— Resumidamente...- O Omar falou enquanto eu comia a taça enorme e bem cheia de cereais que ele tinha mandado fazer para mim. — O Ovie não deixou de ser o merdinha irritante que ele era?
— Não... - Falei com a boca cheia.
— Só decidiu virar uma puta, por causa de uma coisa tão insondável como falta de atenção do pai? - Aquiesci novamente o Omar recostou no assento suspirando. — É só mais uma qualidade, não é? E ele tem inúmeras. - Falou me fazendo rir.
— E como...
— Bom, sobre o Saiden não tenho muito a dizer, eu realmente nunca fui próximo a ele, sempre que a gente se cruzava ele me saudava com um sorriso fraco e genuíno e depois sumia do meu campo de visão. - Falou cruzando os braços. — Mas quem eu gostaria de ver mesmo é o Michaelis. - Falou curioso. - Ele deve ter se tornado num homem e tanto.
— Ah, e você não imagina o que a gente passou lá no Bordel do Ovie, tinha um cara que estava se atirando descaradamente nele.
— Eu posso imaginar, não é uma novidade para ninguém que dos três irmãos Rose, o Michaelis é o mais atraente ao olhar. - O Omar aquiesceu. — Tem certeza que ele não pode trabalhar aqui no bar quando ele vier viver com você? - Ele perguntou e eu olhei feio para ele o fazendo rir.
— Meu Deus, eu estou só brincando...- Ele riu e logo adotou uma postura séria. — Mas se você tiver algum problema com a mudança ou quiser alguma coisa sabe que pode contar comigo, não é? - Ele piscou para mim.
— Sério?
— Eu estou aqui ao seu dispor princesa. - Ele sorriu para mim e eu fiz uma cara feia. — O que foi?
— Princesa? - Perguntei e ele olhou para mim em dúvida. — Eu sou o rei. - Falei o óbvio e ele desatou a rir chamando até a atenção de algumas pessoas que estavam ao redor.
— E então...- Começou. — Como vai proceder agora? Você tem algum tipo de ponto de partida agora que voltou?
— Acho que a primeira coisa que eu preciso fazer agora é me desculpar com Theo. - Falei. — Não preciso exatamente fazer o papel de má da fita, afinal de gente má o mundo já tem de sobra.
— Ah...- Ele pareceu se lembrar de algo importante. — Falando em gente má... Sabe o Dominic?
— Dominic? - Perguntei. — Quem diabos é esse?
— O seu primeiro dominador? - Perguntou e eu ri.
— Ele tão desnecessário que eu até me esqueci dele. - Falei rindo e o Omar me acompanhou, mas logo continuou.
— Ele foi preso na semana passada.
— Ah é? - Ele aquiesceu.
— Ao que parece, finalmente conseguiram achar provas contra ele, a última submissa dele foi bem tenaz no processo contra ele, e depois as pessoas também descobriram que ele tinha contatos lá no tribunal, mas já foi tudo desmantelado, é muito provável que ele não vá sair da prisão agora.
— Parece que os demônios estão finalmente voltando ao inferno. - Falei. - Tomara que façam dele a vadia de alguém lá. - Falei afastando a tigela de cereais inacabada e bocejei.
Eu estava cansada.
— Você vai dormir aqui, ou voltar assim para a universidade?
— Mesmo que eu esteja muito ansiosa para ver o Theo, não acho que o meu corpo vá deixar eu subir em mais algum taxi. - Falei o fazendo rir.
— Vou mandar preparar um quarto limpo para você. - Ele falou antes de sumir do meu campo de visão.
Era bem provável que eu não conseguiria aguentar até arrumarem o quarto, em um momento eu estava apenas pestanejando e no outro já era manhã e eu estava no possível quarto que o Omar mandou arrumar para mim. Não era o quarto que eu costumava ficar quando vinha aqui, era um outro que na verdade estava muito bem arrumado e organizado.
Eu, sem intenção de perder mais tempo algum e até mesmo outra aula, eu me higienizei com rapidez, coloquei uma roupa apropriada porque era bem provável que eu não fosse demorar tanto tempo assim no meu quarto dos dormitórios, o objetivo era chegar, deixar as malas e procurar pelo Theo.
