antes. Sempre prezei por respeito, mas a única coisa que eu queria naquele momento era tirar a dor que estava em seus olhos enquanto ela me olhava fixamente.
Chegamos em casa e Camila subiu correndo para o quarto, eu queria conversar com Kordei, mas ela estava ocupada.
Nós fomos dispensadas e então voltamos para o quarto.
— Doideira. - Keana falou do nada enquanto bebia uma latinha de refrigerante.
Eu já estava de banho tomado, vestia uma regata e um short que batia até o joelho. Estava inquieta por querer conversar com Kordei então decidi ir até ela daquele jeito mesmo, já que estava de folga e não aguentaria esperar mais.
Kordei estava sentada próxima a piscina, parecia estar com a cabeça longe, uma movimentação nos chamou atenção e ela puxou a arma mirando acima do muro, próximo a uma árvore e um vulto cinza pulou me fazendo xingar baixinho. Ela me olhou com o rosto divertido e guardou a arma novamente.
— Eu quase matei um guaxinim. - Ela negou com a cabeça e eu me aproximei.
— Kordei, eu..
— Normani. Pode me chamar de Normani quando estivermos de folga. - Ela falou e me deu espaço para passar e sentar na cadeira vazia que estava ao seu lado.
— Normani. - Eu falei sorrindo. — Eu gostaria de conversar com você. Tentei hoje cedo, mas você estava ocupada.
— Tudo bem Lauren, pode falar. Aconteceu algo?
— Na verdade é uma situação estranha. - Eu comecei e tive sua atenção. — Quando chegamos ao shopping e vimos toda aquela gente, Keana entrou na rede social e viu que um perfil anônimo havia enviado as coordenadas.
— Sim. - Ela falou e suspirou. — Nós estávamos verificando o perfil, mas com a burocracia do site deve demorar algum tempo.
— Mas é isso que é estranho Normani. - Eu falei e sua testa enrugou. — A publicação havia sido feita naquele momento exato. Como já haviam tantas pessoas esperando por Camila antes dela acontecer?
— Realmente, faz sentido. - Ela falou pensativa. — Estava muito mais lotado quando Austin e Selena chegaram, isso seria normal se as pessoas viessem pela página.
Eu concordei e ela me olhou.
— Droga, agora nós precisamos saber quem divulgou. — Eu preciso fazer algumas ligações.
— Desculpa atrapalhar sua folga. - Falei e ela balançou as mãos em minha direção.
— Desde o sequestro eu não sei realmente o que são folgas. Eu tenho Camila mais do que uma cliente Lauren.
Ela falou e eu permaneci sentada próxima à piscina. Alguns minutos depois estiquei minhas pernas e permaneci com os olhos para o céu. O clima estava um pouco abafado, o céu estrelado e a lua cheia aparentava estar duas vezes o tamanho normal.
Devido a posição relaxada acabei cochilando ali mesmo e só acordei assustada quando ouvi um barulho alto. Me levantei assustada e vi o corpo nadando por baixo d'água, ele se movia rápido, já estava na metade da piscina então eu me sentei novamente na mesma posição que estava.
Vi sua cabeça surgir na beira da piscina e depois voltar a mergulhar.
Eu não sei quanto tempo ela ficou nesse vai e vem mas quando saiu da piscina, parecia exausta. Camila pegou impulso com os braços e se sentou ficando com as pernas na água, eu continuei sem me mover apenas olhando seu corpo molhado. Ela olhou para cima, a cascata de cabelos castanhos quase encostando no piso, e depois me encarou.
— Aproveitando a vista? - Ela perguntou e eu arqueei um pouco o corpo, me sentando em posição de índio.
— Sim, muito. A lua está maravilhosa. - Falei e ela riu, me fazendo sorrir.
Ela se levantou e por alguns instantes pensei que ela iria embora, mas ela foi até uma mesa e pegou um roupão branco, estendeu na cadeira ao meu lado e se deitou.
— Eu gosto de nadar, me faz pensar. - Ela falou algum tempo depois quebrando o silêncio.
— Eu gosto de atirar, ficar boas horas dentro de um estande de tiros. - Ela me olhou com a sobrancelha arqueada e eu dei de ombros. — O que?
— Achei que você fosse falar outra coisa. - Disse se ajeitando na cadeira.
Eu neguei e fiz menção de me levantar.
— Espera, fica. - Ela pediu e vi seu semblante mudar.
Eu me ajeitei novamente e ela suspirou.
— Eu só fico cansada de ter que me controlar por causa das mídias, ou pelo que as pessoas vão achar caso eu saia do roteiro. - Ela sorriu sem humor olhando para a piscina.
— Se minha irmã estivesse aqui, você não ousaria falar isso. - Falei divertida e vi seus olhos brilharem.
— Por que?
— A minha irmã tem quase um amor platônico por você, o quarto dela é cheio de tudo o que diz a respeito do seu nome, ela coloca o celular para despertar em horários de entrevistas, escuta podcasts... - Eu falei negando e ela sorriu.
— Qual é o nome dela? - Ela perguntou curiosa e seu semblante parecia melhor.
— Taylor.
— Bonito nome. Ela sabe que você trabalha comigo? - Ela perguntou ajeitando o roupão.
Meus olhos foram direto para as pernas torneadas e eu me forcei a subir com o olhar para seu rosto, mas eles teimaram em demorar pelo corpo curvilíneo e os seios pequenos.
— Ela, ãn, não sabe. Eu não contei porque ela não me deixaria em paz.
Camila sorriu com a língua entre os dentes e, deus, aquele sorriso era muito mais lindo pessoalmente do que em vídeos.
Ela se levantou e andou até a borda.
Eu não sei se foi por provocação, ou se ela é o tipo sensual naturalmente, mas aquele movimento me deixou excitada.
— Você quer entrar? - Ela perguntou olhando por cima do ombro e eu engoli em seco.
— Não, obrigada.
Ela se abaixou, ficando com a bunda empinada na minha direção e eu arfei. Ela brincou um pouco com a água e pulou novamente.
Aproveitei esse mergulho para sair dali. Meu membro estava completamente ereto, e eu não precisava que ela visse minha situação.
Quando entrei no quarto Keana estava dormindo. Agradeci mentalmente e fui direto para o banheiro tomar um banho frio antes de me deitar.
No dia seguinte aproveitei a folga para checar Taylor, ela chegaria a qualquer momento do colégio.
— Vocês precisam de alguma coisa Madison? - Perguntei e ela me encarou de cara fechada.
— Eu te pedi alguma coisa por acaso, Lauren? - Eu neguei e ela revirou os olhos. — Eu sei que você está preocupada, mas nós estamos bem. Se acontecer de precisarmos, eu te mando uma mensagem.
Eu concordei e algum tempo depois Taylor chegou, o corpo animado veio pra cima de mim.
— Você não disse que vinha! - Ela me olhou chateada e eu dei um beijo em sua testa.
— Eu preciso conversar com você, mas quero saber, como você está? Está sentindo alguma dor?
— Não, a Mad me dá os remédios, e eu só cansei porque sai escondida para brincar com a vizinha da frente. - Eu olhei séria e ela fez uma cara de culpada. — Mas eu já me desculpei e prometi a Mad que não faria mais isso.
Eu levantei meus olhos e Madison estava apoiada na pia terminando o lanche de Taylor nos encarando e tentando me relaxar.
— Você sabe que não pode brincar com isso Taylor. E se você precisar de ajuda? Hein? - Perguntei e ela abaixou o olhar.
— Eu não faço mais. - Respondeu e me olhou com aqueles olhos e eu a puxei contra meu corpo.
