Aquilo foi meio rápido demais, enquanto o Theo tentava descrever o primo dele, eu também estava tentando criar uma imagem dele, algo como um rosto, uma estrutura física, só que era uma pouca vergonha o que eu estava criando comparado com o que eu estava vendo agora.
Ele era simplesmente diferente do que eu estava tentando idealizar, eu basicamente só me limitei a ciar um Theo sem o rosto do Theo, mas ele definitivamente não era o Theo.
Ele era de facto, da mesma altura que o Theo e com o mesmo porte físico, mas ele era moreno e com cabelo bem mais desarrumado, na verdade o cabelo dele eram cachos muitos bem formados e bagunçados. Ele tinha um piercing na sobrancelha direita e outro no canto esquerdo do lábio inferior. Os braços dele, que eu podia ver porque ele estava usando uma camiseta regata preta, estavam cobertos por tatuagens, não eram muitas, mas eram claramente evidentes. Quando ele sorriu para mim, notei que ele tinha um piercing no dente canino superior também, era uma pedrinha brilhante que só estava iluminando ainda mais aquele sorriso.
Nossa, aquela família era felizarda sim.
— O prazer é todo meu, Shay. – Falei devolvendo o cumprimento e ele rapidamente se virou para o Theo, o recebendo com um abraço caloroso de garotos. Quando eles terminaram, ele se virou para mim e pediu que eu entrasse.
— Por favor, sinta-se à vontade, tenho a certeza que o Theodore não vai se importar de carregar as malas. - Ele falou e eu vi o Theo que estava carregando as malas olhar para ele com uma sobrancelha erguida.
O Shay passou por mim e eu o segui logo depois. A casa era encantadora, era simples e confortável, parecia mesmo ser uma casa de solteiro, embora eu achasse meio grande para uma pessoa apenas.
— Visto que sabe o meu nome, devo deduzir que o Theo já tenha comentado com você a meu respeito. - Falei assim que entramos enquanto o Theo ainda estava colocando as malas para dentro.
— E não é que você processa rápido mesmo. - Falou como se estivesse provando algum ponto, mas eu não entendia do que se tratava então me limitei a ignorar, e naquele mesmo instante o Theo entrou na sala.
— Espero que tenham sido só boas coisas. - Terminei quando o Shay andou até a cozinha, que era um tanto quanto chique e bem arrumada, e voltou com duas latas de refrigerante entregando, uma a mim e outra ao Theo.
Quando eu recebi a minha, eu tive a oportunidade e vislumbrar os dois bem próximos um do outro enquanto ele entregava a do Theo, eles não eram de todo parecidos, no caso muito parecidos, ou até mesmo gêmeos, mas alguma coisa na forma de agir e provavelmente no porte físico me fazia pensar que, um deles era um espelho e o outro o reflexo.
— Você está sendo um bom anfitrião pela primeira vez na vida. - O Theo falou brincalhão apontando para o seu primo, que se limitou a revirar os olhos e a fingir que não ouviu.
— Espero que a viagem não tenha sido cansativa.
— Não, nem por isso, você vive realmente próximo da universidade, isso me faz meio que questionar o porquê de o Theo viver nos dormitórios da universidade. - O Shay tocou a testa e franziu o cenho, como se estivesse pensando.
— Bom, a minha mudança para essa casa foi apenas a seis meses atrás, antes disso eu vivia com os meus pais.
— E mesmo depois de ele ter se mudado eu não vim aqui porque não vejo necessidade. - O Theo terminou olhando em algum ponto qualquer da casa.
Entendível.
— E então...- Comecei. — Como é vai funcionar essa viagem?
— Ah. - Ele bateu as duas mãos como se tivesse se lembrado de algo crucial. — Como eu me esqueci disso? Bom, não importa, é uma viagem de grupo com alguns amigos meus, a gente tem um ponto de chegada então não precisa se preocupar com o facto de provavelmente ficarmos girando o país feito escuteiros.
— Califórnia? - Perguntei.
— Precisamente.
— Que parte de Califórnia?
— Santa Monica.
Ah, claro que seria lá.
Eu inspirei fundo tentando não transparecer o meu desagrado por o ponto de chegada ser exatamente lá. Mas pela forma como o Theo estava me encarando, eu podia dizer que ele tinha notado.
— Quantos são os seus amigos? - Ele fez uma expressão pensativa novamente.