Quando terminei, pedi carona ao Omar e ele sem relutância alguma aceitou, foi no exato momento em que ele estava indo se encontrar com um cliente ou possível sócio então a viagem até a universidade foi nada mais do que rápida. Ele foi o caminho todo me contando sobre os seus planos futuros sobre o Club e não podia ficar mais orgulhosa por saber que ele tinha sonhos tão altos e que não estava medindo esforços para os alcançar.
Com um beijinho casto de despedida na sua testa, ele partiu me desejando um bom dia e também um bom recomeço das aulas e eu só sorri vendo-o pisar fundo e indo até ao seu destino.
Como esperado, o pátio estava quase vazio, os corredores dos dormitórios estavam quase desertos, eu basicamente corri até ao meu quarto e nem tive tempo de olhar direto, que só joguei as minhas malas dentro e o tranquei.
Enquanto passava pelos corredores, também não havia muita movimentação, olhei as horas e vi que ainda faltavam alguns poucos minutos para que as aulas daquele dia terminassem. Infelizmente para mim, era manhã e não era permitido que as meninas circulassem nos dormitórios masculinos e vive versa, na verdade, não era permitido de todo, mas eu sempre me escapava de noite e ia lá de qualquer jeito.
Me ocorreu que, por ser horário de aulas, era bem provável que ele estivesse assistindo a alguma aula, então, por a universidade ser vasta e eu não ter a mínima noção sobre a distribuição das turmas, horários, disciplinas, eu não podia simplesmente procurar de porta em porta. Então, decidi que consultaria as listas que normalmente são fixadas perto do quadro dos anúncios.
Como no primeiro semestre a gente esteve junto em várias disciplinas estava torcendo que continuássemos juntos, então era só procurar pele meu nome nas listas e eu o acharia também.
Enquanto caminhava em direção a entrada principal, aonde o quadro ficava, eu meio que me perdi em pensamentos. A ideia de finalmente ver o Theo de novo era boa, mas ao mesmo tempo um pouco assustadora, eu sabia perfeitamente que precisava me desculpar, e sabia também que era provável que ele não fosse me desculpar, e...eu tinha noção disso, eu só... não sabia...se eu ia conseguir lidar com o facto de ele não poder me perdoar.
Ainda andando perdida em pensamentos, eu estava quase fazendo a curva a direta quando bati em alguém que estava saindo dessa mesma direção.
— Ah, me desculpe, eu estava distraí... - Eu falava rapidamente recuando alguns passos quando finalmente pude levantar o meu olhar e ver quem estava diante de mim.
— Scarlett... - Ele falou o meu nome quase como se estivesse em choque.
— Theo...- Falei sorrindo amplamente para ele. — Oi.
— Oi...- Ele respondeu de volta engolindo em seco de seguida, mas ainda com a expressão chocada no rosto.
A gente ficou naquele silêncio enorme no meio daquele vasto e deserto corredor, como se nós, fôssemos as únicas pessoas no mundo. O meu coração estava palpitando com mais intensidade, quase três meses tinha se passado e ele finalmente estava lá, de frente a mim, e ele não tinha mudado, nem um pouquinho. O cabelo continuava formando algo como uma cortina ondulada até a testa, ele estava usando uma camiseta de mangas compridas preta e cinza, e uma calça preta rasgada nos joelhos, deixando-os a mostra. Era simplesmente lindo.
— Você voltou...- Falou me olhando tirar meu olhar do corpo dele para o seu rosto.
— Sim...- Aquiesci. — Consegui resolver boa parte dos dilemas na minha família. - Falei rindo e o fazendo rir fraco também.
A gente voltou a ficar em silêncio, até nós voltarmos a falar meio que em uníssono.
— Scarlett...
— Theo... - Nós falamos, nós fazemos sorrir por um momento.
— Você primeiro...
— Você primeiro...- Voltamos a falar em uníssono.
Decidi ficar em silêncio e deixar ele falar, mas parecia que ele também tinha pensado na mesma coisa.
— Será...- Eu dei um passo para frente e vi ele olhando vidrado para mim. — Será que eu já mencionei... que você é o homem mais bonito que eu já vi na minha vida. - Falei dando mais um passo para frente e ele não falou nada, só continuou me olhando vidrado. — Porque você realmente é. - Continuei. — E... - Hesitei por um momento dando mais um passo. — Eu não estou falando só pela aparência...estou falando...da sua personalidade também.
Ele continuava estático, quando finalmente o alcancei, eu levantei a minha mão direta e toquei o seu rosto.