— Eu só tenho você TayTay. Eu preciso estar longe, você tem que tomar mais cuidado.
Ela não respondeu mais, apenas apertou o corpo contra o meu.
— Eu preciso te contar um segredo do trabalho. - Eu falei e ela se afastou me olhando com curiosidade.
— Promete...
— Prometo não falar com ninguém sobre isso...
— E..? - A olhei divertida com a sobrancelha arqueada.
— E que isso ficará só entre nós duas. - Ela cruzou com os dedos no peito e deu um beijinho. — Agora me fala. - Ela parou uns instantes e olhou para o lado. — Ei. - Taylor chamou Madison que olhou divertida. — Isso vale pra você também.
Ela revirou os olhos e repetiu o que Taylor havia acabado de falar, fez o sinal da cruz no peito e levou o dedo a boca, beijando de forma teatral.
— Agora sim, pronto. - Taylor falou e se ajeitou no sofá.
— Eu estou trabalhando na casa de uma pessoa que você gosta muito, e vou te dar duas chances. - Eu falei e vi seus olhos se arregalarem.
— Camila... Justin?
Ela falou de uma vez de forma animada e eu ri.
— Eu estou trabalhando com... - Fiz um suspense e ela brigou.
— Fala Lauren!
— Camila Cabello.
— EU NÃO ACREDITO! - Ela falou animada e começou a pular na sala.
— Tay... Se acalma! - Ela sentou em minha direção com o sorriso largo.
— Ela é linda não é? Mais o quão linda fica pessoalmente do que nas fotos ou no pôster do meu quarto? A Camila falou com você? Vocês conversaram? Você viu aquele namorado dela? É de verdade? Eu acho que não é de verdade.. ela fica estranha às vezes. Você já falou com ela? Me fala...
— Tá, muitas perguntas. - Eu cocei minha nuca e ela começou a tossir.
Madison pegou um pouco de água e eu abracei seu corpo passando a mão em suas costas.
— Vai passar... Shhh... vai passar Tay. - Eu falava pra ela baixinho e tentava acreditar nisso também.
Após algum tempo a tosse passou e ela bebeu um pouco de água. Ela me acarou e eu a levei para o quarto, ajudei a tomar banho e coloquei uma roupa de dormir quentinha.
— Você falou com ela? - Ela me perguntou com um tom de voz cansado e meu peito apertou.
— Falei Tay, conversamos um pouco e eu falei de você também.
— Ela sabe que eu existo? - Ela perguntou animada e eu assenti.
— Você pode entregar uma coisa pra ela?
— Taylor Jauregui...
— É só uma coisa, eu juro. - Ela falou e fez aqueles olhos pidões. — Tá lá em casa, na gaveta, dentro da caixinha rosa.
— Tudo bem, eu passo lá e trago a sua caixinha, também.
Ela concordou e continuou me olhando.
— O que foi?
— Vai, ué. Tô esperando você ir. - Respondeu fazendo graça e eu saí quarto.
— Já volto Madison. - Avisei e saí de lá para pegar a tal caixinha rosa.
Quando entrei em seu quarto, olhei novamente o pôster e sorri. Camila realmente era linda, muito mais linda pessoalmente. Eu me adiantei e mexi na gaveta pegando a caixa e tranquei tudo antes de sair de lá e voltar para a casa de Madison.
— Aqui. - Falei entregando a caixinha e ela puxou o cordão para fora da blusa e abriu com a pequena chave que ficava pendurada no pescoço.
— O que você guarda aí dentro? - Eu perguntei tentando olhar por cima da tampa e ela puxou para longe.
— São meus tesouros. E essa aqui, você entrega pra ela.
Ela me deu um envelope lacrado com um adesivo de coração e haviam alguns brilhos nela em torno do "De Taylor para C.C"
— Não pode abrir. - Ela me alertou e eu concordei.
Seus olhos estavam quase fechando então eu dei um beijo em sua testa, coloquei a caixa já trancada embaixo da cama e sai dali deixando somente um pouco da porta aberta.
— Ela dormiu. - Falei e Madison guardou o lanche dela na geladeira e pegou dois, colocando para nós duas.
— Ela ficou animada. - Madison falou e mordeu um pedaço do sanduíche.
— E agora eu tenho que entregar isso para Camila. - Respondi e coloquei a carta dentro da bolsa.
— Boa sorte com isso. - Ela disse divertida. — Ah, olha essa colagem que ela fez. - Ela levantou deixando o sanduíche de lado e foi até a mesa de centro pegando uma moldura com corações ao lado e eu ri da foto que estava lá.
— É sério? Você e Justin Bieber? - Eu falei entre risadas e ela puxou da minha mão segurando a moldura próxima ao peito.
— Para tá? Você sabe que eu tenho uma paixão por esse cara. - Ela falou e eu ri, puxando a moldura novamente.
Na fotografia havia um casal na frente de uma praia e um pôr-do-sol ao fundo, havia uma foto de Justin colada no rosto do rapaz, e no rosto da moça, havia uma foto de Madison.
— A Tay fez isso com você Monkey? - Perguntei usando o apelido que tinha dado esticando a moldura e ela encarou de forma abobalhada.
— Fooi.. - Ela respondeu suspirando e beijou a foto antes de colocá-la no lugar.
Nós conversamos durante algum tempo e algumas horas depois Taylor acordou mais disposta. Me fez várias perguntas e eu respondia as que eu podia.
— E ela tem vários tipos de sorrisos. Mas teve uma vez, que ela estava no programa de entrevistas e o Shawn apareceu no telão do programa. Ela fez o sorriso número 5. Aquele sorriso forçado, como se fosse de desagrado.
— Mas Tay. Eu não entendo como uma pessoa pode ter vários sorrisos assim. - Falei e a vi ficar emburrada.
— Você precisa conhecê-la para saber, é só ficar atenta e você consegue descobrir todos os 9.
— Mas você não disse que eram 10? - Perguntei coçando a cabeça. Eu sentia como se ela fosse explodir de tanta informação.
— Eu fiz a contagem de baixo para cima. O sorriso de número 1 eu nunca vi.
— Tá, eu preciso ir agora TayTay. Me levantei vendo um bico crescer em seus lábios. — Se eu não for, como você acha que ela vai receber essa carta? - Eu perguntei e ela sorriu largo.
— Tudo bem. Eu amo você e não demora pra voltar. - Ela me abraçou apertado e me deu um beijo molhado na bochecha.
— Se cuida, seja obediente e qualquer coisa, peça para a Madison me ligar. - Dei um último abraço nela e beijei demoradamente sua testa. — Eu amo você baixinha.
Me despedi de Madison e segui para a mansão Cabello. A noite já havia caído e uma chuva fina molhava o gramado. Entrei e aproveitei que estava sozinha para tomar banho e me trocar. Não estava com fome então aproveitei para dormir cedo.
Durante a madrugada o alarme soou, eu e Keana pulamos da cama pegando nossas armas. Seguimos em direção a frente da casa e algumas pessoas estavam vindo, entre elas, Camila, com uma roupa de dormir presa por um robe amarrado de qualquer jeito.
Austin segurava o rapaz com os braços para trás, o prendendo no chão. Ele levantou o rosto e olhou para Selena antes de abaixar a cabeça novamente. Selena não demonstrou reconhecer o rapaz, eu deixei pra lá mesmo desconfiada e fui em direção a Normani que já estava com os policiais na linha. Ela passou o endereço e aguardamos.
— Sobe Camila, deve ser só um paparazzo. - Ela falou e olhou de forma afetuosa antes da morena se virar, me encarar uma última vez e entrar para dentro de casa.
