•Miguel•
Os dias estão passando muito depressa, o mês já se encerrou e já estamos iniciando mais um mês. as vezes eu sinto que não estamos conseguindo sair do lugar em relação a empresa, mas agora, parando pra prestar atenção... Foi um mês bastante produtivo.
Depois que a cenourinha se tornou a minha secretária, muita coisa mudou. Ela tem me ajudado muito e isso que tem tornados meus dias produtivos.
Não por ser ela, né?! Claro que não... A pessoa não tem nada haver... Eu... Ela... Qualquer pessoa no lugar dela estaria me ajudando da mesma forma, não? Ela foi contratada pra isso... Me ajudar!
Nesse momento estou saindo da empresa, eu sai muito tarde hoje, são por volta das nove da noite e eu estou no meu carro voltando pra casa.
Passo pelo parque e vejo uma cabeleira ruiva bem conhecida. Eu poderia passar por outro lado... Mas vou passar ao lado dela só pra ver o que ela faz.
A mesma está sentada no banco da praça com roupas de academia. Paro o carro próximo e abaixo o vidro.
-Cuidado ruivinha, pode ser perigoso andar na rua essas horas!- Digo chamando a atenção dela.
Só aí eu percebo que ela está com um filhote de gato no colo. Ele é laranja com o pelo rajado, quase da cor dos cabelos dela.
-Oi Miguel!- Ela diz apenas.
-O que faz na rua uma hora dessas? Você sabe que é perigoso andar por essas ruas sozinha? Principalmente a noite?-Pergunto e ela concorda com a cabeça.
-Eu estava voltando da academia quando vi esse gatinho abandonado e agora me quebra o coração ter que deixá-lo aqui!- Ela diz com um tom de voz triste.
-E porque você não fica com ele?
-Não tenho como ficar!- Ela diz ficando mais triste ainda, posso jurar que lágrimas brotaram no seus olhos.
-Vem aqui!- Chamo ela que levanta do banco vindo em minha direção. De fato os olhos dela estão cheios de lágrimas.- Sério que você está chorando por isso?
-Eu estou de TPM e eu estou com pena do pobre gatinho... Ele não tem ninguém e ele vai ficar sozinho na rua!- Ela diz e começa a chorar ali mesmo.
Jesus, se alguém nos ver assim vai achar que eu estou judiando da mulher.- Entra no carro, eu te levo pra casa!
-Não, eu vou dormir aqui com o gatinho!- Ela diz soluçando.
-Se eu ficar com o gato você para de chorar??-Pergunto sem saber o quê fazer. Então um sorriso brota nos lábios dela e ela começa a dar pulinhos.
-Você jura???
-Juro, entra no carro!- Digo e ela corre dando a volta no meu carro e entrando no passageiro.
-Você é incrível, Miguelzinho. O melhor do mundo inteirinho!-Ela diz apertando o gato que mia em resposta.
Levo minha mão para o rosto dela e limpo seu rosto molhado com meu polegar. Ela olha pra mim com um sorriso radiante me fazendo automaticamente ficar feliz.
-Vamos, já que você me colocou nessa barca, nós iremos no veterinário agora!-Digo dando partida.
-Agora? Estão todos fechados!
-Eu conheço um que é pet shop e veterinário e é vinte e quatro horas!- Digo olhando para a estrada.
-Mas...
-Sem mas.-Digo e ela fica em silêncio brincando com o gatinho.- Por que você não pode ficar com ele?
-Não tenho como me sustentar, imagina sustentar outro ser vivo? E outra, eu passo o dia inteiro fora, só volto pra casa a noite... Não quero deixar o bichinho sozinho trancado em casa, ele precisa de atenção!
-Pois estamos na mesma, afinal eu passo o dia fora.-Digo e vejo ela fazer biquinho em minha direção.
-Já sei o que eu vou fazer, não precisa chorar!- Digo e ela me olha atônita esperando eu dizer.- Vou dar de presente para a minha irmã!
-Sim, sim, sim!!-Ela comemora.- Crianças amam bichinhos e tenho certeza que a Mari vai dar todo o amor para o neném aqui!