— Se a um tempo atrás alguém me perguntasse... se eu acredito em amor à primeira vista...- Falei acariciando o rosto dele. — Eu provavelmente diria não... - Sorri. — Diria que não existe, diria que o máximo que pode acontecer é atração física, mas amor? Não, nunca.
Ele fechou os olhos lentamente e se deixou levar pelo meu toque, mas logo voltou a olhar para mim.
— Mas agora...que eu estou aqui olhando para você, depois de tanto tempo...se alguém me perguntasse...se eu acredito em amor à primeira vista... - Eu sorri novamente. — Eu diria... não só acredito como eu o sinto. - Ele olhava para mim de maneira vidrada. Eu ameacei dar mais um passo para frente, mas ele recuou.
— Scarlett...- Ele sussurrou o meu nome tocando a minha mão no rosto dele.
— Theo eu...- Eu dei mais um passo para frente, o estava interrompendo para finalmente me desculpar dele, mas antes, possivelmente o beijar, quando ouvi passou próximos de nós e dei provavelmente quatro passos para trás, no segundo depois, eu pedi intensamente a Deus que eu estivesse sonhando... não...que eu estivesse tendo um pesadelo.
Uma garota que eu não consegui ver o rosto pela forma como ela literalmente se jogou nos braços do Theo o abraçou e eu só olhei a cena. Quando eles finalmente se separam eu pude ver.
— Eu estava procurando por você...onde você estava? - Ela perguntou e tudo que o Theo fez foi olhar para mim e consecutivamente, ela olhou para mim...e... era ela...mais uma vez...era ela, a garota com quem eu tinha cruzados duas vezes aqui na universidade.
— Scarlett...- O Theo começou engolindo seco.
— Eu acredito que ainda não fomos apresentadas, não é? - Ela perguntou dando um passo na minha direção. — Embora, estejamos sempre batendo uma na outra.
— Scarlett essa é... - O Theo continuou.
— Amaraee Socheles...- Ela esticou a mão em cumprimento interrompendo o Theo.
— A...a... minha namorada. - Ele terminou a fazendo rir amplamente para mim e no segundo depois o sino do término das aulas soou.
No momento, tudo que eu realmente me lembrei foram as palavras do Micah.
"Volte para o grande amor da sua vida antes que alguém tire ele de você!"
Parecia...que eu tinha chegado tarde.
Algo dentro de mim quebrou, não podia dizer com certeza o que era, mas alguma coisa de certeza estava quebrada.
— Namorada? - Falei em algo como um sussurro em meio a toda a confusão que eram os alunos saindo das salas.
— Sim...- Ela sorriu genuinamente para mim. — Você é a Scarlett Rose, a famosa Scarlett Rose, eu já ouvi muito sobre você e... - Ela falava, mas eu não ouvia...eu não ouvia absolutamente nada, e nem sequer era pelo barulho das pessoas andando e conversando ao nosso redor. Tudo que eu fazia naquele momento era só olhar para o Theo e sorrir.
Namorada?
Enquanto ela falava, e eu continuava perdida e sem ouvir absolutamente nada, fui tirada do meu mundo pessoal quando senti braços fortes passarem pelos meus ombros.
— Scarlett! - Os braços me viraram e lá estavam a Keyla e a Acasha olhando felizes para mim. Eu honestamente gostaria de poder retribuir o sentimento, mas...
Namorada?
Elas pareciam ter notado e se apressaram em me tirar de lá.
— Ah, Theo e...a...? - A Keyla começou.
— Amaraee...- A moça terminou rindo.
— Amaraee, pois, ahm, bom, a gente vai roubar a Scarlett de vocês agora, espero que tenham uma boa continuação. - Ela falou rapidamente enquanto a Acasha me puxava para longe.
— Ah, tudo bem, foi um prazer conhecer você Scarlett! - A garota gritava por trás de mim, eu me virei uma última vez e lá estava ela, sorrindo para mim, olhei para o Theo e ele só se limitou a virar o seu olhar para longe.
Namorada?
As duas olhavam para mim provavelmente esperando que eu fosse dizer alguma coisa. Eu não sabia exatamente quanto tempo tinha se passado, tudo que eu sabia era que eu estava sentada na minha cama e com a mente em branco. A Keyla e a Acasha provavelmente tinham um monte de coisas para me dizer, como ralharem e gritarem comigo pela minha ausência sem explicação alguma durante esses três meses, mas tudo que elas faziam era respeitar o meu silêncio e esperar eu estar pronta para falar.