O restante da noite se passou de forma lenta. Todos estavam atentos, e qualquer barulho já estávamos com arma em punho. Camila dormia em seu quarto enquanto Keana fazia segurança do corredor e o restante de nós ficamos espalhados pela casa.
— Mas por que tentaram sequestrá-la? - Keana perguntou baixo enquanto tomávamos café da manhã.
— Pela grana, é claro. - Austin falou chamando nossa atenção. — Ela não só é cantora, os pais antes de morrer deixaram um belo dinheiro pra ela.
Eu fiquei quieta enquanto ele falava sobre a história do acidente. Isso não saia na mídia, não tinha como todas as pessoas saberem, e caso saísse, eu saberia, Taylor já teria me contado esse detalhe.
— Então, simplesmente o helicóptero caiu? - Keana perguntou e ele concordou.
— Não encontraram nada, estavam apenas os destroços e nada mais. Após algum tempo foi dado o motivo perda de controle da aeronave. - Ele falou fazendo aspas com os dedos. — Mas por mais que Camila tenha se empenhado somente uma pessoa foi presa, mas não fizeram mais nada além disso.
— Ela tinha quantos anos quando aconteceu? - Me ouvi perguntando por curiosidade.
— Estava para completar 17 anos. - Ele falou e logo mudamos de assunto com a chegada de outros funcionários da casa.
No dia seguinte, eu me sentia inquieta, aproveitei o tempo a noite para ir novamente para a área da piscina tentar, por sorte vê-la ali. As horas se passavam e nada dela aparecer, me dei por vencida e fui tentar dormir.
No dia seguinte Camila teria uma sessão de fotos e entrevista em uma rádio. Fizemos todo o trajeto de forma tranquila, apenas na rádio havia um grupo de fãs, ela os atendeu pacientemente, tirou fotos, autografou inclusive a coxa de uma menina e ficou abismada com a tatuagem de outra com um trecho de uma de suas músicas no braço.
Eu assistia tudo mesmo atenta a outras coisas que passavam em nossa volta. Gostei de sua atitude com os adolescentes ali, alguns deles chegavam a pernoitar apenas para vê-la mais perto, e esse carinho estava sendo recompensado da forma que ela podia fazê-lo. Enquanto outros artistas, com o qual eu trabalhei, chegavam a mudar de rota, ou passava tão rápido diante dos fãs, que eles mal podiam entregar algum presente.
Durante a entrevista da rádio, Camila contou sobre o a música que estava para lançar, falou sobre a tour que começaria em alguns meses e sobre sua vida pessoal. Eu estava atenta a ela, e realmente a coisa dos sorrisos que Taylor falou, era verdade. O sorriso que eu gostava, de acordo com a Tay era o de número 7. Sorriso com a língua entre os dentes, o nariz ficava um pouco enrugado, e quando estava com pouca maquiagem, era possível ver as sardas que haviam espalhadas em seu rosto. Quando chegamos em casa, antes de entrar, aproveitei que Keana estava falando ao ponto e me aproximei de Camila.
— Eu preciso te entregar uma coisa. - Falei e ela manteve os olhos castanhos em mim.
— O que?
— É uma carta da minha irmã, eu contei sobre você e ela ficou eufórica. - Falei e ela sorriu, o sorriso número 2. O que ela dava largamente fechando os olhos. — Pode me encontrar hoje a noite?
Ela concordou no mesmo instante que Keana voltou a prestar atenção nós e se despediu. E pelo restante da tarde eu fiquei ansiosa, esperando que chegasse o horário de encontra-la.
Tomei um banho demorado, aproveitando para lavar meus cabelos e coloquei uma blusa com alça fina e um short mais folgado, peguei a carta colocando no bolso e fui em direção a piscina.
Ela já estava nadando quando cheguei. Então apenas deixei a carta em cima da mesa, e me sentei vendo seu corpo dar três voltas pela piscina antes de sair.
— Oi, por que não me chamou? Está esperando a muito tempo? - Ela perguntou puxando a toalha e eu neguei.
— Cheguei agora a pouco, e não iria te atrapalhar, você parecia relaxada demais. - Respondi e ela sorriu se sentando.
— Posso pegar? - Ela falou apontando para a carta e eu dei de ombros.
— Tecnicamente já é sua. - Sorri e ela secou as mãos pegando o envelope.
— Eu amo brilhos. - Ela falou sorrindo curiosa virando a carta e devido a claridade que batia vindo da luminária que ficava próxima a saída, a carta ficava acessa, com vários brilhinhos rosas.
Ela abriu com cuidado tentando não rasgar o adesivo e puxou a carta, um pouco grossa. Ela me olhou e começou a ler em silêncio. Os olhos marejavam e ela sorria vez ou outra. Ela virou a folha e me olhou, de um jeito que não pude decifrar.
— Você não abriu a carta, não é? - Ela perguntou e eu senti um frio na barriga.
— Ela pediu para que eu não abrisse, mas olha Camila... Taylor é muito intensa, mesmo com 11 anos e, não leve a sério tudo o que diz aí. Eu não sei o que ela te mandou, mas se for alguma coisa que você não gostou...
— Não.. Não é isso. Ela só tem 11 anos? - Perguntou e eu concordei.
— O aniversário dela é em duas semanas.
Camila concordou e voltou os olhos para a carta e me encarou novamente. Colocou o papel dentro do envelope e continuou lendo o último.
Como a luz estava a seu favor e contra mim, não era possível ver o que estava escrito, eu só precisava rezar pra que não fosse nada grave ou que me fizesse perder o emprego. Ela suspirou e ficou séria alguns segundos antes de levar a mão aos olhos.
— Ai Camila, me desculpa, me devolve aqui essa carta... Eu não deveria ter entregado sem ler.
Ela dobrou o papel e colocou no envelope junto com o restante e respirou fundo.
— Ela não falou nada demais. Eu só estou impressionada em como uma garota tão nova consegue me entender tão bem e enxergar tantas qualidades que nem eu mesma acho que tenho.
— Ela te acompanha a muito tempo Camila, e se ela escreveu as coisas, foi coração.
— Vem, me acompanha. - Ela pediu se enrolando no roupão e eu olhei sem entender.
— Vem Lauren. - Ela chamou de novo e eu a segui em direção a porta.
Nós passamos pela grande sala e subimos a escada pegando o corredor até o quarto. Ela abriu a porta e entrou, em seguida colocou a cabeça pra fora.
— Lauren, pode entrar...
Eu obedeci e entrei no quarto que poderia ser do tamanho de toda minha casa.
Havia uma cama próximo a janela, com alguns babados e na parede ao lado algumas fotos, eu estava longe mas conseguia ver quatro pessoas em todas elas. Ela entrou no closset e voltou de lá com um conjunto de moletom rosa. Nas costas havia seu sobrenome escrito em um tom mais escuro e próximo a coxa da calça havia as iniciais C.C.
— Você acha que esse cabe nela? - Perguntou enquanto estendia mais o conjunto na cama.
— Nem pensar, Camila. Você não precisa fazer isso.
— Sim ou não Lauren? - Ela me olhou de uma forma que me arrepiou.
— Sim. - Eu respondi e ela sorriu convencida.
Andou até a cômoda e puxou alguns papéis que estavam rabiscados, acredito eu que com partes de música e retirou de lá um papel em branco. Ela ficou algum tempo escrevendo e depois improvisou um envelope com outro papel e colocou a carta dentro.
Ela retirou uma sacola do guarda roupa com algumas blusas e colocou o moletom e a carta dentro.