— Eu tenho muitos amigos, mas se estiver se referindo aos que vão conosco, são só cinco. Eu acho, até agora ninguém desconformou nada.
— E essas pessoas também podem trazer convidados? - Ele não pareceu entender
— Hum?
— O Theo comentou comigo que ele podia levar mais alguém, por isso eu vim com ele, estou curiosa para saber se, esses seus amigos também podem trazer quem quiserem. - Ele deu de ombros.
— Bom, poder eles podem, mas eu honestamente acredito que não que eles vão fazer isso. - Eu aquiesci.
— E quando é que a gente parte mesmo? -O Theo perguntou sem expressar muita emoção.
— Amanhã, é bem provável que a gente só se encontre com eles no aeroporto.
— Você ligou para mim dizendo para eu vir com urgência. - O Theo falou aborrecido.
— Cara, você nem mesmo tinha confirmado nada...- O Shay justificou enquanto o Theo abanava a cabeça em negação. — E você sabia perfeitamente que a gente precisava conversar sobre... - Ele falava meio distraído tocando o piercing no lábio.
Não podia negar que aquele movimento era tentador. Sempre tive uma certa curiosidade em ficar com um cara que usasse piercing, na língua de preferência, gostaria de saber quais as sensações que o metal proporciona.
Pensar naquilo estava afetando o meu corpo, enquanto o Shay ainda se justificava para o Theo que nem mesmo estava prestado a atenção ao que ele dizia, eu desviei rapidamente o olhar daquele pedaço de metal e o olhei para o Theo que me encarava com um olhar petulante e brincalhão, e uma sobrancelha erguida.
Um som de um celular chamando tirou o Shay do seu monologo desnecessário e ele se levantou e o atendeu.
— Bom, é realmente bom ficar com vocês, mas ainda tem algumas coisas que eu preciso arrumar antes da viagem. - Ele andou até a mesa no canto e tirou o casaco que estava na cadeira e andou em direção a mim, parou bem na minha frente e tocou a minha mão.
— Por favor, sinta-se em casa, usufrua dela como bem entender...- ele encostou ainda mais como se fosse sussurrar. — Eu tenho a máxima certeza que você consegue se divertir comigo aqui...- ele falou mordendo o lábio aonde tinha o piercing. — Ou sem mim.
Ah, então ele notou.
Em um rápido movimento, o Theo já não estava sentado no sofá de frente a mim, na verdade, ele estava de frente a mim, exatamente aonde o Shay estava;
— Cara, faz isso de novo, eu te desafio. - Ele falou calmamente e com um olhar gélido lançado ao Shay.
Naquele momento, uma tensão imensa tinha se apoderado daquele lugar.
O Shay, meio que surpreso, ficou em silencio, mas depois de alguns segundos desatou em gargalhadas e o Theo revidou os olhos voltado a se sentar.
— Viu como eu disse que é divertido de qualquer forma. - Ele falou andando em direção a porta. — Eu deixo o castelo com você princesa. - Ele gritou para o Theo no momento em que ele estava arremessando uma almofada em direção a porta, mas foi tarde demais.
— Viu como eu disse que ele é um idiota? - Ele perguntou.
Vi...e também vi como você fica quando ele tenta ser idiota comigo.
Parecia, que essas férias não seriam tão péssimas como eu estava pensando.
No dia seguinte, nós acordamos cedo e quando eram oito e trinta da manhã, já estávamos a caminho do aeroporto. Pelo caminho, eles foram conversando sobre coisas aleatórias, eu na verdade nem estava prestando a atenção. A minha mente estava flutuando para um lugar em especial e ao mesmo tempo em nada.
— Scarlett? - Eu saí dos meus devaneios com uma das duas vozes de frente a mim, estava tão submersa na minha cabeça que nem mesmo consegui distinguir quem me chamou.
— O que foi? - Perguntei tentando me situar.
— O Shay fez uma pergunta a você, mas você... você está bem? - O Theo perguntou preocupado.
— Claro, estava só... distraída. - Eu olhei para o retrovisor, e naquele mesmo instante, o Shay estava olhando para mim. — O que foi que você perguntou?
— Se está ansiosa com a viagem. - Eu desviei o meu olhar do retrovisor e olhei para as ruas que ficavam para trás.
— Não sei dizer. - Falei meio pensativa.