— Namorada...- Sussurrei as fazendo olhar para mim. — O Theo tem namorada. - Falei.
— Scar...- A Keyla tentou começar.
— Eu o magoei a tal ponto. - Falei levantando o meu olhar para elas. — A três meses atrás ele me disse que amava e agora ele namora...- Elas olharam para mim sem dizer nada. — E o pior...- Falei sentindo a minha voz querer embargar. — Eu...eu não tenho nem o direito de ficar triste...porquê...fui eu que fiz isso.
Fechei os meus olhos por um momento e inspirei forte. Eu não podia ver, mas ouvi passos em direção aonde eu estava e em seguida as duas se sentaram na cama comigo e me abraçaram.
— Eu...eu simplesmente fodi com tudo. - Falei ainda controlando a minha voz.
— A gente está aqui. - A Keyla falou beijando a minha cabeça e eu não queria, não queria desmoronar..., mas, porra. Como assim?
Eu inspirei fundo quando elas finalmente se afastaram e embora eu estivesse tentando, não estava conseguindo fingir um sorriso, parecia, que até a arte do fingimento tinha um limite, tal como tudo.
— Não se preocupe. - A Acasha falou passando a mão pelo meu braço fazendo carinho. — A dor não é eterna.
E eu sabia que não.
Eu fechei os meus olhos por um momento e querendo ou não lá estava ela...e ele...
— Scarlett, se você começar a chorar eu vou começar a chorar...- A Keyla falou quando uma lágrima rolou pelo meu rosto mesmo quando eu estava tentando segurar.
— Me desculpe. - Falei.
— Por favor.... - Ela falou já soluçando.
— Ah Keyla não chora, você não está ajudando...- A Acasha falou inspirando fundo, e eu tinha a máxima certeza que ela estava se esforçando para se manter firme.
— Não consigo evitar, ela está chorando...- a Keyla falou chorando. — Você alguma vez a viu chorar? - Perguntou e a Acasha só suspirou.
Ainda em silêncio, a porta do meu quarto foi aberta abruptamente e a Nillan, a Tamir e a Tanisha apareceram.
— Vocês receberam a minha mensagem! - A Acasha falou já limpando uma lágrima.
— Meu Deus, quem morreu? - A Nillan perguntou olhando para as nossas expressões.
— O Theo tem namorada. - Falei forçando um sorriso e ela me olhou com dó.
— Oh querida. - Ela falou andando até mim na cama e me abraçando de seguida, tal como a Tamir e a Tanisha que até então não tinham dito nada. — Você pode chorar.... Você pode ficar triste... você está no seu direto.
— Eu só... não gosto de parecer fraca...- Falei soluçando enquanto as cinco me abraçavam.
— Scarlett...- A Tanisha tocou o meu rosto me fazendo olhar para ela. — Todas nós sabíamos que você gosta do Theo, mas você era a única que não se apercebeu... talvez porque você nunca tinha passado pela mesma situação antes, você nunca esteve apaixonada por ninguém...- Falou.
— E todas nós também já sabíamos que a qualquer momento você ia ferrar com tudo. - A Nillan continuou. — Mas estávamos torcendo imenso para que isso não acontecesse.
— Só que era inevitável Scar...- A Acasha falou. — O Theo desde sempre gostou de você, e vocês já eram muito íntimos.
— Mas você não podia esquecer também que ele não é seu namorado. - A Tamir falou.
— Você não lembrou que ele provavelmente não esperaria por você para sempre, não é? - A Tanisha perguntou.
— É claro que eu sabia que ele não esperaria para sempre, mas droga. - Xinguei. — Como você diz a uma pessoa que a ama e três meses depois você já está namorando? - Perguntei e a Nillan, Tamir e Tanisha fizeram uma expressão chocada.
— O Theo fez o que? - As três gritaram em uníssono me fazendo suspirar.
Talvez eu realmente preciso contar como tudo aquilo aconteceu.
— Oh...merda... — A Nillan exasperou.
— Com todo respeito Scar, mas a sua família é bando de filhos da puta. - A Tanisha. - Tirando o Michaelis.
— Bom, agora a gente entende. - A Acasha falou. — Era por causa disso que você nunca nos contou nada sobre a sua família?
Aquiesci.