— Não está colada, mas mesmo assim não vale bisbilhotar.
— É sério isso? - Eu perguntei com a sobrancelha arqueada e ela sorriu novamente me fazendo rir em seguida negando com a cabeça.
— De segurança particular para pombo correio...
— Você reclama demais Lolo. - Ela brincou mas eu gelei escutando meu apelido sair de sua boca, me virei e ela me olhava com um sorriso travesso.
Na próxima folga fui para casa e levei a sacola junto. Taylor pulou pela casa toda em êxtase, não tanto pelo conjunto de moletom, mas pela carta e eu não fazia a menor ideia do que estava escrito. Depois de ler, ela a guardou e escreveu outra me entregando. Eu revirei os olhos e ela me fez fazer o mesmo juramento de sinal da cruz no peito e depois beijar meu dedo, como sinal de que eu não iria ler nada.
Passamos a tarde juntas e a aparência dela estava melhor, o que me deixou mais aliviada quando precisei voltar para a mansão.
Duas semanas haviam se passado, me arrumei e peguei o presente que havia comprado para ela no dia anterior.
— Que demora. - Camila falou me assustando e eu a olhei sem entender.
— Desculpe?
— Você está atrasada. - Ela falou séria. — Vamos Lauren, eu não gosto de me atrasar. - Ela falou e eu olhei com incredulidade.
— Você vai comigo?
— Mas é claro, eu fui convidada. - Ela falou e me olhou impaciente.
— Lauren, vamos.
— Não Camila, e os seguranças?
— Achei que você fosse minha segurança Lauren. - Ela falou brincando e piscou andando em direção ao carro.
Eu ri meio desesperada. Como levaria ela comigo? Eu posso ser demitida...
— Camila, eu agradeço sua intenção...
— De nada, agora entra no carro. - Ela falou rápida e se acomodou no banco do carona.
Bati minha mão na testa e segui para o carro, coloquei a caixa grande no banco do passageiro com cuidado e voltei para dentro.
— Relaxa Lauren, está tudo sob controle. - Ela falou de forma calma e eu tentei me apegar nessa frase pra não surtar ainda mais.
Alguns minutos depois chegamos na entrada do prédio, Camila estava com shorts jeans, uma blusa com personagem de desenho e o cabelo preso no alto. Ela segurou uma sacola com um embrulho de presente e pulou do carro. Eu saí e peguei a caixa travando o alarme em seguida.
— Vem, vamos. - Eu chamei e ela andou ao meu lado.
Eu estava tensa, não só por tê-la perto, mas porque as coisas poderiam sair do controle e a culpa seria minha.
Nós chegamos na área aberta e subimos a escada. Uma música baixa tocava e Camila sorriu de forma larga. E eu percebi ser alguma música dela, mas a voz estava diferente.
— Essa foi uma das primeiras músicas que eu cantei, fazia tempo que não escutava. - Ela falou e eu sorri vendo seu rosto brilhar.
— Espera um minuto... - Falei abrindo e encostando a porta.
— Cadê a minha aniversariante? - Eu chamei e vi seu rosto tristonho abrir um sorriso.
— Lo, você demorou! - Ela falou se jogando em meus braços e senti seu corpo tremer de leve.
— O que foi Tay? - Eu perguntei sentindo seu aperto mais forte.
— Ninguém apareceu ainda. - Madison sussurrou e eu me abaixei, vendo os olhos vermelhos.
— Não liga pra isso, Tay. É bom que sobra mais bolo e salgadinhos. - Eu brinquei e ela sorriu sem mostrar os dentes.
— Tem muita coisa Lo. - Ela falou ainda tristonha.
— Mas eu trouxe uma pessoa que vai adorar comer tudo isso. - Eu falei e ela arregalou os olhos.
— Quem? - Ela perguntou olhando por cima do meu ombro. — Quem veio com você Lo?
Eu me levantei e abri a porta vendo Camila entrar e esticar os braços para minha irmã.
— Você veio! - Ela gritou e correu até Camila pulando em seu colo enquanto a outra a agarrava. Taylor ficou pendurada como um coala, presa firmemente no pescoço da morena enquanto suas pernas se entrelaçavam em volta da cintura.
Eu mentiria se falasse que não me emocionei com a cena, eu sempre tive minhas festas de aniversário cheia de amigos da escola, e não tenho a mínima ideia do quão mal ela deveria estar se sentindo sem os amiguinhos no dia mais importante do ano. Mas tudo parecia ter sido esquecido assim que Camila passou pela porta. Elas permaneceram mais algum tempo naquela posição e Taylor voltou a ficar em pé. Encarando Camila como se fosse uma deusa. O que não era mentira.
— Você é tão linda! - Ela falou e Camila passou o dedo contornando seu nariz.
— Você já se olhou no espelho? Parece uma princesa da Disney. - Respondeu e Taylor corou violentamente.
— Ah, eu trouxe uma coisa pra você. - Ela pegou a sacola que estava esquecida no chão e a entregou.
Taylor foi até o sofá e se sentou para abrir, enquanto isso Camila sorriu pra mim e depois seus olhos foram de encontro de Madison.
— Olá. - Ela falou sorrindo e Madison passou alguns segundos encarando antes de se aproximar.
— Oi, olá. - Ela respondeu abraçando Camila.
Taylor de um gritinho e Camila sorriu.
— O que você deu a ela? - Eu perguntei e seus castanhos me olharam de forma suave.
— Meu CD box e um DVD da última tour que ainda será lançado. - Ela falou de forma simples e Taylor correu novamente em nossa direção.
— Você pode autografar pra mim?
— É claro Tay. Me dá uma caneta. - Ela pediu e Taylor a puxou para o quarto.
— Ela é.. Uau. - Madison falou e eu concordei com um sorriso bobo nos lábios.
Alguns minutos se passaram e eu estranhei a demora, segui para o quarto e as duas estavam sentadas na cama. Taylor estava com a caixinha rosa aberta e Camila mexia em alguma coisa ali dentro, mas como o corpo estava na frente eu não conseguia ver.
— Você me ensinou a seguir o meu coração, você deveria fazer isso também. - Minha irmã falava séria e Camila concordava balançando a cabeça.
Mas que diabos, Taylor estava dando conselhos?
— É feio ouvir atrás da porta Lo. - Taylor falou e eu me senti corar vendo os pares de olhos em mim.
— Me desculpa, eu vim chamar pra cortar o bolo. - Sorri amarelo e ouvi o barulho da caixa ser fechada.
Cantamos parabéns e Madison gravou vídeos, e tirou fotos de todos os momentos. Apesar de estarmos apenas nós 4, Taylor estava feliz e isso era o importante pra mim.
Comemos bolo, salgadinho e tomamos refrigerante tudo em meio a vários sorrisos. Camila vez ou outra sorria em direção a Madison, mas havia algo ali. O sorriso não chegava até os olhos como acontecia quando ela sorria para Taylor.
O telefone de Madison tocou e ela se afastou para atendê-lo.
— Lauren eu preciso ir no trabalho, tudo bem esperar um pouco? Eu não vou demorar.
— Claro, vai lá. Qualquer coisa me liga que eu dou um jeito.
Ela concordou, e saiu. Taylor estava entretida na casa dos sonhos que eu havia comprado e terminava de colocar alguns bonecos de colagem feitos com papelão no fundo nela.
— É sua namorada? - Camila perguntou e eu neguei.
— Ex. Mas ela me ajuda com a Taylor enquanto eu fico no trabalho.
— Ah, entendi.
— Camila, Lo, vocês poderiam me ajudar aqui? - Taylor pediu e nós fomos até ela.
