Theo
Porra!
Eu estava fumegando de raiva. Era simplesmente incrível a maneira como ela ainda fazia o pior de mim aparecer e eu nem mesmo estava tentando fazer merda. Eu só queria ter uma conversa civilizada com ela, mas infelizmente me descontrolei.
Três meses, três meses foi tudo que eu tive para recomeçar. Para dar uma oportunidade a mim mesmo. Não era exatamente mentira aquilo que a Scarlett disse, que pessoas magoadas agem por impulso, não é mentira na verdade, e eu podia dizer que era exatamente aquilo que eu estava querendo fazer, mas...agora, aquela garota, Amaraee, tinha alguma coisa, talvez por ser o completo oposto da Scarlett? Eu não tinha a certeza do que era, mas era algo que a fazia única da sua maneira.
Eu ainda continuava na biblioteca com um monte de gente fofoqueira e desconhecida me olhando de maneira questionável. A Scarlett simplesmente tinha dado um show e tanto, não era mentira que eu também me exasperei um pouco, mas porra, ela estava questionando os meus sentimentos. De onde diabos ela tinha a audácia de questionar os meus sentimentos depois de ela tudo que passamos juntos? Ou pelo menos assim o achei.
— Sabe...- Uma garota qualquer que estava lá presente me chamou. — Se estiver realmente tendo problemas com a sua namorada e estiver procurando fora saiba que eu também estou disponível. - Ela piscou para mim.
Porra Scarlett!
Sem interesse algum em continuar lá recebendo aqueles olhares nada inocentes até de homens, eu peguei nas minhas coisas e levantei.
Eu não podia simplesmente deixar aquilo me abalar, na verdade, a presença da Scarlett não podia me abalar, era verdade que eu me descontrolei, mas isso não ia voltar a acontecer.
— Theo! - A Amaraee gritou o meu nome e rapidamente correu na minha direção me dando um abraço caloroso seguido por um beijo terno e casto nos meus lábios. — Eu já estava procurando por você. - Falou. — Esqueceu do nosso compromisso? Ou será que você está se escondendo de mim?
— Porque eu me esconderia de você? - Falei calmamente, não queria nada transparecer a raiva que eu estava sentindo da Scarlett naquele momento.
— Não sei... - Deu de ombros. — Por onde você estava? Eu procurei em todo lugar.
— Eu estava na biblioteca. - Falei. — Você girou o campus interior procurando por mim?
— Tendo em conta que eu não procurei na biblioteca, então não. - Falou calmamente. — Se bem que o meu instinto realmente me disse, procure na biblioteca. - Ela sorriu e eu sorri de volta.
— Bom, agora você já me achou. - Falei a abraçando ainda mais e ela apoiou a sua cabeça no meu peito. — E eu sou todo seu para o que quiser.
— Cara, arranjem um quarto. - Uma voz qualquer falou nos fazendo rir.
— Será que devemos? - Perguntei com uma sobrancelha erguida para ela que só riu e se afastou.
— Nem pensar, a gente tem um compromisso, esqueceu? - Perguntou e eu realmente não fazia ideia que diabos ela estava falando.
— Não...- Hesitei. — Eu não esqueci.
— Ah não? - Perguntou cruzando os braços.
— Não. - Falei imitando o movimento dela.
— E qual era mesmo o compromisso?
Ah, completamente pego.
— Será...- Comecei. — Que eu já falei o quão bonita você é? - Perguntei e ela fez cara feia.
— Theo..
— Ok, eu esqueci, mas se eu esqueci é porque provavelmente não era importante, não é?
— Quem disse isso? - Perguntou.
— Sei lá...- Dei de ombros. — A lei das coisas importantes?
— Theo! A gente ficou de se encontrar com a Nicole e o Sean...
Ah.
— Viu como eu disse que não era importante. - Falei.
— Você prometeu que iria tentar pelo menos.
— Sim, mas eu também disse que a ideia de encontro de casais não era atraente.
— Mas eles são meus amigos, e querem realmente conhecer você. - Falou fazendo uma cara de dó.
— Tudo bem, eu já prometi mesmo. - Falei e ela saltitou de alegria. — Então vamos que já estamos atrasados mesmo. - Ela falou me puxando em direção a saída da universidade.
Era verdade, eu estava fazendo algo que eu não gostava, aquela ideia era simplesmente horrível, encontro de casais? E eu nem conheço os caras, eu estava indo, mas sentindo um desgosto imenso no meu coração, mas se fazer aquilo deixaria a Amar com aquele sorriso enorme e contagiante no rosto, eu acho que aceitaria até virar amigo deles também.