— Depois de você nos contar finalmente, agora a gente já entende Scar, mas sabe. —A Acasha continuou. — Você não precisa lidar com o fardo das coisas sozinha, tudo bem, você é muito forte, literalmente viveu sempre com base nos seus princípios, dona de si e tals. Mas nós somos suas amigas, e a gente não quer estar perto de você só nos bons momentos, a gente precisa estar juntos até nos maus também, porque é isso que a amizade é. Eu gostaria bastante que se mais alguma coisa acontecesse por favor, não hesite, nós estamos aqui para apoiar umas às outras.
— Se você fica nos excluindo de tudo, vamos começar a pensar que não somos tão importantes assim sabe? - A Tanisha falou. — E não sei...- deu de ombros. — Talvez esse também foi o pensamento do Theo...
Ela falou e eu só fechei os meus olhos suspirando.
— Eu só não queria magoar ele de novo. - Falei.
— Quão bem você fez isso. - A Nillan riu. — Mas isso não importa, o que importa é você ter finalmente voltado, pode estar meio quebrada agora, mas as suas amigas estão aqui agora, e acredite... você vai sarar.
Eu aquiesci e mais uma vez e elas me abraçaram.
No dia seguinte o choque sobre a percepção daquele facto, o Theo ter namorada ainda estava batendo bem forte contra o meu ego, o meu coração, a minha cabeça, se for para resumir, pelo meu corpo todo. Mas eu não podia me deixar abalar tanto assim, eu ainda precisava me desculpar com ele e eu ia achar a minha oportunidade.
O que realmente não saia da minha cabeça era o facto de a namorada dele ser exatamente ela...ela...como ela se chamava mesmo? Bom... não sei, mas aquilo me estava deixando bem perdida, aquela garota nunca falou com o Theo, pelo menos eu nunca a vi falando, para ser sincera só me apercebi que ela existia nessa universidade porque a gente esbarrou uma na outra mais de uma vez, e não me esqueci do vulto dela em Santa Mônica.
Talvez se eu perguntar ele vai me contar como aconteceu.
— E então...- Falei quando nós finalmente nos sentamos. — Essas foram basicamente as aventuras que eu tive durante o mês todo de férias.
— Esse Shay, era tão bonito assim? - A Keyla perguntou.
— Não mais bonito que o Theo...- Comecei. — Mas não posso negar, ele é claramente um cara quente, na verdade todos os meninos que estavam lá, O Avien, o Ayal, era como eles fossem os senhores do crime sabem? Roubando os corações alheios.
— Você disse...- A Tamir começou. — Que tinha alguém que parecia comigo.
— Sim, não fisicamente, mas no que toca a personalidade, A Ozy era simplesmente você. - Falei a fazendo rir.
— Agora eu estou realmente curiosa para a conhecer.
— E o seu irmão? Micah certo? Perguntou a Tanisha. — Ele vem viver com você mesmo?
— Sim, eu mesma me encarreguei de ir buscar ele em Santa Mônica. - Falei as fazendo olharem para mim com compaixão.
— E então? Por aqui, como foram as vossas férias? E O que acontece aqui durante esses três meses que estive fora?
— Bom...- A Keyla começou quando a Acasha simplesmente desviou o olhar e forçou um sorriso.
Era estranho.
— Não mais diferentes que as suas, antes do jantar com a sua família claramente. - Falou me fazendo rir.
— Agora, sobre a universidade nesses três meses...- A Nillan começou. — Tirando o facto de o seu príncipe encantado estar namorando com um fantasma...
— Fantasma? - Eu ri.
— Claro...- Confirmou. — Eu nunca havia visto aquela garota nessa universidade até antes de eu ver ela voltando com o Theo quando as aulas recomeçaram.
Então eles voltaram juntos? Era mesmo ela que eu vi lá?
— Verdade. - A Tanisha aquiesceu também. — Literalmente, meio que parecia que ela não existia, então, é lógico dizer que ela é um Fantasma.
— Mas eu já a havia visto. - Falei fazendo todas me olharem surpresas. — Eu literalmente me esbarrei nela duas vezes, e na segunda eu estava com Theo por sinal, e ela simplesmente correu quando viu o Theo...
— Correu? - A Tamir perguntou. — Medo?
— Vergonha. - Falei.
— Vergonha de que? - A Nillan perguntou.
— Normalmente quando você está apaixonada por alguém, tão, mas tão profundamente e não tem coragem de dizer isso a ele, você meio que se envergonha quando ele está presente. - A Acasha respondeu por mim.