Camila se sentou no chão olhando cada bonequinho e eu estiquei a mão para abrir o pacote de purpurina acompanhava a caixa e a entreguei.
— Agora você faz um pedido e despeja o brilho pela casa. - Camila falou e Taylor concordou fechando os olhos com força despejando todo o brilho pelo telhado.
Ela sorriu largo mas começou a tossir, assustando Camila. Eu me apressei e a levei até o sofá.
— Camila, pega um pouco de água por favor.
Camila pegou um copo de plástico e o encheu de água e me entregou enquanto eu passava a mão nas costas de Taylor.
— Shh.. calma Tay. - Eu passei a mão em sua testa e joguei a franja para trás, sentindo os dedos molhados de suor.
— Você quer que eu chame a emergência? - Camila perguntou se sentando do lado oposto e eu neguei.
Taylor parou com a tosse e jogou o corpo para o lado de Camila, que a segurou firme, beijando sua cabeça.
— Lauren, ela está suando frio...
— Nós conversamos depois. - Eu falei e ela concordou.
Dei um pouco de água para Taylor, que logo depois pediu para ir pra cama. Eu a levei e Camila não saiu do meu lado, passou a mão pelos ombros dela e cantou uma música fazendo minha irmã encará-la sorrindo mesmo de forma cansada, para depois dormir.
Saímos do quarto e eu respirei fundo.
— Não dá pra chamar a ambulância porque nós não temos o dinheiro para o procedimento que ela tem que fazer. A Taylor tem aterosclerose.
— Aterosclerose?
— Basicamente os vasos que levam oxigênio ao músculo cardíaco dela estão obstruídos. Então ela tem essas tosses, as dores no peito, a falta de ar... Eu consigo comprar os medicamentos como antianginoso, betabloqueador, anti-hipertensivo e o anticoagulante. Preciso comprar mais alguns mas o mais importante no caso dela é a cirurgia. Eu estou juntando para ela fazer, mas fora isso, nós só temos que esperar e ficar de olho porque às vezes ela extrapola. Ela é uma criança e quer se divertir, só que a situação dela a limita de fazer até mesmo corrida então, ela acaba se sentindo excluída.
— Caramba Lauren. - Camila exasperou e seu telefone tocou. — Merda.
— O que foi?
— Eu.. eu preciso..
- Oi Mani. Sim, estou bem, se acalma!
Não, eu não estou em algum avião fugindo ou sequestrada. Estou bem, Estou com a Lauren. Mani, Normani... Nós conversamos quando eu chegar. Tá, tchau.
Ela suspirou e me encarou.
— Ela encontrou meu bilhete no quarto, eu deixei escrito que iria sair e não avisei para onde. Ela estava pronta pra ligar para a polícia.
— Puta merda.
Algum tempo depois Madison retornou e eu levei Camila para se despedir de Taylor. Ela estava dormindo, mas eu conhecia bem aquela garotinha para saber o quão magoada ela ficaria se fossemos embora sem dar tchau.
— Promete de coração? - Ela perguntou após Camila falar que voltaria para vê-la.
— Como é isso? - Ela perguntou e Taylor mostrou o sinal.
— Certo, eu prometo de coração. - Camila fez o sinal sob o olhar atento de Taylor e depois foi minha vez de me despedir.
Conversei com Madison rapidamente sobre a crise de Taylor e pedi para ela me avisar se algo acontecesse.
Estávamos no carro e eu iria ligá-lo quando Camila se aproximou, passando a mão em alguns fios do meu cabelo, me deixando gelada.
— Tem.. glitter aqui. - Ela falou tão próxima que pude sentir o hálito quente contra minha bochecha.
Ela puxava alguns fios, mas o toque era leve, como se ela estivesse me fazendo uma carícia. Eu encarei seu rosto, e ela tinha o olhar intenso em mim.
Ela se aproximou mais, ficando a centímetros da minha boca e selou nossos lábios. Ela se afastou pouca coisa e eu a puxei de volta, tocando nossos lábios antes de pedir passagem com a língua em sua boca. Suas mãos vieram para minha nuca e ela me puxou, aumentando mais nosso contato no beijo. Nós nos afastamos quando o ar se fez necessário, Camila mordeu o próprio lábio e eu selei antes de ligar o carro e partimos para a mansão.
Quando chegamos Kordei mandou que aguardássemos no escritório. Camila estava relaxada e eu, com o cu na mão.
— Vocês querem me fazer infartar, é isso?! - Ela falou assim que colocou pés dentro da sala. Kordei parou próxima a mesa e nós encarou. Eu engoli em seco.
— Eu deixei uma carta. - Camila falou tranquilamente.
— Eu não vou debater isso. - Ela falou com certa irritação.
— Você é minha amiga acima de tudo, não esqueça que às vezes eu quero viver. Fazer coisas que pessoas normais fazem sem ter um bando de fotógrafos malucos atrás de mim, como ir a um aniversário de criança. - Ela respondeu e Kordei arqueou a sobrancelha me olhando. — Eu estava em segurança, Lauren estava lá caso fosse necessário.
Ela suspirou e assentiu.
— A Lauren não tem culpa de nada, eu me joguei no carro e ela só me obedeceu. - Ela falou e se levantou indo em direção a porta.
— Espera Camila. - Kordei se aproximou e olhou para o rosto de Camila puxando algo de seu cabelo. — Por que seu cabelo está cheio de glitter colorido?
Camila me encarou e sorriu. Um sorriso divertido que fez meu coração amolecer.
— É uma longa história. - Ela falou e se virou saindo do cômodo em que estávamos.
— E agora, nós duas. - Kordei voltou a posição e eu permaneci ereta, como se nada me atingisse, mas por dentro cheia de medo. — Na próxima vez, só... Me mande uma mensagem dizendo que está com ela.
Eu concordei mais não iria me desculpar por que caso o fizesse, também estaria me desculpando não só pelo dia incrível que Camila proporcionou para Taylor, como também pelo beijo que demos no carro.
— Amanhã Camila irá viajar, eu conversei com os outros. Keana e Austin serão responsáveis pela segurança da manhã e você e Selena da noite.
— Okay. - Me levantei para sair.
— E Lauren... - Ela falou e eu me virei vendo seu rosto mais tranquilo. — Ela parece ter se divertido hoje, obrigada por isso.
Eu sorri e sai do cômodo e indo até a casa que eu dividia com Keana para arrumar minha mala.
— Garota, foi fez a gente suar aqui. - Keana falou assim que saiu do banheiro.
— Mas já estou aqui, Camila está lá em cima provavelmente dormindo. - Respondi de forma leve vendo sua sobrancelha arquear.
— Camila, huh?
— Camila Cabello, senhorita Camila.. Ah Keana, não enche. - Joguei uma blusa nela e ela riu.
— Vai se foder Lauren. - Ela jogou de volta acertando meu rosto e eu guardei, antes que começássemos uma guerra de roupa.
A vistoria já havia sido feita assim que chegamos no hotel. Além de Camila também estavam hospedados ali Shawn Mendes, Dinah Jane e Justin Bieber.
Com a quantidade de seguranças que estavam ali estava tudo sob controle.
Alguns fãs conseguiram entrar no hotel, nada que pudesse causar problemas, era um grupo pequeno de pessoas mas logo foram dispersada. A entrevista aconteceria no dia seguinte e teria a participação dos quatro por conta de um single que seria lançado.
A área da piscina foi ocupada por eles e quando ouve a troca de turno e me aproximei da área reservada, pude ver Camila e Shawn se beijando.