-É fêmea ou macho?-Pergunto vendo ela distraída falando com o gato.
-Sou fêmea...-Ela diz e então percebe o que falou e me olha envergonhada.- O gatinho é macho!
-Ok, fêmea!-Brinco e ela me dá um tapinha fraco no braço.
Seguimos para o veterinário e ao chegarmos lá, ele foi atendido rapidamente.
A médica veterinária fez um checape nele.- Ele não tem doenças, pulgas e nem carrapatos, a saúde dele está ótima, mas ele precisa de um cuidado especial, pois ele tem uns quinze a vinte dias de vida e está bem magrinho e tem um pequeno corte na pata esquerda, vou passar uma pomadinha.
A consulta chegou ao fim e nós fomos ao petshop que é ao lado da clínica veterinária. A ruiva estava a todo momento com o gato no colo.
-O que você vai comprar?-Ela pergunta andando ao meu lado.
-Ele ainda não come ração, então não vou comprar isso agora, vamos pegar leite e vamos comprar uma coleira pra ele!- Digo procurando pelas prateleiras.
-Coleira? Será que não vai incomodar?
-Acho que não, se incomodasse provavelmente nem estaria a venda!
Vimos várias coleiras e paramos em frente a elas para escolher.- Pode escolher, cenourinha!
-Cenourinha?- Ela me olha com tédio.- Só por isso, eu vou escolher essa aqui!- Ela diz pegando uma coleira da cor do cabelo dela.- Sempre que você olhar pra ele vai lembrar da "cenourinha" aqui.
Dou um sorriso de lado e nego com a cabeça. Pego a coleira que ela escolheu e coloco no pescoço do gatinho.
Assim que acabamos as compras, nós colocamos as coisas no carro, decido levar a Victoria para a minha casa primeiro e depois levo ela para a sua casa.
Nós compramos arranhadores, um brinquedo com penas artificiais e uma casinha pra ele.
Entramos na minha casa, ela carregava o gato e o brinquedo dele, já eu carrego o restante das coisas. Coloco tudo na sala e suspiro.
-Agora você tem um lar pequeninho!-Escuto ela dizer.
-Você me espera tomar banho? Venho do trabalho e eu necessito de um banho!
-Claro, eu espero!- Ela diz e senta no chão pra brincar com o gato.
Dou um sorriso de lado e caminho para o meu quarto. Tiro meu terno e vou para o meu banheiro.
Entro debaixo do meu chuveiro quente e começo a ensaboar meu corpo com a esponja.
Engraçado... Eu tento, tento ficar longe dela, manter o profissionalismo... Mas parece que tem algo que impede isso de acontecer, agora por exemplo ela está na minha sala brincando com um gato que ela apenas com um olhar me fez adotar.
Essa mulher tem o poder de me persuadir sem fazer muito esforço.
Depois do meu banho, visto uma calça cinza de moletom e uma camisa preta. Fico descalço mesmo e retorno para a sala.
Vejo a ruiva brincando com o gato com o brinquedo que ela mesma escolheu. Ela tem um sorriso divertido nos lábios vendo aquela mini bola de pelo tentando pegar as penas.
Automaticamente meus lábios se curvam em um sorriso, cruzo os braços vendo aquela cena e quase de imediato ela nota a minha presença. Seus olhos passam por meu corpo como se estivesse hipnotizada.
-Se você continuar me olhando assim, daqui a pouco tenho que beber um galão de água!- Digo com humor e ela parece voltar a si.
-Foi mal... É que... Que... Ver você sem suas roupas formais é estranho...
-Estranho ruim ou estranho bom?
-Estranho diferente, mas não se preocupe você não está feio se é isso que quer saber!- Ela dá um sorrisinho de lado.
-Muito bom!- digo me aproximando. Vejo que ela já havia dado comida pra ele enquanto eu estava no banho.
-Pode me responder uma coisa que eu estou BEM curiosa?- Ela pergunta.
-Diga!