— Você está dizendo que essa garota já estava apaixonada pelo Theo antes mesmo de eles se conhecerem? - A Keyla perguntou.
Seria possível? Eu não podia descartar a hipótese.
— Não seria um espanto. - A Acasha continuou. — Eu sei que o tempo realmente não importa, você pode estar com uma pessoa durante dois anos e não darem certo, e outra aparecer em um mês e fazer você sentir coisas que nunca sentiu. - Falou. — Mas eu tenho sérias dúvidas se essa teoria se aplica aqui.
— O Theo literalmente babava pela Scarlett. Só um cego não veria aquilo. - A Tamir falou e a gente ficou em silêncio durante alguns segundos.
— Bom, como eu ia dizendo. - A Nillan continuou. — Além disso, nada de realmente interessante aconteceu aqui. - Falou, mas depois pareceu se lembrar de algo. — Ah, tem uma coisa sim.
— O que é? - Perguntei.
— Do nada, um cara meio que está no mesmo patamar de inteligência que nem você e o Theo.
— Hã? - Perguntei.
— O Theo e você dividiam o pódio de melhores alunos da universidade. - A Keyla continuou. — Mas essa cara mal chegou e já ganhou também essa fama, parece que ele é realmente inteligente. A gente nunca teve a oportunidade de falar com ele, até porque dizem que ele também é um pouquinho debochado e com um ego altíssimo.
— Um eu? - Perguntei as fazendo rir
— Não tenho a certeza, mas quero acreditar que não. — A Keyla continuou. — Eu só... não me lembro muito bem do nome dele, acho que é...
Eu não consegui ouvir o que ela falou depois porque naquele exato momento o Theo passou por nós no refeitório, ele estava saindo de lá, andando em direção aos corredores.
Ele não estava com a namorada dele, então aquele era o melhor momento.
Sem despedir ou avisar ninguém na mesa, eu me levantei rapidamente e segui o Theo.
— Scarlett! - Ouvi uma delas gritar por trás de mim, me virei para elas e pisquei, elas, exceto a Acasha que só negava com a cabeça, acenaram para mim.
Quando já estávamos no corredor eu o chamei em alto e bom som.
— Theo... - Ele se virou mim e deu um sorriso fraco.
— Scarlett, hm...oi?
— Sim, oi...- Falei rapidamente. — Será que eu posso conversar com você? - Ele olhou para mim sério.
— Claro, eu vou só...
— Agora, se puder, claro. - Ele olhou rapidamente para frente, suspirou e depois se virou para mim.
— Tudo bem, eu só preciso levar essas coisas aqui perto.
— Me encontre na biblioteca...tudo bem para você se for lá? - Perguntei.
— Sim, sem problemas, estarei lá em um piscar de olhos. - Falou e simplesmente sumiu do meu campo de visão.
Enquanto eu me virava e caminhava em direção ao refeitório para ir pegar as minhas coisas, senti que tinha alguém me olhando pelas costas, eu, lentamente, parei de caminhar, e pelo canto do olho, vi um vulto, voltei a caminhar e já estava ouvindo passos além dos meus, me virei rapidamente e lá esteva lá.
— Era só você? - Perguntei o fazendo sair da parede de onde ele estava escondido.
— Me desculpe.
— Porque diabos você estava se escondendo?
— Eu só...- Suspirou. — Achei ainda não quisesse falar comigo, afinal você foi embora sem me avisar e voltou e também nem sequer veio falar comigo. - Falou fazendo um cara de dó.
— Brandon...- Comecei contando até dez com os olhos fechados e logo os abri. — Eu não sou sua namorada. Não tenho que avisar ou deixar de avisar a você sobre nada. - Falei e ele deu um passo na minha direção.
— Eu sei, mas eu já me desculpei Scar.
— E eu já perdoei você. - Falei voltando a caminhar e ele simplesmente me seguiu.
— Sim, mas você tem andado tão distante, e senti muitas saudades suas, parece até que nem quer mais saber de mim. - Falou e eu só revirei os olhos. — E eu tenho andado tão ocupado ultimamente e cansado, é que eu comecei a trabalhar com...
Enquanto a gente andava em direção ao refeitório e ele se explicava sobre alguma coisa que eu nem perguntei, eu ainda sentia alguém me olhando, e eu tinha a máxima certeza que não era só o Brandon. Tinha alguém me espionando, e eu não estava gostando nem um pouquinho daquilo.