Senti uma coisa ruim em mim, por mais que as cabeças não se movessem, e os lábios estivessem somente encostados eu não me sentia a vontade para ver a cena, então, me virei para o outro lado. Pelo movimento feito, eu vi que havia um fotógrafo em cima do muro, quase fazendo um malabarismo para se manter ali.
— EI, VOCÊ! - Eu gritei chamando sua atenção e ele se desequilibrou, caindo para o outro lado.
Quando virei para a área da piscina novamente pude ver Camila limpando os lábios enquanto Shawn mexia no celular.
— AH, EU NÃO ACREDITO! LAUREN!? - Aquela voz alta soou e pelo timbre só poderia se tratar de uma pessoa..
Dinah pouco se importou com meu uniforme ou meu horário de serviço. Ela veio em minha direção e me abraçou apertado chamando atenção dos três que estavam ali.
— Que saudade!
— Saudade também, DJ. Como está todo mundo? - Perguntei enquanto ela se afastava.
— Todos bem. Colocando o terror em casa e nos seguranças, provavelmente.
Nós rimos e percebi que Camila não parava de me encarar.
— Não acredite em tudo o que vê. - Ela me deu um tapa na testa e eu ri, passando a mão.
— Eu preciso voltar pro meu posto. - Falei dando um beijo nela uma última vez. — Você pode conseguir um um autógrafo do Justin com o nome de Madison? - Perguntei e ela assentiu. Me afastei voltando para a área longe da piscina e antes que eles pudessem sair de lá para voltar aos quartos,Dinah me entregou um autógrafo destinado à Madison com um coração desenhado no final, e eu rapidamente tirei uma foto enviando para ela, recebendo um áudio dela chorando de alegria.
Durante a noite fazendo a varredura no corredor de Camila perdi o sinal com Selena, então decidi descer para avisar sobre o problema no ponto. Peguei a escada para ser mais rápido e me deparei com Shawn e Allyson aos beijos próximo a saída de incêndio.
Eu tossi e eles olharam para cima, então continuei descendo como se não estivesse vendo nada. Shawn se afastou e logo depois entrou em seu quarto.
Avistei Selena no final do corredor e informei sobre o problema em seu ponto e ao verificarmos que estava tudo bem, subi para o andar de Camila.
Eu andava de um lado para o outro, mais parecia barata tonta do que uma segurança e meus pensamentos estavam a mil.
O filha da puta traia Camila na cara dura.
— Lauren? - Sua voz me chamou e eu fui até ela.
— Algum problema? Está precisando de algo? - Perguntei e ela assentiu.
— A gente pode conversar? É rapidinho.
Eu olhei para os dois lados do corredor e como estava tudo tranquilo eu entrei em seu quarto.
— Eu sei que você me viu beijando Shawn hoje, mas eu queria que você soubesse que... Nós não temos nada.
Eu encarei seu rosto com dúvida e ela suspirou.
— Vocês namoram Camila.
— Não Lauren, isso foi marketing da agência. Nós começamos esse namoro por causa de uma música e, temos um contrato então, ficamos por aparência, por nossa carreira.
— Por isso que ele estava beijando a segurança? Por que, vocês tecnicamente são livres?
Ela concordou e sorriu.
— A Allyson e o Shawn são namorados.
— Oi?
— Oi, tudo bem? - Ela brincou e eu ri.
— Eles estão juntos a um tempo, só que pouco antes deles assumirem nós tivemos a música e logo depois o contrato, então eles continuaram namorando escondido. Nós só nos beijamos ou fazemos demonstrações quando vemos algum paparazzo. - Ela explicou e eu entendi.
— Como vocês conseguem?
— É tudo pela música. Nós fazemos o que precisamos mesmo que isso nos quebre às vezes, não que eu me sinta feliz em enganar meus fãs, mas a grande maioria sempre acerta e não leva nosso namoro a sério. Eu preferiria que eles não comentassem tanto de forma negativa, pois assim, nós sempre precisamos nos doar mais nessa mentira. Porque fica como se não estivesse sendo convincente o suficiente. Nós somos bons juntos, mas nada passa de amizade, você entende?
Eu assenti e ela se aproximou.
— Eu acho que entende...
— "Eu acho que entende" ? - Perguntou me encarando se aproximando mais.
— Não, quer dizer, entendo. - Falei nervosa vendo seu corpo cada vez mais próximo ao meu.
Ela segurou o meu cabelo que estava preso e desceu a mão pela minha nuca, eu entreabri os lábios em busca de ar e fui surpreendida com a sua boca em um beijo intenso.
Camila me tinha contra a parede e minha mão foi para sua cintura, a puxando mais para mim. Ela resfolegou em minha boca antes de aprofundarmos o beijo. Seus dedos me causavam arrepios e eu já podia sentir meu membro ereto por dentro da calça. Ela desceu a mão por cima da roupa e ficou com a mão parada por cima do meu membro, me fazendo pulsar, desejando mais contato, deu um aperto com a mão aberta e eu gemi em sua boca. Ela afastou a boca e subiu até minha orelha.
— Eu vou sentar tanto em você Jauregui. - Eu apertei sua cintura com mais força e coloquei seu corpo contra a parede.
Camila me dava espaço para descer com os beijos por seu pescoço, abriu meu cinto e desceu o zíper da minha calça. Eu abri o robe que ela usava e deslizei por seu ombro deixando uma mordida leve e ele caiu no chão, deixando seu corpo exposto usando somente um conjunto de renda.
Senti seus dedos em meu membro e abaixei a alça do sutiã abocanhando seu seio escutando um gemido em resposta. Ela segurou me membro pela base e abaixou a boxer deixando meu membro duro entre nós duas. Retirou a mão de mim e puxou a própria calcinha e voltamos a nos beijar. Sua perna direita se apoiou em minha cintura e meu membro roçou por seu sexo, ela gemeu novamente e eu deixei a glande em sua entrada. Sua perna esquerda se entrelaçou em mim e meu membro entrou até a metade arrancando um gemido de nós duas ao mesmo tempo.
Camila rebolou e eu mordi seu pescoço ao me sentir inteira dentro de sua boceta. Eu segurei sua bunda e sai, estocando forte novamente. Ela jogava a cabeça para trás, encostando na parede enquanto nossos corpos se moviam, retirei meus sapatos e minha calça sem afastar nossos corpos e andei até a cama ainda com ela na cintura e me sentei, deixando-a ficar por cima.
Camila abriu minha blusa, sem se mover em cima de mim, para minha tortura, levantou meu sutiã, deixando meus seios a mostra, sua boca foi até meu mamilo e o lambeu sem parar de me encarar. Seu quadril subiu e desceu vagarosamente, me fazendo segurar sua cintura com força. Ela gemia a cada descida e eu podia sentir sua boceta me apertando, eu estava próxima de gozar mas não queria fazer antes dela.
Segurei sua cintura assim que ela desceu e ergui meu quadril, a levantei segurando a bunda e desci no mesmo momento que eu subia com meu próprio corpo, as mãos vieram para meu seio e a minha foi para o clitóris inchado, meus dedos escorregavam por ele devido a sua lubrificação e ela gemeu manhosa enquanto gozava pra mim.
Ela se abaixou colando nossos lábios, e eu escutei um barulho vindo da minha calça. Ergui o corpo e ela se afastou para que eu pudesse levantar.
— Merda. Coloquei o ponto que estava jogado no chão e cliquei escutando a voz de Selena.
— Lauren, droga, está me ouvindo?
— Oi, Estou Selena. Algum problema?
— Não, só passei pelo corredor e não te vi.
— Estou no banheiro. - Falei e escutei uma risada baixa de Camila.