-Você disse que ia tomar banho e foi para o seu quarto, certo?-Ela perguntou e eu concordei com a cabeça.- Mas você entrou pelo corredor sendo que o seu quarto não é esse primeiro aqui?- Ela pergunta com um semblante confuso.
Minha casa tem três quartos, um no final do corredor (que é o meu) e outros dois que são um no início do corredor e outro próximo a dispensa.
-Esse quarto não é o meu!- Digo apontando para o do início do corredor.
Ela me olha como se eu tivesse acabado de fazer a revelação do ano.- MENTIRA, EU FUI ENGANADA ESSE TEMPO TODO... Mas então porque quando eu venho faxinar a sua casa esse quarto está bagunçado como se alguém estivesse dormido nele?
-Esse quarto...-Aponto para o do início do corredor.- Ele é de hóspedes. O meu quarto que é o do final do corredor está com problema no ar condicionado, e não está gelando do jeito que eu gosto, eu peguei uma mania de só conseguir dormir se o quarto estiver bem frio. Como o meu não estava esfriando, alguns dias eu dormi no quarto de hóspedes e justamente esses dias que eu dormi lá foram nas terças, e você vem arrumar a minha casa na quarta, então por isso que estava bagunçado!
Um "Ah" longo sai da boca dela como se ela estivesse entendido.- Por que você não manda arrumar o seu ar condicionado?
-Eu não tenho tempo pra chamar alguém pra consertar, pois eu passo o dia fora de casa e eu não vou arriscar deixar um desconhecido sozinho na minha casa, né?
-Mas... Eu sou uma desconhecida e toda quarta eu venho faxinar a sua casa!
-Você é um caso a parte!
-Entendi... É... Mais uma pergunta. Eu nunca entrei no quarto do final do corredor pois ele sempre está trancado, então quem limpa ele?
-Eu!
-Você?- Ela pergunta reprimindo um sorriso.- Desculpe, Miguel... Mas você não tem cara de pegar nem em uma vassoura pra varrer seu quarto!
-Aé? Vamos ver então, venha comigo!- Digo chamando ela.
-Ok, se tiver bem limpo eu faço um bolo de chocolate pra você!
-Fechado!- Caminhamos para o quarto no final do corredor.
Abro a porta do meu quarto e deixo espaço pra ela entrar, vejo o gato logo atrás da mesma a seguindo.
-Uou...- Ouço ela falar ao entrar no meu quarto.- Caralho que quarto lindo!
Minha casa é decorada do meu jeito, as únicas coisas que não tem decoração é a lavanderia e os quartos de hóspedes.
-Ok, tenho que me desculpar, seu quarto está extremamente limpo!- Ela diz dando uma risadinha.
-Eu falei, agora você me deve um bolo de chocolate!
-Meu Deus, que lindos!!!- Ela diz vendo minha coleção de carros miniatura em uma estante.-Você coleciona?
-Sim!-Me aproximo vendo ela olhar admirada para eles.
-Olha, o seu Mustang... Igualzinho!
-Igual, eu vou comprar um desse futuramente!- Digo apontando para um jaguar.
-Você só tem o Mustang?
-Sim, a garagem aqui do prédio é privada para cada morador e cada um tem direito a duas vagas!
-Nossa que chique!- Ela diz ainda vendo os carros.- Eu lembro que antigamente eu tinha coleção de tampinhas e também já tive daquelas latinhas de coca cola que tinha o nome das pessoas. Você gosta bastante de carros ou só tem a coleção porque acha bonito?
-Eu sou apaixonado por carros por causa do meu avô, ele me deu meu primeiro carro miniatura, esse aqui!- Pego o carro e mostro pra ela que observa com atenção.- É um Citroen traction avant!
-É lindo, Miguel... Você tem um carinho muito grande, não é?- Ela diz sorrindo.
-Muito...- Vejo na cara dela que ela quer que eu conte mais coisas, porém eu decido parar por aqui.- Vamos, eu te levo embora, já está tarde!
Victoria:
Miguel: Quer minha casa? Eu te dou!!!
S.S