Depois daquele episódio horrível naquela noite lá em Santa Monica, e depois de eu ter conhecido a Amar eu tenho realmente me sentido muito bem, acho até que ela é uma daquelas pessoas que estava nada mais nada menos, que no lugar certo na hora certa. E e eu acho...que nunca vou deixar de ser grato a ela por isso.
Três meses antes
Mais uma vez, aquela merda estava acontecendo. Mas agora, ela estava me trocando pela merda das barbaridades que a própria família diz, que merda de família era aquela mesmo?
Porra eu estava puto! E magoado, eu estava...eu estava... estava procurando um buraco para me enterrar vivo.
Porque que amar alguém tinha que doer daquele jeito?
Ela não estava errada por ficar daquele jeito, era da família dela que nós estávamos falando, e eu entendia porra, era claro que eu entendia, mesmo que fosse eu naquela situação, eu também agiria daquele jeito, mas porra, porque ela tinha que me excluir daquele jeito? Porque ela não confiava em mim? Eu só queria cuidar dela, ficar com ela, dar o meu suporte a ela. Será que eu era assim tão desagradável e insignificante ao ponto de ela nem querer partilhar a sua dor comigo?
Estava andando aletoriamente pela cidade que eu nem mesmo conhecia. Também se eu me perdesse talvez fosse até um favor que eu estaria fazendo para todos. O Ayal me deu a chave da outra casa para que eu passasse a noite lá, mas eu nem mesmo sabia se conseguiria pegar no sono com a minha cabeça da forma que estava.
Vi um banco de madeira virado para a praia e me sentei nele só olhando o quão calmo e Pacífico estava o mar naquela noite.
Porque o meu coração não podia ficar daquele jeito também?
Eu amo você.
Porra! Porque diabos eu fui dizer aquilo logo ali, naquela situação? Com ela tão vulnerável pela situação com a família? O que eu estava tentando fazer com aquilo? Por que eu estava sendo tão egoísta?
— Droga! - Xinguei a alto e bom som para mim mesmo, sem me importar com as pessoas que pudessem estar passando ao redor. — Eu sou... a porra de uma piada.
— Na verdade, se quiser saber, eu não acho isso. - Alguma voz qualquer falou,
Ah que bom, agora eu estava ficando louco também.
— Oi...
Não, era...era realmente alguém...falando comigo.
Eu me virei rapidamente e vi uma garota, muito bonita por sinal, não sabia dizer o porquê eu estava achando aquilo, mas o rosto dela não me parecia estranho.
— Você está bem? - Perguntou timidamente e eu só me virei novamente para o mar. — Eu estou falando com você sabe? Não custa nada responder.
— Eu por acaso pareço estar bem? - Perguntei olhando para ela com impaciência.
— Ah, me desculpe por ficar preocupada por ver um cara falando sozinho, talvez você realmente seja uma piada, só não sei se é uma piada engraçada. - Ela falou com raiva e logo pisou fundo partindo para longe.
Ah....
— Espera...espera...me desculpe...- Falei tocando o braço dela e a virando para mim. — Eu não queria ser rude, eu só...não estou tendo uma boa noite. - Falei e ela só me olhou de maneira vidrada sem dizer nada. — Mm...oi...- Fiz sinal com os dedos e ela voltou a olhar normal para mim.
— Tanto faz, já notei que você está bem mesmo.
— Não espere, é sério, eu peço desculpas...- Ela não falou nada. — Pelo menos me deixe...- Eu procurei com o olhar por onde a gente estava. — Me deixe pagar um café a você.
— Só café? - Perguntou me surpreendendo.
— Se estiver com fome pago um jantar completo. - Falei.
— Tudo bem então. - Ela falou e começou a caminhar e eu só segui.
Enquanto esperávamos a comida, ela não parava de olhar vidrada para mim.
Era uma coisa bem estranha.
— Você é realmente muito bonito. - Falou do nada.
— Você também. - Falei.
— Não precisa me elogiar só porque eu elogiei você. - Falou.
— Mas eu estou sendo sincero. Você é bonita. - Ela sorriu e a gente ficou mais uma vez em silêncio.
Eu fiquei olhando ela durante algum tempo e não podia negar, eu já a tinha visto, mas não me lembrava onde.
— Mm...- Eu estava para perguntar, mas me lembrei que não sabia o nome dela. — Eu não sei o seu nome. - Falei.
— Amar...Amaraee...Amaraee Socheles... - Falou sorrido.
— Ah, eu sou o Theodore Dela...
— Theodore Delahaye...eu sei...- Ela terminou por mim me surpreendendo.
— Desculpe, a gente se conhece? - Perguntei a fazendo rir.
— Sim e não. - Falou... — Eu sou sua colega da universidade.
Ah.