— Certo, eu vou te cubrir por enquanto então.
— Obrigada.
Peguei o aparelho e minha calça para vestir, e olhei para cama. Camila havia se deitado com a barriga para cima e abriu as pernas deixando seu sexo à mostra. Eu soltei um palavrão, larguei minhas roupas me aproximando da cama vendo ela apoiar o peso com os braços e beijei suas coxas até encostar em seu clitóris inchado, passando a língua vendo ela se contorcer. Eu movia minha língua por toda sua boceta, os gemidos me excitava cada vez mais e eu já podia sentir meu membro ereto novamente. Puxei meu sutiã, o retirando completamente e fiquei por cima dela, sentindo o corpo se encaixar no meu perfeitamente. Ela afastou as pernas e eu entrei novamente escutando o gemido próximo a minha boca. Diferente de alguns minutos atrás eu entrava e saia devagar, aproveitando a sensação de sentir suas pernas em volta de mim, suas unhas arranhando minhas costas e braços, a boca entreaberta a cada vez que eu estava fundo e rebolava e os olhos castanhos que nunca se desviavam dos meus. Sua mão apertava o lençol, eu sabia que ela estava próxima a beira novamente. Entrelacei nossos dedos e apoiei nossas testas aumentando um pouco mais os movimentos. Camila gozou demoradamente e vê-la tão exposta daquela forma me fez ter vontade de tê-la sempre.
Nós estávamos apenas nos olhando, eu me aproximei e beijei demoradamente a boca macia que já me deu passagem para intensificarmos o contato.
Minha mão afastou alguns fios de cabelo sem quebramos nosso contato e dei dois selinhos finalizando o beijo. Ela deitou com a cabeça próxima a minha e me deu um sorriso lindo, um que não entrava na lista de Taylor. Ficamos um pouco mais ali, até que escutamos meu celular novamente.
— Ainda no banheiro Jauregui? - A voz de Selena soou sarcástica eu concordei.
— Acho que foi do almoço que não me caiu bem.
— Ok, me avise quando for voltar para que eu volte ao meu posto.
— Tudo bem.
Eu voltei até Camila e a beijei novamente.
— Eu preciso ir. Ela vai desconfiar. - Falei selando o bico que ela fazia.
Eu me vesti e fui até o banheiro ajeitar meu cabelo e ri de como meu rosto estava, eu era uma bagunça.
Precisei de um pouco de água para prender meus cabelos rebeldes e quando estava saindo ouvi toques na porta do quarto.
Camila, que estava com o robe preso no corpo seguiu até lá. Ela mandou uma piscada e eu ri.
— Quem é? - Ela perguntou ainda com a mão na maçaneta.
— Senhorita Cabello, é a Selena.
Camila me olhou e eu estranhei.
O que Selena estava fazendo chamando Camila?
— Pode falar. Estou terminando de me vestir. - Respondeu olhando em minha direção.
— Eu trouxe sua encomenda.
Um flash veio em minha mente. A entrada do fotógrafo na mansão tão segura, as pessoas aglomeradas no shopping, o perfil falso, todas essas coisas aconteciam no turno de Selena e Austin.
Antes que pudesse abrir minha boca, Camila abriu a porta.
— Que encomen....
Selena entrou colocando um pano no nariz fazendo a latina desmaiar.
— Anda logo caralho! - Selena vociferrou e um homem entrou no quarto vestido com o uniforme do hotel, carregando um carrinho para roupa suja.
Eu fiz uma chamada para Kordei e antes que ela pudesse falar algo soltei a frase o mais baixo possível.
- Código vermelho no quarto da Camila! Selena a está sequestrando, tem um homem aqui e não sei mais quem está com ela nisso.
Desliguei assim que escutei um "Entendido" mas havia medo em sua voz.
Eu sai tentando não fazer barulho. Os dois seguravam pela perna e braços para colocá-la no carrinho. Eu cheguei próximo ao homem e o prendi com um mata leão, ele soltou as pernas de Camila fazendo o corpo cair por cima de Selena. Ciente que ela possuía uma arma igual a minha, eu deixava o corpo dele sempre na frente do meu.
Ela soltou o corpo de Camila e eu senti o corpo que prendia entre os braços amolecer.
O joguei no chão e fui para frente. Camila havia caído em cima de sua perna e como ela não conseguia correr a tempo ela puxou o corpo desmaiado e apontou a arma para sua cabeça.
— CHEGA MAIS PERTO PRA VOCÊ VER SE NÃO MATO ELA! - Ela gritou e eu dei um passo para atrás
— Abaixa essa arma Selena, não tem motivos para fazer isso.
— NÃO TEM MOTIVOS? - Ela gritou passando a mão com a arma no nariz. — Essa piranha acabou com a minha infância, meu pai está preso por culpa dela!
— Selena...
— Se ela não tivesse pago para colocarem a culpa daquele acidente em alguém... - Ela voltou a se exaltar. — A CULPA É DELA DE EU TER PASSADO TUDO O QUE PASSEI COM MEU IRMÃO!
— E você acha que vale a pena ir parar o mesmo lugar que seu pai?
Ela riu sem humor. — EU VOU TIRAR MUITO DINHEIRO DELA PRIMEIRO..
Eu percebi um movimento atrás de mim e me virei acertando um golpe no rosto do homem, mas senti a faca que ele segurava cortar meu braço.
— JOSH! Ela gritou e ergueu o corpo, eu saquei minha arma e acertei um tiro em seu ombro direito.
— FILHA DA PUTA! - Ela gritou e tentou pegar a arma com a outra mão, fazendo o corpo de Camila cair para o lado.
Ouve um estrondo na porta e vários policiais entraram no quarto, Selena foi retirada e prenderam o homem que estava sangrando desmaiado atrás de mim. Eu fui direto até Camila e passei a mão em seu rosto. A pele estava gelada, e a respiração fraca.
— Senhora, venha. Está sangrando! - Um policial me chamou mas eu me neguei deixá-la ali.
Poucos segundos depois a emergência chegou, Camila foi para o oxigênio e eu fui encaminhada para a ambulância para tomar pontos no corte que havia sido profundo.
Algum tempo depois Normani chegou e veio ao meu encontro.
— Lauren.. Lauren.. - A mulher desesperada não parecia a chefe de segurança que me deu medo nos primeiros dias. — Como você está?
— Normani, eu estou bem, eu estou preocupada com Camila.
— Eu já fui até ela, ela está desacordada ainda mais os batimentos estão bons, Selena e o irmão já foram para a delegacia e você precisa ir também para prestar o depoimento.
— Era ela por trás de tudo Kordei. Os sequestros.. informações vazadas.. Tudo era por vingança...
— Vingança de que? - Ela perguntou com os olhos arregalados e eu contei toda a história que Selena havia dito no quarto.
— Na ficha constava que ela era órfã. - Normani falava, mas os policiais me chamaram para ir até a delegacia.
Horas depois eu estava no hospital com Normani aguardando novidades sobre Camila.
— Parentes de Camila Cabello? - Ele chamou e nós duas nos levantamos.
Ele explicou que ela teria que passar a noite em observação e que ainda estava sonolenta devido à toxina que havia inspirado.
Me neguei a sair dali e contei calmamente sobre como havia sido a noite e não demorou para ela ligar os pontos a respeito de termos transado. Normani me olhava agora de forma solene, e não como minha chefe. Eu estava cansada mentalmente, mas não ficaria em paz em sair dali sem saber que Camila estaria 100% bem.
No dia seguinte fomos informadas que ela receberia alta. Normani entrou e conversou com ela antes de ajudá-la a sair. Seus olhos encontraram os meus e ela me abraçou, eu apertei seu corpo e beijei sua testa.