— Você já esteve em Califórnia? - O Shay voltou a perguntar.
— Sim. - Respondi simplesmente.
— Oh, faz muito tem...- Senti que ele estava para fazer mais uma pergunta, mas felizmente fomos interrompidos pelo celular dele chamando. Eu podia ouvir do outro lado da linha uma mulher gritando com ele, ele só se apressava em responder com monossílabas. Sim... não...ok...sim.
Eu acreditava que se tratava dos amigos que o Shay disse que também estavam viajando conosco. Fiquei meio que relaxada por saber que teria mais uma mulher além se mim, não é como se eu fosse ter problemas se por acaso se tratasse só de mim e serem todos rapazes, mas seria bom conhecer gente nova.
Quando finalmente chegamos ao aeroporto, faltavam apenas vinte minutos para o nosso voo sair. O Shay estava andando na frente, nos guiando para onde estavam os amigos dele, não foi tão difícil os encontrar. Eles estavam todos no mesmo sítio.
— Eu falei a você para sair de casa às cinco da manhã Shay! - Uma moça alguns centímetros mais baixos que eu, já começou a gritar com ele. Ela era de facto linda, tinha os cabelos em um castanho puro e ondas perfeitas. Eu podia deduzir que ela era quem estava berrando com ele no celular.
— Nossa, fica calma, eu já cheguei. Qual a necessidade do alarido? - Ele falou revirando os olhos e indo cumprimentar os outros dois moços que estavam perto dela.
Se tratavam exatamente de cinco pessoas, como o Shay havia mencionado. Eram três garotas e dois rapazes. Os meninos, estavam cumprimentando o Shay, eram os dois da mesma altura que o Theo e era, uma era morena, tinha o cabelo escuro e um corte na sobrancelha esquerda, bem como...os seus olhos eram meio esverdeados. O outro, da mesma altura, tinha o cabelo ligeiramente mais comprido e os olhos cinza, ele tinha uma barba por fazer que até o deixava meio atraente. Mas nada que pudesse realmente competir com o Theo.
— Eu estou criando alarido? - A garota voltou a reclamar. — Você não estava atendendo as minhas ligações!
— E a gente já entende o porquê. - A outra garota falou meio aborrecida e depois olhou para mim e para o Theo, pela primeira vez parecia. A expressão no rosto dela mudou rapidamente. — Oh, e vocês quem são? - Ela perguntou curiosa com um sorriso terno no rosto.
Não sabia o porquê, mas me lembrava um pouco a Tamir.
— Ah. - O Shay voltou para o nosso lado e para nós os dois aleatoriamente. — Esses são a Scarlett e o Theo. O Theo é o meu primo que já havia comentado com vocês, e a Scarlett, é uma convidada especial, espero que vocês a tratem por igual e...
Ele nem mesmo terminou de falar que a garota que a minutos atrás estava reclamando veio para o meu lado sorrindo amistosa para mim.
— Muito prazer, Scarlett e Theo, nossa vocês são lindos, são um casal? Se não, espero que sejam, seus filhos seriam lindos, ah, e já agora eu sou a Ava.
— O prazer é todo meu.
— Igualmente. - O Theo e eu falamos descompassadamente. Os outros também vieram nos cumprimentar. O moreno com o corte na sobrancelha e olhos esverdeados era o Ayal, e o outro com a barba por fazer era o Avien, ele disse que o nome dele não se pronunciava da mesma forma que se escrevia, era (Eivien) foi um pouquinho difícil no começo, mas achei o nome realmente único. A garota que perguntou quem nós éramos, se tratava da Ozel, mas ela preferia ser chamada de Ozy. Enquanto nos apresentávamos, ouvimos que o nosso voo já estava para sair então precisávamos ir para a sala de embarque. Tinha mais uma garota, mas ela estaca dormindo, o Shay bateu na cabeça de leve e ela levantou abruptamente.
— Nossa, mas que porra de barulho vocês fazem, a pessoa nem consegue sequer dormir em paz. - Ela falou com voz de sono e os olhos ligeiramente abertos.
— Você estava literalmente dormindo Benny. - A Ozy falou bufando logo depois.
— Ca-ra-lho... - Ela falava se espreguiçando bem aí no meio de todos e a blusa que ela estava usando levantou deixando a sua barriga com um piercing brilhante a mostra. — E nem dormi bem, meu corpo está dolorido, vou precisar de uma massagem de milhões.