— Vamos, antes que apareça algum fotógrafo por aqui.
Quando saímos Camila ergueu a cabeça e roçou com o lábio no meu. Eu segurei firmemente sua cintura e ajudei a entrar no carro.
Durante a tarde meu celular tocou, era Taylor então eu atendi na mesma hora.
— Tay?
— VOCÊ, AI MEU DEUS! .. VOCÊS ESTÃO NAMORANDO! O PÓ FUNCIONOU!!! - Taylor gritou do outro lado da linha e eu me levantei sentindo uma leve tontura por ter feito o movimento rápido demais.
— Tay, respira e me fala.. Onde você viu isso?
— Tá no blog de fofoca, AI MEU DEUS! Você não me contou!
— Tay, a irmã vai desligar agora, eu te amo.
— Manda beijo pra sua NAMORADA!
Eu passei a mão no cabelo e puxei o notebook para pesquisar a tal notícia.
"NOVO AFFAIR — DIA TRISTE PARA AS SHAWMILA'S."
Estava em número 1 em buscas. E logo embaixo aparecia uma foto nossa.
O beijo na saída do hospital.
Eu peguei o notebook e entrei pela mansão parando apenas ao encontrar Normani no telefone.
- Tá, eu vou verificar. Eu não sei! - Ela falava rápido e desligou quando me viu.
— Eu... - Virei o notebook em sua direção e ela levou a mão na testa.
— Malditos fotógrafos! - Ela chutou uma poltrona e subiu as escadas, quando chegou na metade me olhou. — Vem Lauren, nós temos que conversar.
Eu entrei no quarto que estava com a porta aberta e Normani mexia no notebook de Camila e a outra sorriu daquele jeito lindo quando me viu. Eu tentei não ficar com cara de boba, mas era difícil.
[...] Não sabemos exatamente o que aconteceu, mas fontes internas comentam sobre uma tentativa de sequestro e a salvadora foi a responsável para que isso não acontecesse.
A única informação que temos é que ela faz parte da equipe de segurança da cantora e compositora Camila Cabello, e que a moça estava preocupadíssima enquanto sua amada passava a noite no hospital.
Durante a saída conseguimos flagrar esse beijo, será o fim de Shawmila?
— Meu deus, só piora! - O marketing já ligou querendo saber quem é a garota que você estava beijando.
— A gente já não pode aproveitar e terminar toda essa palhaçada de namoro fake? - Camila perguntou e bateu na cama para que eu sentasse com ela.
— Camila, só faltam mais alguns meses. - Normani falou e Camila estalou a língua fazendo barulho.
— Exatamente Mani, só faltam alguns meses. Conversa com a Julie. Shawn também não quer mais e olha só, essa notícia vai ser boa para nós dois.
Normani suspirou. — Eu vou falar com sua agente, mas esteja preparada para uma negativa.
Normani saiu do quarto e Camila me puxou.
— Eu não pude te agradecer por ter me salvado, então... - Ela se aproximou e nos beijamos demoradamente enquanto o notebook permanecia em meu colo. — Obrigada Lo.
— Você estava pesquisando sobre isso? - Ela perguntou enquanto olhava a foto no site.
— Taylor me ligou e falou que estamos namorando e algo sobre o pó.
— O pó Lauren, aquele dos desejos que veio junto com a casinha. — Você não achou coincidência nossos cabelos estarem cheio deles?
Eu sorri e neguei. — Ela não tem limites.
A noite após uma reunião com a agente de Shawn e Camila, foi decidido finalizar o contrato de namoro falso com a agência de marketing. Os dois se abraçaram em comemoração e Shawn não demorou em puxar Allyson para um beijo demorado.
Ambos perderiam uma boa quantia, mas tem coisas que realmente não vale vender. A felicidade deles era uma delas.
Camila me puxou para um beijo e escutamos assobios, nos afastamos e logo ficamos sabendo que, não só haviam descoberto meu nome como havia um shipper que se chamava "Camren".
Quando todos foram embora, Camila me chamou para subir. Eu estava sentada na cama quando ela voltou com uma caixinha tamanho médio.
— Nós precisamos agradecer a uma pessoa por isso. - Ela brincou e abriu a caixa que continha várias cartas de Taylor.
— Caramba, era um complô. - Eu brinquei e ela sorriu.
— A minha favorita é essa. - Ela pegou uma carta que reconheci ser a primeira pela quantidade de brilhos que havia no envelope.
Ela falava o quanto Camila era importante na vida dela, sobre as músicas e no final ela falava sobre mim, sobre achar que nós combinaríamos e que eu poderia ser a segurança da vida dela.
— Ela não sabia que eu trabalhava aqui, como ela escreveu isso? - Eu perguntei abismada e puxei uma foto colagem.
— Ai porra! - Eu encarei e Camila sorriu largo.
— É perfeito! - Ela falou e eu ri.
Era uma colagem de saída de casamentos, Taylor colocou o recorte do rosto de Camila na noiva e uma minha no rosto do noivo.
— Agora só precisamos fazer os exames pré operatório para a cirurgia dela. - Camila falou e eu olhei incrédula.
— Você está brincando?! Camila.. isso é...
— É um presente meu, por ela me ter feito abrir os olhos e voltar a ser a mesma Camila de antes.
Eu puxei seu rosto e nos beijamos demoradamente.
°
No mês seguinte eu estava com Camila na sala de espera. A operação já havia sido feita e estávamos aguardando Taylor acordar.
Camren como éramos conhecidas estava sempre em primeiro lugar nas buscas, Camila havia conseguido mais trabalhos e já até havíamos feitos algumas fotos juntas. Não era uma coisa que eu amava fazer, minhas poses eram sempre sérias e isso, de alguma forma causava excitação em todo o fã clube.
Eu continuei trabalhando como segurança particular dela, e a melhor parte definitivamente era estarmos sempre juntas, seja na mansão ou em viagens.
Não houve mais nenhuma tentativa de sequestro e foi provado que Selena e Josh Gomez eram a causa deles, e que o perfil anônimo pertencia a seu irmão. Os dois passariam um bom tempo na cadeia. Em uma das viagens Kordei se juntou a nós, Dinah estava no mesmo hotel curtindo as férias e quando os olhos dela se encontraram com os de Normani a faísca pôde ser vista de longe.
— Lo, vem.. Vamos dormir. - Camila sussurrou baixo por trás do meu corpo enquanto sentia a mão dela deslizar por minha barriga.
Nós tínhamos acabado de ter uma noite prazerosa, mas eu nunca cansaria de ter as mãos dela em mim. Eu me virei e a peguei no colo levando até a cama e ela deu meu sorriso número 1. O sorriso que eu amava, o que demonstrava todo amor dela por mim. A beijei demoradamente, sentindo e aproveitando cada toque. No final do beijo ela me encarou séria e mordeu minha boca, puxando meu lábio inferior.
— Casa comigo? - Ela sussurrou próximo a minha boca e eu sorri selando seus lábios. — Casa comigo, Lauren? - Ela perguntou de novo e eu parei de rir, não era brincadeira.
Eu olhei no fundo dos olhos castanhos e ela piscou demorado.
— Eu caso. - Respondi e ela puxou novamente meus lábios para os dela.
Fizemos amor mais algumas vezes durante aquela noite, Camila era meu encaixe perfeito.
Nós ainda passaríamos por muitas coisas boas e ruins, mas o importante seria tê-la sempre ao meu lado, não só como minha namorada, mas agora em outra fase, ela estaria comigo como a minha esposa.