— Eu já pedi para você deixar de xingar desnecessariamente Ben. - O Ayal falou.
— E eu deixei. - Ela falou bocejando e olhou para mim e o Theo. — Gente eu estou sonhando, ou tem um casal daqueles modelos da Vogue na minha frente?
O Shay ficou na frente dela e apontou na nossa direção.
— Benny, Scarlett e Theo meu primo. Scarlett e Theo meu primo, Benny. - Ele falou rapidamente.
— Cara...- ela falou apoiando as mãos na cintura. — O seu primo é gostoso, por que você não é assim também? - Ela perguntou fazendo o Shay a olhar com uma sobrancelha erguida e uma cara de desgosto impagável fazendo todos ao lado rirem.
Ela ignorou aquela expressão cómica dele e andou na nossa direção.
— Eu sou a Benny, muito prazer em conhecer vocês. - Nós saudamos ela de volta. — Mas nossa, vocês são os dois gostosos...topam um ménage comigo? - Ela perguntou me deixando pasma, tal como o Theo.
— Hã?
— Lá vamos nós...- O Ayal revirou os olhos e simplesmente começou a andar em direção a sala de embarque.
Ela riu da nossa cara.
— Nossa, eu estava brincando. - Ela falou quando mais uma vez o nosso voo foi chamado e os outros começaram a seguir os passos do Ayal.
— Você não pode ser Bi e dizer que estava só brincando quando pediu explicitamente um ménage com eles. - A Ava falou passando por ela.
— Bi? - O Theo perguntou e ela se virou para ele com uma sobrancelha erguida.
— Bissexual...- Ela falou sorrindo. — Eu dou e recebo. - Vi o Theo engolindo em seco. — Mas não se preocupe, eu ficaria só se fossem vocês os dois, sinto que seria mais prazeroso, se for só um, nada feito. - Ela falou e foi andando com a sua mala em direção a sala.
O Theo e eu nos entreolhamos e sem dizer uma palavra, seguimos o nosso caminho por trás deles.
O voo foi nada mais do que tranquilo. Eu não podia negar que foi bom sentir aquela sensação de estar no ar. Visto que era um facto que eu estava quase sempre vivendo.
Quando chegamos até Santa Mônica, mais especificamente na casa de praia, eu não podia ficar mais admirada e extasiada.
A casa era excentricamente enorme, com um hall perfeito, duas salas, uma cozinha magnífica, uma piscina na parte traseira da casa que tinha vista para o mar, a piscina estava rodeada por algumas espreguiçadoras reclináveis e também alguns sofás meio fofos, o quintal, no canto esquerdo, tinha uma estrutura meio que como uma cozinha, mas não era bem uma cozinha. Eu podia deduzir que várias festas já foram realizadas aqui.
Lá em cima, ficavam os quartos, estavam todos no mesmo corredor, se traduzia em quatro portas do lado esquerdo, e quatro do lado direito, deixando um meio espaçoso. Depois do corredor dos quartos havia um outro corredor onde ficavam os diversos banheiros, arrecadação, escritório, e outras salas que eu não tive tempo de inspecionar.
— Nossa...- A Benny falou tão ou mais admirada do que eu.
— Você tem certeza que o seu tio não é traficante nem nada? - A Ozy perguntou ao Ayal que revirou os olhos.
— Mas é claro que não, eu já estive aqui várias vezes. Ele é um homem de negócios, essa casa claramente nos mostra o quão bom ele é no que faz. - Explicou. — Sobre os quartos, felizmente são exatamente oito quartos, vocês é que sabem com qual ficar, tanto faz para mim. - Ele deu de ombros. — Vocês estão entregues.
Sem mais delongas, todos nós subimos e escolhemos o quarto em que iríamos ficar. Felizmente para nós a nossa escolha foi até organizada. Os rapazes todos ficaram cm os quartos do lado esquerdo e as garotas com os quartos do lado direito. A ordem foi, Ayal, Avien, Shay e Theo. Do nosso lado. Benny que simplesmente entrou na primeira porta a sua vista, Ava, Ozy e eu.
Não sabia dizer se era coincidência ou não, mas a porta do quarto do Theo estava exatamente em frente à minha, eu honestamente não acreditava em destino. Mas se aquilo era obra dele, ele claramente estava trabalhando bem.
Algumas horas foram necessárias para que todos já estivéssemos familiarizados com todos os cómodos da casa, bem como todos já tinham os seus pertences arrumados.
A nossa primeira noite naquela casa, foi até agradável. Pela falta de especiarias e ingredientes foi impossível cozinhar, então a nossa solução foi mesmo só pedir pizza e algumas bebidas. A nossa noite se traduziu em conversas e mais conversas aleatórias, também nos conhecemos mais, não foi de maneira aprofundada, mas se nós fossemos ficar juntos naquela casa durante um mês então sim, era necessário sabermos bem mais do que os nossos nomes.
— Então o Theodore e você não são namorados, nossa...- A Ava falou com uma expressão desapontada. — Eu acho que nunca fiquei tão triste na minha vida por uma notícia.
A Ozy olhou para ela cética.
— E quando o seu ex terminou com você?
— Eu não fiquei triste, eu fingi que estava triste...- Ela falou como se fosse algo realmente obvio. — Se ele não fizesse, eu provavelmente faria.
— Você não pode ser assim tão insensível. - A Ozy falou com os olhos semicerrados.
— Eu não sou insensível, sou prática. - Justificou. — Mas voltando ao assunto. - O rosto dela tomou uma expressão mais extasiada e curiosa. — Porque vocês não são um casal mesmo?
— Eu não estou procurando algo fixo, na verdade, não estou procurando nada mesmo.
Ele se inclinou para frente como se estivesse sussurrando alguma coisa.
— Então tudo depende de você?
Eu pensei por um pouco...tecnicamente eu não diria que depende de mim, quando ele voltou, ele deixou claro que estava pronto para evitar o que quer que fosse que tivesse haver com sentimentos. Mas será que eu era assim tão burra ao ponto de acreditar nisso? E também nem podia me esquecer da conversa que tive com as garotas quando elas supuseram que ele provavelmente só ficou com aquelas garotas todas para me mostrar o que eu fazia com ele.
Vendo o meu duradouro silencio a Benny revirou os olhos.
— Porque está fazendo tantas perguntas? Se você está interessada no cara, fode com ele droga, eu detesto quando você faz isso. - Ela falou entediada olhando para a Ava que olhou para ela com falsa inocência.
— Ue, você sabe que eu sou curiosa, só quero saber. - Falou meio doce.
— E mais Benny, você sabe que ela nunca ficaria com o primo do Shay sendo que ela morre de tesão por ele.
Eu não podia negar, aquela eram as garotas que mais me deixavam sem nada para falar.
— Você sabe perfeitamente que um, eu cansei desses contatinhos, dois eu não morro de tesão pelo Shay. - A Ozy estreitou os olhos e sorriu orgulhosa.
— Como justifica todo o ódio desnecessário que você sente por ele?
— Se ela odeia ele, como pode morrer de tesão por ele? - A Benny perguntou confusa.
— O ódio é o sentimento mais próximo do amor. - Falei sem nem mesmo controlar as palavras e elas olharam par mim sem entender, exceto a Ozy que acenou.
— Viu, até a Scarlett sabe disso. Você sabe perfeitamente o que o Shay faz com você, mas você não gosta de estar sob efeito dele então arranja um mecanismo de defesa que é odiar ele, resumidamente isso. - O rosto da Ava empalideceu, a Benny só fez uma expressão burra, o que queria dizer que ela não entendeu absolutamente nada.
— Não entendi porra nenhuma. – A Benny falou.
Pois, como disse, a Benny era uma pessoa muito fácil de ler e eu estava gostando disso.
— Você só está falando coisa com coisa Ozy, cala a boca. – A Ava falou se levantando e indo até a cozinha dizendo que traria mais bebidas e a Benny a seguiu não acreditando nas palavras dela.
A Ozy se inclinou para frente como se estivesse sussurrando alguma coisa.
— Ela morre de tesão por ele, houve até uma vez que eles saíram, estavam o Ayal, ela e o Shay e o Ayal disse que eles sumiram durante três horinhas completas, ele só voltou a falar com eles no dia seguinte, e nem um dos dois justificou para ele. – Ela falava como se aquilo fosse na verdade um grande segredo, mas se aqueles factos forem de facto verídicos, não tinha o porquê fazer daquilo um segredo, eram dois amigos que sucumbiram aos desejos da carne simples assim.